Eu e Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 33
Capítulo XXXIII - Quer ser meu par?


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo cheio de acontecimentos...



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Pela milésima vez lanço um olhar furioso para Peeta. Será que ele não vai parar de me olhar? As pessoas irão perceber. Ainda por cima, estou sentada em sua frente, na mesa. Ainda bem que Gale – estou sentada de seu lado – está muito envolvido conversando com Haymitch para perceber os olhares que Peeta lança sobre mim.

Já até estou pensando que Peeta e Gale tiveram um caso de amor mal resolvido no passado! Quem ficaria desta maneira por seu melhor amigo estar saindo com sua irmã postiça? Ou melhor, ele pensa que está saindo. Se Peeta prestasse mais atenção veria que entre eu e Gale não há absolutamente nada. E eu nunca vi Peeta como irmão, e tenho certeza, absoluta, que irmã é umas das únicas coisas que Peeta não pensou sobre mim.

– Peeta, me conte como foi sua viagem para Paris – fala o tio de Gale, que está sentado perto de Peeta.

– Foi maravilhosa – fala Peeta, sorrindo.

Basta Peeta sorrir para que todas as atenções voltem-se para ele. Esse garoto é inacreditável.

Peeta começa a falar sobre sua viagem. E o tema do almoço vira a viagem de Peeta a Paris. Estou quase tendo um sangramento nos meus ouvidos.

Após o almoço vamos todos para a sala. Sento-me perto de Prim e da tia de Gale. Enquanto, Peeta se senta ao lado de Gale. Os dois começam a conversar alegremente. Por que eu sou a única a ser punida nesta história? Peeta parece atribuir toda culpa a mim. Como se eu fosse uma grande sedutora que tivesse roubado o amor da vida dele. Aliás, Peeta está agindo igual aquelas meninas que ao perceberem que o namorado está a traindo com outra, colocam toda culpa na garota, como se o namorado fosse a pobre vítima indefesa.

O que há de errado com Peeta? Francamente, ele desaparece por dois meses e depois surge do nada, como se nada houvesse acontecido, e ainda exige uma explicação sobre algo que ele não tem nada a ver.

– Ainda não contei sobre a festa que irei dar – diz a tia de Gale para Prim.

– Festa?! – o amor por festas parece ser um gene que atinge os herdeiros Mellark – Quando será isso?

– No próximo sábado. Quero comemorar o aniversário de dezoito anos de meu lindo sobrinho – diz, olhando para Gale – Não é todo dia que se faz dezoito anos!

Olho para Gale que sorri para tia, um pouco tímido. Gale é tão lindo, se fosse outra pessoa – entenda-se Peeta Mellark – que ganhasse uma festa assim sairia contando para todo mundo.

– Será uma festa de gala. Gale, já pensou em quem será seu par para a festa?

Glimmer ou Clove irão tentar o máximo, nos próximos dias, chamar a atenção de Gale para ser o seu par. Só quero ver o que elas irão fazer. Mas também há Johanna na competição. Pelo visto Panem terá uma competição como nunca se viu antes.

– Já – responde Gale, que olha em minha direção – Katniss, gostaria de saber se você aceita ir comigo na festa do meu aniversário?

Estou paralisada ao ver Gale pronunciar estas palavras. Eu em uma festa de gala? Nunca fui a uma antes, apesar de minha mãe viver insistindo nisto. Sempre consigo inventar uma desculpa. Todos os olhares se voltam para mim.

No entanto, o olhar de uma pessoa me chama a atenção, Peeta. Consigo distinguir claramente sua mensagem, “Nem pense nisto, Katniss!”

Meu primeiro impulso foi dizer não. Mesmo sendo Gale que me convidou, não quero ser o centro das atenções em uma festa que sou a acompanhante do dono da festa. Não mesmo! Contudo, ao perceber o olhar que Peeta me lançou não tenho outra alternativa.

– É claro, Gale – digo, sorrindo.

Peeta apenas me olha, sei o que este olhar significa, ele está furioso.

Assim que os convidados do almoço vão embora, percebo o tamanho da besteira que fiz. Por que eu tinha que concordar em ir a esta festa? Por quê? Tudo culpa de Peeta! Por que ele tinha que me lançar aquele olhar? E por que eu agi tão impulsivamente? O que eu tenho na cabeça?

Passo o resto da semana, evitando me encontrar com Peeta. Só mesmos nas refeições me encontro com ele, e assim mesmo, me sento o mais longe possível dele. Porém, agora ele já não me lança olhares furiosos, está me ignorando. Percebi isto, há dois dias, quando estava indo para a cantina do colégio. Estava com tanta pressa, que nem percebi que Peeta vinha em minha direção. Ele estava sozinho, e eu também estava – porém, isso não é novidade – não tinha ninguém por perto. Pensei que ele me sequestraria, me levaria para um lugar que ninguém sabe o nome, para me ver longe de Gale, seu amado. Entretanto, quando ele passou por mim – eu com meu coração disparado – apenas olhou para outra direção como se eu fosse invisível. Entendi seu recado, agora está usando outra estratégia! Mas, não pense, Peeta, que você irá conseguir muita coisa com isto.

O sábado chega. Estou apavorada. Minha mãe comprou alguns vestidos para mim. Ela adorou a ideia de comprar roupas para a filha. No entanto, meus gostos e da minha mãe são bem diferentes. Conforme as horas passam meu nervosismo aumenta. Começo a andar de um lado para o outro... Não é só a festa, tudo me preocupa. Nunca fui a um evento igual a este antes, e ainda serei o centro das atenções! Maldita hora que aceitei este convite. No que estava pensando?

Vou até a cozinha tomar água para ver se fico mais calma.

– Katniss – fala Prim, que também está na cozinha – Já escolheu seu vestido?

– Não... ainda não – respondo.

– Quer ajuda? – pergunta Prim, que percebe meu nervosismo.

Nem penso duas vezes antes de confirmar com a cabeça.

Prim vai até meu quarto e olha para os vestidos que estão em cima da cama.

– Eles são bonitos, Katniss. Mas... não combinam com você.

– E eu não sei?! Nada combina comigo!

– Não era a isso que estava me referindo, Katniss – sorri – Eles não são para alguém da sua idade. Você precisa de algo... Já sei do que você precisa. Espere aqui, Katniss! – diz, saindo do quarto.

Prim logo volta com um vestido nas mãos. Ele está com um parafuso a menos se pensa que eu ficaria bem dentro de um de seus vestidos. Examino meu corpo e o dela. Definitivamente, não temos nada em comum.

– É seu vestido? – pergunto, receosa.

– Não, não é – sorri – É de uma estilista que conheço, ela me deu este vestido, quando fiz um desfile para sua marca. Mas sem querer, acabei por pegar um vestido de outro número. Fica muito curto para mim...

Pego o vestido. Vou para o banheiro, visto o vestido. Me olho no espelho. O vestido é lindo, incrivelmente lindo. Ele tem um ombro só, lembra aqueles trajes gregos que aparece nos filmes. Sua cor é azul, porém um azul claro, bem clarinho. O tecido é leve. Na cintura há uma cinta de um tom azul escuro. A saia é esvoaçante. Ela pega um pouco acima do meu joelho.

– Está perfeita – diz Prim, ao me ver entrar no quarto – Agora só falta a maquiagem e o cabelo. Sabe, quando era pequena eu queria uma irmãzinha para brincar de salão de beleza. Peeta sofreu com isso, o coitado tinha que correr se não quisesse ser vítima de meus experimentos – ri.

Dentro de algum tempo, estou maquiada e com uma espécie de coque em minha cabeça, que termina em um rabo todo bagunçado. Me olho no espelho. Estou linda. Agora acredito no poder da maquiagem! Calço a sandália que Prim me entrega. Odeio salto, já até prevejo os efeitos disto em meu pobre pé.

– Katniss, Gale está aqui – diz minha mãe, entrando no quarto – Nossa, Katniss, você está linda! – diz ela de uma maneira orgulhosa.

Acho que agora ela já pode morrer em paz, pois viu a sua filha usando um vestido, maquiada e com o cabelo arrumado.

Gale está na sala, me esperando. Ele está lindo em seu smoking preto. Um verdadeiro príncipe. Gale sorri ao me ver, vai até a escada e me estende a mão para me ajudar a descer, aperto sua mão com força. Estou nervosa, meu estômago dói.

– Você está maravilhosa, Katniss! – diz ele, sorrindo.

Eu apenas sorrio como resposta, corada pelo seu elogio. Vamos para a festa. Minha mãe, Haymitch e Prim vão depois, já que Gale precisa chegar um pouco antes. Quanto a Peeta, sei lá o que aconteceu com ele, e nem quero saber. Deve ir com alguma garota de Panem.

Gale se apressa em abrir a porta do carro para mim, quando chegamos na festa. Sinto que minha dor no estômago só aumenta, ao ver as luzes todas acessas da bela mansão da tia de Gale.

Pego na mão que Gale me estende. Respiro fundo. E entramos na casa.

Estou tão atordoada com tudo que não me lembro quase nada da festa. Sei apenas que fiquei perto de Gale o tempo todo, e que dançamos várias músicas. Eu não sei dançar – sinto até vergonha de minha dança – porém, Gale é um ótimo dançarino, e não me fez passar vergonha, como tropeçar em meus próprios pés.

São quase duas horas da manhã quando chego em casa. Gale me acompanha até a porta. Estamos em silêncio. Estou cansada, meus pés estão me matando e tudo o que quero é dormir!

– Acho que vejo você na segunda... – digo, sem jeito, afinal nunca fui levada por um garoto a uma festa.

– Katniss, foi uma ótima noite. Obrigado, por me acompanhar... – diz, sorrindo.

Correspondo ao seu sorriso.

– Para mim, também foi uma ótima noite.

Nos olhamos. Gale se inclina e deposita em meus lábios um suave beijo. Quando ele retira seus lábios dos meus, estou em choque, não sei como reagir.

– Até mais, Katniss – diz, sorrindo, me deixando paralisada sem saber o que fazer.

Quando dou por mim estou parada na porta de casa. A única coisa que faço é entrar e ir para meu quarto. Ainda não acreditando no que aconteceu.

Desde meus treze anos, sou apaixonada por Gale. No entanto, sempre acreditei que nunca em minha vida teria alguma chance com ele. Gale para mim era como as estrelas do cinema, podemos saber tudo a seu respeito, podemos amá-las, podemos sonhar com elas. Entretanto, nunca estarão a nosso alcance, tão perto e tão longe.

Este beijo me pegou totalmente de surpresa. Eu realmente não esperava por ele. Ainda sinto o gosto de seus lábios em minha boca.

Retiro minhas sandálias, pois estão matando os meus pés, subo as escadas, descalça, quase me arrastando. Por que meu quarto tinha que ficar no terceiro andar? Finalmente, chego à porta do meu quarto, estou até sonhando com minha bela cama.

– Katniss...

Me viro, imediatamente, ao escutar a voz de Peeta. Ele está me olhando, encostado na porta de seu quarto. Era só o que me faltava, discutir com Peeta a essas horas da madrugada.

Peeta não foi à festa de Gale. Pensei que ele iria para a festa, ficar me policiando, não permitindo que eu chegasse perto de seu amado. No entanto, ele nem apareceu.

– Peeta, estou cansada... Amanhã, você me faz este inquérito sobre Gale – digo, pegando na maçaneta de minha porta.

– Katniss, preciso te mostrar uma coisa.

Me volto para ele. Realmente, não estou com espírito para aguentar Peeta, hoje.

– Me mostra amanhã, certo?

– Não, Katniss, preciso te mostrar agora – ele se aproxima de mim.

Peeta pega em minha mão, de uma maneira firme, porém ao mesmo tempo delicada. Vendo que ele não me vai deixar em paz até mostrar seja lá o que, deixo que ele me conduza. As mãos de Peeta estão quentes, sinto o calor de sua pele que aquece a minha mão.

Vamos até um quarto no final do corredor. Um lugar em que eu nunca havia entrado antes. Ele abre a porta com uma chave, com uma das mãos, enquanto a outra continua me segurando. Como se tivesse medo que eu fugisse. Peeta entra no quarto, que está escuro. Ele fecha a porta após eu entrar, e solta a minha mão.


































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Notas finais do capítulo

O acharam do capítulo? E o beijo do Gale e da Katniss, pegou vocês de surpresa? O que acharam do comportamento do Peeta no almoço e após o almoço, ciúmes? Curiosos para saberem o que vai acontecer com a Katniss e o Peeta no quarto?