O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 4
Capítulo 4 - O Caminho para a Cidade Baixa


Notas iniciais do capítulo

O mal que os homens fazem dura para sempre...



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O ônibus chega à cidade de Iranduba, agora é só atravessar a ponte que separa as duas cidades, e todos já estarão no seu destino final. Ao passarem pela pequena cidade, as cenas desoladoras se repetem, tudo está de cabeça para baixo, e os mortos vivos são vistos agora com muita frequência e em grande quantidade.

O motorista que havia dirigido tanto apagou assim que trocou de lugar com o caminhoneiro, estava exaurido. Todos ainda tentavam se recompor das tragédias recentes, mas não seria fácil esquecer os momentos passados naquele famigerado ônibus.

Daniel pega sua garrafa de água mineral e a abre, vendo que ela estava vazia, se frustra e a amassa com a mão:

-- DROGA! – Diz raivoso.

-- Calma! É só o que nós podemos fazer... Tentar manter a calma. – Diz Angélica.

-- A minha família Angélica... A minha família é toda de Manaus... Olha só pra essa cidade, não resta mais nada... Não... – Lágrimas escorrem de seu rosto.

-- Quem sabe... – Angélica é interrompida.

-- ‘Quem sabe’?! Não tenta me consolar com palavras doces! Não tem mais nada, olha ao seu redor! Eu perdi as únicas pessoas que um dia se importaram comigo!

-- Você não pode ter certeza que seus familiares morreram... – Tenta dialogar Angélica.

-- O MUNDO ACABOU! – Daniel diz com fúria no olhar, se levanta e vai em direção à parte da frente do ônibus.

Angélica passa a mão no cabelo e se recosta na poltrona. A situação era muito delicada, os nervos estavam à flor da pele.

O ônibus chega até a ponte, há muitos carros abandonados e mortos vivos, no caminho alguns são atropelados. Olhando-se pelas janelas é possível ver o Rio Negro, o que seria uma bela imagem, se não fosse a real situação. Nem a mais bela paisagem poderia ser admirada agora, as pessoas estavam mudando, mudando por dentro.

As pessoas começam a se preparar para descer pegando suas coisas. Daniel volta até seu assento para pegar sua mochila, olha para Angélica e diz após respirar fundo:

-- Me desculpe, eu...

Ela apenas olha para ele e nada diz. O ônibus desce a ponte, já está na cidade, ao fazer a primeira curva já é possível ver a destruição, há um caminhão tombado pegando fogo, além de mais carros abandonados, lixo espalhado pelo chão, uma desordem total. Eles estão em um bairro central, as ruas são largas, há prédios, mas não há sinal algum de vida. Apenas os mortos caminham sobre o asfalto.

O homem que dirigia o ônibus entra em uma rua menor, ao fazer esta curva, se depara com uma verdadeira horda de mortos vivos, provavelmente uns cinquenta monstros, todos se assustam. Ele tenta voltar, tenta desviar, mas acaba perdendo o controle e batendo na frente de um bar. O impacto é forte, as pessoas no ônibus caem, mas nada de mais grave acontece.

O caminhoneiro abre a porta do ônibus e é o primeiro a sair, corre em disparada pelas ruas. As pessoas se desesperam, gritam e começam a sair do ônibus também. Aquela quantidade exorbitante de zumbis começa a se aproximar do ônibus, eles não são muito rápidos, mas também não são tão lerdos.

Daniel e Angélica descem do ônibus, e vêm o caminhoneiro ser devorado, um homem que desceu por último, vê a cena e diz atordoado:

-- Meu Deus! – O homem olha para os dois e diz:

-- Vocês vão ficar parados aí! Venham, nós temos que correr, temos que nos esconder!

Os dois começam a correr acompanhando o homem. Ele é alto, moreno e careca, seu porte físico não é de nenhum atleta, há até uma barriga um pouco protuberante em seu corpo, aparenta ter uns 42 anos. No meio de tanta correria, Daniel para e diz:

-- O motorista!

-- O que?! – Pergunta Angélica sem entender.

-- O motorista tá desmaiado no ônibus!

-- Vamos logo cara, deixa ele lá! – Diz o homem.

-- Nós devemos isso a ele, ele nos trouxe até aqui!

-- Se nós voltarmos, nós vamos morrer! – Diz Angélica em ar de desespero.

-- Então corram, porque eu já estou morto!

Daniel corre de volta em direção ao ônibus, Angélica grita para ele não ir, o homem a puxa para longe de tudo e os dois correm para salvar suas vidas.

No caminho de volta para o ônibus, Daniel vê mais passageiros sendo devorados, ele mesmo tem de se desvencilhar de um no trajeto, com um empurrão, ele enfim consegue entrar de volta no ônibus e fechar a porta. Por sorte nenhum morto vivo havia entrado no veículo.

Angélica e o homem correm até um beco, não são seguidos, pois a horda havia visto Daniel correr até o ônibus e o cercaram, o restante deles estava devorando o que sobrou dos passageiros.

Ao chegarem ao beco, eles avistam um zumbi, na tentativa de sobreviver, o homem puxa Angélica em direção a um estabelecimento abandonado, provavelmente uma lojinha, que estava com a porta arrombada. Os dois entram e se abaixam, tentando não serem percebidos pelo monstro do lado de fora, os dois estão com muito medo, Angélica chora baixo, a apreensão é cortada por um sussurro:

-- Façam silêncio e venham comigo! – Essa voz que sussurra vem de trás de um balcão, de um homem em meio à penumbra, não é possível ver seu rosto. Sem escolha os dois seguem o desconhecido que os leva até uma sala.

Ao chegarem nesta sala o homem acende a luz, era provavelmente um escritório nos fundos da lojinha. Com a iluminação, era agora possível enxergar quem os estava ajudando. Um homem forte, olhos claros, cabelo negro e curto, e barba por fazer os observa, vestia uma camisa branca e calça jeans, em sua camisa é possível observar manchas de sangue. Ele estende a mão para Angélica e diz:

-- Olá, me chamo Alex... Alexander!

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Daniel respirava de forma rápida, contínua. Dirigiu-se até o motorista deitado em um dos assentos, continuava apagado.

-- Acorda cara, vamos! Eu vou morrer por sua causa desgraçado, então pelo menos acorda!

O motorista segue no mesmo estado, parecia estar em coma, o esgotamento havia sido muito profundo. Os mortos vivos já cercavam o ônibus, empurravam a porta tentando entrar, Daniel sentou-se no chão, respirou fundo e exclamou:

-- Que merda hein?!

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Angélica hesitou um pouco antes de apertar a mão de Alexander.

-- Angélica. – Disse ela brevemente.

Alex apertou sua mão e dirigiu o cumprimento ao outro homem.

-- Me chamo Geraldo, obrigado Alexander!

Ele fez um sinal positivo com a cabeça e disse se sentando em uma mesa na pequena sala.

-- De onde vocês vieram?

-- Nós estávamos em um ônibus, mas aconteceu um acidente e nós tivemos que nos esconder. – Responde Geraldo.

-- Vocês causaram um grande problema, o barulho do ônibus atraiu muitos zumbis pra cá! – Disse novamente Alex.

-- E você, de onde você veio, é dono desta loja? – Perguntou Geraldo.

-- Não... – Dá um breve sorriso – Eu estava atrás de comida, quando ouvi o barulho do acidente de vocês e tive que correr, vieram muitos zumbis. – Levanta a mão esquerda mostrando um facão ensanguentado – Tive que me livrar de alguns pelo caminho!

Angélica não dizia nada, apenas o observava, Alex levanta, dá uma breve olhada para o restante da loja e volta a dizer:

-- E o resto de vocês, só sobraram vocês dois?

-- Bom... – Geraldo é interrompido.

-- Sim, os outros estão mortos! Completa Angélica.

-- Sinto muito. Temos um problema agora, precisamos sair daqui e tentar chegar no acampamento.

-- Você tem um acampamento? – Pergunta Angélica surpresa.

-- Eu montei um acampamento, algo simples, mas no momento é o mais seguro que temos.

_____________________ X________________________

Daniel levantou-se e começou a andar de um lado para o outro no ônibus, era questão de tempo até que os zumbis invadissem o veículo.

-- Eu vim pra te salvar gordo maldito, mas como você não acordou, eu vou ter que dar um jeito de sair daqui!

Ele passava a mão na cabeça constantemente, tentava pensar em algo. De repente ele para, franzi a testa e diz:

-- É isso mesmo Daniel, pode dar certo!

Ele se dirige até uma das janelas e observa a quantidade de mortos vivos do lado de fora, é exorbitante. Ele pega o motorista e com dificuldade o leva em direção à porta do ônibus e o larga lá. Respira fundo e abre à porta do ônibus, o motorista desacordado cai para o lado de fora do ônibus e começa a ser devorado, Daniel sai do ônibus em um pulo, e começa a correr. Do lado de fora há muitos zumbis, Daniel é encurralado por um, como está sem armas, ele segura o monstro pelo pescoço e bate sua cabeça na parede várias vezes até seu crânio ser esmagado.

Coberto de sangue, ele continua correndo, entra em um beco e leva uma flechada no ombro, de súbito, inesperado. Ele cai no chão gritando de dor, quando ouve uma voz feminina dizer:

-- And, ele tá vivo, o que você fez?!


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Notas finais do capítulo

Mandem mais sugestões de personagens, os que já foram sugeridos começaram a ser desenvolvidos neste capítulo.
Obrigado!







Säteily