Chegamos discretamente na minha casa, mas logo que a porta foi fechada a comemoração começou.

T-suki: Eu não acredito que vocês conseguiram!

Orihime: Você quer dizer como nós conseguimos né?

Rangiku: A patricinha deve estar se roendo de raiva querendo saber quem destruiu o planinho dela!

T-suki: Não tem nenhum risco dele reconhecer vocês depois?

Vacilei por um momento. Elas não tinham ouvido a conversa, então não sabiam da ligação de W com o tal Evans. Pela cara dele, era melhor eu não tocar no assunto.

Orihime: Acho pouco provável com o trabalho enorme da Rangiku em fazer esses disfarces. Garotas, vocês deviam ir pra casa, amanhã temos que ir pra escola.

T-suki: Tem razão, e eu quero estar bem acordada para perceber as emoções escondidas da Milly amanhã. Você vem agora W?

W: Daqui a pouco. Podem ir na moto se quiserem, eu passo lá mais tarde ok T-suki?

T-suki: Sem problema.

Elas duas foram embora, e o silencio tomou conta da minha casa por muitos minutos.

W: Não vai perguntar?

Orihime: Se você não quiser responder não vai adiantar. Mas você sabe que pode me contar.

W: Tudo bem. Só pra checar, essa é uma das coisas que ninguém pode saber, principalmente a T-suki, eu não quero que ela nem imagine sobre meu passado.

Orihime: Eu sei. Então de onde saiu o lamina sangrenta?

W: Ruivinha, me responda uma coisa: Se vocÊ tivesse descoberto se pequeno problema sem ter me conhecido, ou sem essa historia toda dos assassinatos, o que teria acontecido?

Gelei por um momento só de pensar na possibilidade, como seria terrível se isso acontecesse com qualquer pessoa... Claro, agora eu entendi....

Orihime: Esse é você.

W: Isso mesmo. Logo que eu descobri esse meu desejo incontrolável por matanças, fiquei angustiado e comecei a ir a lugares errados, a me envolver com pessoas nada legais. Tudo isso porque transformava momentaneamente meu desespero em excitação, passando noites inteiras indo atrás de pessoas bêbadas e as esfaqueando por trás por pura diversão, e fazendo outras coisas muito piores que eu nem vou te contar. E foi ai que eu conheci o Evans. Por um tempo foi legal, mas ai eu percebi que se eu continuasse naquele caminho eu ia ficar igual a ele. Sem coração, desalmado, e sozinho. E quando eu estava nesse misto de sentimentos confusos, tentando lutar contra meus instintos para ficar longe daquele mundo de maldade, eu acabei conhecendo a T-suki, e isso realmente me ajudou a melhorar e perceber que ninguém precisava morrer por causa do que eu sentia. Que se eu era tão forte eu ia encontrar um jeito de me conter. Lógico que ainda tem umas horas que eu perco o controle e quero destruir alguma coisa, mas eu fecho meus olhos e direciono toda essa adrenalina nas minhas veias pra qualquer outra coisa.

Orihime: Nossa... Eu realmente não sabia... E onde eu entro nessa historia?

W: Você, minha cara ruivinha, é a pessoa que eu não vou deixar passar por tudo que eu passei. O Evans foi o meu exemplo durante uma quantidade razoável de tempo, mas não exatamente porque o que ele fazia era certo, mas simplesmente porque eu tinha encontrado alguém com uma sede de carnificina igual a minha.

Orihime: Mas agora, eu to aqui, e nós vamos passar juntos por isso. W, eu estive pensando, se conseguirmos realmente resolver essa historia da Milly, nós podíamos virar investigadores profissionais depois que terminarmos a escola.

W: Isso parece uma coisa meio de filme.

Orihime: Não é, na verdade eu andei me informando sobre a profissão. Acho que isso nos manteria controlados no futuro, e aproveitaria essa inteligência irritante que você tem.

W: Quem sabe, talvez possa funcionar... Mas será que o Ichigo vai gostar dessa historia?

Orihime: Eu fico preocupada em relação a isso, será que vamos estar juntos depois que esse problema todo acabar.

W: Claro que sim. Vocês dois se amam, e isso é o suficiente.

Orihime: Será? Eu tenho tanto medo...

W: Que tal assim? Essa é uma promessa minha, grande salvador da pátria. Você e o Ichigo vão ficar juntos SIM, e ele vai ser seu pilar de apoio assim como a T-suki é pra mim.

Orihime: Eu espero....

W: E no futuro, enquanto nós estivermos investigando crimes eles dois podem ficar em casa cuidando das crianças.

Orihime: Fala isso na frente da T-suki que eu quero ver.

W: Nem por todo o dinheiro do mundo, aquela ali é mais assustadora que mil Millys.

Orihime: Nossa, será que esse seu cabelo é pálido de medo?

W: Calada ruivinha! É melhor eu ir pra casa...

Orihime: Tem razão.

W: Pronta pra voltar a atuar amanhã?

Orihime: É necessário. Mas apesar de eu saber que a Milly vai estar mil vezes mais desconfiada, amanhã tem uma coisa que eu necessito.

W: Nem precisa falar...

(W e Orihime falam ao mesmo tempo ‘‘encontrar o Ichigo’’)

W: Viu só, eu consigo te ler como um livro.

Orihime: Será que é possível realizar essa missão?

W: Não sei, quem sabe se você conseguir uma atuação realmente exemplar com a Milly eu até te ajudo...

Orihime: Sério mesmo?

W: Atenção, eu disse talvez, é apenas uma possibilidade.

Orihime: Você é demais, cabelo desbotado!

W: Diga uma novidade...

Orihime: Boa noite W.

W: Boa noite ruivinha.

E eu fiquei lá, deitada no sofá olhando para o teto, refletindo sobre tudo que tinha ocorrido naquela noite. E, apesar de ter salvo o Murter ter sido bastante gratificante, nada se comparava a alegria que eu sentia por conhecer um pouco mais do passado do meu colega. Muitos que vissem nossa relação de fora poderiam pensar agora que tínhamos nos apaixonado um pelo outro, mas a coisa era muito mais simples do que isso. Éramos simplesmente a mesma parte de um ser, e com certeza essa amizade eu ia levar pra minha vida inteira.