O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 40
Capítulo 40 - Mão Dupla (pt. 3) "Dias Futuros"


Notas iniciais do capítulo

"Você opera e motiva em combustível sintético
Você é a mãe-natureza e uma bomba atômica
Contanto que você seja mantido cheio de bonitos corpos
Seu pequeno segredo está seguro comigo..."



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Alex e Vic seguiram guiando o utilitário e seguindo as indicações que o mapa oferecido por Arnaldo lhes dava. Era uma missão complicada a deles, precisariam de sorte, pois encontrar Rubão sem ter ideia de um local para procurar era bem difícil. Os dois passavam lentamente por cada viela, por cada beco percorrido, sempre olhando para ver se não o encontravam por ali.

Apesar de tudo aparentemente correr bem, Alex estava com um fio de preocupação, começou a achar estranha a atitude da família em relação a Daniel, ele passava a pensar em várias possibilidades, e por já estar tomado por tais sentimentos, achou melhor dizer a Vic:

–- Não sei se foi uma boa ideia!

–- Por que parou o carro? E o que não foi uma boa ideia? – Questionou Victoria um tanto surpresa.

–- Não deveríamos ter deixado o Daniel sozinho com a Annabelle lá...

–- Você não disse que deveríamos dar um voto de confiança a eles? – Perguntou ela novamente.

–- Ei sei... Ainda acho que eles não são pessoas ruins, mas... Sei lá, não é muito prudente...

–- Aonde quer chegar amor? – Indagou ela tentando captar seu objetivo.

–- Vamos fazer assim... Acho melhor você voltar com o carro, só para buscar ele... Enquanto isso eu vasculho por esse quarteirão até vocês chegarem... Vou me sentir mais tranquilo assim!

–- Tem certeza? E se zumbis aparecerem?

–- Não será a primeira vez... Eu não vou me expor! Isso será até melhor, pois assim evitamos fazer ele esperar um longo tempo por lá... Traga ele e nós continuamos as buscas juntos!

–- Bom, se você acha melhor, eu também concordo! – Exclamou Victoria.

–- Que assim seja então... Ah... Leva isso... – Disse ele lhe entregando seu facão. Vic o olhou e ele prosseguiu – Não se preocupe, você sabe... Não se pode mais andar desarmado -- Finalizou Alex.

Ele desceu do carro e se despediu de Vic logo depois, ela afivelou o cinto de segurança e partiu seguindo os planos de Alex. O entregador de pizzas dizia para si mesmo que aquilo seria apenas uma precaução e que nada estaria ocorrendo a Daniel e a criança, pensando dessa maneira, ele próprio se fazia sentir melhor.

Após ver Vic fazendo uma curva e sumindo a seus olhos, Alex pegou uma faca pequena que havia ficado em sua posse e a empunhou, com muito cuidado e atenção, passou a andar lentamente pela rua, observando tudo, se atentando a qualquer movimento, não queria que nada passasse despercebido.

A rua onde se encontrava, era larga e estava completamente deserta, estava localizada em uma parte central da cidade, e por isso era preciso ter cuidado com uma possível aparição zumbi. Nessa localidade, encontram-se diversas lojinhas, uma espremida a outra, disputando o mesmo metro quadrado, o local aparenta já ter sido algo de grande movimento. O sol estava baixo, o que era um alento a Alex, pois amenizava um pouco a temperatura infernal que fazia naquela tarde.

Olhando para as lojas, podia-se ver que elas haviam sido saqueadas algumas vezes, provavelmente algum sobrevivente de passagem, ou mesmo as pessoas que fugiram, ele sabia o caos que se instaurou quando tudo começou, as pessoas viraram animais.

Caminhou mais um pouco e passou a examinar uma daquelas lojas, ela estava com seus vidros frontais partidos, e ao dar uma olhada para dentro da mesma, podia-se ver que tudo se encontrava revirado, ali era uma loja de eletrônicos.

Alex seguiu procurando vestígios de Rubão por aquele lugar, queria encontrar nem que fosse uma marca de sangue recente, mas tudo estava seco, havia algum tempo que ninguém entrava ali. O interior da loja estava escuro, e ele preferiu não arriscar uma investida no lugar.

Ao dar meia volta para seguir procurando, deparou-se com dois zumbis caminhando pela rua, lentamente vindo em sua direção. Alex os olhou e pela primeira vez prestou atenção em suas aparências, afinal, aqueles monstros já haviam sido pessoas, uma pessoa comum, assim como ele.

Um dos zumbis era um homem, bem magro, vestia uma camisa preta já deteriorada e uma bermuda cinza, não estava tão decomposto, mas sua aparência era horrenda, exalava desespero. O outro zumbi era uma mulher, gorda e com um vestido azul, ela estava em um estado mais avançado de decomposição e lhe faltava um braço.

Alex pôs-se em posição de ataque e preparou sua faca, o primeiro zumbi se aproximou e ele enterrou a faca no olho do mesmo. Sendo o mais rápido que podia, retirou a faca e se aproximando do segundo monstro, cravou-a de cima para baixo no topo do crânio da criatura.

Realizar tais atos acabara se tornando cada vez mais comum, ele começava a perder o medo das criaturas, restava saber se isso era realmente bom. Após puxar fôlego, Alex seguiu cuidadosamente verificando as lojas procurando por Rubão.


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–- Guilherme! – Gritou Arnaldo.

–- Já pegamos a menina, me deixa estourar a cabeça desse veado! – Exclamou o rapaz argumentando com o pai.

–- Eu já disse, não tenho medo de você! – Vociferou Daniel mais uma vez encarando-o.

–- Tá vendo pai, ele tá me provocando! – Disse Guilherme a Arnaldo mais uma vez.

–- Eu já te disse, pega a corda e amarra ele! Ninguém vai matar ninguém... Pelo menos por enquanto! – Exclamou Arnaldo.

Guilherme entregou a arma ao pai que passou a apontá-la a Daniel, enquanto seu filho se dirigia a outro cômodo para buscar a corda.

–- Olha só moleque, é melhor você aceitar isso... Ou então, que Deus me perdoe, mas eu vou te matar! – Disse o velho homem.

–- Deus? – Perguntou Daniel completamente transtornado.

–- O que quer dizer ateuzinho?! – Perguntou Arnaldo em tom de revolta.

–- O seu Deus apoia sequestro de crianças? – Perguntou Daniel.

–- Você tá querendo morrer é rapaz? Isso não vai me afetar não! Jesus está comigo, e você é o diabo... Jesus sempre ganha do diabo!

–- Vocês são doentes! Me devolvam Annabelle! – Gritou.

Nesse instante, Guilherme volta trazendo em mãos a corda para prender Daniel. Ao chegar de volta à sala, ele pergunta ao pai:

–- Tem certeza que não devemos matá-los?

–- Deixa-o aí, que morra comido por uma daquelas coisas, não por nossa mão... O inferno já está reservado para ele! – Exclamou.

–- Nos vemos lá então! – Disse Daniel.

Ele estava muito transtornado, um misto de sentimentos horríveis o preenchia, sentia-se extremamente culpado por estar perdendo Annabelle, não podia mensurar a dor interna que sentia no momento. Passava a encarar a morte, talvez isso o aliviasse, talvez isso o fizesse sentir-se melhor. Em seu peito naquele momento, pairava uma sombria camada de ódio.

Ainda sendo ameaçado por Arnaldo, Daniel não teve reação e nem resistência a Guilherme, que foi até ele e levando a corda, começou a decidir qual a melhor maneira de amarrá-lo.

–- Eu pensei em amarrar suas mãos, algo simples... Mas pensando melhor, você me parece Judas, então... Vou amarrá-lo pelo pescoço, que é como você merece! – Exclamou raivosamente.

Guilherme foi até ele e passou à corda em seu pescoço, fazendo um nó apertado, que o deixaria sem ar em questão de tempo, a outra ponta da corda fora presa em uma parte da janela. Ele estava como um cachorro amarrado, porém sem folga na garganta.

–- Vamos, sua mãe deve estar terminando o banho de nossa menininha! Temos que fazer nossas malas! – Disse Arnaldo a Guilherme, retirando-se da sala após isso. Mônica observou a tudo ao longe, da entrada da cozinha. Percebendo sua presença, Daniel olhou para ela e disse:

–- Mônica... Me ajuda! – Sua voz falhava um pouco, precisava economizar oxigênio. Ela olhou para ele e disse sem sair de sua posição:

–- Não posso fazer nada...

Mônica deixou o lugar para provavelmente arrumar as malas também, Daniel seguiu ali, preso como um animal, condenado a morte e sabendo que em poucos instantes, sua ‘filha’ seria levada para longe dele. O pior era imaginar que mais nada poderia ser feito, que ele não poderia salvar a criança que havia tomado nos braços após assassinar sua mãe. A responsabilidade que Daniel guardava era somente dele, e saber que tudo o estava deixando era horrível a um ponto extremo.


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Vitoria havia aceitado o que Alex propusera há poucos instantes, porém não compartilhava muito com a ideia, apesar de não ter demonstrado isso. Não se sentia bem deixando o amante sozinho na rua, pensava a todo o momento que zumbis poderiam aparecer. Ela realmente passara a gostar dele, verdadeiramente. Havia se apegado muito com o grupo, e principalmente com Alex. Perde-lo significaria perder metade de si mesma.

Por esses mesmos motivos queria ser rápida, buscar Daniel e a criança e ir logo se encontrar com ele novamente. Apesar da desconfiança inicial, ela não imaginava que Daniel pudesse correr algum risco, afinal, a família era formada por dois velhos, uma garota e um rapaz, e além do mais, o que poderiam querer dele? Seguiu então seu caminho tranquila, até adentrar o bairro da família que a recebera tão bem pela manhã.

–- Ele deveria ter ficado com esse facão... Que teimoso! Para que eu vou precisar disso... Ele ficou lá... Um zumbi pode aparecer e ele só tem aquela faquinha... Droga, Vic, não tinha nada que ter aceitado! Tudo que ele pede, eu respondo me derretendo! – Disse ela a si mesma após contornar uma curva decisiva, a curva que a levava a casa onde Daniel e Annabelle se encontravam.

–- Eu vou chegar e ele vai pensar que já voltamos com o Rubão... – Repetiu novamente para si mesma.

Encostou o carro um pouco antes da entrada da casa e desceu, mesmo sem achar necessário, pegou o facão e andou em direção à entrada. Preferiu pular a pequena cerca de ferro e foi até a porta, porém antes de batê-la, sentiu algo estranho, achou o lugar diferente. Dirigiu-se até a janela e ao olhar para dentro, tomou um grande susto.

Viu Daniel amarrado com a corda no pescoço, ajoelhado e tentando desesperadamente achar uma brecha para respirar. Ficou muito agitada, não sabia ao certo o que fazer, seguiu olhando pela abertura da janela e viu que ainda havia movimento naquele lugar, talvez eles estivessem se organizando para irem embora.

Passou a pensar em como poderia ajudar, tinha que impedir, pelo que havia visto Daniel estava sufocando na corda, e, além disso, a bebê não estava sob sua posse. Tinha que pensar em algo rápido e instantâneo. Decidiu ir até a porta, e após empunhar firmemente o facão em mãos, bateu-a.

Um burburinho foi ouvido do lado de dentro, provavelmente eles imaginavam que Alex e ela haviam retornado, e preparavam outra armadilha. Após bater mais uma vez, a porta começou a ser aberta, ela deu um curto passo para trás e se preparou.

Arnaldo abriu a porta com a arma em punho, mas antes que pudesse realizar qualquer movimento, Vic se utilizou de todas as suas forças para desferir um golpe fortíssimo no braço do velho homem. Seu membro ficou semi decepado, e ele foi ao chão gritando histericamente de dor.

Ela juntou a arma do chão e entrou rapidamente na sala da casa, Guilherme gritou pelo pai desesperadamente, e saiu correndo na direção da médica. Em um movimento de puro reflexo e sem pensar direito, ela se utilizou do revólver que acabara de pegar das mãos de Arnaldo, para disparar uma vez contra o rapaz, um tiro no meio do peito, o mesmo foi ao chão instantaneamente.

Vic correu até Daniel e cortou a corda presa na janela, e em seguida a parte presa em seu pescoço. Ele olhou para a Doutora e disse ainda recuperando o fôlego:

–- Obrigado... Obrigado Vic!

–- Onde está a neném? O que aconteceu? – Perguntou ela.

–- Fomos enganados por esses filhos da puta! Eles queriam a Annabelle! Annabelle... – Exclamou Daniel.

Ainda recuperando suas forças, Daniel se dirigiu até as escadas, antes disso fez sinal para que Victoria o entregasse o facão, ela mesmo relutante o fez. Ele seguiu sem nada dizer subindo as escadas, e ela se dirigiu em sua direção mesmo sem saber qual seu objetivo.

Os dois foram subindo os degraus, e ao chegarem ao andar superior, Daniel passou a abrir as portas procurando por algo. Vic seguia com o revolver em punho, apenas observava os movimentos aparentemente calculados de Daniel.

A primeira porta mostrava um quarto vazio, Daniel imediatamente fechou a porta e se dirigiu para o segundo cômodo daquele andar. Abriu ferozmente a porta, e lá estava quem procurava, Marta dava um banho em Annabelle tranquilamente. Ela virou-se com o susto e exclamou:

–- Que isso? Como você... Arnaldo! Arnaldo! – Daniel apenas a observou gritar por seu marido e filhos, com uma cara em que o ódio transbordava, Daniel disse a Vic:

–- Pega a Annabelle!

Victoria se dirigiu até a velha mulher e apontando o revolver recém-adquirido tomou a criança que estava sendo enxugada no momento. Marta ainda tentou refutar, mas a arma a fez não reagir. Vic se aproximou de Daniel esperando que os dois fossem embora com a menina, porém aquilo não se mostrava suficiente a ele. Ele seguiu encarando a mulher e disse para Victoria:

–- Leva Annabelle para fora e me espera!

–- Daniel... Vamos, o que...

–- Sai com ela Vic! Me espera aí fora!

Victoria não podia conte-lo, sem nada dizer obedeceu ao pedido de Daniel e deixou o quarto, fechando a porta após isso. Ela nunca havia visto Daniel agir de tal maneira, ele estava completamente tomado por sentimentos ruins, o mundo estava consumindo-o, e isso era triste de se observar.

Ela segurou firmemente a criança nos braços e apenas ouviu gritos agonizantes vindos do lado de dentro do quarto, e o som de diversos golpes de facão. Aqueles momentos provavelmente não sairiam nunca mais de sua mente.

Após mais alguns instantes, Daniel saiu do quarto, os gritos cessaram. Ele estava completamente sujo de sangue, por sua roupa, por seu corpo e por seu rosto. Victoria não quis dizer nada, não saberia o que falar, estava assustada, assustada com tal atitude.

Os dois desceram as escadas e ao chegarem ao piso inferior, viram Mônica agachada ao lado do irmão chorando, ele estava morto e uma poça de sangue se formava por conta do tiro a queima roupa que Vic desferira há poucos instantes. Daniel pegou da mão de Victoria a arma que ela portava, ela se assustou e passou a imaginar suas intenções.

–- Espera no carro com Annabelle! – Exclamou ele.

–- Daniel... Não faz isso! Já acabou, vamos embora! Acabou! – Disse ela tentando convencê-lo.

–- Eu preciso disso Vic! Eu preciso... – Disse ele olhando em seus olhos. Ela não insistiu mais, saiu rapidamente com a criança nos braços e fechou a porta de entrada, muito pensativa caminhou até o utilitário estacionado.

Após Victoria ter saído, Daniel seguiu observando Mônica, ela prosseguia chorando. Daniel empunhou a arma e apontou em sua direção, ela voltou seu olhar para ele e disse em meio a soluços:

–- Não... Daniel... – Ele fitou seu olhar no dela e disse:

–- Não posso fazer nada!

Um tiro no meio da testa da moça fora disparado, Daniel olhou para tudo em sua volta e começou a chorar, um choro de alívio e de desespero. Não tinha muita consciência sobre o que acabara de ocorrer, o que importava era que Annabelle estava a salvo e aquelas pessoas não tentariam mais nada contra ela e nem ninguém.


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Alex se dirigia lentamente pela rua, além do cuidado rotineiro com mortos vivos comedores de carne, havia o problema de sua perna. A dor já estava bem menor com o passar do tempo, mas era um grande incômodo tê-la imobilizada daquela maneira. O ferimento por ser recente ainda levará certo tempo para calcificar.

Com prática ele ia adquirindo uma melhor maneira de andar. Estava mancando, mas bem melhor do que antes, onde não conseguiria andar sozinho. Ele já começava a aceitar o fato de que talvez ficasse manco pelo resto da vida.

Ao vasculhar a região, não encontrara nenhum sinal da presença de Rubão, o que era frustrante, como realmente irá encontrar esse homem tendo uma cidade inteira para procurar? A sorte que tanto desejava ter, pareceu finalmente sorrir para ele. Ao avançar mais um pouco e chegar à entrada de um beco, entre dois blocos comerciais, o boné de Rubão fora avistado, jogado ao chão.

Alex se dirigiu até o lugar para certificar-se de que aquele era mesmo seu boné, e ao juntá-lo do chão não houve dúvida, aquele era mesmo um apetrecho de seu visual inconfundível.

O problema que Alex passara a ater agora era que tudo indicava que Rubão havia se dirigido pelo interior do beco, que era um lugar escuro apesar de estar dia. Alex precisava tomar uma decisão, e sem pestanejar optou por adentrar o local e seguir procurando o amigo.

O lugar era tenebroso e causaria calafrios a quem o percorresse, a meia luz, sujo e completamente silencioso, assim o beco se mostrava. Alex começou a se questionar o porquê de Rubão ter ido para esse lugar, ainda mais de madrugada, no horário em que saiu. Ao andar mais um pouco, ele teve outra prova da presença do vocalista ali, a motocicleta que ela havia conseguido junto com Daniel ao voltarem do famigerado encontro com os caipiras estava tombada no chão.

Ele com certeza esteve ali, foi o que Alex pensou ao se deparar com mais uma pista. Seguiu seu caminho, sempre com muito cuidado, e ao percorrer mais o beco, chegou até uma porta, porta pertencente a um quartinho abandonado.

O lugar estava deteriorado e pichado na frente, com certeza não era um lugar que pessoas comuns frequentassem, o lugar deveria ser barra pesada antes do caos se prostrar sobre a terra. A porta de madeira estava arrombada e semiaberta. Lentamente Alex a abriu e com a faca de prontidão, adentrou o lugar, que estava tão ou mais escuro que o beco.

Logo ao entrar ele topou em alguma coisa, sentiu ser um corpo, afastou-se e esperou para ver se o provável zumbi se levantaria. Tudo seguiu como estava, não era um zumbi.

Alex abaixou-se e em meio às sombras e começou a ver de quem era aquele corpo estirado ao chão. A seu lado havia um taco de baseball, o taco de baseball de Rubão. Para ter certeza, Alex pegou o corpo pelos pés e com alguma dificuldade o arrastou para o lado de fora do cortiço.

Ao virá-lo de frente, viu que se tratava realmente de Rubão, estirado a própria sorte dentro daquele lugar, podendo ser devorado a qualquer instante. Alex rapidamente verificou sua respiração, e se aliviou, ele ainda respirava.

Rubão estava completamente largado, tinha cortes pelos braços e um bem profundo no rosto, que ia de baixo do olho esquerdo até a ponta de seu queixo. Seu nariz estava completamente tomado por um pó branco, que também se espalhava por seu corpo. Alex olhou para dentro do quartinho de onde o retirara, e atestou que o local servia como ponto de venda de cocaína.

Pelo chão do lugar havia mais cocaína espalhada. Rubão dissera a eles que conhecia a cidade, e provavelmente veio ao local por ter certeza que encontraria droga abandonada ali.

Após verificar mais uma vez os sinais vitais do vocalista, Alex começou a pensar em uma maneira para levá-lo do beco, ele era pesado, não havia como carregá-lo, além de sua perna ser muito forçada caso escolhesse essa opção.

–- Pensa, pensa! – Exclamou a si mesmo.

Ele fez a única coisa que poderia fazer no momento para retirá-lo dali, pegou-o pelos pés e passou a arrastá-lo pelas dependências. O transporte seria lento, mas não poderia arriscar deixá-lo ali, já havia sido muita sorte ele não sido comido até agora, não poderia mais correr esse risco.

Ao conseguir andar alguns metros com Rubão, um zumbi atravessou o caminho dos dois. Faminto, ele se dirigiu grunhindo medonhamente até Rubão. Alex largou o amigo puxou a faca da cintura e cravou-a na cabeça da fera.

O caminho prosseguiu, cheio de receio Alex seguiu puxando o amigo até saírem do beco, realmente eles tiveram muita sorte, se uma horda os encontrasse, estariam perdidos.

Alex estava muito cansado, mas sabia que suas vidas dependiam dele, e por isso seguiu puxando os quase noventa e cinco quilos de Rubão até a rua principal, onde se sentou na calçada e passou a respirar mais calmamente.

Três minutos se passaram até que Daniel, Vic e a pequena Annabelle se juntasse a eles. Foi um choque ao verem Rubão estirado na calçada, ao descer do carro, Victoria perguntou:

–- Você o encontrou? Ele tá vivo?

–- Sim... Ele está! Mas você precisa ver ele! – Disse ele ainda cansado.

Daniel saiu do carro com a criança nos braços, se dirigiu até eles e também se manifestou:

–- Onde você o encontrou?

–- No beco... – Alex olhou para ele coberto de sangue e também perguntou – O que aconteceu, por está cheio de sangue?

–- Eles mentiram Alex, queriam Annabelle... – Disse Daniel estático.

–- O que vocês... – Disse Alex.

–- O que era preciso... O que era preciso! – Falou Daniel o interrompendo.

Victoria passou a examinar Rubão e constatou o mesmo que Alex, ele havia consumido cocaína durante aquele tempo. Preocupado, Alex perguntou a médica:

–- Você acha que ele teve uma overdose?

–- Não... Não chegou a ser uma overdose, mas ele usou muito, o corpo reclamou... Ele provavelmente estava à beira de ter um ataque! – Respondeu.

–- Então era isso... – Disse Daniel. Vic e Alex o olharam – Ele devia estar sofrendo de abstinência, por isso o comportamento estranho...

–- Tem razão! – Exclamou Victoria.

–- Droga... Ninguém percebeu, o cara deveria estar sofrendo... – Disse Alex, e após uma breve pausa prosseguiu – Vic, ele vai viver?

–- Tanto quanto nós... Sim, ele vai! – Respondeu ela.

–- Vamos colocá-lo no carro e sair desse inferno, eu não quero ficar mais nenhum segundo nessa merda! – Exclamou Daniel.

Lentamente passaram a carregar Rubão até o utilitário, e embarcando em seguida para fugir daquele traumático lugar. Muitas vidas haviam ficado por lá, muito sangue fora derramado e agora era necessário colocar a cabeça no lugar, juntar as peças e seguir viagem prosseguindo com o objetivo de chegar ao Nordeste. Ainda há muito chão pela frente.


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Em uma sala com pouca iluminação, há um homem sentado em uma cadeira de rodas, ele está amarrado, tal homem é calvo e tem os olhos negros, quarenta e cinco anos de idade aparentemente, suas feições são de enorme preocupação. De frente para ele, há outro homem, sorridente, ele é careca e tem diversas tatuagens que podem ser vistas pelo pescoço, aparentes vinte e nove anos de idade e em sua mão esquerda há um canivete.

Atrás dos dois, na parte mais escura da sala, há outro homem, ele está de costa para os dois, mas não pode ser visto pela ausência de luzes, ele cantarola no momento:

–- “You operate and motivate on synthetic fuel...” – Após esse trecho, o homem em meio as sombras faz um sinal para o careca tatuado, levantando a mão direita.

Após tal movimento ser feito, o careca abre seu canivete e ainda sorridente corta a orelha esquerda do homem amarrado à cadeira, que grita de dor. O homem nas sombras prossegue cantarolando:

–- “You're mother nature and an atom bomb…” – Mais uma vez o sinal com a mão é repetido e o careca corta a orelha direita do homem, que sangra mais ainda e se debate em meio às dores. Mesmo com tudo isso, o homem prossegue cantando:

–- “As long as you're kept full of pretty bodies… Your little secret will be safe with me…”

Outro movimento de mão é realizado e um forte grito de dor ecoa por toda a sala.




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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo, espero que tenham gostado... Opinem e comentem!


Chegamos a metade do segundo ato, e agora entraremos em uma fase muito importante da fic, aguardem...


Apenas Abby, Danii, Nyah TWD!, seus personagens serão introduzidos no próximo capítulo!
Leitor Enigmático, seu personagem será melhor introduzido no capítulo próximo!









Säteily



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