The Who escrita por NK Winter


Capítulo 2
The Who


Notas iniciais do capítulo

CONFIRA DESENHO DAS PERSONAGENS EM


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Abril de 2034. Limpando meu armário eu encontrei uma caixa cheia de lembranças e objetos passados. E dentro dessa caixa o diário de Jane Summer, que contava suas lembranças de seu terceiro ano do colegial. Apesar de tudo aquilo me perturbar muito eu precisava entender o que era aquele livro.

"Na hora podia não ter sido nada importante, mas lhe garanto que hoje sei que aquela menininha havia mudado toda minha vida apenas com um Botom do The Who.

E então a menina se virou. Cabelos e olhos castanhos escuro, ondulados e pouco mais baixa que eu.

— Acho que isso é seu – disse lhe entregando o Botom.

A menina olhou para o pequeno objeto redondo e sorriu.

— É sim! Obrigada. – agradeceu e sumiu na multidão seguindo seu caminho. Rápido assim acabando todo aquele momento que poderia mudar minha vida, mas não me importei, eu ainda não entendia o quão aquilo tivera sido importante.

Contudo, após aquele encontro rápido com a menina The Who, eu comecei a reparar mais nela... Quando cruzávamos caminhos nos corredores eu a observava esperando que me visse, que se lembrasse de mim, durante a entrada, intervalos e na saída. Reparava se fazia amizades e com quem.

Éramos sempre eu, Connor e Ron, confesso que os dois sempre tiveram mais assuntos juntos, assuntos de homens, de garotos... Geralmente sobre mulheres. A garota The Who também não parecia ter amizade com os meninos de sua sala, durante o intervalo inteiro ela ficava com uma única amiga, elas conversavam o tempo inteiro, e também iam embora juntas, mas isso não as impedia de ficarem juntas no meio do grupo da sala delas.

— Já escolhi uma! – exclamou Connor ao meu lado esquerdo na mesa do pátio. Eu quase me esquecia de que os dois ficavam tagarelando ao meu lado, eu pisquei devagar e voltei minha atenção à eles.

— Não é justo! Faz só uma semana! E a que eu quero nem é do primeiro ano - resmungou Ron cruzando os braços.

— Azar o seu - disse Connor rindo - Agora, faça amizade com a minha fuinha e quem sabe você não se interessa por suas amigas? - sugeriu.

— Ainda não concordo com o fato de vocês as chamarem de fuinha – resmunguei desviando meu olhar de volta para a dona do Botom do outro lado do pátio.

A explicação de Connor e Ron sobre a decisão de chamar as garotas de fuinha era porque elas eram novas de cabeça pequena e se intrometiam muito. Eles arranjavam adjetivos únicos para tudo, assim eles podiam conversar besteira em publico sem serem descobertos.

— Ali! - apontou Connor - Veem a garota de laço roxo?

Era uma garota baixinha, de cabelos loiros bem enrolados e olhos azuis.

— Divirta-se - disse Connor sorrindo para Ron.

Nós três tínhamos esse combinado da fuinha. Quando achássemos a garota ideal do primeiro ano, um de nós faria amizade com a mesma e assim descobriria se há interesses. No caso de Connor, quem deveria fazer amizade era Ron, no de Ron eu e no meu caso Connor faria a amizade.

Porém o meu caso era mais complicado, para os dois era só fazer amizade e perguntar se havia interesse. No meu teria que ter um estudo antes da amizade, eles tentariam descobrir se a garota é hétero e depois teriam que fazer amizade, mas tudo com muito cuidado. Ser como eu naquela escola não era tão natural como Ron e Connor consideravam.

— Jane... - perguntou Connor um pouco baixo me tirando do mar de pensamentos que me cobria, eu nem ao menos havia percebido que Ron saíra - Você a achou?

— Não... – respondi sacudindo a cabeça, eu recostei fugindo o olhar do grupo do primeiro ano do outro lado do pátio.

— Eu conheço seu olhar... Você está distraída olhando em volta – comentou passando os olhos pelos alunos que conversavam, comiam e jogavam coisas uns nos outros procurando o meu interesse anterior.

— Não é nada - garanti.

— Tem alguém! Quem? - perguntou ainda procurando.

— Eu não gosto dela. Eu... Só achei algo que era dela, devolvi e nem conversei com ela.

— E agora fica reparando nela - acrescentou - É de qual dos primeiros anos? É ela? - perguntou apontando para uma garota qualquer que passava com um refrigerante na mão.

— Não aponta! – me curvei sobre a mesa puxando o braço de Connor e ele me olhou com aquele olhar convencido dele, eu odiava quando ele fazia isso - Eu mostro... – disse entre os dentes – Esta vendo aquele grupo sentado no murinho? - sussurrei.

Connor concordou com a cabeça e observou atenciosamente o grupo do primeiro ano aglomerado em uma mureta que tinha na parte descoberta do pátio.

— A terceira da direita para a esquerda, ao lado da menina de mexas roxa.

Connor ficou alguns segundos em silêncio apenas a observando e então concluiu:

— Hétero.

— O que?! Eu não disse que era minha fuinha, não to interessada.

— Deixa quieto, Jane. Ela não curte - concluiu Connor.

— Mas eu... – Connor abaixou o queixo e me olhou com as sobrancelhas erguidas, ainda odiava quando ele me olhava provando que me conhecia o suficiente para que meus argumentos se tornassem inválidos. Apenas bufei e desviei o olhar dele.

Eu realmente não estava interessada, mas depois do que Connor me disse eu confesso que comecei a reparar ainda mais e sentir algo estranho. E por isso eu mesma teria que resolver, então eu fiz amizade com Pam.

Pam era da mesma sala que a The Who, ela era baixinha, bem mais baixa que a própria dona do Botom, tinha cabelos pretos bem escuros e lisos como seda.

— Você mora perto da igreja, certo? – ela me perguntou em algum dia quando saímos pelo portão da escola, eu me lembrava dela estar no grupinho da mureta, mas não sabia muito sobre ela - Aquela amarelinha pequena cercada por uma grade escura.

— Certo - respondi.

— Te vi indo naquela direção um dia. Você quer ir embora com a gente? Muitos moram lá perto e um faz companhia para o outro. Tipo eu a Fay, Victoria, Robert, Marie e eu acho que o Tocha. É engraçado chamá-lo de Tocha, por que ele é ruivo, sabe... E usa o cabelo para cima, ele é bem branquinho parece mais um fósforo, mas Tocha fica mais legal!

O bom de Pam é que ela falava tanto que eu não teria que fazer esforço algum para criar uma amizade. Ela fazia tudo por si mesma, eu apenas precisava concordar e sorrir o tempo inteiro.

Eu passei a encontrar com ela e um pequeno grupo que tomava o mesmo caminho na saída, todos ficavam conversando no portão até que todos chegassem e se despedissem. Até que Pam me apresentou.

— Jane, esses são: Arthur, Robert, - Pam apontava para cada um dali conforme dizia seus nomes - Lukas, Julie, Marie... - em seguida não pude ouvir mais nenhum nome. Pam apontava para a garota The Who.

Marie.

Seu nome era Marie.

Marie, a garota The Who, meu coração estava batendo tão forte.  Ela era minha fuinha, mas eu não queria falar com Connor e Ron, não daria esse gosto ao Connor e provar que ele estava certo e não queria a ajuda deles, eu queria conquistar sua confiança e amizade aos poucos sozinha.

Já tinha se passado quase um mês de aula e minha amizade com Pam continuava conforme o plano. Todas as vezes que conversava com ela Marie The Who ficava conversando com sua amiga, Julie. De todos de sua sala ela se aproximou mais de Julie.

Julie tinha o tamanho de Marie, seu cabelo era castanho escuro e tinha mexas rosas na ponta e roxas perdidas pelo cabelo, seus olhos eram um castanho esverdeado muito curioso. Julie por completo era uma garota diferente, e eu já havia trocado olhares com ela várias vezes para saber disso, era como se ela olhasse diretamente pra mim e pudesse ler minha mente, por precaução eu evitava pensar em certas coisas enquanto ela me olhava.

Era ótimo falar com Pam, às vezes ela ficava tagarelando por horas e isso me dava abertura para observar Marie por um longo período de tempo. Contanto que eu continuasse concordando com Pam não teria que interagir na conversa. Outras vezes Fay estava com a gente, então facilitava mais ainda porque as duas se distraíam fácil.

Fay é uma garota morena, de cabelos escuros e lisos que estuda com Pam desde que elas tiveram seus primeiros dias na escola, então são melhores amigas de infância, elas eram realmente muito próximas.

— Você está passando muito tempo com essa gentinha - sussurrou Ron durante a aula.

— Não chame eles assim, são boas pessoas - sussurrei de volta enquanto copiava a matéria da lousa.

— O que tem de interessante lá para aqueles lados? - perguntou

— Amizades, Ron - respondi.

— A Fuinha - disse Connor se virando para trás.

Suspirei alto e soltei a caneta.

— Tudo bem. Confesso que a achei, e eu preciso me aproximar, nem se for só para ficarmos amigas... – Connor sorriu de canto e senti o olhar de Ron ao meu lado, não quis desviar o olhar, apenas me mantive firme nos olhos escuros do garoto de cabelos cumpridos a minha frente.

— Só toma cuidado – disse ele por fim suavizando seu sorriso.

— Eu sei o que estou fazendo - garanti.

Como de costume no intervalo fiquei observando a Marie The Who.

Ron se sentou ao meu lado e passou o braço a minha volta.

— Veja... - sussurrei para Ron - Ela está ali, no mesmo lugar, sentada na mesma mureta ao lado de sua amiga de mexas roxa.

Ron não respondeu de início, não sabia se ele não tinha achado a Marie ou se ele só a observava e a avaliava. Marie e sua amiga conversavam e dividiam o fone ouvindo musicas juntas, era bem comum as duas sempre conversarem entre si mesmo estando no meio de um grupo tão grande, às vezes elas trocavam algumas palavras com o pessoal a sua volta, mas suas conversas sempre pareciam mais interessantes.

— Eu já adoro seus cabelos... E seus olhos... - sussurrei.

— Ela não é nada mal - disse Ron me provocando.

Seu sorriso era fofo, não era como se ela fosse uma criança do jeito que eles a viam.

— Sabe, Ron... Um dia eu ainda vou ter uma chance com ela, você vai ver.

Apesar de ser bom sempre observá-la tão feliz, rindo com seus amigos, eu queria um dia poder fazê-la rir também."


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!

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