Paradise escrita por Izadora


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

PALMAS PARA MIM *O* UM CAP. POR DIA o/
Espero mesmo que gostem desse :DD



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POV Peeta

Katniss estava esquisita.Fria,distante.Quero dizer,ela sempre foi meio assim comigo,mas eu tinha a esperança de que aquele beijo amenizasse as coisas entre nós.

Glimmer,por outro lado,me dava mais atenção que o necessário.
Fiquei um pouco mal por ela fazer Kat me devolver o casaco.Eu não estava com frio,e queria que ela ficasse com ele.Mas ela mesma não quis,e recusou minha tentativa de entregá-lo de volta.

O pé só doía se eu me apoiasse ou pensasse nele.Uma dor que dava para ignorar.Subi no segundo galho mais alto,e estendi a mão para Katniss me acompanhar.Glimmer descansava ao pé de outra árvore,mais afastada da nossa,e não parava de gritar para que nos apressássemos.

–Não precisa.-Ela disse,com o tom de voz glacial e saltou com agilidade para o outro galho.

Passamos a primeira camada de folhagem,e ela olhou em volta,mas as mangas estavam verdes.Balançou a cabeça e continuou a subir,acompanhada por mim,que tomava o cuidado de não me apoiar muito no pé machucado.

–Acha que aqui está bom ou vai subir mais um pouco?-Ela não me respondeu.Apenas passou pelo galho de cima.

–Katniss,fala comigo.-Pedi.Então,pisando em falso,Katniss escorregou um pouco e quase caiu.Por sorte,foi em um galho um pouco acima do meu,então segurei sua cintura e evitei uma queda feia.-Vai,fala alguma coisa.

–Falo: me solta.-Ela disse e se desvencilhou,pulando para o último galho acessível e apanhando as mangas ao seu alcance.Dando de ombros,ergui as mãos e me alcei para o último galho acessível do meu lado,e colhi quatro frutas.Eram grandes e de aparência suculenta.

–Vai ficar de burro comigo esse tempo todo?-Perguntei.

–Não se esquece de uma manga para Glim.-Ela disse,ignorando a última pergunta.

–Ah,é mesmo.-Olhei em volta,para os galho limpos e peguei uma menor na ponta de um.

–Não parece boa o suficiente para Vossa Alteza cor de rosa.-Ela acrescentou.

Dei de ombros.

–Foda-se,se ela quiser uma boa,que suba até aqui e pegue.

Tive a impressão de ver um pequeno sorriso perpassar os lábios de Katniss,mas ela logo voltou á antiga expressão.Apanhei a bolsa e saltei para o mesmo galho que ela.Parecia bem firme.Tirei a mochila das costas e a estendi para que ela colocasse lá as mangas que havia colhido.
Depois tirei meu casaco e o estirei a ela.

–Pega aí,vai.Eu não estou com frio.

–Não precisa,Peeta.De verdade.-Acho que estava sendo sincera.

Ficamos alguns constrangedores segundos em silêncio.Até que ela olhou para cima e disse:

–Você deveria realmente ter ficado lá em baixo.O curativo que fiz é precário.

–Ah,eu gostei.-Estirei o pé.-Embora ache que eu não combine muito com o xadrez.

Ela soltou uma risada gostosa e prolongada.

–Não acho.Ficou bem estiloso.-Acrescentou,e tocou meu pé.Estremeci involuntariamente.-Dói?

–Só quando eu lembro.-Admiti.-Você sabe porque subi aqui,não sabe?

Ela se mexeu,desconfortável,e o galho rangeu.Apoiei as costas no tronco da árvore e aguardei respostas.

–Pelas mangas.-Disse ela,por fim.

–Por você.Achei que seria legal termos um tempinho a mais a sós.

Pela luz paradisíaca da tarde,refletida lindamente na folhagem que banhava tudo ali de verde eu não pude ver,mas supus que ela corou.Depois fez uma careta,como se reprimisse algum pensamento.

–Para de fazer isso.-Disse,se preparando para descer.

–Isso o quê?

–Dizer esse tipo de coisa,como se realmente eu fosse o motivo de você fazer o que anda fazendo.

Quando abri a boca para dizer alguma coisa,ela já estava dois galhos abaixo de mim.
Dei de ombros e desci também.

POV Katniss

Ok,em primeiro lugar: o que Peeta achava que estava fazendo?E quem ele achava que eu era?Engraçado isso.Em uma hora,agarrando a Glimmer,e em outra sobe em uma árvore para falar coisas bonitinhas.Por favor,Cueca do Bob Esponja,me poupe e economize.

Não me leve a mal,eu gosto de ser elogiada e até me consideraria uma pessoa romântica.Mas eu já estou cansada de pessoas como Peeta.Esses garotos que ficam por números,não por amor.Que vêem garotas como prêmios a serem obtidos,não como algo que tem coração,e que não se importam de colecionar.Eu já encontrara vários como ele ao longo da vida.E estava determinada a não deixar isso acontecer mais.

Quando finalmente descemos daquela árvore,Glimmer reclamou porque demoramos.Mordi a língua para não mandá-la parar de reclamar e ir tentar subir em uma árvore alta como aquela para parar de frescura.

–Que seja.-Disse,me controlando,e entreguei uma das mangas a Glimmer.

Usamos uma faca de pão,que Peeta havia levado para os sanduíches para descascá-las e eles comeram em silêncio.Eu não sentia nada,além da desesperada vontade sair dali.Essa “aventura” perdera a graça fazia tempo.

Após eles terminarem,andamos por mais algum tempo.A floresta foi se aquietando.O sol,se afastando.E minha esperança e animação estavam acabando aos poucos.
Deveria ser cinco da tarde.Ficamos perdidos por mais de quatro horas.E para melhorar,Glimmer se mostrava ser pior que Peeta em questão de reclamação.
Ela reclamava do sol.Da indigestão causada pelas mangas.Dos mosquitos.De mim.Do mato pinicando.Dos insetos.Do barulho.Do cansaço.Do seu cabelo.Do meu cabelo.DE TUDO.

Minha mão coçava para enfiar um tapa na cara dela.Quando fiz um gesto involuntário em direção ao ar,uma mão mais forte e mais terna segurou a minha.Peeta me olhou com seus profundos olhos azuis e balançou a cabeça.

–Não vale a pena.Deixa ela reclamar.-Ele sussurrou.Não parecia de saco cheio,ou até mesmo cansado.

Andamos por mais alguns minutos,até que eu apelei.

–Ok,já passamos por essa árvore no mínimo cinco vezes.Estamos perdidos,cansados e já,já vai escurecer.Vamos acender uma fogueira e esperar ajuda.

–Ajuda?Quem vai nos achar no meio desse mato infernal?-Protestou Glimmer.Antes que eu pudesse abrir a boca e soltar alguns palavrões,quem respondeu foi Peeta:

–Se virem a fumaça da fogueira,saberão onde estamos.

Glimmer cruzou os braços e bateu o pé,mas acabou cedendo.Afinal,era o mais sensato á fazer.

Estávamos em meio á um pequenino lugar sem árvores,uma mini-clareira.Estávamos protegidos de alguma chuva que resolvesse cair,pois as copas das árvores se erguiam como um teto sobre nossas cabeças,porém a fumaça se sobressairia entre a folhagem.Apanhei gravetos secos que achei no chão,pois os das árvores era verdes e úmidos.Empilhei-os no meio da clareira e esperei Peeta empilhar os dele.

Apenas Glimmer não estava fazendo nada.

–Como vamos acender isso?-Perguntou Peeta.

Me virei para Glimmer,áspera.

–A dondoca aí tem alguma ideia?

Glimmer fez uma careta e retrucou.

–Não.Nem mochila eu tenho,Everdeen.O que esperava,um isqueiro?Fósforos?

Estalei os dedos,me lembrando de súbito.Fósforos.Era isso.Tirei a mochila dos ombros e vasculhei lá dentro,até finalmente encontrar a pequena caixinha de fósforos.

–Kat,você é minha heroína.-Peeta disse,mas desviei do seu abraço.Glimmer me olhava,entre o furiosa e o pasma.E isso já valia.

Risquei e acendi.Cobri e assoprei,até que estávamos nós três confortavelmente instalados ao redor da grande e ardente chama que eu criara.
De um lado,se sentara Peeta.E como Glimmer não perde UMA oportunidade de piranhar,se deitou sobre seu peito.Francamente...

Agarrei minha mochila e minhas mangas e me sentei do lado oposto,escorando em uma árvore e finalmente tendo alguma noção do quanto minhas pernas doíam.Me encolhi um pouco e deixei que o calor da fogueira envolvesse meus ossos.

POV Peeta

Ela estava lá do outro lado.

Encolhida,com uma expressão nada animadora.Parecia uma criança pequena,se escondendo do bicho-papão e não a mulher determinada e forte que eu conhecia.Mas Katniss estava longe de ser uma garotinha.

Glimmer adormecera sobre meu peito.Passei os dedos cuidadosamente sobre seu cabelo,e,me levantando aos poucos,apoiei sua cabeça sobre minha mochila.Ela não pareceu se incomodar.Nem ao menos acordou.Não me importei de deixar Glimmer ali.Ela recebera minha atenção praticamente o dia inteiro.Mas agora outra pessoa estava precisando.
De dentro da mochila,retirei duas caixinhas do suco de uva e minha jaqueta.

Quando cheguei ao seu lado,e me sentei,ela não reagiu.No entanto,quando pus meu casaco sobre seus ombros,ela o tirou quase imediatamente.
Deus,porque tanta teimosia?

–Não precisa,Peeta,já disse.-Ela falou.O sol estava quase se pondo.

–Para de pose,Kat.Eu sei que está com frio.-Arrisque mais uma tentativa,e ela cedeu.Entreguei-lhe a caixinha,que ela abriu e sorveu um gole.

–Deveria voltar para lá.Se Glimmer acordar e ver que está comigo,não vai gostar muito.-Ela disse,tirando o canudinho da boca.

–Não tem problema.-Eu disse.Então raciocinei.-Oh,espera um momento...

–Que foi?

–Está com ciúmes!-Afirmei,radiante.Ela me olhou como se eu fosse louco.

–O QUÊ?

–É sim,você está com ciúmes!-Ah,essa era nova.E era boa demais pra ser verdade.

–Não,eu não estou.Não tenho motivos para ter ciúme.E definitivamente não tenho.–Ela garantiu.

–A não ser que...de uma forma ou outra,você goste de mim.—Xeque-Mate,Everdeen.

–Não seja estúpido,o que aliás deve ser bem difícil para você.

Eu a olhei,sério.Uma hora ela deixaria de ser teimosa.

–Então vai.Fala para mim que essas duas vezes em que nos beijamos não significou nada para você.Que foram beijos vazios.Olha nos meus olhos e fala isso para mim.

Ela se embaraçou.Olhou para mim,para o fogo,para Glimmer e para os pedaços de céu visíveis.Abriu a boca,como se fosse falar alguma coisa,mas a fechou,desistindo.
Ela não me encarava.Parecia dividida.

–É tão difícil assim?-Perguntei,segurando sua mão.Ela se desvencilhou rapidamente.

–É.Como eu já disse,você é inconseqüente,arrogante,metido e egocêntrico.Mas você está mexendo comigo de uma forma completamente nova,e isso me deixa tão...-Ela bufou.

–Não é tão complicado assim.-Eu disse.Não era mesmo.Do que ela tinha tanto medo?

–É sim.Isso me divide,e me faz lutar comigo mesma para bloquear todo esse turbilhão de coisas misturadas que sinto por você.

–A gente tem que baixar a guarda,engolir o orgulho,se deixar levar.Se perder para se encontrar.-Citei.Eu encarava o céu,que aos poucos iam surgindo estrelas.Nunca houve um céu tão bonito como o do Hawaii naquela noite.

–Clarissa Corrêa.-Ela disse e eu afirmei.

–Do que você tem tanto medo?

Ela apoiou a cabeça no meu peito.Parecia tão mais leve,porém mantinha uma expressão tão triste.As mangas da minha jaqueta ficaram mais longas nela,então eu podia ver apenas seus dedos nervosos remexerem o fecho.
Eu adorava irritá-la.Vê-la com raiva e xingando era um prazer particular.Mas agora ela me parecia um animal acuado,um bebê perdido,algo para se cuidar.Ela estava se abrindo para mim,estava mostrando o que havia sobre aquela casca de super-mulher.
Seu perfume me remetia a algo antigo,algo de certa forma bom.

–De quebrar a cara.-Ela admitiu,olhando para cima.

–Ás vezes a realidade traz dores desnecessárias.Mas nada que uma boa fita durex não repare.

–Antes fosse.-Ela resmungou e se levantou,voltando á posição ereta.

–Ei,fica mais um pouco.-Pedi.Ela olhou para mim,e fez uma careta.

–Não.Odeio coisas melosas.Aliás,te odeio.

Eu sorri.Internamente e por fora também,por que era disso que eu estava falando.Essa era a Kat de sempre,a que era muito mais legal de se conviver.

–É,to sabendo,Sutiã de Bolinhas.

Ela não respondeu,apenas sorriu e me deu um tapa no braço.
Foi quando ouvimos uma voz grossa gritar:

ACHAMOS ELES,EI,ACHAMOS ELES”

E Gale saltar para o meio da clareira.


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Notas finais do capítulo

*-* Ela admitiu,ela admitiu...
Kat,você precisa sentir ciúmes mais vezes.
E aí,o que acharam???Mereço reviews?