Paradise escrita por Izadora


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

~enquanto isso no meio de um matagal no Hawaii~
Espero que gostem,cupcakes o/
Dessa vez eu consegui postar um por dia,palmas para mim.



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POV Katniss

Me levantei de supetão,movida pela raiva.Raiva de Jason.Raiva de Peeta.Raiva de estar perdida.Raiva de mim.
Jason não sabia o efeito que suas palavras causavam...Mellark não deveria ter me seguido.Definitivamente,a última coisa que eu queria era que Peeta me visse chorando.Não eram lágrimas de tristeza.Eram lágrimas de ódio,as lágrimas mais amargas que já brotaram de mim.

Passamos andando pelo meio da floresta tropical do Hawaii o que não deveria passar de uma hora,mas que para mim pareceu quase um dia inteiro.Já havíamos comido toda a nossa comida,que por sinal não era tanta assim.O que sobrara na mochila era água e suco de uva.O sol deixava minha pele grudenta,mosquitos me comiam viva,as plantas arranhavam e eu já quase caíra em duas poças.

-O que esses mosquitos comem quando não estou por aqui?-Reclamou Peeta.
Ele não parava de reclamar desde a clareira,e isso só ajudava a piorar o meu humor.

-Escuta,a gente já está na pior,será que dá para calar a boca?-Disse,alteando a voz.

-Não venha descontar em mim.

-Não?Por quê não?Isso é tudo culpa sua.-Acusei,com o dedo quase em seu nariz.

-Minha culpa?-Sua voz saiu até fina de indignação.

-É claro.Deveria ter ficado na sua,lá na estrada.Então eu não teria de me afastar.

-Você só pode estar brincando com a minha cara.-Ele disse,ainda incrédulo.-Desculpa,mas não fui eu que saí chorando por causa de um telefonema.

Aquilo me atingiu como um soco no estômago.Uma pedra de gelo desceu pela minha garganta,e por alguns segundos eu não soube o que falar.
Peeta se deu conta um pouco tarde demais do que havia falado,e gaguejou ao tentar se explicar:

-D-desculpe,Katniss,eu não queria ter dito isso.Eu não estava falando sério...Se...bem,você deveria ter suas razões.

-Até parece.-Disse,com a voz baixa e cruel.

-O quê?

-Que você se importa.Que você liga para alguma coisa ou alguém a não ser você mesmo.Você é hipócrita,mesquinho,prepotente,arrogante e egocêntrico.Mas parece que ninguém enxerga isso,pois estão todos tão curvados ao seu pedestal de superioridade que são incapazes de ver o óbvio.Você é um idiota.-Cuspi as palavras,e ele pareceu chocado.Depois,sua expressão enraiveceu.

-Ah,cala essa boca.Você é o típico tipo de garota certinha que acha que pode julgar a todos por ser tão “superior”.Uma novidade,princesa: você não me conhece.

-Conheço o suficiente para te tachar de babaca.

-Ah,você é a rainha dos julgamentos errados.- Ele gritou,e depois acrescentou,fazendo voz de falsete.- Oh,Peeta,você é tão canalha.Oh Peeta,você é um imbecil,Oh,Peeta,você é tão sexy...

-Eu NUNCA disse que você era sexy.

-Blá,blá,blá...-Ele quebrou um galho de uma árvore.-Ordem de restrição,não chegue á 30cm de mim ou te cutuco com esse galho.

-Ah meu Deus,quantos anos você tem?Cinco?-Francamente,Peeta já estava me dando nos nervos.Não iria demorar e eu enfiaria esse galho em um lugar onde o sol não bate.

-Seis,por quê?

-Você é um inútil.-Revirei os olhos e atravessei a linha que ele demarcara com o galho,ficando frente a frente com a pessoa mais irritante do continente.

-E você vive pensando em mim.

-Penso,e em outras merdas também.-Acrescentei.

-Então você pensa em mim...-Ele disse,sorrindo e eu corei.

-Você sabe que é um idiota.Deus,eu daria qualquer coisa para ter Gale no seu lugar.

-Então vá procurá-lo.Vocês realmente dão um casal maravilhoso.-Ele disse,irônico,chutando um monte de lama para o lado.

-Oh,não me venha com essa.Não existe nada romântico entre Gale e eu.

-Não é da minha conta,de qualquer forma.

-Então não se meta.-Respondi,com maus modos.Ele ergueu o queixo,em uma expressão arrogante e sentenciou:

-Mandona.

-Insuportável.-Grunhi de frustração e joguei um galho no mato.- Não posso acreditar que já dividi uma cama com alguém como você.

-Não posso acreditar que já beijei alguém como você.-Ele replicou,no mesmo tom.

-Alguém como eu?-Ergui as sobrancelhas.

-Linda,sexy,carismática...porém absurdamente autoritária.Dona da razão.E o que quis dizer com alguém como eu?

-Lindo,sexy,engraçado...porém com um sério problema de egocentrismo e mimado.

-Não sou mimado.Será que poderia parar de ver meus defeitos?-Ele reclamou.

-Me esqueci de reclamão.E mosca morta.-Acrescentei,cruzando os braços.

-Vou te mostrar o mosca morta,Everdeen.

POV Peeta

E antes que ela pudesse protestar,me bater,xingar ou até mesmo falar qualquer coisa,a lacei pela cintura.Seu rosto claramente surpreso estava a centímetros do meu.
Eu a tinha,ali,colada junto a mim,no meio de uma floresta e nada parecia ser mais atrativo do que seus vorazes olhos cinzentos,que refletiam um pouco da luz verde proveniente das plantas.A briga parecia ter ocorrido dias atrás.
Ela respirava com dificuldade,descompassada e eu estava em igual estado.Suas mãos,pousadas em volta do meu pescoço,estavam ligeiramente trêmulas.O perfume de morango jamais foi tão forte.

-Que raios você está fazendo?-Ela perguntou,ofegante.Seu hálito adocicado foi de encontro ao meu rosto,me fazendo sorrir.

-Uma coisa que eu já deveria ter feito há muito tempo.

E para meu completo estarrecimento,dessa vez quem colou nossos lábios foi ela.
E esse beijo foi um milhão de vezes mais doce que o outro.
Pois esse não foi de surpresa,ou forçado.Ele simplesmente cedeu á vontade calorosa e incontrolável de ambos para estarmos juntos.

E apenas as árvores daquela floresta guardariam em seu eterno silêncio,a emoção que selamos.Pois apenas elas puderam sentir a dor em comoção que havia ali.Era algo tão sufocante,tão secreto e tão bonito que eu mesmo não queria que chegasse a ouvidos alheios.Era uma coisa minha e dela.E só nossa.

E somente estas mesmas árvores poderiam se perguntar o que havíamos feito para estarmos ao mesmo tempo que tão juntos,tão separados,e para merecer esse ódio tão profundo já que estava claro que havíamos nascido para completar um ao outro.

E seu silêncio melancólico era para mim uma canção,agora,onde o mundo se resumia á nós dois.
Eu nunca senti isso antes.
Talvez por uma grande ironia do destino,que quisesse imitar os malditos romances clichês,a garota mais oposta a mim o possível seria essa que causaria tanta confusão na minha vida.Ela chegara para causar impacto.
E conseguira.

O ar pediu arrego,me forçando a interromper o que me pareceu infinito.Ela suspirou em meio ao beijo.
Havia em Katniss algo caloroso.Algo tocável.Algo que dava vontade de manter.

Ela,aos poucos,tirou seus braços de meus ombros.Não parecia brava,ou arrependida.Estava neutra.

-É melhor continuarmos andando,se quisermos sair desse lugar ainda hoje.-Katniss sorriu,como se nada houvesse acontecido um segundo atrás.Katniss esfregou as mãos nos braços,em busca de se aquecer.

-Está com frio?-Perguntei.

-Um pouco.

Agarrei a mochila e tirei minha jaqueta de dentro,jogando-a sobre seus ombros e ela sorriu em resposta.

-Obrigada.-Disse ela,vestindo.

A voz de Cato ecoou na minha cabeça:

“Meu filho,sai dessa.Te garanto,não vale a pena”

Dei de ombros,alimentando a esperança que ela ainda cederia a mim e me pus a andar.
Porém,no primeiro passo que dei,uma dor lancinante tomou conta de todo o meu pé esquerdo.Gritei,e Katniss se virou para mim,arregalando os olhos.Doeu muito.
Quando olhei para o chão,vi o musgo empapado de sangue,e ao meu redor,estilhaços de uma garrafa de vidro.Malditos!Haviam espalhado sua imundície pela reserva e que se ferrava era eu.

-Ai meu Deus,Peeta!-Ela gritou,correndo até mim.-O seu pé!

-Que droga.-Gemi.Doía pra caralho.

Em uma perna só,Katniss me guiou e me sentou sobre uma pedra,tirando o tênis.Um caco de vidro,do tamanho da palma da minha mão,havia furado a sola do tênis e entrado no meu pé com tudo.A meia estava ensopada do líquido vermelho,e minha cabeça girava.
Droga.

POV Katniss

Eu tinha sérios problemas com sangue.

Quando eu via,meu estômago se embrulhava e minha cabeça começava a doer e girar.E aquilo?Aquilo era um galão de sangue.

Mas,respirei fundo,obriguei ás mãos que parassem de tremer e tirei o tênis de Peeta.Ânsias de vômito mantiveram-se controladas.

-Tira logo.-Ele implorava.Sua expressão era de dor,mas ele não derramou uma única lágrima.Mesmo que seu corte fosse gigante.Mesmo que o caco estivesse completamente enfiado lá dentro.Sinceramente,como Peeta fazia essas coisas?

Retirei sua meia empapada e a joguei em algum lugar no mato.Com a ponta dos dedos,me segurando para não desmaiar,agarrei o caco de vidro.Peeta mordeu o lábio,reprimindo um berro de dor.

-Puxa.De uma vez.-Ele disse,entredentes.Eu podia ver a veia de sua têmpora ameaçando estourar e um filete fino de sangue escorrendo por seu lábio,tal era sua determinação em não gritar.

-O-ok.-Gaguejei,e firmei os dedos sobre o caco.-Pronto?

-Não,não,não...-Ele gritou,mas já era tarde.Com um puxão violento,arranquei o caco de vidro.Molhou minhas mãos e unhas de sangue,quase me fazendo desmaiar e eu  joguei longe.

Eu vi toda a masculinidade de Peeta se esvair com um grito.Um grito apenas,fino,estridente e verdadeiramente aterrorizado.Olhei para seu pé.Não se via mais sua pele muito alva.Havia um abismo cavado ali.Negro,contornado por um mar vermelho.Eu não tinha noção do estrago que um caco de vidro poderia fazer...até agora.
A pele empalideceu.Estava perdendo muito sangue.

-KATNISS FAZ ALGUMA COISA!-Ele berrou.Agarrei seu braço e,com um puxão, arranquei-lhe a manga da camiseta xadrez.
Abri a mochila,e de lá retirei uma garrafa de 750ml de água.Derramei metade do conteúdo sobre o pé de Peeta,que fechou os olhos,não sei se de alívio ou dor.Usando a manga rasgada,enrolei o machucado e amarrei bem forte,estancando temporariamente o sangramento.Dei o resto da água a Peeta,que bebeu com gosto.

-Onde aprendeu tudo isso?-Ele perguntou,enquanto jogava o resto da água na minha mão e retirava o sangue.A lembrança ainda me dava calafrios.

-Não seja estúpido,minha mãe é médica.Consegue se por de pé?

Peeta tentou se levantar,e conseguiu,mantendo-se ereto e andando.Mancando,com algumas caretas de dor,mas andando.

-Faltou uma coisa.-Ele afirmou.Olhei preocupada.

-O quê?

-Um beijinho.Sempre funciona.

Rolei os olhos e coloquei a garrafinha novamente dentro da mochila.

-Não vou beijar seus pés.

-Não foi isso que eu pedi.-Ele sorriu.Depois fez mais uma careta.

Antes sequer que eu pudesse responder,ouvimos um barulho vindo de uma moita.Peeta e eu nos viramos,poupando o silêncio da floresta de qualquer barulho.A moita se sacudiu,e eu ouvi um gritinho.

Peeta e eu nos entreolhamos,gelados,e ele enunciou a palavra silêncio.Poderia ser algum animal selvagem então,por precaução,agarrei um dos cacos de vidro que estavam no chão.A moita se sacudiu mais ainda,e de lá pulou um ser em frangalhos,suado e imundo.

Eu e Peeta berramos.E o ser também berrou.Eu joguei meu caco de vidro,que por pouco não perfurou seu olho.

-NÃO SE JOGA CACOS DE VIDRO NAS PESSOAS,EVERDEEN!-Ela berrou.

-GLIMMER?-Gritamos nós em uníssono.

-Não é óbvio?-Ela respondeu,se sentando no chão.

Não,não era.Seus cabelos,sempre loiros e sedosos,estavam emaranhados e cheios de galhos.Suas roupas de marca cor de rosa,enlameadas e imundas e seu rosto maquiado,com uma mancha vermelha na testa.Irreconhecível.
Ela suspirou fundo e tomou o resto da minha água.Depois,se jogou nos braços de Peeta,choramingando:

-Ai Peet,foi horrível.Me mandaram procurar por vocês,não mais que a cem metros da estrada.Eu,Cato,Madge e Gale.Cato acha que vocês estão trepando em algum lugar,mas eu disse á ele que você nunca faria isso comigo.Só que eu me perdi,também,essa floresta suja é toda igual.

Ergui as sobrancelhas,enquanto Peeta 'consolava' Glimmer.O que ela quis dizer com “fazer isso com ela?”.

-Ai,Jesus,o que aconteceu com seu pé?-Ela agarrou o pé esquerdo do garoto,que gritou de dor.- O que ela fez com você?

Pela primeira vez desde que lhe joguei um caco de vidro,ela pareceu notar minha presença.

-Eu?Eu só salvei a vida dele.-Retruquei,fria.Glimmer ergueu as claras sobrancelhas,até elas quase desaparecerem sobre os cabelos revoltos.Tornou para Peeta,ainda com aquela expressão incrédula,como se perguntasse “verdade isso?” e Peeta assentiu,apontando o pé enfaixado e a manga da camiseta.

-Pobrezinho.Deve estar morrendo de frio.-Não estava tão frio assim.A temperatura baixara consideravelmente desde que saímos da estrada.Deveria ser por volta de umas 14:30h.Glimmer olhou para mim,e eu não precisei de mais do que isso para perder a paciência.
Em um gesto brusco,arranquei o casaco e o joguei em Peeta.Eu não sentia mais frio,de qualquer forma.

-Não prec...-Ele começou,mas eu interrompi:

-Pode ficar.É seu mesmo.Agora vamos embora logo,pelo amor de Deus.

-Não,espera um pouco.-Disse ela.-Estou com fome.

Um motivo.Um bom motivo pra não esganar Glimmer,era só disso que eu precisava.

-Hum...Nós não temos mais comida.-Ele disse.-Mas podemos sair para procurar,eu também estou com um pouco de fome.

-Acho que vi uma mangueira adiante.-Eu disse.Glimmer revirou os olhos.

-Não seja idiota.Não existem mangueiras no meio do mato,e nós queremos comer e não apagar um incêndio.

-Ô sua anta,mangueira é um pé de manga.-Retruquei,azeda e Peeta soltou uma risadinha.

Glimmer não se abalou.Simplesmente empinou o nariz,como sempre fazia e saiu caminhando,ajudando Peeta a se apoiar como se estivesse o rei na barriga.Continuei andando,tomando o cuidado não só de olhar para o chão  onde piso,como também de me manter a distância segura do casalzinho feliz.
Com o canto do olho,pude observar que Glimmer não só apoiava Peeta,como também o abraçava,dava beijinhos nas bochechas e o chamava de bebê.
Achei que pegaria diabetes de tanto açúcar,mas isso era tão típico de Glimmer que eu não sabia nem o motivo do meu incômodo.Quero dizer,ela já tivera mais namorados que calcinhas ao longo dos anos.

Enquanto andava,tentava afastar de meus pensamentos o beijo que ocorrera há alguns minutos atrás.O contato intenso entre azul e cinzento que se desfez com a única alternativa de maior proximidade existente naquele momento.
Ele não poderia fazer isso.Ele não tinha o direito de conseguir me fazer ficar apaixonada por ele.Principalmente ele sendo ele.E eu lutava com todas as forças para impedir que isso acontecesse.
Mas Peeta sabia jogar.E ele estava entrando no meu coração quebrado de mansinho,trazendo consigo um kit de primeiros socorros.

-É essa aqui?-Ele perguntou,apontando a enorme mangueira carregada de frutos maduros.

-É.Essa mesma.-Afirmei e me pendurei em um dos galhos,erguendo o corpo com destreza para subir logo depois.Eu era muito boa nisso.Meu pai me ensinara essas coisas básicas desde pequena.-Suponho que as melhores mangas estejam lá para cima.Glimmer,sobe aqui e me ajuda.

Glimmer olhou para Peeta,depois para mim,e para o galho onde eu estava.

-Ficou doida?Eu não sei subir em árvores.-Revirei os olhos.

-Puta que pariu,você tem alguma utilidade?

Peeta levantou a mão,como se pedisse para falar e eu cruzei os braços.

-Eu subo e te ajudo Kat.-Ele disse,já erguendo os braços.

-Mas você está machucado.-Protestou Glimmer,indignada.

-É,você tá machucado,garoto.Fica aí embaixo com a Glim.

Durante um milésimo de segundo,Peeta ficou confuso.Mas depois,alçando-se para cima de um galho ao meu lado,ele disse:

-Não se preocupa,Glim.Já,já eu trago uma manga madurinha para você.

Glimmer pareceu se despreocupar e se estirou na grama ao pé da árvore,pedindo que não demorássemos.Durante alguns minutos ponderei a alternativa de descer com tudo sobre a cabeça dela.Mas não...Não valeria a pena.


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Notas finais do capítulo

Glimmer '-' Para de avacalhar,véi...pf
kkkkk' O que acharam desse?
Ciúmes?Eu aposto dez que a Kat estrangula a Glimmer.