O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 46
Capítulo 46 - Principado


Notas iniciais do capítulo

"A primeira vez que eu vi você
Você tinha aquele olhar distante em seus olhos
E os olhos do céu brilharam sobre você
E toda a sala ficou repleta de luz..."



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349667/chapter/46

Um choro despertou Daniel, aquilo já lhe era familiar, Annabelle era como um relógio, sentia fome nos mesmos horários. A garota estava mais ativa e se mexia mais, brincava mais e emitia mais sons, era uma ótima válvula de escape para quem estivesse disposto a esquecer o mundo que se destruía mais a cada dia.

Eles haviam dormido com Alice e Cláudia, a segunda ainda se mostrava deitava a cama quando Daniel se levantou para atender os clamores de sua criança. Alice havia acordado cedo, seu trabalho na cozinha exigia isso, precisava estar de pé para preparar o café da manhã junto com os outros cozinheiros.

Cláudia se despertava aos poucos, já estava acostumada a barraca, viveu todos esses meses na Transportadora, foi uma das primeiras a chegar, mas assim como muitos nunca viu o Músico, ele já estava recluso quando ela se juntou ao grupo. Ao finalmente despertar, passou a mão no rosto e após um longo bocejo disse com os olhos lacrimejantes de sono:

-- Ela é o seu despertador? – Daniel deu um breve sorriso, acordava sempre de súbito, não havia tempo para demoras, se acostumou a levantar cedo enquanto esteve na estrada, e tal hábito é difícil de perder.

-- Ela costuma me acordar... Sempre com fome! – Respondeu ele.

-- Não sei se é você que tem sorte de tê-la ou ela que tem sorte de ter você... – Disse Cláudia fitando-o.

-- Ela tem me mantido vivo... Eu já passei por muito... Ela reúne o que eu tenho de bom! – Exclamou.

Cláudia seguiu observando seus movimentos, Daniel era uma pessoa difícil de se ler, problemático, mas uma boa pessoa. O mundo o transformou em algo que de certa maneira pode ser visto com maus olhos, mas de verdade o que ele deseja, é sobreviver junto a quem ama.

_____________________ X________________________

Rodrigo levantou-se tarde em relação a sua normalidade, precisava resolver diversos problemas, tinha que falar com o Músico e ainda havia uma missão com os coletores para serem resolvidas.

Ergueu-se de seu colchão e se vestiu, acendeu um cigarro e passou a fumar enquanto comia algumas ervilhas e azeitonas, não podia se demorar. Calçou-se e deixou seu quarto, se dirigindo ao andar superior, estava atrás do Músico.

Adentrou a mesma porta que Sabrine havia passado anteriormente e se prostrou no lugar. A escuridão dava lugar a uma luz que Rodrigo estranhou, afinal o lugar era sempre tão macabro. A janela estava aberta, tudo podia ser visto, O Músico ainda vestia as mesmas roupas e estava sentado em sua cadeira. Nas mãos uma guitarra Les Paul preta, dedilhava alguns acordes e anotava em um caderno as notas, estava compondo.

Rodrigo espantou-se com a cena, a muito que não via o Músico em tal situação, ele nunca mais havia escrito nenhuma canção, apesar de ser um grande guitarrista. Ele que se trancava no escuro de sua sala, agora além de por o seu lado artista para fora outra vez, deixava a luz entrar, tudo parecia mudado.

O Músico o olhou e parou de tocar sua guitarra, fazendo um sinal com a mão para que ele se manifestasse, Rodrigo saiu do transe que a cena lhe proporcionou e disse mantendo seu tom de voz quase militar:

-- Precisamos conversar! – Disse Rodrigo não querendo falar sobre as mudanças.

-- di Steffano... Sabrine veio aqui! – Disse o Músico.

-- Como... Eu deixei ordens para que ela não subisse!

-- E onde estava quando ela subiu? – Perguntou sério o Músico.

-- Não me diga que... Essas mudanças...

-- Não insinue Schmidt, diga! – Exclamou.

-- Foi ela quem causou todas essas mudanças?

-- Ela abriu a janela... Me disse algumas coisas... Estou pensando em algumas mudanças Schmidt...

Rodrigo percebeu que aquela poderia ser uma oportunidade para por suas ideias em jogo. Aproximou-se um pouco do homem e disse:

-- Eu andei pensando em soluções para os rebeldes... – O Músico o olhou e fez sinal para que prosseguisse – Já sabemos quem eles são, e já sabemos o que pretendem...

-- Sabemos mesmo? Você não me trouxe nenhuma indicação disso! – Exclamou fechando a cara.

-- Infelizmente as provas foram retiradas, mas podemos fazê-los falar...

-- Não quero que mexa com os novatos, ainda não!

-- Sendo assim, não vejo outra solução se não implantarmos o código preto! – Disse Rodrigo.

-- Mas não temos um... – Músico percebeu as intenções de Rodrigo e interessado em ouvir um pouco mais deixou-o falar.

-- Eu já havia lhe dito sobre a Inquisição... Se fizermos isso, não haverá mais rebelião, não existirão mais rebeldes e... – Músico o interrompeu:

-- Não precisa continuar... Eu já entendi Schmidt, já entendi... – Ele levanta-se e diz se aproximando de Rodrigo – É a ideia mais estúpida que já ouvi! Você quer que eu saia queimando pessoas pela transportadora?! – Ele passa a gritar – Eu não quero implantar um sistema de terror! Por que acha que mandei matar Demétrius e Hugo às escondidas?! Por que acha que eu escondi os corpos?! O que acha que aconteceria se eu fizesse caças às bruxas por todo o lugar?! Quer que alguma coisa seja feita?! Quer que eu lhe permita matar o Tomas?! Então me traga uma prova ou pelo menos a porra de uma pista sobre a articulação dos rebeldes! – Ele praticamente cuspiu as palavras nos rosto de Rodrigo, que ouviu a tudo calado, depois de terminado ele virou as costas e saiu sem dizer nada.

Enquanto descia as escadas, passou a pensar em tudo que havia ouvido. Sentia-se duplamente humilhando, primeiro por ter de conviver com Tomas, que para ele não passava de um ‘negro insolente’, e segundo por servir de capacho para o Músico e ainda ter que ouvir palavras como as que acabara de escutar.

Estava furioso, xingava o Músico de todas as maneiras em sua mente, precisava focar em algo. Se deixasse a raivar tomar conta de si, voltaria lá e mataria o homem que todos veneram. Preferiu seguir seu caminho, precisava resolver um problema com os coletores.

_____________________ X________________________

Alex e Vic ainda pairavam sobre um nirvana, viviam o que imaginavam que ficaria apenas no sonho. Victoria estava investindo todas as suas fichas naquele lugar, não via outra possibilidade, outra ação que fosse ficar e prosperar por ali. Alex já começava a seguir a maré de sua parceira, mas com os pés um pouco mais fincados ao chão.

Ainda deitados sob o lençol, curtindo o momento ao máximo e trocando carícias, perceberam que o dia já estava totalmente estabelecido ao céu e que precisavam se por de pé. Alex levantou-se primeiro e disse em tom de brincadeira:

-- Vamos, é melhor levantarmos ou então nunca vão nos deixar ficar aqui!

-- Eu estava pensando... – Começou a dizer Vic – Precisamos procurar alguém e falar sobre a nossa situação, temos que ajudar de alguma maneira...

-- Verdade, se nos mostrarmos ativos, talvez seja mais fácil ficar por aqui... De qualquer forma temos que ajudar! – Concordou Alex.

-- Já está se convencendo? Eu sabia que também ia querer ficar... – Animou-se Victoria.

-- Bom... Esse lugar é seguro... Tem muros bens protegidos, e pessoas tentando formar uma nova sociedade, tentado recomeçar... Desde que saímos de Manaus é o que estamos procurando... Recomeçar! – Após uma breve pausa complementou – Não creio que encontraremos algo melhor no Nordeste... Perdi as esperanças!

Victoria gostou do que ouviu, pois ela compartilhava dos mesmos sentimentos e opiniões, não queria voltar para a estrada, não queria deixar aquele lugar para embarcar novamente na incerteza utópica que a ida ao Nordeste lhe traria, queria se sentir parte do lugar, parte ativa, por isso levantou-se e após se trocar, saiu junto a Alex para o lado de fora da barraca.

Os dois ainda não entendiam por completo o funcionamento do lugar, viram algumas pessoas tomando café e resolveram segui-las. Durante o caminho foram cumprimentados por alguns moradores com desejos de bom dia. Chegaram até a cozinha comunitária, que ficava no grande galpão do prédio. No lugar havia uma grande mesa onde os alimentos já prontos eram postos para que as pessoas pudessem se servir, atrás dessas mesmas mesas, havia alguns fogões onde quatro pessoas preparavam o café da manhã de todo o lugar.

Uma dessas pessoas era Alice, que ao ver o casal se aproximando disse amigavelmente:

-- Bom dia casal! – Deu um sorriso – O que vão querer?

-- Bom dia! – Responderam os dois simultaneamente, Alex então falou – Depois de meses de lá para cá, não temos exigências... Mas um café seria bom! – Alice os serviu e disse:

-- E então o que pretendem fazer hoje?

-- Queremos falar com o... Rodrigo ou com a outra garota... – Disse Vic.

-- Sabrine? Ah... E qual o assunto? – Perguntou Alice interessada.

-- Queremos conversar sobre a nossa permanência, queremos ajudar! – Exclamou Victoria sorridente.

-- O que você fazia? – Perguntou Alice.

-- Médica! – Respondeu brevemente.

-- Puxa... Não temos nenhum médico! Temos dois enfermeiros, mas nenhum médico... Com certeza você será muito útil! – Disse Alice, Victoria animou-se, estava feliz por saber que seria importante e exclusiva ao lugar, era um importante passo para que pudesse ficar por lá.

Alex que apenas observava a conversa enquanto bebia seu café, passou a observar o lugar, e viu quando Rodrigo saiu às pressas de dentro do prédio, não querendo perder a oportunidade, deu um pique na direção do mesmo e se pronunciou ao chegar a sua frente:

-- Desculpe Rodrigo... – Alex mantinha-se sempre educado, Rodrigo o olhou e deixou que falasse – Eu sei que nossa permanência ainda não foi aprovada, e sei também da importância que você tem aqui dentro, por isso eu queria dizer que estamos dispostos a ajudar nas tarefas dessa comunidade... – Rodrigo o olhou e sorriu, começava a pensar em algo que pudesse diverti-lo.

-- Querem mesmo ajudar? Muito bem... Daqui a cinco minutos no portão! Vamos ver se você poderá ser um dos coletores... E chame o seu amigo, aquele grandão que usa boné! – Após dizer isso, Rodrigo retirou-se e passou a falar com outras pessoas.

Alex não poderia deixar a oportunidade passar, era a chance de encontrar uma utilidade para si mesmo naquele lugar e assim encaminhar o carimbo em seus passaportes. Fazia tudo isso por Vic, sabia que para ela isso era muito importante, estava feliz.

_____________________ X________________________

Após Rubão ter sido acordado de forma nada amistosa por Sabrine, o mesmo saiu da barraca e passou a andar sem rumo pelo lugar. Pensava em tudo que havia acontecido e no que mais poderia ocorrer, ainda não sabia direito o que pensar e muito menos como agir. Sentia-se deslocado, não sabia nada sobre seu futuro e muito menos se ele seria lá dentro.

Rubão sabe da importância de permanecer seguro, mas ao mesmo tempo acostumou-se com pouco durante o tempo que ficou na estrada. Tinha pouca comida e principalmente poucas pessoas. Conviver em sociedade novamente não seria uma tarefa fácil, sua mente já estava adaptada a sua nova vida.

Fazia um dia inteiro que não tomava seus remédio, nem se lembrava mais onde estavam. Havia bebido rum com Sabrine, e isso também despertara uma imensa vontade de fumar novamente. Várias coisas se misturavam, o gosto do álcool, a fumaça da nicotina e as sensações da cocaína. Voltar a beber despertara nele a vontade de ter para si novamente todos os seus vícios de outrora, tudo de uma só vez e de uma forma monstruosa.

Sentou-se ao chão perto do muro e deixou que o sol tocasse seu rosto, estava quente e ele ainda estava sobre os efeitos da bebedeira da noite passada. Deixou que seu corpo se estagnasse, e não tinha a intenção de sair dali, estava entregue ao nada.

Pensou em seu filho, nem se lembrava mais de seu rosto, ou pelo menos achava isso. As lembranças dessa perda eram por demais dolorosas e ele preferiu esquecer. Trazê-las de volta por incrível que pareça fez com que ele se sentisse melhor, lembrar-se do filho e da esposa em momentos sóbrios e felizes alimentaram sua vontade de permanecer longe do que lhe fizera tão mal. Foi por conta das drogas que sua esposa o abandonou pouco antes de tudo ocorrer.

Levantou-se do martírio, ergueu o corpo e ficou de pé, procuraria a barraca onde suas coisas estavam e tomaria novamente seu medicamento. Começou a andar em direção a seu objetivo, antes que pudesse dar mais do que vinte passos, Alex se aproximou repentinamente dizendo:

-- Fomos convocados para uma missão com os coletores!

-- O que?

-- O Rodrigo disse que podemos ajudá-los, vamos com ele em uma missão!

-- Que missão brow!

-- Vamos logo, ele está nos esperando! – Disse Alex sinalizando para que os dois se movimentassem com rapidez.

Rubão seguiu Alex, achou melhor participar de alguma atividade para espairecer a cabeça, poderia ser saudável, além de mostrar que estava ativo no lugar e que não estava lá apenas por estar.

_____________________ X________________________

Daniel alimentou e depois se utilizando do banheiro comunitário deu um banho em Annabelle e aproveitou ele próprio para fazer o mesmo. Já fazia um tempo que não via água corrente e nem sentia a mesma cair sobre seu corpo. Aproveitou ao máximo o momento e após se enxugar e enxugar a criança, vestiu-se e saiu do local.

Ao caminhar em direção à barraca onde Vic e Alex se mantinham, cruzou com Tomas, que já lhe era familiar, ainda não haviam se falado, mas já havia visto o homem trabalhando na horta.

-- Olá! – Disse Daniel ao homem.

-- Olá! – Respondeu brevemente. Daniel percebeu que aquela poderia ser uma boa oportunidade para sanar algumas de suas dúvidas, Tomas parecia ser alguém experiente, e Daniel ainda não havia aceitado a história que ouvira sobre Hugo.

-- Desculpe senhor...

-- Tomas!

-- Tomas... Bom Tomas pode me responder uma pergunta?

-- É o segundo de vocês que me indaga assim... Sim pode.

-- Você conhecia o Hugo? – Tomas paralisou um pouco com a pergunta, não conseguiu perceber quais eram as intenções de Daniel ao efetuá-la.

-- Sim... Todos o conhecíamos! – Respondeu vagamente.

-- Eu quero dizer... – Daniel tenta explicar-se – Ele morreu não foi? O que aconteceu? – Tomas novamente fez uma pausa, olhou para Daniel e buscou as melhores palavras para lhe responder:

-- Ele desapareceu... Saiu em missão com os coletores.

-- Pelo que eu sei ele não era um coletor... – Indagou Daniel mais uma vez.

-- Parece que sabe de muita coisa... – Disse Tomas, retirando-se em seguida. Daniel ainda o seguiu, mas foi refutado pelo homem. Os mistérios do lugar pareciam mais enigmáticos para ele.

_____________________ X________________________

Victoria seguiu conversando com Alice, falavam sobre o dia a dia, sobre a rotina da Transportadora, a doutora se mostrava fascinava com tudo o que ouvia, queria desesperadamente aquela vida para si.

Após algum tempo passado, Alex retornou junto a Rubão, ela cumprimentou o vocalista que apenas acenou com a cabeça, Alice também fez o mesmo. Alex apressado apenas comunicou:

-- Amor, eu falei com o Rodrigo e ele disse que podemos ir junto a ele em uma missão com os coletores. – Victoria ficou extremamente feliz ao ouvir a notícia, era justamente o que queria, seus desejos estavam se realizando.

-- Mais que notícia maravilhosa! Quando vão? – Perguntou.

-- Nesse momento, só vim me despedir! – Afirmou Alex, indo até ela e lhe dando um beijo.

-- Não se preocupe, eu irei apresentar Victoria a nossos enfermeiros, tenho certeza que vão solicitar sua ajuda, ela me contou que é médica! – Disse Alice a Alex.

-- Não irei! – Afirmou ele. Após esses momentos de despedida, os dois saíram andando em direção ao portão, Vic apenas os observou, virou-se novamente para Alice que lhe disse:

-- Assim que terminar o horário do café eu te levo até os enfermeiros... Encontre-me aqui daqui a duas horas! – Disse Alice.

-- Tudo bem! – Afirmou a médica que já havia terminado seu café.

Levantou-se e se dirigiu até sua barraca, estava realmente contente, seus planos estavam se concretizando. Com Alex entre os coletores e ela com os enfermeiros, não haveria mais nada que os impedisse de prosseguir por lá.

Ao adentrar a barraca se deparou com Daniel, ele estava sentado escrevendo em seu caderno, Annabelle estava na cama. Vic parou e perguntou:

-- Oi... Onde passou a noite?

-- Longe daqui... A barraca estava muito cheia! – Daniel não olhava para ela, apenas seguia escrevendo.

-- E onde você vai ficar?

-- Longe desse lugar...

-- Você pretende ir embora? – Perguntou espantada.

-- E você não? Esse lugar não é para nós... – Respondeu.

-- Como... Estamos seguros aqui, não podemos sair!

-- Você pode fazer o que quiser, mas eu sairei daqui assim que for possível!

-- Você não pensa na criança? Não vê que lá fora ela não teria condições de crescer?!

-- Eu não penso nela? – Daniel levantou-se deixando de escrever – Eu só penso nela! E é justamente por isso que eu sei que esse lugar não é seguro! – Exclamou Daniel.

-- Você não tem fundamentos algum... É um maluco! O Alex... – Antes que completasse Daniel a interrompeu:

-- O Alex já é seu capacho há algum tempo! Você está cega por que agora tem um lugar macio para transar! – Vic se dirigiu até ele e desferiu um violento tapa, após isso exclamou:

-- Eu não sei onde vai ficar, mas quero você longe de mim e do Alex! Você é doente... Eu nunca vou esquecer-me do dia em que você matou aquelas pessoas!

-- Sabe qual é a nossa diferença? – Disse Daniel limpando um pequeno sangramento em seu lábio – Eu faria qualquer coisa para proteger quem amo, inclusive abdicar de um paraíso fajuto como esse... Você é egoísta, só pensa em você e em seu conforto... Espero que eu esteja bem longe quando tudo isso cair sobre sua cabeça!

-- Tenho pena do futuro de Annabelle tendo você como pai... – Respondeu Victoria.

Daniel nada disse, apenas recolheu suas coisas, tomou a criança nos braços e saiu do lugar. Victoria pôs-se a chorar, estava arrasada com tudo que houvera sido dito, todas aquelas palavras, de ambos os lados foram muito fortes. Começava agora um novo momento em sua jornada, basta agora saber se as coisas estão ocorrendo de forma correta.

_____________________ X________________________

Rubão e Alex se posicionaram a frente do portão aguardando a chegada de Rodrigo. O vocalista ainda não estava em seu estado natural, parecia cansado. Alex ao observar tais fatores perguntou:

-- Você está bem?

-- Sim brother! – Alex o observou novamente e voltou a questioná-lo:

-- Tem certeza? Se não estiver bem não precisa...

-- Eu estou! Só tive uma noite difícil... Acho que isso irá me fazer bem! – Respondeu.

-- Onde passou a noite? – Perguntou Alex.

-- É uma longa e nem um pouco interessante história... – Alex compreendeu seu ponto e não indagou mais.

Passado dois minutos, um grupo de quatro homens se dirigiu ao portão, dentre eles estava Rodrigo, a maioria com armas a mostra. Fizeram sinal para que os dois os seguisse, e assim foi feito.

Rubão e Alex se dirigiram até os mesmo que se preparavam para sair. Havia um carro perto do portão e era esse o transporte que iriam se utilizar. Rodrigo reuniu os homens e exclamou em forma de preparação:

-- Vamos explorar o que restou do centro da cidade, se não alcançarmos nosso objetivo, iremos nos dirigir a cidade mais próxima. Talvez essa viagem dure mais de um dia, portanto tenham todos muito cuidado! Eu não irei trazer o corpo de nenhum de você de volta, se algo ocorrer estarão por sua conta em risco!

Rodrigo fez um sinal a um dos homens que falou algo a outro que por fim se dirigiu ao carro. Todos começaram a adentrar ao veículo, Alex e Rubão nada haviam dito, permaneceram da mesma maneira, apenas escutando as instruções do homem careca.

O portão fora aberto e o carro levando os coletores deixou a Transportadora rumo à cidade. Rodrigo dirigia o veículo, a seu lado um homem de cabelos loiros enrolados, cerca de vinte anos. Na parte de trás, além de Alex e Rubão, outros dois homens sentavam aos seus lados. O primeiro tem cerca de quarenta anos e é calvo, o segundo tem cabelos e barba compridos, é forte e provavelmente deve ter mais de trinta anos.

-- Vamos homens, apresentem-se! Temos novatos aqui! – Exclamou Rodrigo enquanto dirigia.

-- Valdemar! – Disse o que se sentava ao lado de Rodrigo.

-- Heródoto. – Afirmou o homem calvo.

-- Me chamo Salomão! – Disse o homem barbudo.

A cidade parecia deserta, um ou outro zumbi era avistado, ao chegarem à frente de um mercado o carro parou e todos desceram. Rodrigo sacou sua pistola assim como todos os homens. Alex estava com seu facão, mas Rubão não. Estava desarmado, não havia se atentado a isso.

Começaram a andar vagarosamente pela rua em direção a entrada do mercado, o objetivo era explorar e retirar tudo o que pudessem do lugar. Foram se aproximando do lugar e para sua surpresa, cinco zumbis apareceram saindo de uma rua lateral. Heródoto disparou e certeiramente acertou o primeiro, o segundo fora eliminado por Rodrigo o acertando na testa. Alex se dirigiu até um deles e com seu facão o decepou a cabeça.

Os dois restantes se dirigiram a Rubão, que desarmado nada podia fazer. Alex já se aproximava a ele para ajudar, quando Rodrigo o impediu apontando a arma.

-- O está fazendo? Ele está desarmado! – Exclamou Alex.

-- Ele deveria ter vindo armado! Ou dará um jeito ou morrerá! – Vociferou Rodrigo impedindo Alex por definitivo.

Rubão percebeu sua situação, deu dois passos para trás e olhou ao redor, não havia nada que pudesse utilizar como arma. Preparou-se e esperou o bote, o primeiro se dirigiu a ele com os braços esticados e salivando, já estava em um alto estado de decomposição.

Ele se utilizou de sua força para acertar um forte pisão no meio da perna do zumbi, quebrando-a. O segundo que já estava bem próximo, recebeu um soco de Rubão, que se dirigiu novamente ao primeiro pisando-o na cabeça diversas vezes. Novamente se utilizando de sua força, o vocalista derrubou o outro zumbi e esmagou sua cabeça com mais socos. Exausto e coberto com o sangue dos mortos vivos, Rubão ergueu-se e observou a todos ofegante. Rodrigo o fitou e com um sorriso de canto de rosto, exclamou:

-- Boa grandão!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo, espero que tenham gostado!
Comentem e opinem...


Qualquer dúvida ou mais informações, sigam @Sateily_Nyah no twitter...


Os zumbis reapareceram, haverão mais cenas como essas, mas espero que entendam que nesse momento da história eles não são mais o ponto principal, e sim as relações interpessoais nessa comunidade distinta.


Queria agradecer a Abby por favoritar a fic, valeu!


Sugestões, projetos ou ideias para serem desenvolvidas, me mandem MP ou se for algo algo mais elaborado e sério, podem enviar um e-mail para sateily.nyah@gmail.com







Säteily



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.