O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 23
Capítulo 23 - O Fim - Terceira Parte


Notas iniciais do capítulo

"Me deixe sozinho, pois você não pode ver o que me pertuba"



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-- Caralho! Caralho! E agora?! – Perguntava um dos homens ao outro que estava do seu lado, os dois haviam se jogado para trás do furgão em meio a todo o conflito que ocorria.

-- Eles já queimaram quatro dos nossos! – Disse novamente o homem.

-- Cinco, o Estevão também morreu! – Exclamou o outro homem como resposta.

-- Puta que pariu! E agora?! Porra! Como eles sabiam que nós viríamos?! E como eles podem ter armas?!

-- Nós ainda estamos em cinco, acho que ainda somos maioria!

-- Isso mesmo, ainda podemos matar todos eles!

-- Mas nós estamos sem armas, só temos nossas facas. Como vamos saber se eles não têm mais armas?!

-- E o que vamos fazer? Ficar aqui atrás escondidos?

-- Presta atenção... Os tiros pararam!

-- Quem ficou sem balas? Nós ou eles?

-- Cadê o resto do nosso pessoal?

Outro homem vem até eles, se jogando onde estavam, ele olha para os dois e diz:

-- Foi por pouco, eu quase fui atingido!

-- Só sobrou você? – Recebe esta pergunta de um deles.

-- Não, acho que ainda têm mais dois, eles devem estar no nosso outro carro aí na frente!

-- Eles já imaginavam que nós viríamos! Tudo por culpa daquelas vagabundas! Espera só eu pegar aquelas duas, vou arregaçar até elas implorarem pela morte!

-- Acho que o nosso problema agora é outro, nós não sabemos se eles ainda têm armas! Estamos vulneráveis!

-- Vulnerável é o caralho! Nós não viemos para invadir a praça?! Então vamos invadir essa merda!

O homem se levanta e vai agachado na direção do portão, olha para todos os lados tomando muito cuidado para ver se tinha alguém em sua espreita. Ao notar que ninguém o via, o homem começou a se preparar para subir no portão e adentrar a praça. Quando começou a subir foi surpreendido por algo que não esperava, havia olhado para todos os lados menos para dentro da própria praça. And estava lá, perto de Belle que estava caída ao chão, ela não pensou duas vezes antes de atirar no meio da testa do invasor, que caiu com a cabeça estourada do lado de fora da praça.

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-- Quem é você? Ei... Ei... Fica acordado! – Exclamava Daniel a Beto caído ao chão com o ferimento na barriga. Daniel comprimia a barriga dele com as mãos, em uma tentativa de estancar o sangue, não tinha nenhum tipo de material que pudesse ajudar, e não podia também sair dali ou seria visto e provavelmente morto pelos homens que se confrontavam com o grupo da praça.

-- Você o conhece? – Perguntou receosa a mulher que estava a seu lado.

-- Não... Quem é você afinal?

-- Meu nome é Victoria. – Disse a introspectiva moça. – Acho que posso ajudá-lo, sou médica!

-- Médica? – Perguntou espantado Daniel – Espera... – Olhou mais próximo do jaleco de Victoria e viu que conhecia o emblema – Você é do Hospital Adriano Jorge?

-- Sim, você conhece? – Perguntou ela.

-- É claro que conheço, eu já fui voluntário lá!

-- Voluntário?

-- Eu fiquei ajudando no raio-x... Bom, isso é o que menos importa agora! Você pode mesmo ajudar?

-- Claro!

A mulher tomou o lugar de Daniel e se dirigiu até Beto, que lutava para permanecer consciente. Ela verificou o sangramento, e fez um pedido a Daniel.

-- Me ajuda a tirar a camisa dele, mas com cuidado! – Daniel a ajudou a levantar um pouco o seu tronco e os dois tiraram a camisa de Beto, ela a dobrou e começou a fazer pressão no ferimento. – Me ajuda a virar ele um pouco! – Disse ela novamente a Daniel. Os dois viraram um pouco o corpo de Beto e ela pode verificar que a bala não havia atravessado para o outro lado do corpo dele, além disso, pode ver também que havia outro sangramento em Beto, um tiro o havia acertado pelas costas.

-- Droga! – Exclamou Daniel. Ele também percebera o outro tiro. Depois de examinar Beto, Victoria disse a Daniel:

-- Ele levou dois tiros, um no estômago e ou outro provavelmente atingiu um dos pulmões.

Beto seguia agonizando ao chão, não conseguia falar, estava com o martelo firmemente na mão direita e sentia muita dor. Daniel dava diversos tapas de leve em seu rosto para que ele permanecesse acordado. Não havia muito que ser feito, apenas tentar estancar o sangramento.

-- Qual é a sua especialidade? – Perguntou Daniel olhando para Victoria.

-- Eu sou Clínica Geral! – Respondeu ela.

-- Eu sou Técnico em Radiologia... O que você fazia no furgão? É uma deles? Faz parte do grupo?

-- Bom... Eu... É uma história complicada... – Ela se emociona ao falar disso, lágrimas começam a escorrem de seu rosto. Daniel a olha e pergunta:

-- Quem é você afinal?

-- Como você já percebeu – Disse enquanto continuava a pressionar o ferimento de Beto – Eu trabalhava no Adriano Jorge até o mundo ficar de cabeça para baixo... Eu atendi um desses homens e acabei me juntando ao grupo deles por medo, para tentar me proteger! Eles me disseram que eram apenas três, mas me levaram a um lugar que tinha quase quinze homens! Alguns morreram há um tempo atrás, foram mordidos... Eles... Eles... – Disso chorando bastante – Me estupraram diversas vezes! É por isso que eu estou assim! – Disse se referindo a seus trajes – Eu fiquei com medo, eles... Me ameaçam todo o tempo, eu não tinha para onde ir... Me tornei escrava deles!

Victoria chorava copiosamente, Daniel percebeu que era muito difícil para ela estar contando tudo aquilo. Ele assumiu seu lugar no ferimento de Beto e deixou que ela se recompusesse, ainda mais porque eles poderiam ser ouvidos.

-- É por isso que você estava no carro? – Perguntou Daniel.

-- Sim! – Disse ela enxugando as lágrimas.

Beto começava a ter uma crise, sua situação estava crítica, ele tentava respirar e começava a ter pequenos tremores no corpo como se entrasse em choque. Ao ver que Victoria não havia tomado uma atitude ao ver tal ataque, Daniel a questionou:

-- Não vai fazer nada?

-- Não há mais o que ser feito!

-- O que? Você não pode fazer nada?

-- Se eu tivesse um centro cirúrgico eu poderia ajudá-lo! Ele está entrando em choque provavelmente pelo princípio de hemorragia que está tendo. O corpo dele vai entrar em colapso e ele vai ter uma PCR daqui a alguns instantes! – Afirmou ela.

Daniel apenas seguia segurando Beto, tentando amenizar seu ataque. Com o conhecimento que tinha, Daniel sabia que seguramente não poderiam fazer mais nada por ele, Beto já estava condenado.

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Alex saiu de seu esconderijo atrás das mesas e foi até a avenida. Os homens que o atacara estavam usando os carros como abrigo, com a arma em punho Alex disse:

-- Saiam daí! Temos mais pessoas escondidas com armas apontadas para vocês! – Ele tentaria intimidar os homens, sabia que teria que ser convincente em seu blefe.

-- Você está sem balas! – Gritou uma voz de trás de um dos carros.

-- Você tem certeza? Ou será que são vocês que estão sem munição? – Voltou a perguntar Alex.

-- Só queremos as vagabundas, nos entregue elas e mais ninguém se machuca!

-- Não tem acordo! E como assim ninguém mais se machuca? Só vocês tiveram perdas! – Afirmou Alex.

-- Nós matamos três dos seus! – Voltou a gritar a voz. Alex não sabia se aquilo era realmente verdade, ele sabia que Beto provavelmente teria sido atingido, mas quanto aos outros não podia ter certeza. Apenas manteve o blefe e voltou a dizer:

-- Vocês podem morrer a qualquer momento! Como eu disse, temos mais pessoa escondidas!

-- Nós estamos com o seu amigo aqui! – Gritou a voz. Alex surpreendeu-se, seria mesmo verdade de que Daniel estaria naquele momento com eles? Sem saber, continuou:

-- Me mostra ele então!

-- Vamos parar de ser ridículos! Nenhum de nós tem balas, então abaixa essa arma e vamos negociar!

-- Eu não negocio com o seu tipo de gente! – Disse firmemente Alex.

-- Então ele morre! Vamos matar o seu amigo!

-- Você está blefando! Não acredito em você! – Disse Alex.

-- Então temos algo em comum! Eu também não acredito em você!

Alex sabia que aquilo seria um jogo de palavras, sentiu falta de Gabriel, que saberia argumentar bem naquela situação. A tensão estava em níveis estratosféricos, Alex sabia que tinha que ganhar aquele duelo de alguma maneira.

-- Se vocês estão com ele, me mostra!

-- Isso se trata de uma troca! Oferta e demanda! Nos mostra as gêmeas, que vamos te mostrar ele!

O tempo que apenas ameaçava, fez começar a cair uma forte chuva sobre todos. O dia começou a escurecer. Alex seguia na mesma posição, olhava para o carro que escondia o homem com o qual se comunicava, e com a arma em punho voltou a dizer:

-- Você quer negociar?! Então sai daí! – Sabia que tudo isso era arriscado, mas precisava ver se o homem estava realmente desarmado, e se o homem falava a verdade.

A voz que falava com Alex materializou-se na forma de um homem moreno, alto e forte. Ele saiu de trás do carro e com as mãos erguidas disse:

-- To aqui! Agora vamos negociar, eu te entre... – O homem não conseguiu terminar a frase, Alex disparou a arma até ela descarregar, foram dois tiros. Um acertou o pescoço e o outro o peito daquele que falava. Alex não pensou direito em sua atitude, apenas aproveitou a oportunidade que teve ao ver o homem desarmado.

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Daniel ainda segurava Beto quando ele teve uma parada cardiorrespiratória. Não tendo muito mais o que fazer, começou a realizar a manobra para tentar ressuscitá-lo. Victoria sabia que aquilo não adiantaria, em condições normais, dentro de um hospital Beto já estaria em uma situação complicada. Da forma que estava, jogado ao chão sem os materiais propícios, ele já estava morto.

Ele seguiu fazendo as massagens cardíacas até perceber que não fariam efeito, passou a mão sobre os olhos de Beto os fechando, ele realmente estava morto. Victoria encostou sua mão no ombro de Daniel sinalizando que sentia muito pela perda. Eles não o conheciam, mas como profissionais da saúde, sempre achavam triste quando alguém morria em suas mãos, sem que pudessem fazer nada.

-- O que vamos fazer agora? – Perguntou Victoria.

-- “Vamos”? Você não tem ligação alguma comigo... Eu... – Daniel estava extremamente amargurado por tudo que havia passado, por todas as humilhações. – Eu vou esperar o momento certo para sair daqui... Você faz o que quiser!

Victoria nada disse, entendia Daniel, em proporções diferentes havia sofrido na mão dos mesmos homens, também se sentia destruída por dentro, mas acima de tudo, queria sair viva dali, queria recomeçar de qualquer forma, longe dos monstros que a barbarizaram.

Eles ouviram novos tiros, os tiros disparados por Alex. Daniel pegou o martelo da mão de Beto e tentou em vão destruir as correntes de seus pés. Ainda estava com elas e não fazia ideia de como iria retirá-las. Foi até uma parte onde podia observar o que ocorria na avenida e pode ver Alex logo após ter atirado no homem que pretendia negociar com ele. Pensou então que poderia logo sair daí, afinal o grupo da praça estava liquidando todos aqueles homens. Seguiu com o olhar para ver se via mais alguém, And, Belle ou Gabriel, mas não pode ver nenhum deles, apenas Alex de pé. Uma voz saiu de trás de um dos carros e disse:

-- Tudo bem, tudo bem! Nós estamos desarmados! Nós estamos desarmados! – Repetia a voz assustada.

O homem saiu de trás do carro com as mãos erguidas e Alex seguiu apontando a arma, mesmo sem balas continuava fingindo que tinha munição, já que os homens não tinham essa informação.

-- Po... Podem sair! – Afirmou o mesmo homem, sinalizando para outros dois que saíram do esconderijo com as mãos levantadas em sinal que estavam desarmados. – Nós entregamos o seu amigo, mas nos deixe vivo!

-- Me mostra onde ele está! – Disse firmemente Alex. Daniel seguia observando tudo de trás do carro abandonado. A rendição dos homens era eminente, havia acontecido um massacre ali, e seu grupo era o vencedor.

-- Está dentro do furgão! Está... – O homem foi interrompido pela chegada de outra pessoa. Andressa saiu de dentro da praça pulando a cerca e se aproximou da cena.

-- Quem de vocês?! Qual de vocês?! – Ela chorava bastante e segurava duas armas nas mãos, a dela e a de Gabriel. Os homens se viraram para ela e Alex ficou sem entender.

-- O que você... – Andressa efetuou o primeiro disparo na garganta do sujeito que argumentara com ela, logo em seguida matou os outros dois homens com diversos tiros, descarregando as armas que portava. Em meio a toda a chuva ela ajoelhou-se ao chão e após largar as duas armas, passou a chorar com as mãos no rosto.

Assustado Alex foi até ela, abaixou-se e começou a passar as mãos em seu cabelo. Ela retribuiu o gesto e disse em meio a soluços:

-- Ela morreu, ela... Minha irmã, minha Belle... Eles mataram ela!

Daniel apenas viu Andressa matar os homens e se ajoelhar chorando, não podia ouvi-los por conta da forte chuva que caía. Era a hora de sair daquele local, não era mais necessário ficar escondido, o pior aparentemente já havia passado, aqueles homens estavam mortos.

Ele então saiu de trás do carro, e com dificuldades foi andando até Alex e Andressa. Ainda estava fraco e assustado, mas sentia-se feliz por voltar a ver o seu grupo, e por aquele pesadelo ter chegado ao fim.

-- Daniel?! – Perguntou Alex após vê-lo caminhando em sua direção – And olha é o Daniel! – Ela virou o rosto e levantou-se, correu até ele e o abraçou calorosamente, inclusive desequilibrando os dois.

-- O que foi... O que... – Daniel não entendia o porquê de ela estar chorando, ela então disse em meio ao choro:

-- Eles mataram a Belle! Eles mataram ela! – Aquilo foi um baque para Daniel, ele ficou perplexo, não conseguia acreditar no que acabara de ouvir.

-- Não And... Não... – Daniel também começou a chorar abundantemente, estava desolado, abraçou And forte e viu Alex se aproximar dos dois. Era um momento extremamente delicado e difícil.

-- E o Gabriel? – Perguntou Alex a And, ela respondeu com um aceno negativo de cabeça, ele entendera o recado.

Naquele momento Victoria saiu de trás do carro e lentamente foi caminhando em direção à avenida, ao vê-la Alex ergueu a arma sem balas e disse:

-- Quem é você? O que quer?! – Ela levantou os braços e disse:

-- Eu estava presa junto com ele! Não me mate, eu também sou vítima nessa história!

-- Isso é verdade? – Alex perguntou a Daniel que respondeu que sim com a cabeça.

-- É melhor sairmos da rua, vamos! – Disse Alex.

Eles se dirigiram até a parte interna da praça, Victoria acompanhou o grupo sempre mantendo distância, adentrou a praça junto deles e seguiu lá dentro afastada de todos.

Daniel e Andressa foram até o corpo de Belle, ele verificou e constatou que lhe faltava pulsação. Pensou em chamar Victoria, mas podia perceber sozinho que ela estava morta. Ele abraçou o corpo de Belle e disse diversas vezes enquanto a beijava:

-- Me desculpa! Me desculpa! Me perdoa por ter te deixado na avenida! Eu queria tanto ter dito que te amava! – Ele chorava copiosamente acompanhando por And, que também estava desesperada sobre o corpo da irmã.

Alex foi até o corpo de Gabriel, apesar do jeito dele, Alex o admirava, reconhecia toda a sua inteligência e o seu bom coração que falou mais alto enquanto ele estava sob má companhia. Aquela era uma grande perda, um membro indispensável do grupo havia partido, uma parte daquela engrenagem não existia mais.

Depois de ir até o corpo de Belle prestar condolências, Alex chamou Daniel para cavar as covas. Antes disso, Daniel havia dito para Alex sobre o corpo de Beto e depois de Alex contar a ele quem era, os dois foram até lá buscá-lo. Enfileiraram os três corpos e começaram a cavar os túmulos.

Daniel seguia chorando bastante, achava que havia faltado perante Belle, que ela havia morrido com raiva dele, sentia-se culpado, queria ter se reconciliado com ela antes de tudo aquilo, queria ter visto seu rosto com vida, ouvido a sua voz e a beijado uma última vez. Ele não conseguia nem cavar, não podia só com uma mão, e não conseguia usar a outra com apenas dois dedos. Alex pediu para que ele deixasse tudo com ele, Daniel saiu e voltou até o corpo de Belle, onde ficou passando a mão em seus cabelos e seu rosto. Alex continuou sozinho a cavar as covas, sabia que seria um árduo trabalho, mas era o único ali que tinha condições de realizá-lo.

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Fora dali, na avenida, vê-se alguns corpos estirados ao chão, os corpos dos raptores de Daniel. Sobre um deles há um zumbi se alimentando de sua carne. Olhando mais a frente, pode-se ver outro monstro se alimentando de outro corpo. Observando a avenida panoramicamente, vê-se uma centena de zumbis se aproximando, famintos. Foram atraídos pelo barulho dos carros e do tiroteio que acontecera há pouco.


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Notas finais do capítulo

Aqui foi mais um capítulo decisivo para o fim de nosso primeiro arco, de nosso primeiro ato. Foi bem difícil de escrever, espero que tenham gostado!

Queria agradecer ao LuiisSinistro por favoritar a fic, valeu!

Comentem, opinem e continuem acompanhando!







Säteily



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