O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 41
Capítulo 41 - Dias Futuros (pt. 2) "A Carga"


Notas iniciais do capítulo

"A hipnótica solene..."



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Após todos os incidentes ocorridos, nenhum dos integrantes do grupo sentir-se-ia confortável em permanecer pelas redondezas. Adentraram o carro e partiram, seguindo seu longínquo objetivo de encontrar uma base do governo no Nordeste. Quanto mais o tempo ia se esvaindo, menos eles acreditavam que isso pudesse realmente existir.

Seguiram a BR 364 ainda no Estado de Rondônia, passaram por mais algumas cidades para reabasteceram até chegarem a Espigão d’Oeste. Um lugar aparentemente agradável, pequeno, sem a presença frequente de zumbis. Perderam a noção do tempo, ficariam por lá alguns dias, talvez dois ou três, mas a calmaria os relaxou, ficaram por duas semanas inteiras até decidirem seguir viagem novamente.

Após Rubão ter sido encontrado da forma que foi, ambos passaram a ter um cuidado especial com o mesmo. Quando acordou, viu-se a frente de uma longa conversa sobre tudo que havia ocorrido. Sentiu-se muito mal, mal pelo que havia feito, envergonhado e completamente entristecido por não ter estado presente nos momentos mais complicados que tiveram de encarar em Ji-Paraná.

Ele aceitou ajuda, sabia que seria difícil, principalmente nas condições em que se encontravam, mas decidiu que seria parte integrante do grupo, e por isso deixaria o vício que tanto o consumia. Victoria passou a ajudá-lo com alguns medicamentos que recolheu, tentava fazer com ele um processo de desintoxicação, seria difícil, mas possível.

Rubão passava constantemente por algumas crises, um dos motivos de terem ficado tanto tempo em Espigão, foi para facilitar a ajuda ao vocalista, mantendo-o em um único lugar, e conversando com ele, para que se mantivesse calmo durante as crises de abstinência.

O caminho para eles prosseguiu até Vilhena, bem próximo à divisa com Mato Grosso. O próximo passo seria um grande avanço, finalmente deixariam Rondônia e passariam a se aproximar um pouco mais da Região Nordeste.

Não tiveram muito tempo para festejar, na pequena cidade em que se encontravam, bateram de frente com uma horda, um grupo que tomava o espaço de boa parte da cidade. Todos se surpreenderam com o fato, pela experiência que adquiriram, sabiam que em cidades pequenas a quantidade de mortos-vivos também é pequena.

Não houve como efetuarem o reabastecimento, tiveram que correr e prosseguir na estrada, se tivessem ficado um pouco mais naquele inferno, todos estariam mortos. A vida seguiu, e a estrada também, ambas sem uma resposta exata se seriam longas.


_____________________ X________________________



Noventa e oito dias se passaram desde a saída turbulenta de Ji-Paraná. Alex, Victoria, Rubão e Annabelle encontram-se em Diamantino, Mato Grosso. A cidade havia ficado conhecida nacionalmente após uma série de assassinatos em série serem cometidos, tudo isso anteriormente ao apocalipse. A cidade agora, assim como todas as outras, encontra-se deserta. O lugar é aparentemente agradável, em sua parte mais afastada, há cachoeiras, que formavam o ponto turístico do lugar. Em sua área urbana, é bem parecida com outros municípios interioranos que haviam passado.

O objetivo do grupo era passar pelo estado sem se aproximar da capital. Daniel sabia o inferno que lá se mostrava, pois teve um aperitivo há alguns meses ao passar por lá de ônibus.

-- Tudo limpo! – Exclamou Alex após adentrar um bar e verificar sua segurança. Ele encontrava-se agora com uma volumosa barba, que não era comprida, porém tomava conta de boa parte de seu rosto. O cabelo também sentiu a ação do tempo, um pouco mais comprido e mal tratado, a pele encontrava-se mais morena, efeito causado pelo forte sol que se deparavam constantemente.

-- Ê beleza! Aí sim brow! – Exclamou Rubão se aproximando de Alex e adentrando o bar. O vocalista também teve sua aparência modificada pelo tempo. Escondia com o boné o cabelo volumoso e crescido que já começa a cair-se pelo pescoço, a barba também volumosa tomava conta de seu rosto, dando-lhe uma aparência bem cansada, a pele também maltratada pelo sol, dava-lhe uma imagem de ser mais velho do que é.

-- Aproveita, o último boteco que a gente encontrou tinha três zumbis... E um deles segurava o teu Jack Daniel’s! – Disse Alex a Rubão enquanto ria.

-- Porra... O cara morreu e não parou de beber? Deixa pra nós! – Respondeu ele rindo e provocando risadas. Rubão também ganhara uma aparente cicatriz no rosto, causada pelo incidente em Ji-Paraná. Vic havia feito um curativo, mas não impediu que tal ferimento gerasse essa marca.

-- Vic entra aí! Eu sei que você gosta de encher a cara! – Disse Alex.

Cuidadosamente Victoria se aproximou do lugar onde estavam, seus cabelos ruivos, mostravam-se agora um pouco mais compridos e bem mal tratados, efeito do tempo, da falta de banhos constante e da higiene precária. Sua pele branca foi a que mais sofreu os efeitos do sol, estava um pouco ressecada e mais morena.

Ela entrou no lugar sorrindo e foi até Alex dando-lhe um breve beijo. Estava cansada, exaurida, o grupo havia passado o dia inteiro procurando um lugar que fosse seguro. A filosofia deles agora era não ter pressa, pelo menos era o que diziam uns aos outros. A realidade é que começavam a desacreditar na real existência de governo, de uma base, ou de um centro de refugiados, às vezes pensavam que mais ninguém estivesse vivo além deles.

O ritmo que seguiram determinou o tempo que passaram para avançar tais quilômetros na BR 174, após saírem da 364. Havia cidade que chegavam a passar semanas, em outras não arriscavam nem horas. Estavam por conta própria, sem seguir algo concreto. Apenas sobreviviam e mudavam-se quando nada mais podia extrair de tal região.

Daniel foi o último a adentrar o bar, mostrava-se estar cansado, seu rosto estava surrado, o tempo e o clima também o havia maltratado. Sua barba fina insistia em permanecer nessa espessura, porém estava maior, com cerca de onze centímetros, sua pele estava queimada e seu cabelo também havia crescido. Ele que o usava curto, agora encarava-se com um liso e moderadamente crescido cabelo castanho escuro.

Ele usava nas costas uma mochila própria para carregar bebês, artigo que haviam encontrado em uma lojinha há algumas semanas. Tornou-se bem prático carregar Annabelle, e suas mãos se encontravam livres para um possível ataque. A pequena criança havia crescido, estava agora com 7,500kg e 67cm, seu cabelo castanho estava maior e tomava conta de sua delicada cabeça, usava um vestidinho preto e branco que pegaram da mesma loja da mochila. Ela estava mais inquieta, emitia mais sons e mostrava-se mais presente que nos meses anteriores.

-- Acho que ela também gostou! – Exclamou Vic.

-- Ela gosta de tudo que se mexe, aposto que ela ia rir até para zumbis! – Respondeu Daniel.

Todos adentraram o lugar, era pequeno, mas aparentava ser seguro, lá eles poderiam descansar e se alimentar sem a preocupação de um ataque a qualquer momento. Já estava anoitecendo, e eles já começavam a se organizar no bar.

Alex e Vic que haviam saído de Ji-Paraná apenas com a roupa privativa, conseguiram trocá-la ainda em Rondônia, como estavam há muito tempo na estrada e a algum sem fazer uma parada, suas roupas encontravam-se sujas e rasgadas.

-- Bom, já sabem o que fazer... Quem pega o primeiro? – Perguntou Alex.

-- Pode deixar... Eu pego! – Respondeu Daniel.

Com o tempo, passaram a criar um sistema de vigias, com turnos definidos, precisavam estar atentos e preparados para que a qualquer momento, caso precisassem, fugissem sem muitas dificuldades.

Daniel começou a se preparar para se posicionar a frente do bar, quando Rubão pegou uma garrafa de vodka após selecionar bastante. Victoria que observava a tudo recriminou-o:

-- Você sabe que não pode beber... Tá tomando remédios!

-- É isso aí doutora! – Exclamou Daniel – Passa pra cá! – Disse ele estendendo a mão para que Rubão o entregasse o álcool.

-- Você também não! Vai ficar de vigia, não pode ficar bêbado! – Disse Victoria.

Rubão riu, assim como Alex e o próprio Daniel. O clima mostrava-se mais ameno, já fazia certo tempo desde a última baixa do grupo. O fato de estarem todo esse tempo sobrevivendo juntos, já os deixava mais felizes.

-- Nós vamos dormir ali dentro! – Disse Alex apontando para saleta atrás do balcão.

-- Não se esquece de encapar o garoto! – Disse Rubão a ele, que respondeu com um breve riso.

-- Não fode Rubão!

-- Eu não brother... É você que vai! – Disse novamente provocando mais risos. Alex e Vic dirigiram-se até a saleta, e por lá ficaram.

-- Vou ter que comprar um fone pra você gatinha! Esses dois chamam a atenção de todo mundo! – Disse Rubão olhando para Annabelle.

Daniel tirou a garotinha da mochila e a botou sentada no chão, ela já conseguia permanecer dessa maneira e inclusive se deslocava engatinhando de um lugar para outro, em pequenas distâncias. Os dois a observavam, passaram a ficar pensativos, Daniel tomou a iniciativa e perguntou:

-- E aí cara... Como você tá?

-- Indo brow... Um dia de cada vez... – Respondeu.

-- Como andam os remédios? – Perguntou novamente.

-- É paulera, mas... Necessário... A Vic tem me ajudado bastante! – Respondeu Rubão – E o que é isso aí? – Perguntou ele a Daniel indicando um pequeno caderno que o mesmo acabara de retirar de seus pertences.

-- Ela pensa que eu estou maluco! – Respondeu Daniel.

-- Ela disse isso? – Perguntou Rubão rindo.

-- Não diretamente... Ela me deu esse caderno, me disse para anotar os acontecimentos... Disse que serve como terapia! Bom, talvez eu tenha dado motivos a ela.

-- Eu tava pensando brother... – Disse Rubão – Se a contagem do Alex estiver certa... Acho que hoje é o aniversário do meu filho!

-- Pô cara... Não sei nem o que dizer... – Expressou-se Daniel.

-- Tudo bem... As coisas são assim... Vai lá, deixa que eu fico com a gatinha! – Disse Rubão.

-- Onde vai dormir? – Perguntou Daniel.

-- Bem longe da saleta! – Respondeu.

Rubão tomou Annabelle nos braços e se dirigiu até um dos cantos do lugar, não precisava de muito para acomodar-se, já haviam se acostumados a total falta de conforto. Daniel ficou posicionado estrategicamente em uma das janelas, o carro estava estacionado de modo que seria fácil e rápido sair dali e fugir. Sentou-se, pegou seu pequeno caderno, e entre uma e outra verificada de perímetro, realizava anotações.

A noite passou-se sem perigos, Daniel trocara de plantão com Rubão, que ficou acordado até a parte da manhã. Eles agora acordavam bem cedo, estavam sempre alertas. Deveriam ser cinco ou cinco e meia da manhã quando Rubão despertou Daniel e bateu na porta da saleta onde Vic e Alex haviam passado a noite. Ambos levantaram-se e se reuniram no balcão do bar.

Alex saiu sem camisa e Vic estava usando um sutiã vermelho e um short, não havia motivo para pudores entre eles, o forte calor fez com que se acostumassem a cenas como essa.

-- Vocês não me chamaram... Poderia ter dividido a vigia com vocês. – Disse Alex.

-- Sem grilo... A noite foi bem tranquila! – Respondeu Rubão.

-- O que temos para comer? – Perguntou Victoria.

-- Prato do dia... Geleia de uva e a papinha da Annabelle! – Disse Daniel.

-- Precisamos de mais comida! – Disse Alex um pouco preocupado.

-- Acha que o mercado daqui é seguro? – Perguntou Daniel.

-- Vamos ver... Não da para viver só comendo geleia! – Respondeu Alex.

Após alimentarem a criança, começaram a se preparar para a ida até o mercado. Por não conhecerem o lugar, ficavam receosos, pois já haviam encontrado diversos zumbis em uma das cidades deixadas para trás.

Juntaram as poucas coisas que carregavam e partiram. Do bar até o mercado seria um bom trajeto. Eles começavam agora a explorar grandes lugares, pois as pequenas lojinhas não lhes forneciam mais suprimentos suficientes, essa pequenas localidades já haviam sido saqueadas diversas vezes.

Seguiram de carro até uma pequena localidade, onde as ruas que formavam o restante da via pública desenhavam-se mais estreitas. O mercado ficava um pouco mais a frente. Desceram do carro e passaram a andar em direção a localidade objetivada por eles.

-- Ali! – Apontou Vic ao ver um zumbi se aproximando.

-- Deixa comigo! – Exclamou Rubão, que com uma barra de ferro foi até o monstro e acertou alguns golpes em sua cabeça.

Continuaram caminhando, sendo guiados por um mapa que Alex retirara de uma agenda telefônica, nem sabiam se estava atualizado, mas era a única indicação que tinham naquele momento. Ao prosseguirem, algo acabara chamando suas atenções mais que qualquer mercado que pudessem encontrar.

-- O que é isso? – Perguntou Victoria surpresa.

Enquanto seguiam seu caminho, encontraram uma via maior, provavelmente os levariam até um supermercado ou a alguma grande loja que pudessem suprir sua fome, mas o que encontraram no caminho não foi nada disso, mas era algo grande.

-- Parem! Não se mexam! – Gritou uma voz.

A voz vinha de uma guarita, o homem que desferia tal ordem, trajava um rifle e o apontava para o grupo, ele os observava de cima. A guarita se localizava acima de uma cerca, uma terrível cerca formada por dezenas de zumbis espetados em troncos e pedaços de madeira, eles serviam como proteção para um muro, muro que cercava uma grande área.

-- Tem uma criança aqui! Não atira! – Gritou Daniel.

O homem observou por alguns instantes e gritou algo para o lado de dentro do muro. Ele voltou a dizer novamente:

-- Permaneçam onde estão! Não se mexam!

Tal lugar era a sede de alguma empresa que provavelmente havia sido tomada e passou a ser utilizada como abrigo. Esse lugar é murado e dentro dele há um pequeno prédio de dois andares apenas. O que assusta em tal lugar, é que as pessoas que se situam resolveram proteger mais ainda sua localidade com esse muro de zumbis espetados, que fica dez metros afastados do portão principal. A imagem era no mínimo macabra.

Após ouvirem as ordens do homem armado, o portão começou a ser aberto. Três pessoas lá apareceram e sinalizaram para que eles entrassem. Receosos, o grupo se dirigiu esquivando-se dos zumbis até chegarem ao grande portão de aço. Foram recebidos por dois homens e uma mulher.

-- Entrem, rápido! – Exclamou a mulher a eles. Ela vestia uma saia comprida e uma blusa fina e vermelha larga, cabelos negros e curtos, óculos escuros e aparentava ter cinquenta anos de idade.

Atendendo ao pedido da mulher, os cinco adentraram o lugar e ainda confusos com o que acabara de acontecer, começaram a perguntar:

-- O que... Quem são vocês? – Perguntou Alex.

-- Somos sobreviventes! – Respondeu a mulher.

-- Que lugar é esse? O que... – Daniel fora interrompido por um dos homens que se pôs a falar.

-- Não se preocupem, vocês terão todas as respostas! – O homem que falara tem entre setenta e setenta e cinco anos, é careca e anda com dificuldade, veste uma camisa clara e uma bermuda.

-- Olha só... Nós só estávamos atrás de comida... Encontramos esse lugar por acaso! – Exclamou Alex.

-- Sem problemas... Precisamos apresentar vocês a outras pessoas, são eles que recebem os novatos! – Disse o outro homem, trinta anos, cabelos compridos e volumosos, olhos negros e forte.

-- Eduardo vá chamar Sabrine e... Rodrigo! – Disse a mulher ao homem de cabelo comprido que rapidamente se deslocou dali.

Ao olharem em volta, viram outras pessoas, o lugar deveria ter dezenas delas. O pátio que existia entre o portão e o prédio, deveria ter mais de sessenta metros, e nele continham três carretas paradas. Olhando para o prédio, podia-se confirmar que ele tinha dois andares, e a parte de baixo era como um grande galpão, ao longe era possível visualizar barracas armadas por lá.

Enquanto esperavam, pensaram no que haviam acabado de embarcar, eles que há muito tempo não se deparavam com vivos, encontravam agora um lugar cercado com pessoas aparentemente organizadas, a topada que deram ao encontrar esse estabelecimento por engano, poderia lhes ser rendosa.

Aproximando-se deles, uma garota de possíveis vinte e cinco anos, magra, com 1,70 aproximadamente, olhos negros e pequenos e cabelo comprido liso e negro um pouco acima do cóccix. Usa uma bermuda curta jeans, um tênis e uma regata branca do T-Rex, antiga banda de rock. A seu lado está um homem com feições fechadas, cerca de trinta anos, careca e forte, tem diversas tatuagens pelo pescoço, uma delas é o símbolo do anarquismo. Usa uma calça jeans, um coturno e uma camisa preta, em sua cintura pode-se ver uma pistola.

-- Sabrine, eles acabaram de chegar! – Exclamou a mulher a moça que acabara de aparecer à frente deles.

Ela os observou sem dizer nada, olhando-os de canto de olho. Após avaliação visual, disse ao homem que o acompanhou:

-- Cuida disso, sabe o que fazer! – Disse Sabrine, após isso, retirou-se do lugar.

-- Quem são vocês?! – Perguntou altivamente o homem careca.

-- Não somos ninguém... Estávamos procurando um mercado quando vimos o muro de zumbis, nos aproximamos e o homem da guarita disse para pararmos! – Respondeu Daniel.

-- Ok... Eu me chamo Rodrigo! Como se nomeiam? – Perguntou.

-- Eu sou Alex, esse é Daniel, esse é Rubão, a garota se chama Victoria e a bebê Annabelle! – Respondeu Alex.

-- Você vai levá-los ao Músico? – Perguntou o velho a Rodrigo.

-- Tudo há seu tempo... – Rodrigo se expressava com um tom e um ar de superioridade, parecia falar em um púlpito. – Entreguem suas coisas! Estão em custódia provisória! – Exclamou.

-- O que? Custódia? – Perguntou Victoria surpresa – Nos deixe ir embora... Foram vocês que nos puseram aqui dentro! – Finalizou.

-- Fernando, Leonardo e Yuri! – Exclamou ele – Confisquem as coisas e os levem até o número três! Estamos sobre código amarelo, levarei tudo isso ao Músico, ele nos dirá o que fazer!

Os três homens igualmente armados tomaram suas coisas e passaram a levá-los pelas dependências daquele lugar. Apesar de tentarem argumentar durante o trajeto, não houve resposta positiva dos homens, que seguiram os puxando. Durante o caminho, as pessoas que se localizavam no pátio, os observavam, elas plantavam uma pequena horta ao canto enquanto observavam algumas crianças brincarem, pareciam levar a vida normalmente atrás dos muros.

Foram levados até um contêiner, que se localizava afastado das demais pessoas, encostado no muro. Um dos homens abriu a porta e os colocou lá dentro, fechando-a em seguida. Havia uma pequena fresta no lugar, uma janela pela qual entrava ar e luz naquela localidade.

-- Que porra foi essa que acabou de acontecer?! – Perguntou Rubão extremamente surpreso.

-- Eles nos prenderam aqui! Merda! Ninguém ia parar nessa joça... O cara da guarita nos ameaçou! – Tentou justificar Daniel.

-- Eles parecem ser organizados... Vocês viram o careca? Parece ser o líder deles... – Disse Vic.

-- Que história é essa de músico que eles falaram? – Perguntou Daniel.

-- Deve ser algum código! – Respondeu Rubão.

Alex observava pela janela do contêiner, viu que uma movimentação começou a ocorrer nas dependências do prédio que podia ser avistado de onde estavam. As pessoas pareciam comentar a chegada deles no lugar, alguns olhavam na direção onde estavam.

-- Essas pessoas parecem realmente viver aqui! Elas... Elas parecem querer levar uma vida normal! – Exclamou ele baseando-se no fato de ver pessoas plantando.

O lugar onde estavam era úmido e escuro, provavelmente já estava um pouco enferrujado. Todos estavam muito confusos com o que acabara de ocorrer, estavam presos por nada, não pediram para encontrar aquele lugar, estavam ou não sendo acolhidos a força.

-- Quando sairmos daqui vamos embora! Vamos sair dessa cidade! – Exclamou Daniel acalmando Annabelle que se mostrava bem agitada.

-- Concordo brother, essa galera parece ser maluca! – Disse Rubão.

-- Como eles acharam esse lugar? – Perguntou Alex.

-- Não sei, mas eles foram bem espertos... A cerca de zumbis que eles fizeram... – Disse Victoria.

-- Aconteceu muita coisa de repente! Mal entramos aqui e já nos prenderam! – Vociferou Daniel.

-- Vamos esperar o próximo passo deles... Se eles forem organizados como aparentam não vão nos manter presos aqui! – Raciocinou Alex.

Sem nada mais a fazer, permaneceram onde estavam, aguardando o que seria feito a eles. Passado-se aproximadamente três horas, houve um movimento perto de onde se encontravam presos. Passos foram ouvidos se aproximando do contêiner, Alex olhou pela pequena abertura e viu que se tratava de Sabrine, a moça que haviam encontrado anteriormente, ela trazia junto a si uma bandeja, com três copos e pães, ela estava acompanhada por um dos homens que os conduzira até tal lugar.

Sabrine sinalizou ao homem enquanto abria a porta, ele se afastou e ficou apontando o rifle ao grupo que se encontrava preso.

-- Peguem, devem estar com fome!

Alex foi quem se dirigiu até ela e vendo que o homem apontava a arma a eles, pegou a bandeja e disse em seguida:

-- Temos um bebê aqui, ela precisa comer, na nossa mochila...

-- Não se preocupe, outra pessoa trará suas coisas... Ainda está sendo decidido o será feito! – Disse Sabrine interrompendo Alex.

-- Olha só moça... Não fizemos nada... Nos deixe sair, queremos ir embora! – Disse Alex.

-- Nós não somos o que vocês imaginam... Só estamos nos protegendo, não se preocupem! – Disse ela.

Sabrine foi até a porta de abertura do contêiner para fechá-la, mas antes que o fizesse, Daniel perguntou a ela:

-- O que é o músico?

Ela parou, surpreendeu-se com a pergunta, mas sem perder a pose, respondeu:

-- Não é ‘o que’ e sim ‘quem’! – Seguido-se disso, ela fechou a porta, trancando-a em seguida, ela e o homem armado se retiraram do lugar.

Todos prosseguiram com muitas dúvidas, dúvidas sobre o significado de tais palavras, e o motivo de permanecerem presos ali. Daniel começava a se irritar, não aceitava o fato de se encontrar em tal situação, queria o melhor para Annabelle, e ficar encarcerado ali não fazia parte dos planos.

Mais um período de tempo se passou, e novamente passos foram ouvidos. Uma garota de dezenove anos, magra, morena e cabelos preto mesclado com rosa, grandes olhos claros e 1,68m de altura, segura uma mochila nas mãos. Junto dela, outra garota também se aproxima. Com aparentes quinze anos de idade, tem a aparência bem assustada, cabelos pretos e baixa, olhos negros e usa um casaco com capuz, junto delas outro homem armado as acompanha como segurança. Ao abrirem o contêiner, a moça mais velha se pronuncia:

-- Aqui estão suas coisas... Sabrine me pediu para lhes entregar! – Ela parecia um pouco introspectiva, não era do perfil de querer impor medo.

Desta vez foi Rubão quem se aproximou e pegou a mochila, ao realizar tal movimento, ele perguntou:

-- Já podemos ir agora?

-- Olha... Eu não faço parte do grupo que decide, mas... Ele vai nos dizer o que fazer logo... – Respondeu.

-- Nós não queremos nada aqui... Nos deixe sair e vamos embora, encontramos esse lugar por engano! – Exclamou Victoria.

-- Eu já fiz parte do grupo dele! – Disse a garota mais nova com a estranha aparência.

-- Grupo dele? – Perguntou Alex.

-- Cala a boca Jeniffer! Você não deveria nem ter vindo! – Disse a outra garota repreendendo-a.

-- Eu fui chutada... Ninguém lá quer me ver! Não me deixam vê-lo! – Exclamou novamente a alucinada garota – E me deixa em paz Alice!

-- Vamos embora, você tá falando demais sua maluca! Espero que ele te jogue do lado de fora qualquer dia! – Disse Alice já de saída.

-- Espera... De quem estão falando? – Perguntou Alex tentando arrancar alguma informação.

-- Ora... Estou falando do Músico! – Respondeu Jeniffer.

As garotas foram embora, a porta fora fechada e eles prosseguiram ali, sem saber o que poderia acontecer, aguardando o que aquele povo decidiria sobre eles.


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo, espero que tenham gostado!
Comentem e opinem...


Seus personagens serão detalhados aos poucos, com o passar dos capítulos...

Entramos em uma parte decisiva, haverão muitos acontecimentos a partir de agora!







Säteily



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