O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 42
Capítulo 42 - A Carga (pt. 2)


Notas iniciais do capítulo

"Te vejo pelo espelho... Não sei quanto tempo se passou"



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-- Decidiu o que fazer? – Pergunta Rodrigo.

Ele está em uma sala com pouca iluminação, de pé próximo à porta. Comunica-se com um homem que também está de pé, olhando para o lado externo por uma pequena janela deste lugar, não podemos ver muito sobre ele, a escuridão cobre a maior parte de seu corpo.

-- Solte-os... – Responde o homem calmamente.

-- Soltar? Mas... Vai deixá-los ir? – Pergunta Rodrigo surpreso.

-- Eu disse isso? – Faz uma breve pausa – Solte-os e os vigie... Eles não podem sair, não posso arriscar.

-- Quer que eu peça para Sabrine ficar de olho? Ou eu mesmo posso... – Rodrigo não complementa sua frase.

-- Não... Quero que resolva o problema de Hugo... di Steffano não deve se envolver, pelo menos por enquanto... – Responde o homem.

-- Devo colocar um peão? – Pergunta Rodrigo novamente.

-- Sim... Peça para Aguiar servir como guia deles... Peça para que ela conte tudo o que sabe sobre a Transportadora! – Segue falando calmamente o homem.

-- Aguiar? Ah... Alice... Certo... Mas convenhamos, ela não sabe nada sobre o que realmente acontece por aqui... Somente ‘os oito’... – Diz Rodrigo.

-- Isso mesmo Schmidt... É por isso que não posso mandar di Steffano, entende?

-- Perfeitamente... O que digo a Alice?

-- Diga a ela que o pedido foi meu... Ela se sentirá honrada! Fará o que queremos sem saber! – Exclama o homem.

-- Precisamos ter mesmo todo esse cuidado? Quer dizer... Acha que eles podem ser de uma facção externa? – Pergunta Rodrigo um pouco apreensivo.

-- Você sabe o que ocorreu na última vez que não tivemos cuidado Schmidt! – Diz o homem em um tom elevado de voz – Vamos testá-los, se quiserem ficar e conseguirem se encaixar em nossa filosofia, serão bem vindos! Mas se não... Vamos observá-los, deixar que mostrem quem são! Mas de forma alguma deixará que saiam, entendeu? – Finalizou o homem já mais calmo.

-- Pode deixar, farei isso! Mas... E quanto ao Hugo? – Pergunta mais uma vez Rodrigo.

-- Traga esse filho da puta aqui! Vamos arrancar o que podermos sobre essa história de rebeldes! – Exclama raivosamente o homem.

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Daniel passou a maior parte do tempo realizando anotações em seu pequeno caderno, isso o acalmava, fazia com que se desligasse um pouco do terror que viviam, isso e Annabelle. A pequena estava ao chão do contêiner, brincando com o próprio pé, era a única ali que não demonstrava preocupação, vivia em um mundo a parte, um mundo bem melhor que o real.

Incontáveis horas se passaram desde que o grupo fora encarcerado naquele escuro e úmido lugar. Não havia previsão de saída, e todos já estavam extremamente irritados com tal situação que se arrastava aparentemente ser um fim.

Alex observava pela fresta a todo o momento, queria entender como as coisas funcionavam por lá, e concluiu que tudo parecia ser bem organizado, com tarefas pré-definidas e até algum tipo de hierarquia, tudo visto de forma superficial, ainda no campo na dedução.

Ninguém suportava mais encontrar-se em tal situação, ainda não imaginavam o motivo da detenção, e o porquê de todo esse cuidado, seriam eles considerados perigosos? E qual o motivo disso? Essas perguntas pairavam pela cabeça de todos ali, e somente o tempo começaria a responder tais questionamentos.

Novos passos foram ouvidos se aproximando do lugar, Alex ergueu-se e olhou pela fresta para observar o que ocorria. Alice, a garota que havia vindo acompanhada de Jeniffer anteriormente, se aproximava do contêiner sem a outra garota, como protocolo, estava acompanhada por um homem armado. Seus passos a levaram até a porta da ‘prisão’, e após abri-la disse em um tom amigável:

-- Estão livres! O código amarelo foi suspenso!

Rubão aproximou-se receosamente da saída, e disse ainda cauteloso:

-- Podemos vazar então...

-- Venham comigo! – Disse a garota.

-- Não vamos a lugar nenhum! Nos responda, vamos poder ir embora?! – Perguntou Alex irritado.

As feições de Alice mudaram, de felicidade passara a frustração, ela passou a fitá-los seriamente e voltou a falar:

-- Não, não podem... Vocês não entendem, não é? Não percebem a sorte que estão tendo? Ele está aceitando vocês! – Exclamou ela.

-- Não podemos sair?! Como assim não podemos sair? Quem são vocês para nos manterem presos?! – Vociferou Daniel.

-- É... Vocês realmente não entendem... Bom, podem ficar aí então! – Disse Alice já virando as costas.

-- Espera! – Exclamou Victoria, Alice a olhou – Nos aceitamos... Seja lá o que for, nós aceitamos... – Alex havia olhado para ela, e ao devolver o olhar ela se explicou – Estamos com Annabelle aqui... Não podemos continuar trancados aqui dentro!

-- Me acompanhem então! – Disse Alice.

Mesmo contra a vontade, todos deixaram o contêiner, ainda sem saber qual seriam seus destinos, não poderia ser pior que ficar trancafiados naquele lugar inóspito. Alice foi andando a frente, sendo seguida pelo grupo.

Começaram a passar pelas dependências do lugar, e observaram melhor como tudo lá coexistia. Uma parte do pátio de concreto havia sido quebrada e a terra arada para que pudesse receber sementes. Ali algumas ramificações já podiam ser vistas, como tomates e cenouras, que já se estabeleciam sobre o solo.

Apesar do prédio não ser grandioso, a área ao redor dele era bem ampla, um gigantesco pátio, onde além da plantação, havia algumas barracas construídas com madeira. Crianças corriam pelo lugar, e mulheres eram vistas pondo roupas no varal mais ao fundo. Homens armados também podiam ser vistos andando perto do muro, sempre observando o que acontecia a todo o momento.

Alguns contêineres também estavam espalhados pelo lugar, deveriam somar-se três, pelo que haviam contado. Alice os levara até o enorme galpão que era a parte inferior do prédio, lá havia mais barracas e mais pessoas, sempre realizando alguma tarefa.

-- Essa é a nossa base dois... Aqui ficam as primeiras casas e o centro de distribuição de tarefas. – Disse Alice.

-- O que é esse lugar? – Perguntou Alex abismado observando a tudo.

-- Aqui é o nosso lar! Bom, antes isso era a sede de uma Transportadora, por isso os contêineres e esse galpão enorme... Aqui ficavam os caminhões!

-- Transportadora? Como tomaram esse lugar? – Perguntou Vic.

-- Eu cheguei depois... Foram ‘os oito’...

-- ‘Os oito’? – Perguntou Alex intrigado.

-- Bom... Vou levá-los até sua barraca provisória... – Desconversou Alice.

Ela caminhou mais um pouco sinalizando para que a seguisse. Um pouco mais a direita do grande galpão há uma barraca de porte médio, ela está vazia. É lá que Alice para e volta a falar com eles:

-- Vocês vão ficar por enquanto aqui... Depois... Bom, depois é depois! – Exclamou ela sorridente ao grupo.

-- Espera, mas... – Iniciou Daniel.

-- Depois eu passo por aqui! – Exclamou ela, retirando-se em seguida.

-- O que foi isso?! – Exclamou Rubão.

-- O que é isso... – Disse Alex ainda surpreso com tudo que estava vendo.

-- É assim? Nos prendem e depois nos dão uma barraca? – Perguntou Daniel igualmente surpreso.

-- Temos que conversar com alguém! Vamos procurar aquele careca, ele parece ser o líder! Não podemos ficar aqui! – Disse Daniel.

-- Por que não? – Perguntou Victoria.

-- Por que não?! Eu não posso ficar preso em um lugar! Olha o que fizeram... Nem conversaram, nem nos ouviram, nos prenderam e agora vem com esse papo! – Exclamou Daniel irritado.

-- Ei! – Disse Alex – Temos que pensar no que vamos fazer... Não tem como sair, eles estão armados até os dentes! Se disseram para ficarmos, então vamos ficar... Temos que procurar o careca e expor nosso ponto. Por enquanto vamos jogar o jogo deles! – Finalizou.

-- Já pararam para pensar o quanto isso é absurdo? Primeiro nos prenderam naquela lata enferrujada, agora nos soltam e nos dão um lugar para ficar... Ou essa galera é maluca, ou então... Sei lá! – Disse Rubão.

-- Não me julguem, tá legal? Olha... Eu estou cansada... Cansada de ter que dormir em bares, de ficar a noite de vigia... Nós buscamos tanto um lugar como esse... Por que... Não estou dizendo que aqui é a ilha do tesouro... Eu... Só quero um pouco de paz! – Desabafou Victoria.

-- Calma amor... – Disse Alex abraçando-a, e depois se referindo a todos – É muito cedo para tirarmos quaisquer conclusões... Vamos ver como tudo vai correr daqui para frente... Vamos deixar rolar!

O casal foi o primeiro a adentrar a barraca, era um lugar habitado, pelo menos havia sido habitado por alguém anteriormente. Havia uma cama e um tapete que cobria o chão de todo o lugar, alguns castiçais e livros empilhados ao lado da cama, uma mala servia como guarda roupas. Por algum motivo, o dono daqueles pertences não morava mais ali.

Os dois sentaram-se a cama e começaram aos poucos a olhar tudo que ali continha, era um lugar pequeno para todos eles, mas um grande avanço em relação às últimas horas.

Daniel e Rubão entraram logo depois, admirando-se igualmente com o estado do lugar que lhes havia sido cedido. Era uma moradia para no máximo duas pessoas, mas se precisassem dormir ali não seria nenhum problema, já haviam ficados exprimidos em lugares piores quando se encontravam na estrada.

Passado uma hora, Alice retornou até a barraca que lhes cedera e fez um comunicado:

-- Venham comigo, vou lhes mostrar o restante do lugar!

O grupo a obedeceu, seguindo-a por todos os lugares indicados por ela. Passaram a se deslocar para a parte de trás do prédio, onde a área era menor, porém igualmente utilizada.

-- Aqui fica o banheiro comunitário! – Disse ela apontando para uma parede com cerca de dez chuveiros. – Quando isso era um depósito de carretas, eram aqui que elas eram lavadas... Quando ‘os oito’ chegaram, adaptaram e colocaram esses chuveiros!

Todos seguiam observando o nível de organização aparente daquelas pessoas. Alice voltou a dizer:

-- Há horários estipulados aqui... Os homens tomam banho às 7:30 da manhã e as 8:00 da noite, e as mulheres as 8:30 da manhã e as 7:00 da noite! Tudo deve ser feito de forma organizada e respeitosa...

-- Desculpe Alice... Mas, eu ainda não compreendo o motivo de você estar dizendo tudo isso para nós... Disse que não podemos ir, isso significa que querem que fiquemos? – Perguntou Alex educadamente.

-- Vocês não podem sair porque Ele quer testá-los... – Disse ela.

-- Ele quer nos testar? – Surpreendeu-se Alex.

-- Vocês ainda não entendem... Deviam se sentir felizes! Se Ele disse que podem ficar é porque tem planos para vocês! – Disse Alice extremamente feliz.

-- O careca é Ele? – Perguntou Alex.

-- Careca... O Rodrigo? Não... Eu estou falando do Músico! – Exclamou Alice.

-- Nós podemos falar com o Músico então? – Perguntou Daniel.

-- Ninguém fala com Ele... Só ‘os oito’ tem essa permissão! – Disse ela.

-- Nós não estamos entendo nada aqui... – Disse Rubão entrando na conversa.

-- Com o tempo... Vocês entenderão! – Disse ela – Se tiverem mais alguma pergunta, me procurem... Eu sou amiga de vocês! – Finalizou Alice sorrindo e indo embora logo depois.

-- Que papo brabo é esse? – Indagou Rubão.

-- Esse lugar me dá arrepios... – Disse Daniel.

-- Não podemos fazer nada... Temos que seguir... Droga! – Exclamou Alex em meio à impotência que pairava sobre todos.

Estavam de mãos atadas, sem saber o que fazer. No momento não havia solução para seus problemas, se é que isso seria realmente um problema, deveriam a partir de agora seguir a maré, esperando os próximos passos daquelas pessoas e tentando desvendar os misteriosos segredos que começavam a ser mostrados.


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo... Espero que tenham gostado!
Comentem e opinem!



O capítulo ficou curto, mas ele serve como uma complementação do anterior, a partir de agora, a história ficará mais elástica, e os capítulos serão bem maiores!






Säteily



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