O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 34
Capítulo 34 - O Co-Evento Principal


Notas iniciais do capítulo

"Todas essas palavras que nós não podemos resgatar, dividem planetas em terços..."



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-- Isso é impossível Vic... Impossível! – Exclamou Daniel incrédulo após ouvir o que Victoria lhe dissera, imaginar uma cirurgia cerebral sendo feita em tais circunstancias soava como algo irreal.

-- Eu sei que pode parecer impossível, mas...

-- É impossível Vic! Esquece! – Exclamou Daniel mais uma vez sisudo.

-- Presta atenção... – Vic se aproximou e prosseguiu falando bem próximo a Daniel – Eu não posso ficar de braços cruzados esperando ela morrer... Eu devo minha vida a vocês! Vocês de certa forma me salvaram do inferno que eu me encontrava, enquanto eu puder ajudar... Vou fazer meu máximo!

-- Eu entendo Vic... – Daniel seguiu o mesmo tom de voz da doutora – Mas pensa bem... Se você for fazer uma cirurgia na cabeça dela, ela não vai resistir! Me diz de verdade, qual a chance dela sobreviver a uma intervenção desse tipo? – Victoria o fitou e disse suspirando:

-- Uma chance maior do que a de agora... Uma chance maior do que definhar nessa maca... Se me permitir operá-la, era terá uma chance!

-- Desculpe Vic, mas... Você tem que entender... Você não é especialista em neurocirurgia! – Daniel tentava a todo o momento refutar qualquer possibilidade da realização da cirurgia, considerava aquilo absurdo.

-- Eu fiz um juramento quanto me formei... Ninguém liga muito pra esse tipo de coisa, mas o nosso juramento deve durar por toda a nossa vida... Eu jurei que protegeria a vida e usaria de meus conhecimentos para preservá-la... Não me faça assistir ela morrer sem que faça nada! – Vic demonstrava estar bem emocionada.

Daniel tentava entender o lado da moça, mas ainda não conseguia compreender toda essa história de cirurgia, não achava necessário. Tentava compreender também todo esse desejo de Vic em realizar a intervenção, e por ela se sentir responsável por todos. Tentando ser sensato, Daniel seguiu a conversa perguntando:

-- Você tem certeza mesmo que ela esta com um aneurisma?

-- Pode confiar em mim! Ela começou com a instabilidade entre o estado de consciência e inconsciência, e quando estava acordada, ficava grogue e tonta a todo o momento... Ela estava com uma dor aguda na cabeça, ela mesma relatou ser insuportável. Além disso, ela demonstra sinais no rosto e na cabeça, um grande inchaço interno... A pancada foi muito forte e causou uma hemorragia na região cerebral, daí o aneurisma... Essa lesão já se mostra óbvia, e bom... Está em um estado crítico!

Daniel passou a mão rosto em sinal de grande preocupação, virou-se de costas e seguiu pensando em tudo que Vic dissera, era algo agora que fazia bastante sentido. Ele não podia ignorar os conhecimentos e a experiência médica dela, e começava a passar por sua cabeça que talvez a ideia de Vic pudesse ser viável. Pensou também que a possibilidade da morte de And era muito grande, e começou a chorar ao pensar em tudo isso.

Victoria foi até ele e o abraçou, ela também estava emocionada, e apesar de tentar passar a Daniel a certeza que sua ideia de cirurgia era o melhor caminho, ela tinha a noção de que as chances de dar certo eram muito pequenas. Apesar da cirurgia talvez não ser o melhor caminho, era o único. Não havia recursos e nem tempo para tentar qualquer outra coisa, portanto essa possibilidade deveria sim entrar em pauta.

_____________________ X________________________

Depois de enfrentar os zumbis no setor de infectados, Rubão seguiu cuidadosamente dirigindo-se até a saída da Unidade. Olhava atentamente para todos os lados, e tomava bastante cuidado a todo e qualquer passo que efetuava.

Ao finalmente chegar até a saída, olhou para o lado de fora antes de sair e deparou-se com mais cinco zumbis, todos rondando o carro onde Alex e a criança estavam. Olhou na direção deles, e não os viu, provavelmente eles haviam se escondido dentro do utilitário, porém os zumbis podiam sentir seus cheiros, portanto sabiam que eles ali estavam.

Os monstros já começavam a bater com o corpo e as mãos na lateral do veículo. Rubão sabia que tinha de fazer algo antes que mais deles chegassem, ou que eles conseguissem quebrar algum vidro ou algo parecido.

Respirou fundo e correu na direção dos infectados, o primeiro fora atingido na cabeça, o segundo recebeu um golpe na lateral do corpo. Como todos haviam corrido para cima do vocalista, Rubão não teve espaço suficiente para golpear com o taco todos de imediato.

O terceiro zumbi fora afastado com um chute, e já recuperando distancia, Rubão fez um movimento e desferiu um golpe muito forte do quarto zumbi, destroçando sua cabeça. Ele aproveitou o mesmo movimento para dilacerar o segundo zumbi que já havia se levantado.

Rubão afastou mais um com um chute no estômago, e após dar uma forte pancada no queixo de outro, aproveitou que os mesmos estavam no chão para destruir suas cabeças com diversos golpes.

Após toda a ação, ele estava exausto, sentia seus ossos moídos, havia a pouco tempo passado por um acidente de carro, cortado o supercílio e pouco tempo depois, já se via obrigado a estourar cabeças de zumbis para sobreviver. Ele mesmo não sabia se conseguiria encarar mais zumbis novamente, estava realmente muito cansado.

Olhou para o lado de dentro do veículo e viu que Alex e a criança realmente haviam ficado escondidos durante aquele período. Alex abriu a porta do carro, e ao observar Rubão, que estava com as mãos nos joelhos e bastante ofegante, disse:

-- Obrigado cara!

-- Eu... Eu to muito velho pra isso brow! – Respondeu entre fortes movimentos respiratórios.

-- Você poderia ter morrido...

-- Eu vim... Vim te buscar! Você e a gatinha aí! – Disse olhando para o bebê. – Vambora!

-- Esse é o problema! Como eu vou andar até onde eles estão?! – Perguntou frustrado a Rubão.

-- Precisamos ver isso logo, antes que apareçam mais zumbis! – Alertou Rubão.

-- Vamos então! – Exclamou receoso Alex.

Ele entregou a criança a Rubão, e começou a se esforçar para erguer-se e sair do carro. Em meio a gemidos e muita dor, Alex conseguiu ficar de pé, preferiu não apoiar-se com as duas pernas no solo, ainda com medo de piorar sua fratura.

Alex então dobrou um pouco a perna fraturada, e mesmo sentindo uma forte dor, começou a se deslocar lentamente se utilizando de pulos para sair do lugar. Rubão acompanhava de perto verificando se mais nenhum zumbi se aproximaria.

Foi pulando com apenas uma perna que Alex conseguiu chegar até a entrada do local, sempre com muita dificuldade e bem devagar. Sentiu uma dor enorme, o esforço, apesar de não parecer muito, poderia dificultar sua recuperação, era preciso ter muito cuidado com tal tipo de ferimento.

-- Espera... Não consigo... – A dor era muita, Alex ainda não havia precisado fazer um esforço dessas proporções depois do acidente, e por isso estava sentido bastante.

-- Pensa que isso é uma fisioterapia cara! – Disse Rubão. Alex preferiu não dizer nada, já estava bastante irritado com tudo que estava acontecendo. O próprio vocalista voltou a dizer – Espera... Pega isso!

_____________________ X________________________

-- Vamos decidir isso em grupo! Todos têm que emitir opinião! – Disse Daniel a Vic já um pouco mais calmo.

-- Tudo bem... Claro... – Respondeu brevemente Victoria.

Depois de dito isso, ela dirigiu-se até Andressa que se encontrava deitada na maca, verificou mais uma vez seu sinais vitais, e após puxar uma bandeja com alguns utensílios médicos, disse a Daniel:

-- Preciso que você me ajude!

-- Com o que?

-- Vamos vira-la, quero ver o ferimento de trás da cabeça!

-- Tudo bem!

Daniel foi até ela, os dois com muito cuidado viraram And, que ficou de bruços na maca, Vic que já havia separado diversos materiais enquanto esteve só, calçou um par de luvas e voltou a dizer:

-- Vamos ter que raspar o cabelo dela!

-- Raspar?

-- Mesmo que a operação não seja realizada, eu quero limpar e fazer um curativo bem feito na cabeça dela...

-- E vai fazer diferença? – Perguntou Daniel.

-- Para mim vai! – Respondeu Victoria.

-- Ok... Como vamos raspar o cabelo dela? – Indagou Daniel.

-- Aqui é uma enfermaria, sempre tem um aparelho desses de raspar cabelo... Curativos na cabeça são feitos com frequência... Ué, você deveria saber! – Respondeu Victoria.

-- Eu nunca fui de sair muito do raio-x...

Vic começou a procurar pela máquina, depois de revirar por alguns instantes, encontrou-a.

-- Aqui está! Vamos lá...

A médica começou a observar onde era o ferimento, olhando por entre os fios de cabelo de Andressa. Ligou o pequeno aparelho e começou a raspar o cabelo dela. Daniel achou estranho, estava acostumado a vê-la com seus fios loiros mesclados com preto, isso era uma marca de sua forte atitude.

Começou a imaginar também qual seria sua reação ao acordar e estar careca. Conseguiu tirar um pouco de humor daquela situação, mas ao mesmo tempo ele já passava a ter consciência de que ela poderia não retornar mais.

Enquanto o cabelo de And era raspado cuidadosamente, um barulho vindo do corredor fora ouvido, Daniel olhou para Victoria e indagou:

-- Está tudo trancado?

-- Sim, está! – Respondeu.

A preocupação de Daniel era de que zumbis tentassem invadir a enfermaria onde estavam, eles não haviam verificado por toda a Unidade, por isso a qualquer momento eles poderiam aparecer. O barulho aproximou-se cada vez mais, até um bater de porta ser ouvido:

-- Somos nós!

Era Rubão pedindo para entrar no local onde estavam. Dan e Vic haviam percebido que junto ao som dos passos de Rubão, outro som diferente também fora escutado. Assim que Daniel abriu a porta, a resposta foi obtida. Alex estava em uma cadeira de rodas sendo empurrado por Rubão.

-- O que foi aconteceu alguma coisa? – Perguntou Daniel espantado.

-- Não, tá tudo bem! – Tranquilizou Alex.

-- E o bebê? – Voltou a indagar Daniel.

-- Ela está bem... Toma!

Alex que a trazia, entregou-a a Daniel que de prontidão a tomou nos braços. Ele havia ficado preocupado com sua segurança, passava a se importar bastante com a nova integrante do grupo.

-- O Alex tava vindo igual um saci, então achamos melhor pegar essa cadeira! – Disse Rubão.

-- A perna ainda esta muito dolorida? – Perguntou Vic.

-- Bastante... Mas... O que está fazendo? – Perguntou Alex parando para prestar atenção no que Victoria fazia.

-- Eu vou melhorar o curativo, precisei raspar o cabelo! – Respondeu ela enquanto finalizava o serviço. Andressa agora estava com a cabeça completamente raspada.

-- Precisamos conversar sobre algo muito importante! – Exclamou Daniel a todos, porém seu olhar estava na criança.

-- Que coisa importante? Ah... Brother, ela precisa comer! – Disse Rubão olhando para Daniel e referendo-se ao bebê.

-- A Andressa... Ela está em um estado muito grave... – Começou a dizer Victoria aproximando-se de todos – Eu já a examinei diversas vezes, e posso afirmar... Ela está com um aneurisma!

-- O que é um aneurisma? – Perguntou Alex.

-- Por conta da pancada forte que ela recebeu na cabeça no momento do acidente, criou-se um coágulo no cérebro, um coágulo bem extenso... Isso é um aneurisma! A partir do momento que esse sangue se aloja na região cerebral, vai comprometendo as funções do organismo... A convulsão que ela teve, foi mais um efeito desse trauma, como se fosse um AVC... – Passou a mão nos cabelos e exibiu em seu rosto uma feição de bastante preocupação – Permanecendo dessa forma... Ela vai morrer... Ela está morrendo, aos poucos! – Finalizou Vic.

Aquela explicação surpreendeu a todos, Victoria explanara de um jeito compreensível o estado de saúde da companheira de sobrevivência. Todos agora sabiam como a situação estava se agravando cada vez mais, e como o acidente os havia comprometido. Eles estavam sem carro, sem abrigo e com uma amiga a beira da morte.

-- Não podemos fazer nada então? Ela vai morrer? – Perguntou Alex novamente.

-- Bom... Podemos...

-- E o que é então? – Perguntou Rubão.

-- Eu pretendo operá-la e queria saber a opinião de todos! – Respondeu.

Mais uma vez a frase de Vic causou choque a todos. Como ela poderia operar um cérebro na condição que se encontravam? Pensavam eles. A ideia de algo como esse era bem espantosa, mesmo sem conhecimentos médicos, era possível imaginar que era muito difícil, se não improvável, que uma cirurgia desse certo a essa altura, e esse era o pensamento comum.

-- Peraí... Você tá me dizendo que a brabinha tá com um sangramento no cérebro e você quer retirar esse sangue? – Perguntou Rubão surpreso.

-- Basicamente sim! – Respondeu.

-- E como isso é feito? – Indagou Alex.

-- Eu vou fazer uma incisão na parte de traz da cabeça dela de ponta a ponta e puxar a pele para revelar o crânio... Depois eu retiro uma parte do osso para revelar o cérebro, e aí vou retirar esse sangue que se acumulou. Fazer uma pequena limpeza na área, depois fechar e costurar tudo! – Respondera a pergunta de forma natural.

O modo como ela falara passava a impressão de que seria algo simples e fácil de ser realizado, mas todos sabiam que isso não era verdade. Uma cirurgia desse tipo envolvia muitos riscos, riscos que precisariam ser medidos se poderiam ser corridos.

-- Vic... É tudo muito... Eu não sei... – Alex mostrava-se bastante confuso com tudo que fora dito anteriormente.

-- Só peço que vocês entendam... – Disse Victoria novamente – Essa é a única chance dela, se nada for feito ela vai morrer!

-- Mas se isso for feito, quais são as chances? Sinceramente Vic... – Explanou Rubão.

-- São maiores do que se não for feito! – Refutou.

-- Precisamos decidir isso logo! Ou tentamos a cirurgia ou aceitamos e esperamos ela morrer! – Disse Daniel.

-- Eu... – Alex começara a expressar sua decisão, mas preferiu perguntar antes – Você pode afirmar com certeza que esse é mesmo o estado de saúde dela?

-- Alex... Eu sou médica, eu nunca faria nada sem ter certeza, nunca arriscaria a vida dela dessa maneira se não tivesse certeza! – Exclamou.

-- Eu sou a favor então. – Falou Alex.

-- Beleza Doutora! – Respondeu Rubão seriamente.

Victoria olhou para Daniel que balançou a cabeça positivamente, ela finalmente conseguira o aval para realizar a cirurgia mais importante de toda a sua vida. Respirou fundo e olhando para todo disse:

-- Vamos começar! Alex, você vai me auxiliar!

-- Eu? – Perguntou surpreso – O Daniel trabalhava em hospitais, ele tem bem mais conhecimento do que eu nesse ramo...

-- Não nesse caso... Ele era do raio-x, não tem experiência em enfermagem e nem em centro cirúrgico!

-- Mas se nós dois temos as mesmas condições, por que me escolheu? – Perguntou novamente.

-- Bom... Ele tem que cuidar da criança! – Respondeu.

Alex havia se surpreendido com o pedido de Vic para que ele a auxiliasse na cirurgia. Imaginou que Daniel o faria já ele era dessa mesma área. Victoria havia tomado tal decisão por diversos motivos, primeiro para tentar levantar a autoestima de Alex, pois após a fratura na perna, ele havia ficado impossibilitado de realizar diversas tarefas. Segundo pelo fato dele não poder lutar em caso de uma invasão de zumbis, portanto era melhor ter Daniel na linha de frente com Rubão do que dentro do centro cirúrgico. O terceiro motivo era que aquele momento era muito difícil para ela, e precisava ter a seu lado alguém que ela tivesse um carinho especial, e esse era Alex.

-- Tudo bem então... Você vai precisar me guiar, eu nunca fiz nada parecido! – Falou Alex.

-- Não se preocupe! – Disse Victoria.

-- Nós vamos achar a cozinha... Temos que alimentar essa gatinha aqui! – Disse Rubão se referindo à criança.

-- Tudo bem, nós vamos preparar tudo aqui! – Explanou Vic.

-- Vocês vão fazer a cirurgia aqui na enfermaria? – Perguntou Daniel.

-- Não... Todas essas Unidades de Emergência tem um centro cirúrgico, para casos imediatos! Eles sempre ficam perto do setor de enfermagem, precisamos encontrar! – Exclamou Vic.

-- Ok então... Vamos achar esse lugar agora mesmo e fazer o que tivermos que fazer! – Finalizou Rubão.


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo, espero que tenham gostado!

Comentem e opinem!

Os próximos capítulos serão decisivos!








Säteily



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