O barulho da chuva me acorda. Me dou conta que estou na cama de Peeta. Está escuro, significa que já é noite, quanto tempo eu dormi? Olho para o relógio que fica na mesinha de cabeceira da cama de Peeta, já é uma hora da manhã. Ainda não acordei totalmente. Me viro e dou de cara com Peeta que dorme ao meu lado. Só me faltava essa, dormir ao lado de Peeta!

– Droga! – falo em voz alta

– O que foi, Katniss? – fala com os olhos fechados e com uma voz de sono.

– O que você está fazendo aqui?

– Caso não tenha percebido, esta é a minha cama – abre os olhos – E você está dormindo nela. O que queria que eu fizesse? Tentei te acordar, mas você não acordaria, nem se eu te jogasse no chão!

Isso é verdade, meu sono é muito pesado. Estou sonolenta demais para discutir com Peeta, o melhor é ir para meu quarto. Me sento na beirada da cama, tento encontrar meu chinelo. Ouço o barulho de um trovão. Se existe uma coisa que me causa medo, é barulho de trovão. Começo a tremer.

– Katniss, você está bem? – Peeta se aproxima de mim, tocando em meu ombro.

Outro barulho, agora mais forte. Estou com medo, o barulho me fez ficar muito assustada. Mais outro trovão. Perco a razão, sem pensar duas vezes, me atiro nos braços de Peeta, o agarrando. Peeta me aconchega em seus braços, me apertando contra seu peito, uma de suas mãos percorre meu cabelo, enquanto a outra me segura. Os trovões só aumentam, cada vez me agarro mais a Peeta. Estou completamente apavorada. Depois de algum tempo, Peeta consegue me acalmar e adormeço.

Acordo com a claridade invadindo o quarto. E... tenho que esfregar meus olhos para me certificar que a cena que tenho diante de mim é real.

Se alguém me contasse esta cena, nunca acreditaria. Estou aninhada nos braços de Peeta, e... me sinto confortável e segura! O que está acontecendo aqui? Peeta é o cara que mais odeio no mundo! É esta a cena que tenho ao acordar: Peeta está deitado na cama, e me tem sobre seu peito, com seus braços envoltos em mim. Demoro alguns segundos para assimilar tudo isso. Chego a uma conclusão: tenho que sair daqui, antes que ele acorde e torne tudo isso ainda mais estranho, se isso é possível.

Com a maior delicadeza possível, começo retirar um dos braços de Peeta. Por que ele tem que ser tão forte? Com algum esforço consigo. O outro braço gera ainda mais trabalho, está perto de minha cintura e sua mão está agarrada em minha blusa. Peeta se mexe. Você não vai acordar agora, vai? Espero por algum tempo, até me certificar que ele voltou a cair em sono profundo. Diferente de mim, Peeta parece ter um sono muito leve. Depois de pensar que nunca me livraria dele e o melhor seria fingir que estava dormindo, esperando que ele despertar-se, finalmente consigo retirar o braço de Peeta.

Meu coração está quase saltando pela boca. Ele pode ser mais barulhento que os trovões que escutei à noite. Peeta se mexe. Meu coração soa ainda mais alto. Se continuar assim, ele acordará com as batidas de meu coração.

Me levanto, tentando fazer o mínimo de barulho possível, resolvo ir descalça para meu quarto, nem procuro por meu chinelo. Preciso ir para meu quarto! Não sei o que vou fazer, se Peeta despertar nesse momento.

Quase faço uma dancinha da vitória – ainda bem que não fiz sou péssima dançando, até mesmo sozinha tenho vergonha de mim mesma – quando fecho a porta de meu quarto atrás de mim.

Eu odeio, Peeta, então por que me atirei em seus braços e principalmente por que me senti tão bem em seus braços? Isso deve ter uma explicação racional. Vejamos os fatos. Eu estava apavorada, com medo, portanto, fora de meu juízo perfeito; Peeta era a única criatura perto de mim, essa foi uma reação natural minha. Pronto está ai, uma explicação racional, me atirar sobre Peeta foi instintivo. E quanto a me sentir segura... é óbvio, que qualquer coisa me faria sentir segura, se estivesse uma situação assim, até mesmo um pedaço de madeira. Portanto, é isso, nada de ficar maluca, Katniss. Às vezes, você realmente é muito idiota!

O melhor é tomar um belo de um banho. É isso do que preciso neste momento: um banho.