O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 54
Capítulo 54 - O Galope (pt. 2)


Notas iniciais do capítulo

"Eu me sinto o rei dos
homens mortos, desejando
que eles tivessem ficado
junto com você garota..."



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-- Por quê? – Saulo está de pé em um local escuro, seu volumoso cabelo está solto e armado, suas feições são de alguém transtornado, ele parece estar extremamente irritado. – Vocês não tem noção do que fizeram... Queriam me levar ao limite?! Pois eu te digo seu filho da puta! Vocês ainda não viram o meu limite! – Saulo grita e saliva enquanto pronuncia tais palavras odiosas. Ele se vira e encara Daniel, ele está amarrado a uma cadeira, não recebeu nenhum atendimento médico, seu ombro ainda sangra e demonstra estar bastante fraco. Saulo volta a dizer:

-- Ei, ei... – Saulo vai até Daniel e dá alguns tapas no rosto dele, para que ele não desmaiasse – Não é assim que você vai morrer – Aperta forte o seu rosto e em seguida desfere uma forte cotovelada em seu nariz – Você e o outro puto que tentaram me expulsar... Vocês dispõem de tudo aqui! Qual a razão desse motim? Qual a razão! – Ele grita mais uma vez e dá um chute na cadeira onde Daniel se encontra. – Como vocês fizeram isso? Já haviam planejado anteriormente? Hein?! Me responde porra!

Daniel não tem reação, ele está fraco demais para falar alguma coisa. O Músico segue encarando-o, ele não quer que Daniel desmaie, quer que ele veja e ouça tudo o que está ocorrendo. Saulo volta a falar:

-- Você conhece o Velvet Revolver? – Um sorriso é exprimido em seu psicótico rosto -- Dead men wishin they had gotten together with you girl… -- O Músico começa a cantarolar -- But you're a dirty little liar with a message of obsession to come… -- Após esse trecho, ele puxa da cintura sua machadinha e desfere um furioso golpe na mão esquerda de Daniel, decepando-a.

O corpo de Daniel passa a tremer por inteiro, ele parece estar em choque, o mesmo passa a gritar de dor. Saulo observa a tudo como se aquilo fosse uma peça de teatro, parece se divertir com o que acabara de ocorrer. De repente ele se desloca para o lado e pega uma toalha em um emaranhado de objetos que estão jogados ao chão. Ele se dirige a Daniel e passa a enrolar o seu antebraço decepado, em uma tentativa de estancar o sangramento. Ele então calmamente olha para o rosto de Daniel e diz de forma tranquila:

-- Não é assim que você vai morrer!

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-- O que aconteceu aqui Vic? – Pergunta Alex após abraçá-la, os dois estão assustados.

-- Logo depois que vocês saíram, começou essa rebelião... Eles tomaram as armas de dois soldados que estavam na frente do prédio e aí... Começou um tiroteio... Foi horrível! – Exclamou Vic demonstrando o medo que acabara de passar. – Eu falei que o Daniel estava louco... Eu falei!

-- Eu não sei para onde levaram ele... Ele está preso em algum lugar... – Disse Alex.

-- E isso importa? – Vic se irrita um pouco – Que ele apodreça onde estiver! Inocentes podiam ter morrido nesse tiroteio! Eu não me importo...

Alex se mostra pensativo, há muitas coisas a serem avaliadas. A atitude dos rebeldes, o modo como o Músico levara a negociação, e a prisão de Daniel. Agora mais do que nunca ele estava encima do muro.

O casal estava sentado sobre a cama, ainda estavam em sua barraca, pois não houvera tempo para levarem suas coisas ao prédio, como Saulo queria. Vic tentando mudar um pouco o tema da conversa, questiona Alex:

-- E então... Como foi? – Alex vira-se e a olha nos olhos.

-- Estranho...

-- Estranho?

-- Eu... Eu não me sinto bem fazendo qualquer coisa com o Músico... Não consigo confiar nele! – Desabafa Alex.

-- Você... – Vic se surpreende.

-- Eu não sei como dizer isso Vic... Eu acho que o Daniel está certo! Nós temos que sair daqui!

-- O que? Você não pode estar falando sério?! – Victoria se levanta e encara Alex de forma séria, ela parece estar perplexa.

-- Eu sei o quanto isso é importante para você... Mas eu não posso viver em um lugar que é governado por um cara como esse! Você viu o que ele fez com a Sabrine? Ela poderia ter morrido... – Alex não quer entrar em uma discussão, ele mantém o mesmo tom de voz e a maneira de se expressar, o que quer é apenas apresentar seus pontos de vista.

-- Você... Ele sabia que o Tomas estava blefando! Olha só para tudo isso! Como ele não pode ser confiável? Ele mantém sessenta pessoas seguras há um ano! – Vic está transtornada, não esperava que Alex tivesse essa opinião, ela começa a se sentir só.

-- Isso não quer dizer nada... – Alex se levanta e a olha cara a cara – O que eu quero dizer é que... Vic olhe ao seu redor, olhe para o que está acontecendo... O pior que nos aconteceu foi entrar nesse lugar... Nós brigamos... O melhor a se fazer é irmos embora daqui!

-- A culpa toda é daquele maluco! A culpa é do Daniel! Ele implantou esse veneno na sua cabeça!

-- Entenda... – Alex tenta argumentar.

-- Não, eu não entendo! Se você quer ir embora, vá em frente! Eu não saio daqui por nada!

-- Vic...

-- Sai Alex! – Exclama a doutora.

Alex não diz mais nada, prefere sair antes que tudo se transforme em uma briga ainda maior. Ele prefere pensar que tudo irá se resolver com o tempo. Ele acaba de se livrar de um enorme peso, até esse instante ele estava sendo guiado por Victoria, fazia o que achava ser melhor para ela, mesmo que ele mesmo não concordasse. Porém, agora ele percebera que não podia mais agir dessa maneira, precisava falar o que sentia, o que achava sobre tudo isso. Ele sente que não pode confiar em Saulo, mas ao mesmo tempo não quer perder Victoria, ela se tornou uma companheira, além de amante. Ele sente que está em uma situação complicada.

_____________________ X________________________

-- Como você está? – Rubão acaba de adentrar a barraca de Sabrine, ao lado dela estão duas moças que até então o vocalista não conhecia, provavelmente amigas dela. Após Rubão adentrar o lugar, as duas mulheres se retiram, deixando-os a sós.

-- Agora estou bem... – Diz ela ainda aparentemente assustada.

-- Eu não pude fazer nada... Quando cheguei tudo já tava rolando... – Disse Rubão abraçando-a, ele realmente está preocupado com ela.

-- Foi tudo muito rápido... Eu não esperava... O Tomas veio até aqui e me pegou, me levou para a cozinha e ficou lá me prendendo... Foi horrível!

-- Ele teve o que mereceu baby... – Sabrine nada diz, Rubão passa a mão por entre seus cabelos e volta a dizer – Você sabe o motivo deles terem feito isso?

-- Eles queriam tomar a Transportadora... Não ficou óbvio?

-- Mas... Por que eles iriam querer isso?

-- Eles têm inveja do Músico... Querem o lugar dele!

Rubão ouve atentamente as palavras de Sabrine, ele percebe que ela, assim como muitos, tem uma afeição tão grande pela imagem do Músico, que parecem fechar os olhos para o que está a seu redor. Ele não acredita que o motivo da rebelião tenha sido inveja, com certeza Tomas, Daniel e os outros tinham algum motivo mais concreto para querer o Músico longe daquele lugar.

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Após Alex ter deixado a barraca, Vic passou um tempo lá, pensativa. Ainda estava em choque por tudo que acabara de escutar, achava que ele estava por inteiro com ela, a seu lado, mas, após ouvir tudo isso, a impressão que ficou foi outra.

Ela precisava espairecer, queria retirar aqueles pensamentos de sua mente, precisava de algo que a distraísse momentaneamente. Resolveu então ir até a barraca da enfermaria, queria conversar com Martim, pois ele é um homem experiente e com certeza teria alguma palavra de alento naquele momento.

Saiu da barraca sem olhar para os lados, não queria ter que ver Alex, mesmo que acidentalmente. Seu foco era a enfermaria, seguiu andando em linha reta, até alcançar seu objetivo. Ao adentrar o lugar, percebeu que havia mais de uma pessoa lá dentro, algumas vozes e um breve gemido de dor.

Ao afastar a cortina, pode atestar o que estava ocorrendo. Saulo estava deitado na maca, Renata realizava minuciosamente uma sutura em seu abdome, no local alvejado. Ao se deparar com a cena, Victoria via ali uma oportunidade, e então fez um pedido a Renata:

-- Desculpe... Pode nos deixar a sós? Eu termino o curativo... – Renata nada disse, apenas deu de ombros e se retirou, ela realmente não ia com a cara da médica. Após isso, ela pegou os utensílios médicos e voltou a falar, dessa vez diretamente a Saulo:

-- Onde está o Martim, você o viu? – Saulo a olhou e disse com feições sérias.

-- Ele precisou sair... Tinha uma coisa a fazer! – Vic passou a avaliar o ferimento e seguiu suturando-o.

-- Você teve sorte... Por pouco não levou um tiro no baço... – Saulo nada diz, Vic prossegue – Você prendeu todos eles? Quer dizer... Todos... Todos que estavam nessa confusão? – Suas palavras saiam com medo, ela temia pisar em falso em alguma frase.

-- Essa terra é justa! Você viu o que eles fizeram... Sim, eles estão presos! – Respondeu o Músico.

-- E o que você vai fazer?

-- Ainda não decidi minha cara... Quem comete um crime deve pagar!

-- Mas então... – Saulo a interrompe:

-- Já terminamos por aqui! – Ele se levanta repentinamente e sai da barraca da enfermaria, suas feições que sempre tentam passar simpatia, se encontravam odiosas, ele não escondia de ninguém que seu objetivo é se vingar dos insurgentes.

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Alex caminha pensativo, ultimamente é o que ele tem feito, porém até então não havia escolhido um lado, o que agora ficava claro para ele. Sentia um certo peso, na verdade bem mais do que isso. Magoara Vic que ainda se vê iludida pela Transportadora, decepcionara Daniel ao não crer em suas palavras e agora ele passa por um enorme perigo.

Enquanto caminhava sem saber aonde ir e ainda muito confuso, se depara com Jeniffer, suas feições são de desespero, ela está com Annabelle nos braços e parece procurar por alguém. Alex a aborda e pergunta tentando acalmá-la.

-- Ei! Ei! Jeniffer... Calma! O que foi? – A agitada garota para de repente e diz:

-- Onde ele está? Pra onde levaram?

-- Calma! Respira fundo... De quem você está falando?

-- Daniel! Pra onde levaram ele! Ele está ferido! – Lágrimas começaram a escorrer de seu rosto, ela parecia realmente se importar.

-- Eu também não sei... O Músico o levou para algum lugar...

-- Nós temos que encontrá-lo! Nós...

-- Calma, acho que não podemos... – Alex é interrompido.

-- Você não entende! Ele vai matá-lo! O Músico vai matar o Daniel!

Alex não esperava ouvir tais palavras, escutar aquilo de uma integrante da Transportadora, o fazia crer ainda mais que o Músico não é nem um pouco confiável. Ao ver o nível de desespero de Jeniffer e que ela estava com a ‘filha’ de Daniel, Alex toma uma decisão:

-- Me entrega a Annabelle... Acho melhor ela ficar comigo!

-- Não... O Daniel não confiava mais em você! – Refuta a garota.

-- Eu estou do lado dele... Eu não acredito mais no Músico e nem nesse lugar... Confie em mim! – Argumentou Alex. A garota ficou pensativa, mas resolveu acreditar nas palavras dele, que naquele momento pareceram sinceras. Ela entregou a garotinha nos braços de Alex que finalizou:

-- Nós vamos dar um jeito... Ele não vai morrer!

_____________________ X________________________

Daniel abre os olhos, ele está em um lugar à meia luz, não é possível identificá-lo. Sua visão está turva, e aos poucos vai retornando. Ele está grogue, sente seu corpo pesado, não consegue realizar nenhum movimento, parece completamente anestesiado. Pisca diversas vezes até conseguir enxergar o que realmente acontecia por ali. Martim terminava de realizar um curativo em seu antebraço, no local da mão recém-amputada, ele então passa a se lembrar de tudo que ocorrera. Seu nariz está sangrando, provavelmente fora quebrado na cotovelada que recebera de Saulo. Seu ombro está enfaixado, o projétil fora retirado com sucesso.

Olhando para frente, ele vê Martim se levantando após realizar o atendimento, a sua esquerda está o Músico de pé observando atentamente a tudo. Martim para diante dele, eles trocam algumas palavras que Daniel não consegue identificar, após isso o enfermeiro sai, com uma bem visível cara de assustado.

Após Martim deixar o local, o Músico fica o obsevando por alguns segundos, sem dizer uma só palavra. Passado esse curto espaço de tempo, ele se dirige até próximo a Daniel e se agacha, o mesmo está preso em uma cadeira. Nas mãos do Músico há uma sacola preta de tamanho médio, dentro dela há algo que Daniel não pode identificar.

-- Martim me garantiu que você vai ficar bem... O tiro e a mão causaram um estrago, mas nada fatal... Felizmente! – Começa a falar Saulo com uma cara assustadora – Sabe o motivo de eu estar feliz com isso? Sabe? – Saulo faz uma pausa como se esperasse uma resposta, mas Daniel não consegue falar, até sua língua parece pesada – Eu vou poder fazer o quiser com você... E escolher a forma com a qual você vai morrer! Você mexeu com quem não devia... – O Músico se levanta e começa a andar pelo misterioso lugar. Ele dá algumas voltas e volta a falar:

-- Eu não podia deixar de lhe mostrar isso... É claro que não! Ele abre o saco e retira a mão amputada de Daniel, porém pode-se ver que ainda há algo na mesma sacola. – Tá vendo isso? Viu como ou sou benevolente? Eu arranquei a mão ruim... A que só tinha dois dedos... Você está vendo?! – Grita Saulo jogando a mão no rosto de Daniel.

O Músico dá mais algumas voltas pela sala escura, parece premeditar cada passo, aquilo pareceu bem planejado. Daniel segue apenas olhando, não tem forças para fazer mais nada, as prováveis doses de drogas aplicadas por Martim durante os curativos, provavelmente o deixará assim por mais algum tempo.

-- Eu tenho outra coisinha aqui pra você! – Volta a falar Saulo, ele abre o saco preto e retira de dentro uma cabeça, a cabeça de homem que fora decepada há pouco tempo, ela ainda escorre um pouco de sangue e outros líquidos, os olhos estão um pouco leitosos e a expressão fixada nos rosto é horrenda.

Daniel não pode fazer nada, ele segue inerte, o Músico, que não demonstra nenhuma aversão ao que se encontra fazendo, se aproxima de Daniel segurando a cabeça pelos cabelos e volta a dizer:

-- Por que está tão sério? Hum? Por que está tão sério Daniel? – Diz ele olhando para Daniel e para a cabeça ao mesmo tempo – Você o conhece, não conhece? Ele é dos ‘rebeldes’ que te ajudaram a revirar esse lugar! – Ele olha para a cabeça e se aproxima, como se tivesse escutado ela dizer algo – Sim, sim, claro – Diz ele como se estivesse falando com a cabeça – Ele disse que tem uma coisa para te contar! Por que não chega mais perto?! – Após exclamar isso, ele começa a esfregar a cabeça decepada no rosto de Daniel, que tenta se desvencilhar e se mexer, porém em vão.

O sádico homem segue se divertindo com tudo aquilo, após esfregar a cabeça nos rosto de Daniel, ele finaliza o seu discurso:

-- Acho que vocês tem muito que conversar... Eu volto outra hora! – O Músico então coloca a cabeça no colo de Daniel e se retira do local.


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo... Comentem e opinem!


Queria agradecer a Giovana Santos por favoritar a fic, valeu!

A história agora começa a mostra o real lado de algumas pessoas... Continuem acompanhando, ainda há muito por vir!






Säteily



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