Acordo em minha cama, e a minha volta estão Caleb, Steven e Jane.

– Oi querida, que bom que acordou... Caleb me contou o que aconteceu, Claire, você tem que comer... Por sorte ele estava no cinema quando você desmaiou, se continuar assim, teremos que te levar a um psicólogo. – Fuzilei Caleb com os olhos ao perceber a mentira que ele havia contado, e eu queria gritar para que ele saísse dali, mas Steven e Jane iriam confirmar que eu estava ficando depressiva e louca pela morte de meu pai, e me levariam a um psiquiatra ao invés de um psicólogo, então me segurei e apenas assenti.

– Tudo bem.

– Posso conversar com ela um pouco? – Caleb perguntou.

– Claro, rapaz. Claire, se precisar, estamos na sala. Vamos, Jane. – Disse Steven, e os dois saíram do quarto, nos deixando a sós.

– Vai embora.

– Claire, o que você sentiu ontem quando... Ele te tocou?

– Dor. – Muita dor. Mas, por incrível que pareça, agora eu estava bem, fisicamente e emocionalmente, mesmo que emocionalmente talvez não tão bem assim. – Mas deve ter sido coisa da minha cabeça, já passou. Olha, vocês são loucos. Só isso. Me esqueçam, pelo amor de Deus.

– Não sei se isso pode acontecer...

– Por que não?

– Porque... Não sei se consigo me afastar de você, mas não só por isso. Tenho que te proteger, você viu o que aconteceu ontem. Só eu posso te manter segura, se ficar sozinha... Ele vai acabar com você, porque sabe que isso vai acabar comigo.

– O quê? Você tá louco?

– Claire, eu já disse, você está correndo perigo. Se eu não tivesse te salvado aquela noite e... Me desculpe, nada disso teria acontecido.

– Não, você não está louco. Você é louco. Já entendi. Pelo amor de Deus, me esquece. – Meus olhos aguaram. – E para de falar do meu acidente como se isso não me machucasse, essa brincadeira não tem graça nenhuma. Ótimo futuro possível amigo você. Começou bem.

– Por que você não pode confiar em mim?

– Ah, talvez porque desde que eu te conheci coisas estranhas vem acontecendo, e você não me conta nada. Nada. Eu nem sei quem é você, mas você parece saber tudo de mim, e ainda por cima brinca com isso. Tem um irmão louco, e pelo visto é louco também. Por que eu? Você nem me conhece. Vocês dois não me conhecem. O que vocês são? Bruxos? Não, impossível. E como você pode ser tão forte desse jeito a ponto de jogá-lo num prédio, como... Tudo isso é possível? Eu ainda estou em coma, eu ainda estou sonhando?

– Claire... Eu posso explicar.

– Não, eu estou cansada da suas explicações, eu já disse isso. Só vá embora, pra sempre. Me deixa ter paz. – O problema é que perto dele eu tinha paz, bom, não nos últimos dois dias, mas antes de tudo isso acontecer, a presença dele me fazia tão... Bem.

– Eu não posso ir embora, estou ligado a você. Me deixa te explicar... Eu não quero perdê-la, eu só não contei tudo antes porque... Vou ser castigado por isso.

– Castigado pelo quê, Caleb? Por favor vá embora.

– Olha suas pernas.

– O quê? – Pergunto confusa com a mudança repentina de assunto, mas obedeço e levo um susto quando vejo que... As cicatrizes sumiram. – Como você fez isso?

– Do mesmo jeito que tirei a dor que meu irmão te fez sentir... Eu posso fazer isso, e sou o único. Só eu posso te proteger dele, então por favor, me deixa te proteger.

– Me explica isso tudo. – Disse por fim, cansada de tentar ser normal e negar, acreditar que tudo aquilo era loucura... Mesmo que seja, agora eu estava mais interessada em saber em como ele fazia tudo aquilo.

– Tem certeza?

– Tenho.