The Who escrita por NK Winter


Capítulo 15
Josh


Notas iniciais do capítulo

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Meus olhos estavam cheios de lágrimas quando fechei o diário.

Eu me lembrava daquela briga muito bem agora, lembrava do que tinha acontecido depois, eu não conseguiria ler o resto. Mesmo sabendo o final de tudo, como foi passar por tudo aquilo.

Jane nunca mereceu nada daquilo que a fiz. E eu precisava tanto dela aquele momento. Sempre que me sentia mal eu conversava com Jane, ficávamos vendo TV de baixo da coberta enquanto Jane me abraçava. Era como se mais nada pudesse me atingir.

Passei toda a noite chorando pelo termino de tudo, eu me sentia mal pelo o que ela fez, mas também me sentia culpada. Eu tinha sido mesmo infantil e egoísta no colegial. E ainda era.

Acabei dormindo depois de tanto chorar na minha cama abraçada ao travesseiro de Jane.

Sonhei com aquela tarde.

Logo que desci do teleférico fui direto ao meu chalé ficar um tempo sozinha, tomar um banho e relaxar. Se eu ficasse muito tempo pensando no que aconteceu só pioraria tudo.

Acabei dormindo depois do banho e acordei com batidas na porta. Não tinha mais ninguém no chalé e estava escuro. Eu abri a porta esperando que fosse Ashley, mas não era. Era Josh um garoto do segundo ano.

Assim que o vi rezei para que Jane não estivesse certa, eu me sentiria muito mal.

— Oi Marie - disse ele sorrindo convencido.

Uh Marie... O que você fez?

— Oi... - respondi meio sem graça - Pois não?

— Você esta sozinha ai? - perguntou olhando por todo o quarto atrás de mim - Quer companhia?

Olhei pelo corredor dos chalés e estava deserto, como ele havia chego assim pelas portas da frente sem ser visto por ninguém? Jane estava certa e eu me odiava naquele momento.

— Não, obrigada. Eu já estava indo para a cama - disse.

— Engraçado, é pra lá que eu quero ir também. Para a sua cama! - disse ele sorrindo.

Acordei no meio da madrugada suando e ofegante. Meus olhos ardiam de tanto chorar a noite antes de dormir.

— Eu não posso mais continuar com isso... - murmurei.

Na manhã seguinte voltei ao apartamento 2C.

Julie abriu a porta, ela aprecia sozinha em casa. A TV estava ligada e estava silenciosa. Eram nove da manhã, sua filha deveria estar na escola.

— Uau! Não achei que você voltaria... - disse Julie.

— Eu preciso de ajuda... - minha voz falhou - Esse diário está sugando tudo o que eu tenho! Minhas forças, minha energia... Eu me sinto péssima.

Entreguei o diário a Julie e entramos, ela fechou a porta atrás de mim e nos sentamos à mesa.

Julie apenas ficou me olhando, observando minhas feições, fazia mesmo tempo que não nos víamos, tirando aquela briga que tivemos... Ela estava mesmo velha. Tinha a mesma idade que eu, mas lembrar como éramos no colegial e agora, no meio dos nossos quarenta e inicio de todas as rugas, o tempo havia passado para ambas.

— Como está sua filha? - perguntei.

— Bem! Megan já tem quase doze anos.

Balancei a cabeça, nossa conversa não tinha rumo algum, eu me sentia mal conversando com ela e sabendo o jeito que me afastei...

— Me desculpa por ter me afastado de você... - disse - Eu... Nunca me aceitei de verdade, você mais do que ninguém sabe disso... Às vezes eu achava que você estava do lado dela.

— Eu estava do lado das duas, eu amo vocês como irmãs, igualmente.

— Eu sei... - a olhei - Eu senti tanto sua falta, não sabe como foi uma tortura ler esse diário e relembrar de tudo.

— Você esqueceu tudo porque quis, nenhuma de nós deixou aquilo pra trás - disse Julie me olhando séria. Ela não aceitaria minhas desculpas facilmente, e com todos os motivos.

— Julie... - coloquei minha mão sobre a sua - Você foi a única que deu apoio pelo o que sentia por Jane e lutou por nós duas. Eu agradeço de coração e peço perdão por não ter reconhecido isso antes... Você é a melhor amiga que eu poderia pedir.

Julie olhou pra baixo e suspirou cedendo.

— Você está com uma olheira horrível... - disse rindo.

Ri também e passei as mãos nos olhos, tanto tempo chorando e me sentindo mal, era até bom rir um pouco.

— Eu quero vê-la - disse.

— Jane? - perguntou Julie.

— Eu preciso vê-la... E dizer o quão eu estou arrependida e que eu a perdoo... E queria que ela fizesse o mesmo.

— Você a perdoa?! - perguntou levantando - Pelo que, Marie? Por deixar você criar caso na sua cabeça? Ainda acredita que ela te traia...? - balançou a cabeça me advertindo - Você não pode vê-la.

— Como assim não posso vê-la? Eu posso ir até ela agora mesmo.

— Ah, é? - cruzou os braços - Ligue para ela.

Eu a olhava sem entender, porque ela me desafiaria assim com tanta convicção. Peguei meu celular e disquei para o seu, apesar de não tê-la mais em minha agenda sabia seu numero de cabeça.

"O numero que você discou está fora de serviço ou desligado..."— dizia a secretária eletrônica.

Olhei para Julie mais uma vez e apertei os olhos, havia algo ali, ela sabia que Jane não iria atender. Como sempre Julie sabia tudo e estava um passo a frente de todos.

— O que você sabe? - perguntei.

— Você não esta pronta ainda - disse ela.

— Pronta?! Pronta? Não sou nenhuma aprendiz sua querendo lutar karatê! Eu quero falar com a minha mulher! - coloquei o celular na mesa - Eu quero vê-la!

— Sua mulher? - perguntou calmamente, diferente de mim.

Gaguejei e olhei para baixo, aquilo tinha saído sem eu planejar. Tinha perdido costume de chamá-la de minha mulher, ou de minha... Qualquer coisa que se referisse a nós.

Eu sentia sua falta.

— Eu preciso pedir perdão a ela - disse.

— Você e ela podem esperar - disse Julie pegando o diário e o foleando com o menor cuidado. Me perturbava o jeito que ela mexia nas folhas, eu havia cuidado daquilo como se fosse um filho - Onde parou?

Peguei o diário com cuidado e mostrei para ela a página. Julie a olhou leu alguns trechos e perguntou.

— O que lembra depois disso? - perguntou.

— Lembro que Josh foi no meu quarto como Jane tinha me dito... E no dia seguinte fui atrás dela, eu estava preocupada e precisava dizer o que houve, mas Britney não tinha visto ela durante toda a noite... Eu fui até Connor e Ron e nenhum deles a tinha visto também - contava lembrando do passado.

— Ultima vez que a vi ela te procurava - disse Ron.

Eu nunca falava com eles, mal nos conhecíamos, mas ninguém tinha visto Jane desde que ela me procurou no teleférico. Eu estava começando a delirar. Achava que ela poderia ter fugido ou se trancado em algum lugar sozinha... Não tem como ela ter fugido, estávamos tão isoladas de qualquer civilização...

Fui até a coordenação e perguntei por ela, disse que ninguém havia visto ela desde ontem à tarde. Disse que sua companheira de quarto havia estado toda a noite em seu chalé e Jane não apareceu durante a noite.

Colocaram um grupo de busca atrás dela, eu disse a ultima vez que tinha a visto, nossa ultima conversa, e eu tinha dito a verdade, sem nenhuma mentira ou sem omitir nada. Ninguém pareceu se importar se namorávamos ou não, só queriam saber como achá-la.

Havia 24 horas que ela estava sumida, e eu estava desesperada... Eu estava com Connor e Ron o tempo todo, eu não os conhecia na época, mas eles me fizeram companhia e me acalmavam, eram os únicos que realmente sabiam de nós. E naquele momento eu não me importava com o que ninguém fosse pensar de mim ali. Nem mesmo Pam ou Fay.

— Ela está bem, você vai ver... Aposto que ela está por ai ouvindo suas musicas de sempre... - dizia Connor me acalmando.

— Aqui - disse Ron se sentando e me dando um copo de água e um chocolate - Vai melhorar...

Connor passou os braços a minha volta e tomei um gole da água.

— Sabe que Connor me contou essa história... - interrompeu Julie. Ergui a cabeça e a olhei. - Ele estava tão nervoso quanto você... Os dois estavam, mas você chorava e soluçava, ele dizia que precisava te fazer bem, e demonstrar desespero não iria ajudar.

— Ele sempre foi um bom amigo...

Julie sorriu para mim como agradecimento.

 

Naquele mesmo estante alguns policiais e bombeiros do grupo de busca foram até nós... Meu coração disparou, eu não sabia o que iria ouvir.

"Não encontramos nada ainda, nenhuma pista..."

"Nós a encontramos... Sinto muito."

"Ela está bem, está descansando em seu chalé."

— Senhorita? - chamou um dos bombeiros.

Assenti com a cabeça e me levantei, tentei manter a calma e respirei fundo.

O bombeiro colocou uma prancha de Snowboard na mesa que estávamos e meu coração parou por alguns segundos. Era a prancha que Julie havia dado à Jane antes dela subir no teleférico. O choro engasgou na minha garganta novamente, o frio se tornou insuportável e senti Connor segurar a minha mão.

— Nós a encontramos no meio da floresta alguns metros a baixo de onde você tinha dito que ela tinha saído do teleférico - contou o bombeiro.

— Ela esta bem? - perguntei forçando minha voz a sair.

— Ela não está consciente no momento, mas os médicos acreditam que ela ficará bem - Eu voltei a respirar aliviada, voltei a chorar, mas dessa vez de alegria. Ela não estava consciente, mas estava viva e bem.

— O que houve com ela? - perguntei.

— Aparentemente estava sem os equipamentos necessários para praticar Snowboard e estava em área restrita, seu ombro estava machucado, então acreditam que ela bateu em uma árvore e perdeu o controle. Bateu a cabeça no chão ao cair e desmaiou - Tudo por minha culpa - Suas duas pernas também estavam com lesão, deduzimos que como você nos contou ela saltou do teleférico após a briga, e era alto de mais para suas pernas aguentarem seu peso.

— Mas ela vai ficar bem... - repeti.

— Sim - concordou - Ela vai ficar bem.

— Quando posso ir vê-la? - perguntei.

— Ela já esta a caminho à cidade numa ambulância Quando você voltar e se ela estiver consciente pode vê-la.

— São oito horas... - disse soluçando - Eu não posso esperar mais quatro dias até ir embora e vê-la! Eu preciso vê-la, agora!

— Senhorita, não creio que isso seja possível...

— Ela está assim por minha culpa, eu preciso vê-la! Eu não vou ficar aqui por mais quatro dias e ela lá no hospital sozinha!

— Já informamos o pai dela, ela não estará sozinha - interrompeu o bombeiro.

— O pai dela tem dois empregos, acha que ele tem tempo para se preocupar com ela?! Vai acabar com a vida dos dois.

— Marie... - sussurrou Connor querendo me acalmar.

— Não... Eu não posso ficar aqui esperando ela acordar a oito horas daqui! - disse me distanciando da mesa. Connor se levantou junto caso precisasse me segurar.

— Senhorita, por favor...

— É tudo culpa minha! Se eu não tivesse mandado ela ir embora... - eu soluçava e lutava para que minha voz saísse - Eu preciso ir vê-la, ela vai me odiar depois de tudo, preciso me desculpar, preciso ver a minha namorada...

Meu corpo falhou e Connor me segurou. Os dois me sentaram na cadeira e me acalmaram. Lembro-me de ver rostos a minha volta, o refeitório não estava vazio, era quase hora do jantar. Tantas pessoas conhecidas. Tentei esconder aquele segredo por tanto tempo e agora não fazia mais sentido, eu só queria que Jane ficasse bem, não me importava com ninguém a minha volta.


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Notas finais do capítulo

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