Eu e Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 32
Capítulo XXXII - Dias perfeitos não existem


Notas iniciais do capítulo

Estou de férias! Quer dizer ainda tenho um monte de trabalhos para fazer, até nas férias tenho que estudar, se jogando no chão... Mas não importa estou aproveitando estas "férias" para escrever. Então, aqui está mais um capítulo da fic. Espero que gostem.



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São quase onze horas da noite. Estou sozinha em casa. Prim acabou de sair para uma festa, minha mãe e Haymitch foram para um daqueles jantares chatos que acabam sei lá que horas, e Peeta está ainda no Capitolio. Deve estar se divertindo bastante com seus amiguinhos, depois de dois meses fora de casa, eles têm bastante coisas para conversarem.

Estou aqui, na sala de TV, assistindo um filme. Na verdade, uma comédia romântica, bem água com açúcar. Só queria um filme para passar meu tempo sem pensar em nada, e quando digo nada, me refiro a Peeta. Não vou negar que a volta dele mexeu comigo. Mas, é porque foi muito repentino, não estava preparada. Ainda não sei como agir perto dele, depois do que aconteceu antes de sua viagem a Paris.

– Não acredito que ela vai trocar o amor da vida dela por ele! – digo, revoltada com a mocinha que largou o perfeito do protagonista, pelo cara que é seu melhor amigo.

Às vezes, fico tão empolgada com que estou assistindo ou lendo, que faço comentários em voz alta.

– Eu também não acredito nisto! – diz Peeta, sentando-se no sofá ao meu lado.

– O que você está fazendo aqui?

– É minha casa, Katniss, onde você queria que eu estivesse?

– Sei lá, pensei que estivesse com alguma daquelas garotas... – falo, olhando para a tela da TV.

– Como você pode ver não estou – diz ele, se aproximando ainda mais de mim.

O olho com o canto do meu olho.

– Katniss, você e Gale estão saindo? – fala de supetão, como ele pode falar algo assim desta maneira, sem mais nem menos?

Ao escutar isto, imediatamente, olho para Peeta.

– E o que você tem a ver com isto? Isto não te interessa. Entendeu ou quer que eu desenhe?

Peeta apenas me olha calmamente. Odeio sua calma.

– Eu já disse, Katniss, você e Gale juntos não dariam certo – fala se aproximando ainda mais de mim, ficando apenas alguns centímetros de meu rosto.

– Olha, Peeta, você não tem nada a ver com quem eu saio ou deixo de sair, se Gale e eu vamos ou não dar certo, isto é problema meu – falo tudo de uma vez só. Estou cansada deste joguinho de Peeta, quem ele pensa que é?

Peeta apenas continua me olhando, com uma calma que só aumenta a minha raiva.

– E posso saber o motivo, por que Gale e eu não daríamos certo, na sua opinião?

– Katniss, você não entende – diz, sorrindo.

Estou furiosa com Peeta, não vou o deixar levar a melhor, como sempre acontece.

– Não entendo, o quê? – digo, furiosa – Peeta, você sumiu durante dois meses – enfatizo bem – E agora aparece do nada, dizendo que eu não posso sair com Gale. Ele não é como você, Peeta, nem como seus amiguinhos. Gale é diferente, Gale me entende. Ele é a única pessoa que me entende.

– Você está enganada, Katniss – diz Peeta, saindo de sua calma, pois percebo que sua voz já não tem mais o tom tranquilo que sempre me irrita.

– Peeta, é você que está enganado!

– Katniss, me escuta! – sua voz está alterada – Você e Gale não podem sair.

– Peeta, por que eu não posso sair com Gale? Vai fala! Me dá um motivo.

Peeta apenas me olha.

– Viu! Você não pode! – digo, me levantando do sofá e saindo da sala de TV.

Estou furiosa com Peeta. Como ele se atreve?

– Katniss! – Peeta chama, porém, o ignoro.

Vou para meu quarto. Preciso dormir. O dia de hoje foi realmente cansativo. Peeta ainda por cima estragou meu dia com sua chegada repentina. Meu dia estava saindo tão perfeito, eu deveria ter desconfiado que algo iria dar errado. Afinal, esta é a minha vida, e dias perfeitos não existem na vida de Katniss Everdeen.

Logo que me deito na cama, adormeço. No entanto, sou acordada pelo barulho de um trovão. Olho pela janela do meu quarto, o céu está terrível, parece um festival de relâmpagos e trovões. Escuto outro barulho de trovão. Começo a tremer. Estou com medo. Eu e meu maldito medo dos trovões! Quando ouço um trovão, minha única reação é o medo, fico paralisada por ele. A única coisa que faço é me esconder em baixo das cobertas. Me agarro com todas as forças no lençol. Ouço mais outro trovão, estou apavorada. Fecho meus olhos, bem fortemente. Isso vai passar, vai passar! Tento controlar minha respiração.

Sinto os braços de alguém me envolvendo. Sei que é Peeta, mesmo com meus olhos fechados, e sem ele dizer uma única palavra. Peeta me aconchega em seus braços, e acaricia meus cabelos. Aos poucos vou me acalmando, sem perceber acabo dormindo em seus braços.

Acordo com a claridade que invade meu quarto. Peeta me envolve em seus braços. Sinto sua respiração em minha nuca, e o calor de seu corpo que aquece o meu. Isso é tão... bom? No que estou pensando? Por que ficar desta maneira com Peeta me deixa assim? Preciso sair daqui, antes que ele acorde. Começo a me mover, lentamente. No entanto, os braços de Peeta me retêm, me puxando ainda mais contra seu corpo.

– Katniss... – diz ele em meu ouvido – Por que você está se levantando tão cedo? Não são nem sete horas da manhã – fala, sonolento.

Peeta me aperta ainda mais forte contra ele. O que ele está pensando? Só sei que preciso sair daqui.

– Peeta... É melhor você ir dormir em seu quarto.

– E por que eu deveria?

– Porque este é meu quarto, e você está na minha cama – e pior, está na minha cama, comigo nela! Porém, esta parte eu não falo.

– Katniss, isso não importa...

Me viro bruscamente, quase tocando no rosto de Peeta, mais alguns centímetros e nossas faces irão se tocar. Peeta abre os olhos, me lançando um olhar. Reconheço imediatamente este olhar, é o mesmo daquela noite, em que eu quase... Socorro! Estou perdida! Não, não posso cair novamente nesta armadilha chamada Peeta, não posso!

Ele me olha. Seus olhos azuis estão me hipnotizando. Estamos tão próximos um do outro. Peeta está comigo pressa em seus braços, mas o que me prende verdadeiramente são seus olhos. Sinto minha razão indo embora...

– Katniss, querida, você já acordou? – ouço a voz de minha mãe, que bate em minha porta. A voz de minha mãe faz com que eu saia do estado de hipnose que os olhos de Peeta haviam me colocado.

Nos olhamos, apavorados. Minha mãe não pode ver Peeta aqui.

– Katniss, preciso falar com você. Estou entrando.

Mais do que depressa empurro Peeta para debaixo de minhas cobertas. E nem sei como, me deito na cama, fechando meus olhos.

– Katniss – diz minha mãe, se aproximando da cama.

– O que foi, mãe? – digo, abrindo meus olhos, fingindo sonolência.

Não sou nada boa em atuação. Com certeza, o que menos tenho agora é sonolência, por isso torço para que ela não repare muito em mim.

– Katniss, minha amiga, a tia do seu amigo, vem jantar aqui hoje.

– Gale? – pergunto.

Ao ouvir o nome de Gale, sinto Peeta se mexer perto de minhas pernas. Aproveito que minha mãe está de costas para mim, arrumando as cortinas, faço um pequeno movimento com minhas pernas (na verdade, foi um chute mesmo), acho que ele entendeu o meu recado, já que fica quieto.

– Ele mesmo. Acho que ele vem junto – acrescenta.

Sinto outro movimento de Peeta, será que terei que fazer outro discreto movimento?

– Você poderia ir na floricultura buscar o arranjo de flores, que encomendei?

– Mas, mãe, ainda nem são sete horas da manhã!

– Por isso, mesmo, Katniss. As flores que encomendei são especiais. Elas foram colhidas à noite. Quero as flores bem vivas! A florista já está esperando com elas. E eu tenho que cuidar do almoço.

Percebo que minha mãe está muito empolgada com este almoço. Ainda não são sete horas e ela já está pensando no almoço.

– Está bem, mãe. Vou na floricultura – falo.

Não quero discutir com minha mãe, ainda mais tendo Peeta debaixo das minhas cobertas. E não ficar em casa é uma ótima ideia.

– Ótimo – diz ela, saindo finalmente do meu quarto.

Assim que ela fecha a porta do quarto, Peeta sai de seu esconderijo.

– Peeta, é melhor você ir, ela pode voltar – digo, me levantando.

Não quero ficar no mesmo local que ele. Vai saber o que se passa na cabeça deste garoto.

– Katniss, você ainda não me respondeu sobre Gale... – diz, levantando-se da cama.

– De novo isso? Já disse que você não tem nada a ver com isso.

Estou irritada com esta insistência de Peeta em se intrometer em minha vida amorosa (inexistente). Não há nada ente mim e Gale, porém, não vou dar satisfação ao cretino do Peeta.

– Katniss! – ouço minha mãe chamar do corredor.

– Já vou, mãe! – falo alto – Agora sai daqui – digo em voz baixa.

Peeta me olha, soltando um suspiro. Vejo que ele está irritado comigo. Eu é que deveria estar irritada com você!

Vou até a porta, e a abro, cautelosamente. Minha mãe parece ter ido para seu quarto, que fica no segundo andar. Ainda bem que nossos quartos ficam no terceiro andar da casa, bem longe do quarto de nossos pais.

– Vai logo, Peeta!

Peeta sai do meu quarto, mas antes me lança um olhar. Percebo que ainda vamos ter muitas destas discussões sem fundamentos.


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Notas finais do capítulo

O que acharam do capítulo? No próximo capítulo temos o almoço...Vou dizer o título do capítulo: "Quer ser meu par?" Bem sugestivo, não?