The Who escrita por NK Winter


Capítulo 22
Jane




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Eu estava na sala de espera da clinica folheando uma revista quando Jane saiu da salinha de exames. Já estava escurecendo e meu jantar não iria acontecer. Por outro lado eu havia ganhado algo muito melhor. Eu ainda não acreditava que estava ali, no mesmo cômodo de Jane, e ela estava tão bem.

— Ele vai ficar bem - disse - Está no soro descansando, enfaixei sua patinha e dei um remédio para não sentir mais dor - explicou Jane sentando-se na poltrona do lado virada para mim - Como aconteceu? - perguntou.

— Eu estava dirigindo e virei um segundo para olhar a... - hesitei - Algo no porta luvas, de repente ele correu atravessando a rua e infelizmente eu o acertei - contei.

Jane concordou com a cabeça me analisando. Era tão estranho estar tão próxima e ao mesmo tempo tão distante dela. Quase havia me esquecido de como era seus olhos, sua voz e como era seu cheiro. Seu rosto deixava quase impossível não querer abraçá-la e dizer tudo que eu queria quando achei o diário.

— E você esta bem? - perguntou meio tensa.

— Estou - concordei.

Ficamos por mais alguns segundos se olhando, sem ter coragem de puxar outro assunto.

— Acho melhor eu ir - disse me levantando - Está tarde.

— Ok. Volte amanhã depois do trabalho - disse, Jane.

Meus olhos se iluminaram, mas em seguida lembrei que era por Dexter e não por nós. Apenas concordei com a cabeça e Jane me acompanhou até o carro. Um silêncio constrangedor nos seguia desde a primeira vez que nos vimos ao chegar à clinica.

— Vamos procurar pelos donos do cachorro, certo? - perguntei após abrir a porta do carro.

Jane concordou e se despediu, não ficou para puxar assunto. Não dormi naquela noite, fiquei pensando em Jane assim como uma garota de quinze anos apaixonada, assim como quando a conheci. Parte de mim se perguntava se nós não estávamos muito velhas pra isso.

Velhas para o amor?

Acho que não.

No dia seguinte colocamos cartazes de "achado" por todo o quarteirão e por ruas próximas. Nós não conversamos muito, foi bem quieto e constrangedor, mas eu estava feliz por ficar próxima a Jane.

Era cedo no meu escritório quando recebi uma ligação de Jane avisando que o dono de Dexter estava indo buscá-lo naquele momento.

Isso era ótimo, ficava feliz que Dexter poderia voltar para casa com sua família que tanto o amava, mas por outro lado eu não teria outras desculpas de ver Jane.

— Então não precisa vir aqui depois do trabalho... - dizia Jane ao telefone.

— Certeza... Eu achei que podia... - me interrompi.

Eu planejava vê-la hoje para podermos conversar numa boa, eu havia deixado a caixa no carro e se tivesse a oportunidade devolver o diário à Jane. Tinha esperanças de poder pedir perdão a ela, de todas as coisas que fiz.

— Eu queria te entregar uns negócios... - disse.

— Tudo bem, eu acho. Podemos nos encontrar quando eu fechar o Pet shop - sugeriu Jane.

— Parece ótimo.

Não esperei nenhum minuto a mais quando sai do escritório e fui direto ao Pet Shop de Jane para resolver tudo de uma vez, mesmo que não a consiga de volta gostaria de dizer a ela o que tinha para dizer.

Assim que cheguei ao Pet Shop pude perceber que as luzes estavam apagadas e sua secretária trancava a porta. Sai do carro e fui até ela.

— Onde está Jane? - perguntei.

— Ela recebeu uma ligação e teve que sair - respondeu a secretária guardando a chave na bolsa - Você é a que trouxa o Dexter, não é?

— Sim - concordei.

— Então... Pelo que eu entendi alguém ligou pra ela dizendo que o pai dela faleceu, e ela teve que sair pra resolver sobre o velório e enterro - contou.

— O pai dela...? - abaixei a cabeça. Eu não podia mais incomodá-la com o assunto do diário e do nosso termino com isso do pai dela, não sabia nem se deveria falar com ela em relação a isso.

Eu esperei sua ligação àquela semana, mas não aconteceu.

Eu não ouvia noticias de Jane de nenhuma maneira, eu reli o diário pela milésima vez e comecei a sentir falta de tudo aquilo, falta do antigo eu, falta de Jane, Julie e até de Connor.

Cinco dias depois do acontecido eu estava em meu escritório resolvendo alguns problemas quando alguém bateu na porta.

— Está aberta - disse.

A porta se abriu e a ultima pessoa que esperava me apareceu. Julie.

— Está na hora, Marie - disse.

— Julie?

Julie fechou a porta e se aproximou de minha mesa.

— Podemos conversar? - perguntou.

— Claro! - respondi me levantando - Sobre o que?

— Sobre Jane. Mas antes... Eu preciso que tire sua blusa.

Eu poderia ter achado estranho, qualquer um acharia, mas eu sabia o que Julie queria. Eu a conhecia o bastante para saber o que realmente queria. Virei-me de lado e levantei um pouco minha blusa mostrando-lhe minha cicatriz.

— Eu sabia - Julie abriu um sorriso de orelha a orelha, o qual eu não via fazia tempos - Eu não quis dizer nada a Jane, só se ela deduzisse sozinha, mas eu sempre soube.

— Eu achei que você não quisesse mais me ver - disse.

— É... Eu sei... Desculpe-me por tudo o que eu te disse e te fiz, mas era preciso, fazia parte do plano - suspirou - Mas agora você já está pronta.

— Pronta? Que plano? - perguntei confusa.

— Sente-se, por favor.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo será o último.

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