O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 51
Capítulo 51 - O Riff Perfeito (pt. 2)


Notas iniciais do capítulo

"-- Me desculpa! Disse Belle. Andressa virou-se surpresa, não esperava que a irmã fosse até ela.
—- Não precisa se desculpar."



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O fogo queima, o calor toma conta de todos que a seu redor se encontram. Pequenos resquícios da brasa fervorosa teimam em pular sobre alguns desavisados, a visão é bela. Uma fogueira de mais ou menos dois metros é acessa no meio dos limites da transportadora, a seu redor encontram-se pedregulhos que unidos formam um círculo, Sabrine sempre gostou de detalhes.

As pessoas estão de mãos dadas ao redor de tal fogo. O fim de tarde anuncia uma noite sombria, nuvens chuvosas cobrem o céu. A despedida de Rodrigo fora bem organizada, exatamente como o Músico queria.

Daniel não quis assistir aquilo, ficou na barraca de Jeniffer com Annabelle, a garota apesar de perseguir Daniel a cada dez segundos, escolheu ir até a cerimônia, afinal, um membro importante daquele lugar havia tombado. Rubão assistia tudo ao largo, fumava um cigarro que havia coseguido com Valdemar, para sua decepção, era apenas um cigarro convencional.

Alex e Vic já pareciam fazer parte daquele lugar, e aparentemente da linha de frente. Todos já sabiam por alto a decisão que Saulo tomara, em dar a Alex um cargo de confiança, e sem contestação as pessoas já começavam a respeitá-lo. Tudo era novo para ele, ao mesmo tempo em ele queria tudo aquilo, pensava se o melhor não seria largar tudo e seguir como sempre seguiu, longe daquela gente.

Era preciso tomar partido logo ou então a dúvida iria acabar corroendo-o a ponto de destruí-lo. A cada minuto que se passava, parecia que Alex já tinha escolhido um lado, seguir Victoria e continuar sobrevivendo.

Sabrine estava mais a frente de todos, parecia ser a oradora, e fazendo jus a seu pretenso cargo, pôs-se a falar após alguns instantes de silêncio:

-- Estamos aqui hoje por que aquelas coisas – Aponta para o lado de fora – ainda não nos tiraram toda a nossa humanidade... Estamos aqui por que ainda nos resta civilidade... E estamos aqui principalmente por que ainda nos restam decência e respeito! – Começou a falar de forma mais altiva, como nunca antes – Quando eu conheci o Rodrigo, bom... É difícil até de falar... Eu, ele e o Músico estávamos em uma situação muito complicada, já havíamos perdido algumas pessoas, eu estava ferida, e tínhamos um companheiro mordido... Eu estava tão apavorada que não conseguia falar! Ele e o Músico me apoiaram, me deram forças... Acharam e limparam esse lugar que hoje vocês podem chamar de casa! Ao Rodrigo! – Finalizou ela começando uma salva de palmas em homenagem ao homem. Apesar do emocionante discurso, Sabrine não derramara uma única lágrima.

-- Bravo! Bravo! Lindas palavras Sabrine! – Exclamou uma voz se aproximando por detrás da multidão. Ao se aproximar de todos, é possível ver o Músico caminhando em direção à fogueira altiva – Rodrigo foi um membro atuante, ele nos deixou seguro, nos trouxe alimento e foi sempre fiel – Saulo não conseguiu segurar um sorriso que o tomou a dizer tais palavras – Todos estão de luto! Temos que seguir nossa vida, como ele gostaria que fizéssemos... Portanto meus amigos... Vamos continuar! – Finalizou ele com um tom de voz amigável.

Outra salva de palmas foi ouvida, aos poucos as pessoas começaram a se deslocar do lugar, alguns indo para as suas barracas e outras tentando seguir com suas tarefas rotineiras. Como Saulo acabara de dizer, o tempo de homenagens fora ultrapassado, era necessário agora se desprender disso e voltar à normalidade.

Ao caminhar de volta para o prédio, Saulo efetuou um pequeno cumprimento de cabeça ao passar ao lado de Alex e Vic, que respondeu da mesma forma. Os dois já estavam prontos para o jantar e apenas iriam esperar mais alguns minutos antes de subirem até a sala do Músico.

-- Em então... Vamos agora? – Perguntou Vic a Alex que permanecia sério. Ela trajava o vestido que havia recebido de Sabrine, ele casara monumentalmente com seu corpo e tonalidade de pele, olhando-a isoladamente não parecia que estavam vivendo em um mundo devastado.

-- Vamos esperar dez minutos e então vamos... – Respondeu Alex. Ele estava igualmente elegante, trajando uma camisa branca com um blazer por cima.

-- Nervoso?

-- Um pouco... Não tenho ideia sobre o que vamos conversar...

-- Eu também estou nervosa... Às vezes bate um medo... Tudo está acontecendo muito rápido! Tenho medo de não ser real... – Alex a olhou nos olhos e disse:

-- É sim real... Assustadoramente real!

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-- Fumando sozinho? – Perguntou Sabrine a Rubão que seguia tragando recostado a uma coluna.

-- É o que parece... – Respondeu. Rubão olhou-a por cima, ela estava usando uma blusa branca acompanhada de uma calça jeans e um casaco amarrado na cintura.

-- O que foi? – Perguntou ela sorrindo.

-- Nada não gata, to só dando um confere! – Sabrine ampliou o sorriso, Rubão mostrou a carteira de cigarros como que perguntando se ela queria algum, imediatamente ela respondeu que não com a cabeça.

-- Eu soube que você passou mal hoje a tarde, tá tudo bem?

-- Não foi nada... É difícil derrubar o grandão aqui! – Exclamou ele.

-- Se precisar de qualquer coisa, é só pedir, temos enfermeiros aqui.

-- Sem problemas... Eu já conheci o vovô e a filha dele, são gente boa!

-- Eu consegui mais rum... – Disse Sabrine sorrindo novamente para ele.

-- Não faz isso comigo... Cê viu no que deu!

-- Não vai se repetir... Confia em mim!

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-- Ah... Vocês chegaram! – Exclamou Saulo ao ver o casal que convidara adentrar sua sala. Ele também se vestia elegantemente, contudo ainda seguindo seu estilo peculiar de roupas pretas e dos anos oitenta. – Não é aqui que jantaremos, vamos a outro lugar! – Finalizou ele sinalizando para que o acompanha-se.

O Músico foi levando a todos pelo corredor a frente de sua sala, o longo corredor escuro levava até uma porta que ficava bem ao fundo. O local ao redor estava um pouco sujo, na lateral dessa porta, havia outras duas paralelas, em uma delas um barulho era ouvido, a porta parecia ser pressionada. Alex passou a olhar para aquele lugar e impressionado, acabou chamando a atenção de Saulo, que respondeu com naturalidade:

-- É melhor não abrir essa porta. Digamos que nem todos os problemas são resolvidos da forma que queremos... Jeitinho brasileiro!

Alex seguiu surpreso, com toda a certeza haviam zumbis trancafiados naquele lugar. Como ele poderia viver com aqueles monstros ali ao lado? Que tipo de homem o Músico realmente seria? As dúvidas o consumiam, e ele acabou não o questionando, voltou sua atenção para a porta principal e seguiu ouvindo o Músico falar:

-- É aqui que jantaremos! – Ele olhou para Vic e tomou uma expressão de alguém que acabara de se esquecer de algo – Que deslize o meu minha querida! Não me apresentei... Eu sou o Músico! – Saulo puxou carinhosamente a mão direita de Victoria e curvando um pouco o corpo, beijou-a. Vic sorriu e disse:

-- Prazer!

Após as formalidades, Saulo puxou do bolso uma chave e destrancou a porta, ao passar a chave e abri-la, todos puderam observar como era lá por dentro. Era a maior sala do lugar, sem móveis, olhando assim não é possível perceber o que esse lugar fora outrora, talvez a sala de um gerente, talvez a sala da presidência, mas provavelmente quem ali trabalhava tinha um cargo elevado na Transportadora.

No meio dessa sala há uma mesa, mesa grande o suficiente para dez pessoas confortáveis, há seis cadeira ao redor, mas não são cadeiras de uma mesa de jantar, são aquelas típicas de escritório, com suas particulares rodinhas. A decoração adaptada do lugar também era peculiar e provavelmente executada pelo próprio Músico. Em cada canto da sala há uma guitarra, duas les paul, uma preta e a outra azul, e duas gibson brancas.

Alguns violões também se encontram no lugar, destaque para um Kansas pendurado como se fosse um quadro em exposição. Contudo o que chama mais atenção por lá é um piano preto recostado perto da janela. Victoria ao observar o instrumento passa a imaginar se ele já se encontrava por ali anteriormente, afinal, seria bem difícil adentrar com aquilo na sala.

-- Esse é meu estúdio! – Exclamou Saulo apresentando o local com orgulho. – Eu costumava ficar bastante por aqui... Mas isso foi antes!

Todos se encaminharam até a mesa, que já estava completamente organizada, seja qual fosse a intenção do Músico, tudo estava sendo minuciosamente organizado. Ao chegaram até lá, receberam um sinal de que poderiam sentar-se, e sem nada dizerem, todos obedeceram.

As bandejas começaram a ser descobertas, e a comida quente e aparentemente deliciosa passou a ser vista. Era impossível não se animar ao verem o frango assado, as carnes, pães, purês, enfim, um verdadeiro banquete. Além de tudo isso ainda havia uma garrafa de vinho caro sobre a mesa, provavelmente valeria mais que um ano de salário de Alex entregando pizzas.

Todos começaram a se servir, sem nenhuma cerimônia, o Músico fez questão de servir o vinho e fazer as honras ao cortar o frango. O ambiente, dado suas devidas proporções, lembrava um restaurante de luxo, devido todos os detalhes que Saulo fazia questão de expor.

O paladar praticamente saltou ao sentir o gosto daquele vinho, poeticamente suave, provavelmente o melhor que já haviam provado. Passado um minuto e meio do início do jantar, Saulo começou com a conversa:

-- Muito bem... Eu pretendo oficializar algumas coisas hoje! – Deu um breve gole no vinho – Você já deve saber – Disse olhando para Vic – Eu fiz uma proposta a Alex... Recebi bastantes elogios sobre o seu desempenho como um coletor, ele tem uma habilidade invejável... Aliás, todos vocês têm! – Deu mais um gole – Eu quero que ele me ajude com um projeto... Ele fará parte da minha linha de frente em algumas missões, talvez até treine o meu pessoal... Nosso pessoal! Você está ciente disso, não está?

-- Estou sim e concordo plenamente! – Respondeu Victoria ao terminar de mastigar um belo pedaço de frango com arroz.

-- Isso é muito bom! – Exclamou o Músico novamente.

-- Que tipo de missões seriam essas? – Perguntou Alex.

-- Achei que não iria perguntar... Eu andei pensando bastante sobre muitas coisas ultimamente! A ideia inicial quando cheguei aqui era apenas ficar protegido atrás desses muros e esperar um helicóptero de resgate que chegaria a qualquer momento... Como devem ter percebido – Deu um breve sorriso – Isso não aconteceu! Esse lugar que seria uma fortaleza acabou se transformando em um lar... E as pessoas foram chegando e chegando... Temos quase sessenta pessoas aqui, estamos ficando amontoados... Não há barracas para todos, vocês devem ter atestado isso!

-- Então a sua ideia é... – Disse Alex esperando compreender melhor aquela linha de raciocínio.

-- A minha ideia é transferir todos para a cidade, levar todos para dentro de Diamantino!

-- Como? – Alex quase cuspiu o que comia, deu um longo gole no vinho e aguardou a complementação de Saulo.

-- Temos uma cidade toda a nossa disposição e vamos seguir vivendo nesse cubículo? Não – Balançou a cabeça negativamente – Vamos recuperar o que é nosso por direito... Vamos estabelecer algumas missões dentro da cidade... Quero que determinemos um perímetro, é claro que não vamos conseguir limpar uma cidade inteira, mas podemos ficar com uma área grande suficiente para que todos tenham uma casa, seu próprio chuveiro, sua própria cama... Enfim... – Finalizou dando mais um gole no vinho.

-- Você disse que não quer a cidade inteira... – Começou a dizer Alex – Então como vamos determinar isso? Você quer parte da cidade?

-- Estamos na cede de uma Transportadora, perto de uma BR, há muitas carretas por aí... A minha ideia é usá-las como uma barragem, para determinar o nosso perímetro!

-- Olha eu acho que... – Alex é interrompido.

-- Você não entendeu... Eu não estou pedindo a sua opinião, estou apenas querendo saber se você pode fazer esse trabalho... Você pode comandar minhas missões de limpeza? – Alex congelou, as últimas palavras foram duras, aquele homem estava convicto do que queria e com certeza não era o tipo de líder que discutia ideias.

Ele olhou para Vic que também estava apreensiva, ela não disse praticamente nada durante toda a conversa, apenas observou a postura dos dois. Victoria tinha ciência de que tudo aquilo era perigoso e que poderia por em risco a vida de seu amado, porém, ao ver Saulo tão de perto e ao analisar seu tom de voz, passou a pensar no que poderia acontecer caso Alex não aceitasse. Pela primeira vez ali, ela sentiu receio.

Alex seguiu observando e pensando naqueles breves segundos de pausa entre o fim da fala de Saulo e o seu gole na taça de vinho. Os pensamentos dele se assemelharam com os de Vic, ele não tinha segurança se aquela decisão era a melhor, se aquilo daria certo e se não seria arriscar de mais. Pensou e tentou traçar em sua mente a personalidade daquele homem. Até que ponto ele poderia chegar? Será que ele tentaria algo casa ele declinasse? O medo tomou conta de si e ele se deixou levar:

-- Eu... Quando começamos? – Perguntou tentando passar positivismo em sua voz.

-- Excelente escolha! – Exclamou o Músico cortando mais um pedaço de frango. – Quero que você selecione um grupo amanhã e verifique as armas... Ah... Ia me esquecendo, eu irei com vocês... Quero fazer parte disso, acho que estou enferrujado! – Exclamou sorrindo. Alex se surpreendeu mais ainda, além de fazer parte de uma missão, ainda teria o Músico como companheiro.

-- Você também vai? – Perguntou Vic, voltando a se manifestar.

-- Claro... – Levantou o dedo indicador como que se lembrando de algo – Vou transferir vocês para cá! Se organizem hoje, pois amanhã vocês já estarão morando nesse prédio. Há muitas salas para escolherem, todas muito mais confortáveis do que a barraca ode estão! Deem a barraca a seu amigo Rubão!

-- Eu não se é a melhor... – Vic interrompe Alex.

-- Tudo bem! Vamos nos organizar hoje e amanhã subiremos!

-- Perfeito! Você tem uma ótima namorada Alex... Linda e inteligente! É um cara de sorte! – Disse Saulo olhando para Victoria e deixando-a enrubescida.

-- Sou sim... – Respondeu Alex aéreo.

Ele estava mais preocupado com o teor que a conversa tomara, duas coisas não saiam da sua cabeça. Uma era a ideia de tirar todos da Transportadora, afinal já fazia quase um ano que todos seguiam da mesma forma, e seria muito difícil que mais pessoas chegassem, mesmo vivendo em barracas, todos se sentiam confortáveis da forma que estavam. A segunda era o fato de Saulo querer participar ativamente daquela missão, afinal, um líder que ficara tanto tempo às escuras, de repente resolve querer ir para a ação? Tudo ficava emaranhado em sua mente em meio a diversas preocupações. A noite seria longa e o próximo dia prometia.


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo, espero que tenham gostado!
Comentem e opinem!




Esse capítulo foi curto, porém ele serviu apenas como complementação para a parte 1. O próximo será maior e terá bastante ação... Aguardem!











Säteily



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