Acordo com o beijo de Peeta em meu pescoço.

– Sabe que até deixaria aqui, por mais tempo, mas você tem um voo para pegar, daqui algumas horas – sussurra em meu ouvido.

Me viro e lhe dou um beijo em sua bochecha. Peeta sorri, acariciando meus cabelos.

Hoje vou para Londres. Estou um pouco nervosa com tudo isto. Um país novo, pessoas novas, um futuro novo...

Começo a me levantar. Preciso me vestir, estou vestindo apenas uma camiseta de Peeta. Enquanto Peeta só veste uma calça. Porém, sou impedida pelos braços de Peeta, que me abraçam por trás.

– Já estou sentindo saudades – beija meu rosto.

– Peeta... Você não vai para Londres no próximo mês?

– Sim, eu vou. Mas, se pudesse iria com você, agora!

– Mas, você não pode! – sorrio.

Peeta precisa ainda resolver algumas coisas, na próxima semana ele viaja para Paris. As aulas na Sorbonne ainda vão demorar a iniciar, enquanto isso, ele irá se dedicar de corpo e alma a pintura. No entanto, no próximo mês ele irá para Londres, passar alguns dias. Prometemos um ao outro que tentaremos nos ver pelo menos uma vez por mês.

– Peeta, eu também não quero ficar longe de você, mas preciso me arrumar, o voo sai daqui a pouco – digo, saindo de seus braços.

Peeta realmente cumpriu a promessa de não ficar longe de mim. Todas as noites ele se enfia em minha cama. Sorte que nossos pais não são muito de visitar o quarto dos filhos!

Eu e Peeta concordamos que ainda é muito cedo para contar a nossos pais que estamos juntos. Não sei como minha mãe e Haymitch reagirão a esta notícia, não mesmo. O melhor é darmos um tempo. Preparar o terreno.

– Katniss... – diz ele, me abraçando novamente.

Peeta começa a beijar meu pescoço. Sua boca vai parar em minha orelha, me dá uma leve mordida. Minhas mãos automaticamente vão para seus cabelos. Sinto calor, e sei que preciso de Peeta. Em poucos minutos, já estou novamente na cama, com Peeta me deixando sem juízo algum.

Visto a primeira roupa que encontro pela frente. Minha carona acaba de chegar. Peeta leva minhas malas para o carro. Olho para a casa, que tanto odiei nestes últimos anos. Agora, já não a odeio. Gosto muito dela, porque foi aqui que encontrei ele, a pessoa que tanto amo. Não verei esta casa por um bom tempo.

Minha mãe disse que irá com Haymitch me visitar sempre. Ela, surpreendentemente, adorou a ideia de ter a filha estudando literatura em Londres – minha mãe é realmente uma caixinha de surpresas. Eu que pensava que teria que usar todos os meus argumentos para ela me deixar ir para Londres!

Prim também disse que irá me visitar em suas férias, ou quando for fazer algum desfile em Londres, o que é super normal para ela, ou seja, irei vê-la quase sempre. Quando me mudei para esta casa, pensei que Prim era uma pessoa distante e fria, porém, agora percebo que não é bem assim. Prim é uma garota legal, sempre preocupada com todos a sua volta, inclusive comigo, mesmo que eu nunca tenha percebido isto antes. Começo a descobrir um outro lado de Prim.

– Katniss, não vai entrar? – pergunta Gale.

– Estou indo – respondo.

Gale vai me levar até o aeroporto, já que ele ganhou um carro de presente de aniversário e agora não desgruda mais dele, vive oferecendo carona para todo mundo.

Me sento atrás com Peeta, mesmo com Gale reclamando que nós dois parecemos chiclete.

– Só estou aproveitando os últimos momentos com minha namorada, Gale – responde Peeta.

– Vocês dois são tão açucarados que ainda vão me dar dor de barriga – brinca.

– Pode apostar nisto, Gale! – provoca Peeta.

Os dois caem na gargalhada. Eles tiveram uma boa conversa depois de tudo o que aconteceu. E terminaram por acertar as coisas. Os dois já passaram por tantas coisas juntos, que sei que são bem mais que amigos, são irmãos.

Peeta passa o braço direito por cima dos meus ombros, enquanto sua mão esquerda segura minha mão direita. Ficamos assim durante todo o trajeto.

O caminho até o aeroporto se torna breve, logo chegamos. Gale retira minhas malas do porta-malas. Ele e Peeta me acompanham até o portão de embarque. O meu voo é anunciado.

– Se cuide, Gale – digo, abraçando Gale.

– Pode deixar, Katniss, e me ligue sempre que puder! Vou sentir saudades e se Peeta fazer qualquer coisa é só me avisar que sempre estarei a sua disposição para dar um chute no traseiro de Peeta.

– Não se preocupe com isso. Se ele fizer alguma coisa, pode ter certeza que irei te avisar, mas antes ele terá que enfrentar a mão de Katniss Everdeen.

– Gale, prefiro o seu chute no traseiro do que a mão dela – fala em um tom confidencial – Acredite, nunca vou fazer nada para despertar a fúria dela! Eu já enfrentei a mão dela, nunca mais quero enfrentar de novo.

– Ei, eu estou aqui! – olho para Peeta de um modo sugestivo.

– Ok, ok, entendi o recado, vou ficar quieto.

– Gale, foi ótimo ter tido você por perto nestes anos todos! Obrigada – me aproximo e o faço se inclinar para ficar de minha altura, deposito um beijo na sua bochecha.

– Adeus, Catnip – diz, com aquele sorriso que sempre me fez suspirar por ele.

Me aproximo de Peeta. Ele suspira, e me abraça.

– Katniss, quero que fique com isto – me estende um pequeno embrulho.

Pego o pequeno embrulho de sua mão.

– Abra quando estiver no avião. Vou sentir sua falta – me abraça outra vez.

– Eu também vou sentir sua falta.

– Te amo, Katniss, te amo, te amo – sussurra em meu ouvido.

– Eu também te amo, Peeta.

Ele me beija suavemente em meus lábios. Me solto dos braços de Peeta. Sua mão segura a minha mão. Começo a me afastar, lentamente, aos poucos nossas mãos se soltam. Vou até o portão de embarque, aceno para Peeta e Gale. Me volto, as lágrimas começam a cair.

Entro no avião. As lágrimas ainda estão caindo. Este ano vivi tantas coisas, descobri tantas coisas...

Me sento, pego o pequeno embrulho que Peeta me deu. Encontro um pequeno medalhão dentro do embrulho. Ele se parece com aqueles medalhões antigos. Em sua borda há algumas pedras, acho que são rubis. Dentro do medalhão há uma foto de eu e Peeta rindo, e um desenho em versão menor do nosso quadro, “Eu e Você”. Coloco o medalhão em meu pescoço.

O avião decola. Logo estarei em Londres. Cinna está me esperando no aeroporto. Ele vai passar as férias lá, disse que irá me mostrar Londres.

Não sei o que o futuro me reserva. Apenas sei o que sinto agora. Fecho meus olhos, quando eles se abrirem, novamente, um novo mundo se abrirá em minha frente.