O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 6
Capítulo 6 - Um salto para o Abismo


Notas iniciais do capítulo

"...Balançando no abismo, vivendo no fio da navalha..."



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Com o gritar dos pneus após uma arrancada forte, a ambulância parte em disparada. Angélica senta-se na maca, fecha os olhos e começa a respirar ininterruptamente, estava assustada e cansada, provavelmente nunca tinha corrido tanto em sua vida, nem sabia que poderia fazer aquilo, mas o sentimento por sobrevivência sempre fala mais alto.

Geraldo sentou-se no local ao lado da maca, onde os enfermeiros e acompanhantes se sentariam em uma situação rotineira, está de olhos fechados, suas feições também demonstram o mesmo medo impregnado. 

-- Você trabalhava em hospital? – Pergunta Geraldo após abrir os olhos.

-- Não. – Dá um sorriso, olha para trás e depois volta-se para a frente.

-- Mas então, como...

-- Quer um veículo melhor nessas horas do que uma ambulância? Tem espaço e um bom kit de primeiros socorros, na verdade, este deve ser o melhor. Eu encontrei ela no meio da confusão há uns dias atrás, o motorista estava morto! – Responde Alex a indagação de Geraldo.

-- Onde fica esse seu acampamento? – Pergunta Angélica sem olhar para frente.

-- Perto, já já chegaremos!

A ambulância percorre uma avenida, uma rua onde outrora haviam grandes congestionamentos, agora se vê vazia. Tudo está abandonado, casas, comércios, tudo fora deixado para trás.

A partir do momento em que vão se afastando do centro, o número de mortos vivos avistados diminui, a ambulâncias começa a percorrer uma área bem arborizada, as ruas são mais estreitas, e as casas não são tão próximas umas das outras. Chove forte, os três seguem viagem até chegar em frente a uma praça.

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-- And, aqui é muito perigoso! Tem muitos zumbis no centro! – Diz Belle após voltar de uma breve checagem pela janela da loja.

-- Olha só cara, eu não sei se nós vamos poder te ajudar. – Diz And voltada para Daniel.

-- Nessa loja deve ter alguma coisa que possa ajudar, vocês só precisam de linha e agulha! – Diz Daniel enquanto tosse e reclama da forte dor no ombro.

And se levanta e começa a vasculhar em volta, Belle a ajuda. Elas reviram por todos os cantos, abrem diversas gavetas, mas não encontram o que procuravam.

-- Impossível, nós nunca vamos achar linha aqui! – Exclama And.

-- Eu acho que aqui na frente tem uma loja de confecções, aqui na frente não, dobrando a rua. – Diz Belle direcionada para And.

And balança a cabeça negativamente, respira fundo e diz.

-- Tudo bem, eu vou!

And se dirige para a porta da loja levando Belle pelo braço.

-- Belle presta atenção. – Olha nos olhos da irmã e que corresponde e volta a dizer:

-- Se esse cara tentar qualquer coisa...

-- Olha o estado dele! – Interrompe Belle.

-- Nós não sabemos quem ele é, você viu como o mundo está agora. Se ele tentar qualquer coisa, não hesite em usar isto.

And puxa um punhal da cintura e entrega a Belle, ela faz sinal de positivo com a cabeça, as duas dão um breve abraço e And sai.

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A praça na qual a ambulância havia parado em frente era fechada, tinha uma cerca e portão, em ocasiões normais tinha horário de funcionamento, porém agora parecia ser um refúgio perfeito.

Os três saem do veículo, Geraldo sorridente vai até Alex e o cumprimenta com um tapa no ombro após dizer.

-- Você é o cara Alex! Achou o melhor lugar do mundo.

Alex nada diz, vai até o portão e o abre, o portão é largo, servia para a entrada de veículos. Ele volta para a ambulância e dirige até a parte de dentro, Geraldo e Angélica entram a pé.

O portão é fechado e, depois de estacionar o veículo, os três caminham até uma parte lateral da praça, onde ficavam alguns estabelecimentos comerciais. Eles se sentam embaixo da sacada de um restaurante, protegendo-os da chuva. Após acomodados, Angélica questiona:

-- Alex, qual sua profissão? Já que você disse que não trabalhava com essa ambulância.

-- Eu entregava pizzas, fazia uns bicos, não tinha emprego fixo. E você?

-- Eu era, eu sou... Bom, eu fui Técnica em Enfermagem, trabalhava em um pronto socorro na zona leste.

Alex dirige o olhar para Geraldo.

-- Geraldo...

-- Eu era carregador de mercadorias em Fortaleza, ajudava com carga e descarga, essas coisas. Minha família é daqui, eu tinha conseguido juntar um dinheiro e... – Passa a mão no rosto – E... Tudo isso aconteceu...

Geraldo começa a chorar, porém ele próprio se controla e após enxugar algumas lágrimas, pergunta a Alex:

-- Você sabe como tudo isso começou?

-- Começou com muitas notícias desencontradas, boatos. Parecia ser uma doença nova, dessas que põe medo no início, mas que são controladas, mas essa não, era diferente. Os primeiros casos ocorreram aqui, as pessoas mordidas eram levadas aos hospitais, e eles acabaram sendo os primeiros locais a ficarem infestados dessas coisas. Sem ajuda médica, as pessoas começaram a fugir, diziam que o Norte não era mais seguro.

-- E porque você não fugiu também? – Pergunta Angélica.

-- Tive meus motivos.

-- Pra ficar nesse inferno? – Volta a perguntar Angélica.

-- Sim.

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And está com o arco, mas prefere usar uma faca para se livrar de um morto vivo que encontra logo na saída da loja. Ela tinha em seu cinto uma faca, que juntando com a que deu a irmã e a que estava em sua mão, somavam-se três. Ela estava preparada para a guerra.

Ela dobra a rua como Belle havia indicado e vê a loja de confecções, há mais dois zumbis em seu caminho. A distância ela acerta o primeiro com uma flechada na testa, o segundo tiro erra, ela rapidamente pega outra flecha e acerta o segundo morto vivo. Ela anda em direção a eles e retira as flechas disparadas, guardando-as em seu suporte nas costas.

Esses zumbis eram o obstáculo para que ela chegasse até a loja, seu caminho está livre. Ela anda olhando para os lados e entra no estabelecimento.

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Belle está de pé, olhando para Daniel, que segue com muita dor, deitado. Ele ergue o olhar para a bela moça e diz:

-- Você poderia me dar um pouco de água?

Belle responde que sim, e se dirige até sua mochila, onde retira uma garra de água e leva até Daniel, ele bebe e depois de agradecer, pergunta:

-- Seu nome é Belle?

Ela se abaixa e responde:

-- Isabelle, e o seu?

Ele tenta levantar um pouco o corpo, mas sente uma forte dor e volta para a posição original.

-- Daniel. O que vocês estavam fazendo aqui no centro?

-- Bom, todo mundo fugiu, e nós não podemos, então... – Hesita um pouco e volta a falar – Desculpe, você parece legal, mas não sei se posso contar essas coisas pra você.

-- Porque você está com essa faca? – Diz Daniel voltando o olhar para o objeto na mão direita de Isabelle.

-- Pra te matar se você tentar algo.

-- Então é melhor eu não tentar, não é?

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A chuva que cai na cidade é intensa e aumenta a cada minuto, ainda sentados debaixo da sacada, Alex diz direcionado a Angélica:

-- Você é sortuda, se tivesse ficado na cidade, teria sido chamada pra trabalhar no hospital, e provavelmente não estaria viva essa hora. – Angélica baixa a cabeça e diz:

-- Os meus amigos de trabalho, os meus amigos, todos estão mortos!

-- Todos perderam alguém, não deve haver ninguém em situação diferente da nossa. – Diz Alex tentando consolar Angélica.

-- Você tem morado aqui mesmo? – Pergunta Geraldo.

-- Sim, acho que esse lugar é afastado do centro, seguro.

-- Onde você dorme?

Alex aponta na direção da ambulância.

-- Ali dentro, na maca, é um ótimo lugar. – Ele se levanta, esfrega as mãos e volta a falar.

-- Alguém tá com fome? Eu tenho uns enlatados aqui na mochila. – Os dois fazem sinal de positivo com a cabeça.

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Uma vez dentro da loja de confecções, And vasculha tudo, em meio a tecidos e outros artigos, consegue achar uma maleta, um kit de costura com diversos tipos de linha e agulhas.

-- Perfeito! – Exclama ela.

Ela se prepara e sai rapidamente do local, a chuva aumentava cada vez mais, era difícil se situar em meio a tanta água que caía, ela segue o caminho de volta e encontra mais zumbis, mas agora seu objetivo não era lutar, ela se esquiva de um e dá um chute afastando outro. Chega à loja onde Daniel está e entra.

-- Vamos ter que ser rápidos, daqui a pouco a loja vai estar cercada! – Exclama And após adentrar no local.

Isabelle vendo o estado da irmã oferece uma toalha a ela, que recusa. Ela se abaixa e diz:

-- E agora barbicha, me diz o que eu tenho que fazer.

Daniel respira fundo e começa a dar as instruções.

-- Primeiro você vai ter que quebrar as duas partes mais grossas da flecha, a ponta e essa parte de trás. – Ela faz sinal de positivo. Ele volta a dizer:

-- A vodka!

-- Mas a vodka não é pra limpar? – Indaga And.

-- É pra limpar, mais eu preciso de um gole, isso aqui vai ser bem doloroso!

Ela dirige a garrafa até a boca de Daniel, que depois de um gole, volta a falar:

-- Agora sim, pode começar!

And quebra primeiro a parte de trás da flecha, só com esse movimento Daniel sente muita dor. Ela repete o mesmo com a ponta.

Resta agora o ‘corpo’ da flecha atravessado no ombro de Daniel, que segue:

-- Você... Você vai precisar puxar ela agora!

And faz uma contagem mental e puxa de uma vez o restante da flecha. Belle observa a tudo com espanto, Daniel grita de dor. And leva novamente a garrafa de vodka a boca dele, mesmo sem ser solicitada. Ele dá mais um gole, e com dificuldades, dá mais uma ordem:

-- Joga a vodka no ferimento, limpa com um pano e costura!

Ela obedece, primeiramente ajuda Daniel a retirar a camisa que usava e depois joga a vodka. A cada jogada de vodka no buraco feito pela flechada, Daniel grita de dor, ele chega a ter ânsia com tamanho flagelo. Belle entrega uma camisa retirada de sua mochila e usa para ajudar na limpeza.

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Angélica, Geraldo e Alex continuam sentados, agora estão comendo os enlatados prometidos pelo ex-entregador de pizzas.

-- Frio, e com gosto de conservante... – Diz Geraldo olhando para sua lata de feijão – Nunca comi tão bem assim! – Dá uma alta risada.

-- É o novo mundo! – Exclama Alex em tom de piada.

Angélica limpa a boca, e depois de engolir o que mastigava, pergunta:

-- Mas Alex, o que você pretende fazer? Você mesmo disse que as pessoas fugiram, você pretende morar nessa praça?

Alex limpa as mãos em sua calça e responde:

-- Eu tenho pensado muito nesses dias, tudo o que eu queria era sobreviver, eu... Eu tenho algumas coisas em mente.

Vendo que não conseguiria respostas claras, Angélica volta a comer.

-- Eu só não entendo uma coisa, diziam que o Nordeste poderia ser seguro, e vocês vieram de lá, fizeram o caminho contrário, vieram para o foco da infestação! – Diz Alex direcionado aos dois.

-- Nós fomos recebendo as notícias por boatos dentro do ônibus, não sabíamos ao certo o que estava acontecendo! – Responde Geraldo.

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Daniel segue com muita dor. And faz a limpeza do ferimento e pega a maleta com as linhas e agulhas.

-- Costura a parte de trás primeiro, e depois a da frente!

Um pouco trêmula, ela abre a maleta e retira uma linha e uma agulha.

-- Joga a vodka nas mãos e na agulha!

And assim o faz, porém quando se direciona até as costas de Daniel, hesita.

-- O que foi And? – Pergunta sua irmã.

-- Eu acho que eu não consigo, eu... Eu acho que eu não consigo!

-- Deixa que eu faço então, eu já costurei algumas coisas.

Belle pega a agulha e linha das mãos agora ensanguentadas de And, joga a bebida em suas mãos e se abaixa onde Daniel está.

-- Costura fechando o buraco... – Reclama mais uma vez da forte dor – Costura normalmente como se costura um tecido!

Belle respira fundo na tentativa de fazer parar o tremor que suas mãos apresentam no momento. And anda de um lado para o outro na loja.

A irmã de And começa a costurar as costas de Daniel, que segue reclamando muito de dor. Ela termina e passa ao ferimento na parte da frente, ela repete o movimento e consegue fechar o ferimento.

Daniel deita e lado e respira, em meio à dor contínua, ele consegue dizer:

-- Obrigado meninas! – Olha para Belle – Obrigado Isabelle!

Ela sorri, porém esse momento é cortado por uma forte pancada na porta da loja, todos se assustam. And vai verificar e volta às pressas dizendo:

-- Estamos cercados! Tem zumbis tentando entrar!


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Notas finais do capítulo

Primeiramente gostaria de mais uma vez agradecer a quem está acompanhando a fic, muito obrigado!

No próximo capítulo, provavelmente haverá uma morte, e um novo personagem deve ser introduzido.

Continuem comentando e sugerindo, todos os comentários ajudam esta história a melhorar.





Säteily



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