Sparkly Angel. escrita por Katherine Marshall


Capítulo 3
Lar doce lar.


Notas iniciais do capítulo

Nossa, três capítulos num dia! É que talvez não vou poder postar amanhã, então... É isso aí. Espero que esteja bom, né?!



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De volta para casa, finalmente. Mas por pouco tempo. Olho ao redor e vejo a cozinha onde a última vez que estive ali meu pai olhava pra mim com seu sorriso contagiante e caloroso de sempre. Sem conseguir ficar ali por muito tempo sem que meus olhos se enchessem de lágrimas, subo correndo ao meu quarto. Intacto, como eu deixei. Vejo meu notebook em cima da escrivaninha, aberto, meu iPod logo ao lado e meu diário que eu quase nunca usava. Dr. Harry disse que seria bom escrever em um diário, mas logo descartei a possibilidade. Eu não precisava escrever pra que toda dor que eu estava sentindo ficasse como uma narrativa gravada em minha mente. Olho para a penteadeira, com minhas maquiagens, esmaltes, escova de cabelo e um pente. Todas as coisas que eu até havia esquecido que existiam. Olho minha cama, com dois travesseiros de tom verde-claro e meu edredom, também verde-claro com estampa de pequenas flores rosas. Minha pantufa cinza estava do lado da cama, e nas paredes haviam vários retratos. Eu com meu pai. Eu e Brandon. Eu, meu pai e minha mãe no meu aniversário de cinco anos. Eu e Kate.

Suspirei e parei de ficar observando todas essas coisas, me concentrando em fazer apenas o que vim fazer aqui. Separar minhas roupas para minha nova casa. Parece que meu acidente saiu em vários jornais, e, fui declarada como órfã. Tudo bem que minha mãe ainda estava viva, mas quando me perguntaram se eu tinha uma, simplesmente respondi que não. Seria impossível conviver com ela, com toda mágoa que sinto dela por ter abandonado a mim, e principalmente por ter abandonado meu pai... E essa mágoa aumentou agora que ele morreu. Então, um casal caridoso resolveu me adotar nos últimos três meses e já conseguiram a papelada e tudo. São do Oregon. Permitiram que eu ficasse uma semana aqui antes que me mudasse pra lá, para me despedir dos meus amigos, etc e etc. Só não sei ainda como vou fazer isso.

Pego todas as roupas que mais gosto, mesmo que minha vaidade tenha praticamente ido embora e levando minha beleza junto, não poderia viver sem roupas, não é mesmo? E sabe-se lá se meus novos pais adotivos vão ser generosos nesse aspecto. Separo também algumas maquiagens, poucas, só para disfarçar um pouco as cicatrizes pelo menos no rosto e para o caso de alguma emergência tipo, uma festa que eu seja obrigada a ir. Pego também sapatos, cremes, perfumes, meu notebook, meu Ipod tudo que é necessário... E os retratos.

Depois de pegar tudo que quero levar para minha nova casa ocupando quatro malas enormes, vou ao quarto de meu pai. Ao entrar automaticamente sinto o forte aroma cítrico do perfume dele, sabendo que seria impossível depois de tantos meses sem ele ter estado ali. Com certeza é minha imaginação. Olho a cama dele, a TV e o imagino ali, numa tarde, sorrindo de empolgação ao ver um jogo de futebol e quando vejo já estou uma poça de lágrimas. Caminho lentamente até sua cama, e me deito nela.

– Por que você se foi, pai? Por que me deixou? – Digo tremendo, entre soluços. – Eu te amo tanto, pai, eu sinto tanto a sua falta.

Depois de uns dez minutos deitada ali, como se sentisse a presença dele, me levanto me recompondo e volto ao meu quarto para um belo banho.

Depois de limpa, penteada e vestida numa camisola branca, desço as escadas para tentar comer alguma coisa, e abro a geladeira e me dou conta... Não tem comida. Estragou tudo. Olho a barra de chocolate que ele comprou pra mim um dia antes de viajar e que eu acabei não comendo e começo a chorar. Que droga, Claire. Pare de ser chorona. Então me dou conta de que isso é impossível, tudo nessa casa me faz chorar. Eu preciso ir embora logo daqui. E é isso que vou fazer... Só que antes... Tenho que me despedir, de novo, de Kate e de Brandon. Já foi difícil suficiente todas as vezes, nas férias, em que eu sempre tinha certeza que ia voltar. Mas agora... É diferente. Não é um simples até mais, é um adeus.

Subo ao meu quarto, tentando não pensar nessas coisas agora. Afinal, amanhã é outro dia. Amanhã é o dia em que vou me preocupar com despedidas, hoje só tenho que descansar, de verdade, dormir na minha cama, depois de oito meses... Tomo um calmante e rapidamente caio no sono.

(...)

No dia seguinte, acordo e a primeira coisa que faço – depois de escovar os dentes, tomar banho, pentear o cabelo, por uma calça e camiseta de manga comprida para cobrir as cicatrizes e etc, obviamente – é ir a casa de Brandon.

– Claire? – Diz ele me olhando com os olhos arregalados, incrédulos, e aparentando estar mal conseguindo respirar. – É você mesmo? Eu estou louco?

– Oi, Brandon. – Disse com o coração acelerado, e um sorriso falso, a tristeza tomando conta de mim, o medo do que estava por vir.

– Meu Deus. – Ele quase pulou em cima de mim ao me dar um abraço. – Eu pensei que...

– Pensou o que? – Perguntei sentindo uma sensação de alívio, proteção com aquele abraço.

– Que você estava morta.

– Não, por que você pensaria isso?

– Claire...

– O que foi?

– Podemos ir a um lugar mais reservado para conversarmos melhor?

– Claro. – Respondi sem pensar. – Aonde vamos?

– Vem. – Ele estendeu a mão para mim, rapidamente a peguei, e ele me guiou pro meio das árvores que ficavam do lado das ruas do condomínio, sentando do lado de um carvalho e batendo a mão ao lado dele, na grama, para que eu sentasse também. – Eu tenho tanta coisa pra te falar... Mas começa você. O que aconteceu?

– Bom... – Suspirei ao lembrar de tudo que acontecera comigo. – Minha vida virou de cabeça pra baixo, Brandon. Eu sofri um acidente, muito, muito feio e... Milagrosamente, depois de mais de oito meses em coma, na base de sedativos, eu sobrevivi. Não sei como não fiquei louca. Eu sobrevivi, mas... Meu pai não, e... – Não consegui terminar, as lágrimas encheram meus olhos, com certeza os deixando mais azuis do que já eram, Brandon deitou minha cabeça no peito dele, o que me acalmou, respirei fundo e continuei. – E agora, eu só vim pegar minhas coisas, vou me mudar pra Oregon, com uma família adotiva e...

– O que? – Ele perguntou quase com um grito, levantei a cabeça e pude ver seus olhos também cheios de lágrimas. – Não, Claire. Você acabou de voltar. Tem noção de como foi difícil ficar sem você? No começo eu tive raiva, achei que você tinha parado de me responder de propósito, nunca atendia minhas ligações e... Nem as da Kate... Claire, eu tenho que te contar, nós ficamos mais próximos nesses últimos meses, um consolando o outro e... Aconteceu que... Nós estamos meio que namorando, entende? Mas não é a mesma coisa, eu achei que você nunca voltaria, pensei que estivesse morta. Mas eu nunca te esqueci, Claire, continuei te amando nesse ano todo que passou, e chorando por não ter você por perto.

– Namorando? – Tentei sorrir. – Tudo bem... Eu... Espero que vocês sejam felizes. Eu te entendo. Era pra ser, aliás, íamos ter que terminar de um jeito de outro, vou morar muito longe e...

– Mas eu não quero que isso aconteça. Eu não quero nada disso.

– Mas você não pode fazer nada para impedir. Continue com a Kate, faça ela muito feliz, ela merece. Eu amo vocês dois, tá? Nunca esquece disso. Você sempre foi meu melhor amigo, meu primeiro namorado... Teve e vai continuar tendo uma grande importância na minha vida, ok? Sempre vou me lembrar de você. Sempre. Eu te amo, Brandon. Vou sentir saudades.

– Não era pra ser assim.. – Disse ele entre lágrimas, eu apenas o abracei.

– Vai ver que era. Não que eu acredite nessas coisas de destino, mas... Você vai ficar bem. Vai continuar bem sem mim.

– Não, não vou. Você pode morar comigo, Claire. Minha mãe pode te adotar, e...

– Irmãos? – Ri. – Claro, te considero um irmão, sempre, mas... Não tem como. Eles já tem minha guarda, isso não tem como mudar. Agora eu tenho que ir. – Me levantei.

– Ir? Pra onde?

– Eu vou me despedir de Kate.

Ele levantou num pulo me agarrando pela cintura, e me beijou. Eu sentia suas lágrimas quentes na minha bochecha, e o jeito como ele me segurava era intenso... Parecia não querer soltar. E isso era errado com a Kate. Eu sabia. Então, relutante, me afastei.

– Eu te amo. – Sussurrou ele com a testa colada na minha.

– Adeus, Brandon.

– Adeus.


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