Sparkly Angel. escrita por Katherine Marshall


Capítulo 5
Caleb




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/350820/chapter/5

(...)

Chego no aeroporto de Portland, Oregon às quatro da tarde de um Domingo chuvoso. E ao sair do avião vejo um homem de altura média, cabelos grisalhos mas que não aparentava ser muito velho, no máximo uns quarenta e cinco, ele usava óculos e estava com uma camisa branca e calça jeans. Ao seu lado, uma mulher baixinha, de cabelo castanho curto e liso, olhos que aparentavam ser castanhos, ela estava de vestido e estampava um belo sorriso no rosto. Os dois seguravam uma placa escrito bem grande de canetão preto "CLAIRE", obviamente eram meus pais adotivos... Respirei fundo e caminhei até eles, acenando com um sorriso. Pelo menos aparentavam ser legais.
– Oi... – Disse meio envergonhada.
– Olá, você é Claire Parker, certo? – Perguntou a mulher com uma voz doce e quase infantil.
– Sou eu sim.
– Oh, é um prazer finalmente conhecê-la. Meu nome é Jane Mitchell, e esse é meu marido Steven Mitchell. – O homem estendeu a mão para mim, levei a minha mão até a sua e tive um choque, literalmente, um choque fraco nas mãos... E senti uma energia boa, não havia como explicar, eu nunca sentira isso antes.
– É um prazer.

Fiquei em silêncio olhando para ele, como se perguntando como ele havia feito aquilo, mas ao perceber o quanto devia estar parecendo estranha, logo nos primeiros minutos com a minha nova "família", respondo:
– O prazer é todo meu. – E sorrio.
– Deixe que eu te ajude com as malas. – Disse o homem pegando minhas malas e colocando-as no porta malas de um Toyota Camry vermelho. – Pode entrar, é todo seu. – Disse com um sorriso simpático no rosto.
Entrei no banco de trás do carro, e em seguida os dois também entraram.
– Espero que se sinta feliz na sua nova casa, não queremos que se sinta pressionada nem nada... Sabe, nunca tivemos filhos. E talvez você não nos considere um dia como pais, mas queremos pelo menos que se sinta bem conosco e que sejamos amigos.
– Obrigada. – Foi só o que consegui responder.

É claro que eu não queria ter uma nova família e é claro que não os consideraria como pais. Mas como amigos... Bom, talvez. Eles estão fazendo tanta coisa por mim, não estão? E parecem mesmo serem boas pessoas. Um pouco solitários, talvez. E simpáticos. Tenho que dar o melhor de mim para me dar bem com eles.

Talvez isso tudo faça alguma diferença. Não ter que conviver com meu passado todos os dias, digo, ele sempre vai me atormentar, é claro. Mas não tanto quanto atormentaria se ainda morasse na minha antiga casa, se tivesse que dormir todas as noites no meu antigo quarto... Talvez com o tempo eu fique melhor e, quem sabe, volte a ser feliz. Que idiotice, Claire. É claro que eu não vou sofrer para sempre, claro que sempre que lembrar de meu pai vou ficar triste, mas, eu vou seguir em frente. Vou me recuperar. Vou conseguir. Como consegui, mesmo me recuperar da ausência de minha mãe. Eu me recuperei de um acidente depois de oito meses em coma. Eu sempre fui forte. Sempre. Isso não vai mudar agora, até porque meu pai não gostaria de me ver assim. Ele sempre me disse "Você consegue suportar tudo, Claire. Você é forte. Lembre-se: Os Parker's nunca se deixam abalar. Por nada." Antes me soava meio clichê, talvez brega. E é. Mas agora faz sentindo. Porque é verdade, a vida não para porque você está sofrendo, então tudo que podemos fazer nessas horas é tentar esquecer, seguir em frente. Chorar todas as noites não vai trazer meu pai de volta...
– Chegamos. – Disse Jane, extremamente animada.

Saio do carro, e ao olhar para a casa que está a alguns passos de mim fico incrédula... É bonita. Muito bonita. E enorme. E assim que entro fico ainda mais espantada. Uau. Não é linda, é perfeita, os móveis modernos, os lustres, tudo bem decorado, a cores vibrantes das paredes... Eles devem ser muito, muito ricos.
– Deve estar cansada, venha, eu e Steven vamos apresentar seu quarto e depois te deixaremos descansar.
– O-ok. – Respondo sem pensar, e os sigo, subindo a escada e depois num corredor. Eles param em frente a uma porta branca escrito em prata com letras decoradas "Claire".
– Seja bem vinda. – Disse Jane abrindo a porta, e entrei no quarto, ela e Steven logo após de mim. – Como disse, queremos que se sinta confortável conosco. E aí, gostou?
– Se eu gostei? É lindo. – Respondi ao observar o quarto que era realmente lindo, tinha uma cama de casal enorme com quatro travesseiros: dois beges grandes, e por cima deles dois brancos mais pequenos. Em cima da cama tinham lustres com uma luz branca, fracos, como abajures. Em frente a cama, uma parede bege meio escura decorada e nela, uma televisão de LCD, a esquerda uma porta de vidro enorme que dava de vista para a cidade e para um rio lindo. Tudo isso sem contar as várias outras coisas, como alguns quadros decorativos, vasos, dois sofás cadeiras, uma escrivaninha branca com notebook, iPhone, livros, um enorme tapete branco, um closet na outra parte do quarto... – Muito obrigada, mas... Não precisava de tudo isso. – Disse meio sem graça, ainda que tenha adorado.
– Magina, nós fizemos questão. Agora vamos te deixar descansar, querida. Teve um dia longo. Boa noite. – Disse Jane me dando um beijo na testa.
– Boa noite. – Respondi.
– Ah, antes que eu me esqueça... Se não se importar, já matriculamos você numa escola. Mas pode faltar amanhã se quiser.
– Não, tudo bem... Eu vou.
– Então até amanhã.
– Até.
– Boa noite. – Disse Steven com um caloroso sorriso no rosto, e os dois saíram, fechando a porta.

Eu realmente não precisava daquilo tudo, queria recusar, mas... Seria meio ridículo depois de tudo feito. Então tentei não me preocupar com isso, eu realmente tive um dia muito, muito longo. Então simplesmente tirei minha calça jeans e minha regata cinza, meus all stars, coloquei um pijama e pulei na cama, envolvendo-me nas cobertas macias que estavam debaixo do edredom, e caindo no sono rapidamente.
(...)

Desperto seis horas em ponto, tomo meu banho, penteio meu cabelo e coloco uma camiseta de uniforme que Jane colocou em cima da minha cama enquanto eu estava no banheiro, uma calça jeans e meu vans branco. Passo só um pouco de rímel e gloss, pego alguns livros que estavam do lado do meu novo notebook, meu novo iPhone e desço as escadas.
– Bom dia, Claire. – Disse Steven comendo uma maçã. – Hoje eu vou te levar para escola, Jane teve que ir mais cedo pois é diretora.
– Sério, ela é a diretora do colégio onde vou estudar?
– É, é sim...
– Ah, você trabalha lá também?
– Não, eu trabalho numa empresa. Em breve você vai conhecer, se quiser.
– Quero sim. – Disse com um sorriso.
– Pode tomar seu café, eu espero.
– Ah, não estou com fome... Eu como alguma coisa no intervalo, podemos ir?
– Claro.
Conversei com Steven o caminho todo até a escola, e ele era realmente muito legal... Já estava começando a gostar dele. E é claro, a me sentir cada vez mais gratidão com ele e com Jane. Ele me deixou no estacionamento da escola, desci, o nome da escola era Portland Elevated School. Era 07:10 e a escola já estava lotada, tentei não olhar muito a minha volta e me concentrar fingindo estar mexendo no celular, envergonhada por ser uma aluna nova no meio do ano. Na minha antiga escola nunca me senti assim, desde que me entendo por gente era conhecida por todos, e alguns diziam que eu era a mais "popular" de lá, mas esse tipo de coisa pra mim não existe, assim como eu pensava não existir os "invisíveis", até me sentir uma, como estou me sentindo aqui. Fiquei aliviada ao ver escrito bem grande "diretoria" em cima de uma porta, entrei e lá estava Jane, sorrindo pra mim.
– Olá, querida.
– Oi...
– Que bom que veio, aqui estão seus horários. Sua primeira aula é de história, a sala é a primeira, virando esse corredor a direita. Não vai ter dificuldade para achar. – Disse e me entregou um papel. Agradeci e sai dali, em direção a minha sala.
Não demorei para achar, e quando entrei não havia quase ninguém, optei por sentar nos fundos. Logo a sala foi se enchendo de gente, e a carteira na minha frente? Vazia. O sinal bateu, e minutos depois do professor entrar e fechar a porta alguém bate nela. O professor abre, e tento me concentrar para ouvir a conversa.
– Oi, desculpe o atraso... Eu sou o aluno novo.
– Ah, sem problemas, Caleb. Desde que não se repita. Pode entrar.
Outro aluno novo? No meio do ano? Que estranho. Olho em direção a porta quando o professor se afasta e Caleb entra, vindo em minha direção, e quando o olho, meu coração dispara, sinto meu corpo como se estivesse queimando, de um jeito bom... E quanto mais ele se aproxima, mais eu sinto que meu coração está prestes a parar de bater.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Acho que ninguém está lendo, né? Estou pensando em parar com a fic... Se alguém ler e gostar, por favor, comentem. Isso me dá motivação para continuar escrevendo. Obrigada.