O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 53
Capítulo 53 - O Galope


Notas iniciais do capítulo

"E não é surpresa alguma
Eu deveria saber desde o início
As luzes estão desbotadas e eu não posso negar que este lugar não tem coração..."



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Saulo olhava para Rubão, sua expressão séria determinava o espanto que sentia, e que ao mesmo tempo não queria demonstrar. Por breves segundos ele ficou sem palavras, mas antes que começasse mais um discurso que provavelmente desvirtuaria a atenção de todos para longe desse fato, Rubão retornou a questioná-lo.

-- Desde que eu te vi brother... Sabia que era familiar! Les Gibson... Lógico! Você não se lembra de mim?

-- Não! – Exclamou Saulo tentando exprimir um sorriso no canto de boca, dessa vez saindo de forma bem falsa. Antes que Rubão seguisse falando, o Músico manifestou-se novamente tentando por fim a conversa – Podemos deixar isso para depois, rapaz?

-- Beleza... – Respondeu Rubão olhando por alto. Ele percebera que deixara o Músico desconcertado, sabia que o mesmo não queria que as outras pessoas soubessem algo sobre sua vida, talvez ter essa informação fosse realmente algo privilegiado.

-- Vamos nos reorganizar! Nos esforçamos muito por hoje... Mas conquistamos algo precioso! Esse é só o primeiro passo... Amanhã retornaremos! – Vociferou Saulo de forma altiva, sua voz havia chegado a todos, e todos haviam captado a mensagem: Ainda há muito que ser feito e essas missões se tornarão cada vez mais frequentes.

Fumanchu, Natalie, Rubão, Alex e Saulo começaram a organizar as coisas para retornarem ao seu veículo. A tarde já caia de forma intermitente, provavelmente deveria ser três da tarde, todos estavam exaustos e famintos, o esforço da batalha os havia deixado puídos, mas nada que algumas horas de descanso não os reestabelecessem.

Alex ainda pensava na morte de Valdemar, lembrava-se do fato de Saulo não tê-lo citado em seu discurso final, talvez ele houvesse esquecido, ou simplesmente não se importasse, e isso era o mais provável. Pensar que aquele homem não tinha alma, não era uma boa saída para quem começava a entrar nesse mesmo universo. Será que Alex teria que fechar os olhos para tudo isso assim como todos os outros moradores da Transportadora? Será que valeria apena esse desvio de caráter apenas por um teto e um muro? Desde que chegara a esse lugar que as suas dúvidas são as mesmas, porém, ele ainda não encontrou as respostas.

Todos entraram no carro, não havia conversa, não havia discussão. O silêncio tomou conta do veículo durante toda a viagem. Rubão ficou durante todo o trajeto observando a janela, olhava para o lado de fora, observava a paisagem. Nunca foi de achar a natureza bonita, provavelmente ele nunca havia parado para observá-la. Desta vez era diferente, alguns conceitos são mutáveis quando o mundo todo passa por mutações.

As árvores, arbustos e matagais que se embolavam e já tomavam parte da estrada, era o atestado do isolamento, do abandono. Em condições normais, as cidades nunca se encontrariam dessa maneira. Rubão pensava em muitas coisas, ainda lembrava-se de seu filho, de sua esposa. Tentava imaginar como a vida poderia ser se nada disso tivesse acontecido. Não há mais espaço para saudosismo e ele sabe disso, é preciso olhar para frente, ou então você acaba sendo consumido por esse novo mundo.

Esse foi o clima dos trinta minutos de viagem até a entrada da Transportadora, ninguém disse uma palavra, todos estavam perdidos entre os seus próprios pensamentos, suas aflições e medos.

Um barulho diferente era escutado do lado de dentro do lugar. Saulo parou o carro e viu que não havia ninguém na guarita, ele tentou sinalizar para que alguém abrisse os portões, mas não houve resposta. Do lado de dentro, disparos eram ouvidos, um combate estava ocorrendo. Saulo se dirigiu até o carro, pegou os dois rifles e se dirigiu para mais próximo do portão.

-- Se há alguém aí que abra esse portão imediatamente! – Vociferou salivando de tão furioso. Mais uma vez não houve resposta, apenas gritos e novos disparos eram escutados. – Se preparem, estamos sofrendo um ataque! – Gritou Saulo aos outros que aguardavam um pouco mais atrás.

-- Um ataque?! De quem?! – Perguntou Alex.

-- É o que vamos descobrir! Preparem suas armas! – Completou o Músico.

Todos deixaram suas armas de prontidão, Saulo se dirigiu até o portão, e mirando no local onde os cadeados que trancam o portão ficam posicionados, passou a atirar com o rifle, descarregando sua arma. Com todos esses disparos, ele conseguiu destruir o cadeado, deixando o caminho livre para que entrassem.

O Músico abriu o portão e entrou, seguido por seus companheiros de missão. A visão do lado de dentro era aterrorizante, de um lado estavam seus soldados, responsáveis pela proteção do local, e do outro lado estavam Tomas, Daniel e mais cinco homens, o enfrentamento já durava algum tempo.

Ele foi se esgueirando e chegou até um de seus soldados, ele estava a trinta metros do portão, abaixado atrás de um tapume. Sua expressão era de medo, ele olhava por alguns segundos para onde seus inimigos se encontravam e em seguida atirada sem nem mesmo olhar.

-- O que aconteceu?! – Perguntou Saulo olhando para seu soldado.

-- Eles se aproveitaram que você saiu... Tomaram as armas do Thiago e do Bruno, pegaram a Sabrine e...

-- O que?! Pegaram a Sabrine?! O que esses filhos da puta querem?!

Os homens que lutavam contra as forças locais, se encontravam no grande galpão, jogaram as mesas da cozinha improvisando um escudo, era de lá que atiravam em seus inimigos. Daniel segurava uma pistola na mão direita, enquanto que a seu lado estava Tomas, com Sabrine envolta pelo pescoço. Ele a havia capturado.

-- O que querem?! – Gritou o Músico questionando-os.

-- Queremos que se entregue! O tempo de ditadura acabou!

-- Tudo bem! Cessem fogo! – Gritou Saulo, seu pedido fora obedecido. Saulo ordenou que seus homens também abaixassem as armas, ele gostaria de resolver aquilo cara a cara com Tomas.

Alex e Rubão assistiam tudo de longe, estavam abaixados se escondendo do tiroteio, os dois esticaram os pescoços e se espantaram ao verem que Daniel estava no meio da confusão, Rubão olhou para Alex e disse em tom de decepção:

-- O que o cara tá fazendo?! Ele enlouqueceu de vez...

Os dois se levantaram, abaixaram as armas e foram andando na direção de Saulo. O Músico seguia se aproximando de Tomas, que estava com Sabrine presa a seus braços. Daniel ainda permanecia com a pistola na mão apontando rigorosamente a mesma para Saulo.

-- Eu abaixei a minha arma! Abaixe a sua! – Gritou o Músico a Daniel.

-- Eu não faço parte de trato algum! Só quero ir embora desse inferno! – Exclamou Daniel sem abaixar sua arma.

-- Para com isso cara! – Exclamou Rubão.

-- O que você tá fazendo? – Indagou Alex.

Daniel seguia compenetrado, seu olhar era de alguém focado e decidido, ele por nada largaria sua arma. Tomas tratou de se manifestar e fazer suas exigências:

-- Nós cansamos Músico! Cansamos de ficar sobre suas rédeas! Você é um maldito de um tirano que faz todos os tipos de atrocidades! Queremos viver sobre nosso próprio comando... Não precisamos de você!

Saulo estava à cerca e vinte metros dos dois, estava com o rifle abaixado, porém seguia-o segurando na mão direita. Como resposta as palavras de Tomas, ele diz:

-- Me permite bater palmas? – Dá um sorriso – Belas palavras! O que você quer? Que eu vá embora?

-- Pegue suas coisas e seus homens e saia daqui! – Gritou Tomas.

-- E se eu não o fizer? – Indagou o Músico tranquilamente.

-- Eu a mato! – Exclamou Tomas pegando uma faca e colocando no pescoço de Sabrine. Daniel se espantou, mas seguiu com a arma na mão.

-- Mate! – Exclamou Saulo.

-- Não brinque comigo seu desgraçado! Vai embora ou eu a mato! – Rebateu Tomas.

-- Mate! – Gritou Saulo – Eu não vou deixar a minha Transportadora em suas mãos seu filho da puta! Então faça o que quiser, pois eu não vou embora!

-- Eu não estou mentindo!

-- Faça seu merda! – Exclamou Saulo.

Sabrine esperneava tentando se livrar dos fortes braços de Tomas, Daniel seguia mantendo a posição e todos os outros integrantes da Transportadora assistiam a cena espantados.

Tomas seguiu segurando a faca, porém lhe faltava coragem para fazer o movimento final, ele respirava ininterruptamente, estava muito nervoso, seu nível de adrenalina estava a mil.

-- Você não coragem! – Exclamou Saulo – Você não tem o que eu tenho!

Em um rápido movimento, o Músico ergueu o rifle que estava abaixado e atirou em Tomas, acertando-o na cabeça e o matando instantaneamente. Daniel efetuou um disparo, que saiu simultaneamente ao segundo efetuado pelo Músico.

Os dois caíram ao chão, os soldados do Músico correram rapidamente e uma breve luta corporal com os poucos homens que estavam do lado de Tomas e Daniel e se sucedeu, porém os insurgentes foram logo dominados. Sabrine que fora ao chão junto com o corpo morto de Tomas, levantara-se rapidamente e correra para longe de tudo.

Alex correu na direção de Daniel, assim como Rubão, outros homens até onde o Músico estava, porém ele já começava a se levantar, o tiro que Daniel acertara nele, atingira a lateral esquerda de seu abdome e para a sua sorte, havia sido de raspão.

Daniel estava caído, o disparo do rifle o havia atingido no ombro esquerdo, bem próximo do local da flechada que recebera há alguns meses. Rubão tentou levantá-lo, ele sangrava bastante.

-- O que você fez?! – Indagou Alex incrédulo. Daniel nada disse, apenas seguia gemendo de dor, o tiro fora profundo.

-- Vamos levantá-lo! – Exclamou Rubão. Uma voz ao fundo os faz parar.

-- Prendam ele! Vão lá! – A voz é do Músico que ainda se levanta. Ele faz um gesto para que dois de seus homens se desloquem até onde Daniel está.

Os dois vão até onde Daniel é ajudado por Rubão e Alex, um pega ele pelo braço e o outro pela perna, Alex tenta argumentar, porém não consegue impedir que o seu amigo, mesmo ferido, seja levado.

-- Tranquem esse filho da puta em um contêiner! Deixem-no apodrecer! – Cuspiu Saulo com ferocidade. – Organizem essa bagunça!


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou pequeno, mas ainda há suas outras partes, essa é apenas a primeira...

Comentem, opinem e continuem acompanhando!



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