Eu e Você escrita por Hanna Martins


Capítulo 29
Capítulo XXIX - Au revoir


Notas iniciais do capítulo

Minha quinta recomendação!!! Estou pulando de alegria aqui. Este capítulo eu dedico a dotynew, que me fez uma garota muito feliz neste final de semana. Obrigada, dotynew!!!



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Eu e Peeta paramos de nos beijar e olhamos para a porta, apreensivos. Nossa respiração fica suspensa.

– Você está aí, Peeta? – diz Haymitch, batendo na porta.

Peeta ainda está em cima de mim. Mais do que depressa coloco minhas mãos em seu peito nu e o empurro para que saia de cima de mim. Ele sai de cima de mim, colocando a camiseta. Sento no chão, arrumando minha blusa. Peeta corre para a porta e a abre.

– O que foi, pai? – impressionante como Peeta consegue rapidamente voltar ao seu estado normal, depois de tudo o que aconteceu, em questão de segundos.

– Estava jogando? – fala Haymitch.

– Sim, estava, mas acabei dormindo – diz, arrumando seu cabelo, que está todo bagunçado.

– Preciso falar com você... vamos até meu escritório.

Peeta fecha a porta. Respiro aliviada. Haymitch não me viu, já que onde estou quem está na porta não consegue ver. Porém, percebo o que estava a ponto de fazer. Não acredito que eu estava perto de fazer aquilo? Não, isso não pode ser possível, ainda mais com Peeta, o galinha de Panem, meu inimigo número um! Peeta é o cara que mais odeio, não é verdade? Então, por que quando ele me toca fico neste estado? Não, não foi nada, Peeta é apenas o cara mais lindo que conheço... Mas, antes eu não odiava chegar perto de Peeta, não o achava o garoto mais repugnante da face da terra? Então, por que agora eu fico desta maneira? Por quê?

Se Haymitch não tivesse aparecido eu e Peeta teríamos... Meu rosto fica completamente vermelho só de pensar que eu e ele estivemos preste a... Céus! Não posso acreditar nisto! Não posso!

Saio da sala de jogos quase correndo. Sinto o cheiro, o toque de Peeta em minha pele. Se eu o ver agora, não duvido que eu acabaria fazendo uma loucura.

Passo grande parte da noite me virando em minha cama. Só vou conseguir cair no sono quando já está quase amanhecendo.

– Katniss, acorda – ouço a voz da minha mãe que mexe em meu braço.

– O quê foi, mãe? – digo com a voz sonolenta.

– Acorda, Katniss, são quase dez horas da manhã! E você precisa me acompanhar até a casa de minha amiga.

Abro completamente os olhos com esta notícia.

– Mãe... – digo com minha voz suplicante.

– Vamos logo, Katniss! – diz ela, ignorando minhas suplicas.

Espera! Lembro-me da noite anterior. Eu não posso ficar em casa de maneira nenhuma. Não depois daquilo, eu quase... com Peeta! Meu rosto fica vermelho só de pensar nisto! O que vou fazer quando vê-lo? A melhor opção que tenho agora é acompanhar minha mãe até a casa de sua amiga. Será um lindo sábado, e o principal, longe o suficiente de Peeta.

Estou muito atordoada para raciocinar direito. Se eu ver Peeta, agora, não sei o que farei. Não sei, mesmo!

Visto minha roupa mais do que depressa. Com meu coração quase saltando fora do meu peito, passo pela porta do quarto de Peeta. A porta de seu quarto está fechada. Provavelmente, ele está ainda dormindo. Saio da casa quase correndo e vou para o carro, onde minha mãe me espera. Respiro aliviada, quando o carro se afasta da casa.

No entanto, mesmo que esteja longe da casa, as lembranças do que ocorreu ontem, me perseguem, como um fantasma. Um imenso fantasma. Ainda não acredito que estive a ponto de... com Peeta Mellark, o Casanova de Panem. Eu sei que nos últimos tempos e eu Peeta até que temos nos dado melhor, mas isso não significa que eu tinha que fazer aquilo!

Estou completamente confusa e perdida. Não sei o que pensar. Nós estávamos completamente sóbrios ontem, por isso a culpa não foi da bebida. O que eu faço? O que eu faço?

– Katniss, você não vai cumprimentar seu amigo? – pergunta minha mãe, me olhando.

Estou tão distraída, que nem percebi que me encontro na sala da amiga da minha mãe, a qual nada mais é do que a tia de Gale. Como sei disso? Ora porque tenho Gale em minha frente, me olhando.

– Gale?! – falo, surpresa – Desculpa, eu...

– Estava distraída não é mesmo, Katniss? – sorri gentilmente – Estava fazendo uma visita para minha tia. Ela tem uma biblioteca ótima, quer ver?

Apenas faço um sinal afirmativo com minha cabeça. Gale me leva até a biblioteca da sua tia, que é realmente incrível. Só os livros para me distraírem um pouco dos meus pensamentos.

– Katniss – me chama Gale, que segura um livro na mão – Este é um raro exemplar da edição de 1949 de “Alice no país das maravilhas” ilustrada por Leonard Weisgard. A única pessoa que conheço que tem este livro é minha tia.

Corro para o livro, esquecendo-me de tudo o que me cerca, começo a folheá-lo, me detenho em cada ilustração. Nunca pensei que teria o livro original da edição de 1949 em minhas mãos!

– Katniss, se eu soubesse que você ficaria deste jeito tinha te mostrado o livro antes – diz, sorrindo.

– Desculpa, Gale... É que este livro... é... – digo ao observar Gale, que me olha impressionado – Você deve me considerar uma maluca!

– De maneira nenhuma, é só que sua reação foi exatamente igual à de Delly, quando mostrei o livro para ela pela primeira vez.

Levanto os olhos do livro e olho para Gale.

– Peeta me contou... sobre o que aconteceu com Delly... – digo com certo receio, temendo ver uma expressão de dor em seus olhos, semelhante a que vi em Peeta.

– Sim, Katniss, Delly morreu quando tinha onze anos... – fala com uma voz cheia de melancolia.

Olho em seus olhos e vejo tristeza, uma imensa tristeza. Porém, não é igual aos olhos de Peeta. Em Peeta vi dor, em Gale vejo tristeza.

– Como ela morreu? – me atrevo a perguntar.

– Morreu afogada... na piscina. Ela não sabia nadar... Estava sozinha em casa, foi terrível... – faz uma pequena pausa e vai até uma das janelas da biblioteca – Delly era o sol em nossas vidas. Ela sempre estava sorrindo, parecia amar tudo e a todos. Quando ela morreu, foi como se eu perdesse o meu sol. Aliás, foi como se Peeta e eu tivéssemos perdido o nosso sol. Foi tão difícil aceitar que ela tinha partido, que nunca mais veria seu sorriso. Talvez, seja por isso que vivo procurando Delly em tudo...

Gale fala de uma maneira nostálgica de Delly, como se sua dor no final tivesse se convertido em saudade.

– Peeta?... – digo, pensando nos olhos cheios de dor que vi à noite.

– Ele sofreu muito, e acho que até mais do que os outros. Quando a mãe de Peeta morreu, ele se isolou do mundo, não falava com mais ninguém, nem parecia o Peeta que eu conhecia. Peeta era uma casca sem alma. Foi Delly que, aos poucos, trouxe ele de volta a vida. E quando Delly morreu, pensei que ele voltaria a ser uma casca sem alma. Mas, ele reagiu de outra maneira. Peeta mudou, até chegar ao cara que você conhece hoje. Mas, acredite, Katniss, o velho Peeta ainda está lá, embora ele não se revele muito...

Olho para Gale. Então, foi isto que fez aquele garotinho com sorriso inocente se transformar no garoto arrogante e prepotente que eu conheço? Talvez, Gale tenha razão, aquele garotinho de sorriso inocente pode estar lá, escondido sobre toda aquela arrogância e prepotência. Lembro-me daquele sorriso que ele me lançou quando cuidei de sua febre...

Percebo o quanto Peeta é um mistério para mim. Tudo isso só está me deixando ainda mais confusa. Daqui a pouco estarei me perguntando o que é real? O que não é real?

Minha mãe passa o dia todo na casa da tia de Gale. Eu não reclamo disso, pois tenho a companhia de Gale. Ficamos horas e horas na biblioteca olhando para os livros e conversando. Tudo isso, faz com que meus pensamentos sejam afastados de certo acontecimento.

Porém, assim que boto meus pés no carro, meu estômago começa a se remexer. Sei que preciso enfrentar Peeta, seja lá no que isso vai dar...

Desço lentamente do carro e vou até a cozinha. A casa está silenciosa, estranho... Por que não vi nenhum dos amiguinhos de Peeta que adoram aparecerem no sábado à noite?

Pego uma maçã na geladeira. Saio da cozinha e vou para a sala, minha mãe está sentada no sofá, exausta pela visita a casa de sua amiga.

– Querida, dispensei a cozinheira, hoje.

Eu percebi isto mãe! Ao não ver ela na cozinha. Será que vamos jantar fora, preciso pensar em algo, já que ter um jantar em família, com certeza, não seria uma situação agradável neste momento.

– Você vai jantar fora com Haymitch?

– Não, Katniss, Haymitch viajou de novo. Por isso, estava pensando em apenas fazer um lanchinho leve para não engordar, você sabe? – diz, sorrindo.

Haymitch realmente viaja muito a negócios. Na maioria das vezes, ele leva minha mãe. De qualquer maneira, um problema a menos para se preocupar, eu e Peeta não precisamos ficar vigiando os passos de Haymitch.

– E Peeta, mãe, ele vai jantar fora? – pergunto, temendo pela resposta. Ainda não me sinto segura para enfrentar Peeta, depois do que aconteceu ontem à noite.

– Peeta?! Não se preocupe com ele. Peeta também viajou com Haymitch para Paris.

Neste instante, a maçã que está em minha mão cai. Observo, ela rolar no tapete persa de minha mãe, sem fazer nada.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? O que pensam sobre esta viagem do Peeta? Será que está relacionada com a noite anterior? E agora com Peeta fora, será que Katniss e Gale se aproximarão ainda mais e se tornaram bem mais do que amigos?