Acordei bem disposta e fui logo fazendo minha higiene e vestindo meu terninho cinza. Tomei um café rapidamente e me dirigi até a lareira de minha casa.

— Ministério da Magia. – Disse, claramente, enquanto jogava um pouco de pó de flu.

O ministério estava lotado como em todos os outros dias. Os bruxos se apertavam por todos os cantos tentando chegar até seus respectivos departamentos. Vários bruxos me cumprimentavam educadamente quando passavam por mim e eu retribuía sempre com bom humor e um grande sorriso no rosto.

Comprei um exemplar de O Profeta Diário e me deparei com uma foto de Draco Malfoy logo na primeira notícia. Na foto ele tentava se esquivar da câmera, mas ela conseguiu capturá-lo. Olhei o título e lá estava escrito em grandes letras: Novo Membro do Ministério.

Continuei lendo a notícia enquanto caminhava em direção ao meu departamento.

“Após seu julgamento, onde foi julgado inocente e livre de todos os crimes cometidos, Draco Malfoy consegue vaga no Ministério da Magia. Kingsley Shacklebolt o inocentou após analisar os fatos de que o jovem Malfoy prestou grande ajuda na guerra contra Lord Voldemort. Será que o ministro fez um bom julgamento ou...”

Parei de ler, pois estava tão concentrada na notícia que acabei trombando em alguém e caindo com tudo no chão. O jornal e minha maleta voaram para longe.

Olhei para cima e dei de cara com Malfoy rindo.

— É melhor tomar cuidado Granger... – Ele estendeu suas mãos para ajudar a me levantar e me puxou para cima ficando um pouco perto demais. – Pode acabar se machucando.

Fiquei meio sem graça com sua aproximação então dei uns passos para trás. Algumas pessoas no corredor nos lançavam olhares para ver o que estava acontecendo.

— Bem... Desculpe-me Malfoy... – Ele me cortou.

— Me chame de Draco. – Ele falou com um tom bem calmo em sua voz e eu assenti.

— Como estava dizendo... Desculpe-me... Draco. – Falei estranhando chamá-lo pelo primeiro nome. – Estava distraída.

Malfoy se abaixou e recolheu minha maleta e jornal que ainda estavam no chão. Quando viu a capa do jornal bufou.

— Estava lendo isso? – Ele perguntou.

— Leio todo dia... – Respondi pegando minha maleta que ele estendia para mim. – Não ligue para isso. – Tentei, por algum motivo, reconfortá-lo.

— Eu tento, mas é meio estranho acabar sendo a notícia. Todos olham para você de uma forma estranha. – Nunca imaginei que Malfoy fosse se abrir dessa maneira comigo.

— Acho que todos nós acabamos virando notícia depois que a guerra terminou. – Comecei a andar novamente e ele me acompanhou.

— É, mas você, Potter e o Weasley acabaram como heróis. Eu, por exemplo, acabei como inimigo. – Ele olhou para o chão.

— Se arrepende? – Perguntei.

— Todos os dias. – Ele suspirou. – Eu fui forçado... Eles não me deram escolha, quando vi já era um comensal.

— Não devia se preocupar tanto com isso. Nós estávamos lá e sabemos o que realmente aconteceu. – Eu sorri para ele. - Sua mãe mentiu para Voldemort. Graças a ela Harry esta vivo e pôde matá-lo. Isso é sinal de muita honra!

— Obrigado, Granger... – O cortei como ele fez comigo.

— Me chame de Hermione. – Falei e ele riu.

— Obrigado por me fazer sentir melhor, Hermione. – Ele olhou para mim e deu um risinho. – Nunca pensei que fosse tão legal comigo depois de todos aqueles anos.

— Deixe isso pra lá! Passado é passado. – Falei.

Ficamos andando em silêncio durante um tempinho, ambos sem saber o que dizer quando Malfoy decidiu quebrar o silêncio.

— Fiquei sabendo que esta namorando o Weasley, finalmente! – Ele falou rindo.

— É. – Fiz uma careta. – E você a Parkinson...

— É. – Malfoy imitou a minha careta e me arrancou uma risada. – Fiquei sabendo também que ele mudou bastante... – Malfoy deixou a frase no ar.

— Ele finalmente se revelou um verdadeiro ciumento! – Disse.

— Então é melhor eu correr antes que ele nos veja juntos, não?! – Falou, ameaçando correr.

Segurei seu braço e ele parou. Há essa hora, muitos bruxos já nos lançavam olhares nada discretos, afinal, não é todo dia que se vê Hermione Granger e Draco Malfoy conversando amigavelmente pelos corredores do ministério.

Chegamos à porta da minha sala e me virei de frente para ele.

— Podíamos dar uma trégua. – Malfoy falou. – Deixar tudo no passado e seguir em frente... Poderíamos ser bons amigos...

Eu sorri para ele e suas feições se acenderam.

— Por mim já está tudo esquecido! – Falei rapidamente.

— Vamos sair hoje para comemorar? – Ele perguntou e eu fiquei meio hesitante. – Não é um encontro... Só vamos jantar.

Aquilo com toda certeza me deixaria em maus lençóis com Rony mais tarde, mas por outro lado, não é todo dia que recebo um convite de Malfoy e estava realmente inclinada a deixar o passado para trás e me tornar sua amiga.

Malfoy não é de todo o mal e tem se mostrado realmente digno.

— Claro! Você passa pra me pegar? – Perguntei.

— Passo. Só preciso de seu endereço... – Ele falou. – E onde vamos?

Esperava que ele sugerisse o lugar, mas, então uma ideia surgiu em minha cabeça. Talvez ele recusasse, mas se estava mesmo tentando ser meu amigo, talvez aceitasse.

— Conheço um ótimo restaurante... Trouxa! – Falei a última palavra mais claramente e Malfoy me analisou calmamente.

— E onde fica esse restaurante? – Perguntou.

— No centro de Londres. – Acho que aquilo era um sim.

— Passo pra te pegar as 20 horas. – Falou sorrindo para mim.

— Depois te mando uma carta com meu endereço! – Falei entrando em minha sala e o deixando lá fora com seus próprios pensamentos.

Encontrei sobre minha mesa um bilhete do Ministro pedindo para que eu deixasse alguns documentos em sua sala, então pendurei o casaco de meu terninho e comecei a separar toda a documentação necessária.

Trabalhei arduamente durante todo o dia, mandei meu endereço para Malfoy e cumpri todos os deveres que deveria fazer. Só quando já estava quase dando meu horário de ir para casa foi que recebi uma carta de Rony. Abri e comecei a lê-la.

“Querida Hermione... Já estou com saudades. Creio que essa missão demore um pouco mais do que o previsto, então, talvez eu e Harry ficaremos mais tempo fora. Espero sua resposta ansiosamente.

P.S- Quero saber tudo o que fez hoje.

Beijos!”

Rony ultimamente andava mais frio do que o normal, seu comportamento havia mudado muito depois que todos os holofotes se voltaram para ele também. Mas ainda sim, vez ou outra era bastante atencioso comigo. Peguei papel, o tinteiro e uma pena para começar a escrever a resposta.

“Querido Rony... As coisas por aqui não poderiam estar melhores. Eu e Malfoy trombamos hoje pelo corredor do Ministério e decidimos dar uma trégua, virar amigos finalmente. Hoje mesmo sairemos para jantar e comemorar o acontecido.

Espero que esteja bem...

Beijos...”

Sabia que mandar isso para Rony seria provocação, mas ele também estava merecendo.

Coloquei a carta no bico da coruja e mandei que ela a levasse. Com certeza Rony ficaria bravo, mas eu já estava ficando acostumada com esse seu comportamento.

Terminei tudo o que tinha para fazer e quando cheguei em casa fui direto me arrumar para sair com Draco.