O Mal que o Homem faz - Fic. Interativa escrita por Sateily


Capítulo 19
Capítulo 19 - O Início do Fim (O Túmulo)


Notas iniciais do capítulo

"Uma única vida, mas não somos iguais"



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349667/chapter/19

Andressa ouviu a leitura do bilhete cabisbaixa, não queria acreditar que aquilo fosse verdade, no fundo torcia para que os sequestradores tivessem outra origem, pensar que os seus perseguidores haviam retornado e as queriam era terrível.

Isabelle manteve a mesma feição que perdurava durante todo aquele dia, o rosto pálido, as evidentes marcas de choro em seu olhar combinado com o silêncio que ela estabelecera a si própria após ver os dedos de Daniel dentro de um envelope como se fossem um produto de entrega.

Gabriel já sabia que Alex reuniria a todos para ter aquela conversa, ele havia visto o conteúdo do bilhete e também queria entender tudo o que estava ocorrendo. Sabia que And e Belle tinham conhecimento de algo, algo que poderia ajudar na busca e possível resgate de Daniel.

Beto olhava para todos e permanecia quieto. Não se pronunciaria, se sentia meio perdido naquele lugar, não estava a vontade. Ele acabara de chegar ao local e encontra um problema do qual ele não poderia ajudar, pois não sabe qual é. Tem vontade de ir embora, afinal, se for realmente um problema sério, valeria a pena morrer por desconhecidos apenas por um lugar para ficar?

Já Alex, após ler o bilhete, dobra-o e aguarda a resposta das irmãs, olha fixamente para as duas. Espera saber qual o motivo do sumiço de Daniel, quem o levou e talvez até, onde encontrá-lo. Em busca de tantas respostas, ele prossegue falando:

-- Então And... Belle... Algo a dizer? – And se levanta e diz:

-- Olha só Alex, eu vou contar tudo o que aconteceu... Depois que o Daniel nos deixou na avenida para vir andando até aqui atrás daquela amiga dele que morreu, nós voltamos para casa, não achamos seguro vir com ele... Passamos a noite lá e de madrugada uns homens começaram a invadir as casas da nossa rua... Eu... Eu não tinha escolha, os filhos da puta provavelmente iriam me estuprar e estuprar a Belle! Nós fugimos e eu matei dois ou três deles, não me lembro!

Alex ouviu a tudo atentamente, agora o quebra cabeça começava a se encaixar, as coisas iam fazendo sentido. Antes que ele pudesse se manifestar, And seguiu falando:

-- Nós não te contamos por medo de vocês nos expulsarem... Eu... Nós não tínhamos para onde ir – Ajeita o cabelo e passa a mão no rosto – Eu conversei com o Daniel e nós achamos melhor não contar... Nós nunca imaginaríamos que esses caras conseguiriam nos achar... – Alex então finalmente se pronuncia:

-- Vocês deveriam ter me dito, droga! – Vira-se de costa e depois retorna a visão a And – Vocês não poderiam omitir uma coisa dessas, era uma informação muito importante!

-- Como eu poderia saber que eles nos encontrariam! E outra coisa, você pode me afirmar que não teria nos colocado na rua naquele mesmo instante?! O Daniel me disse que você não queria aceitar mais ninguém! – Fala Andressa exaltada.

-- Eu não sou vilão nessa história! Se vocês tivessem contado, talvez o Daniel estivesse aqui, e não com a porra dos dedos arrancados! – Afirma Alex após chegar com o rosto bem perto de Andressa, os dois se encaram. Gabriel se levanta e tenta apaziguar a situação.

-- Ei, ei, ei, calma! – Puxa Alex pelo ombro, afastando-o de Andressa que segue o fitando. Gabriel estava espantado, não conhecia Alex há muito tempo, mas nunca havia o visto falar daquela forma e naquele tom. Após os nervos se acalmarem um pouco, Gabriel voltou a dizer:

-- O que importa agora é saber mais sobre quem levou o Daniel, brigar entre nós mesmos não vai ajudar em nada, e revirar assuntos passados não vai trazê-lo de volta! – Depois de uma breve pausa – And, quantos homens formam esse grupo?

-- Uns dez ou mais, não sei ao certo! – Afirma ela, Gabriel segue o questionário:

-- Você se lembra de quantos deles matou? E onde eles podem estar escondidos?

-- Dois homens... Eu não faço ideia de onde se escondem... – Diz ela aparentemente mais calma. Gabriel retorna:

-- Como acharam vocês, tem alguma ideia?

-- A... A camionete que usamos, eu roubei deles na fuga, era isso ou... Bom, uma coisa bem pior!

-- Merda! – Afirma Alex mais ao fundo, estava irritadíssimo com tudo, no momento chegava a pensar que And e a irmã eram culpadas por todo aquele transtorno. Depois de caminhar de um lado para o outro, ele diz – Você tem ideia do que nos metemos?! Esses caras estão com o Daniel e podem ir e vir aqui quando querem, pois conhecem esse caminho... Nós não sabemos nada sobre eles! – Andressa foi até Alex e desferiu:

-- Alex... Vai se foder! – Depois de cuspir tais palavras lentamente, Andressa quis sair daquele lugar. Iniciou uma caminhada e foi interceptada por Gabriel, que a segurando pelo braço disse já sem paciência:

-- Vamos parar com isso! Porra! A situação já está a pior possível e vocês estão tentando piorar! – Respira e se acalma um pouco – Temos que trabalhar juntos, o mais importante nesse momento não são essas discussões, e sim o Daniel que está lá daquela forma... – Alex começaria a falar, mas Gabriel o interrompe e continua – Não interessa se elas contaram ou deixaram de contar, vamos pensar no agora! Eles querem as duas e é claro que nós não daremos, nós vamos acabar com aqueles caras e trazer o Daniel de volta! – Olha para Alex e diz chegando perto dele – Eu sei que você sabe como acabar com aqueles caras – Alex afirma que sim com um movimento de cabeça – Se não sabemos onde estão... Vamos esperar um novo contato, eles vão aparecer!

O discurso de Gabriel pareceu bem convincente, até Beto, que tentava entender aos poucos o que ocorrera, havia concordado com as palavras do professor. Isabelle se levanta e vai até a irmã, tenta aclama-la, mas ela por si só já está menos irritada. Alex também recua em seu nervosismo e vê sensatez em Gabriel. Depois de algum tempo o ex-entregador de pizzas fala:

-- Bom... Como o Gabriel disse, nós podemos nos preparar para a próxima visita desses sequestradores. Eu achei no meio das coisas do Lincoln, algumas armas e um pouco de munição, são cinco pistolas no total.

-- Você nunca nos falou sobre isso! – Disse And tentando provocá-lo, ele nada disse e seguiu:
-- Eu não sei se eles têm armas de fogo, mas nós temos que nos preparar para quando vierem, bolar algum plano para pegarmos eles de surpresa!

Alex foi até a caixa que trouxera no início da conversa e a abriu, tirou quatro pistolas de dentro e entregou a primeira a Gabriel, a segunda mesmo relutante foi entregue a Andressa, a terceira foi para a mão de Isabelle, ele estava com a quarta arma na mão quando olhou para Beto e disse:

-- Olha só Beto, eu sei que você não tem nada a ver com o nosso problema... Inclusive você pode ir embora agora mesmo, mas... – Beto o interrompe:

-- E voltar lá para fora? Não... Já vivi poucas e boas lá, é claro que eu prefiro ficar e ajudar!

-- Mas você sabe que pode nessa confusão, não sabe? – Diz Alex olhando-o.

-- Viver junto e morrer sozinho amigo! – Afirma Beto com convicção, Alex estende a mão com a arma de fogo para entregar até ele, mas ele recusa com um sinal de cabeça e diz – Eu detesto armas de fogo, nunca aprendi a usá-las, prefiro ir à moda antiga! Pode me devolver o martelo? – Alex sorri brevemente, coloca a arma na cintura e diz:

-- Claro! – Beto faz sinal de positivo com a cabeça. Todos agora estavam armados, Alex inclusive ficara com duas armas, a sua e a que Beto recusara.

Ninguém sabia o que fazer naquele momento, eles realmente teriam de aguardar o próximo contato do grupo de homens. Teriam que se organizar para saber utilizar o elemento surpresa ou tudo poderia ir por água abaixo.

Depois de tantos acontecimentos, todos começaram a se organizar para dormir. Gabriel foi até a van pegar uma coberta para Beto, pois o tempo estava fechado e poderia chover a qualquer momento, o que faria a temperatura baixar. Andressa e Isabelle se dirigiram até a camionete, provavelmente nem conseguiriam dormir depois de todo o ocorrido. Apenas Alex tomou um caminho diferente.

Ele caminhou para longe do grupo e se dirigiu até o local onde Angélica está enterrada, ajoelhou, olhou para a lua que quase sumia entre as nuvens carregadas, e voltou o olhar para a cruz que fizera com parte de um galho de árvore, cruz fincada para representar o túmulo de Angélica.

Alex respirou fundo, passou as mãos na terra que estava um pouco úmida, e disse para si:

-- Queria que estivesse aqui...

  


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse capítulo ficou um pouco curto, mas na minha opinião foi interessante...

Espero que estejam gostando!

"O Mal que o Homem Faz" está quase próximo do fim de seu primeiro ato, daqui a alguns capítulos será introduzido o segundo ato, com diversos acontecimentos e novos personagens, aguardem!

Comentem, opinem e continuem acompanhando!





Säteily