Blue Roses And Tears escrita por nataliafairy


Capítulo 15
Capítulo 11 parte 2 (2) Não me deixe ir




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            _ Rudy. RUDY! – Moon chamava enquanto este a puxava para um lugar nos jardins, onde ela nunca havia estado antes. – Por que saímos da festa e para onde estamos indo?

            _ Não estrague a surpresa, sim? – disse Rudy, sorrindo. – Graças a Merlin você não é a Rose. – completou, referindo-se aos poderes da amiga.

            _ Ah, sim! A Rose! Ela me avisou sobre isso, já lembrei o que você quer me mostrar! – disse Moon, sorridente.

            Rudy parou de andar atônito.

            _ O quê? – disse ele espantado.

            Moon começou a rir.

            _ É brincadeira! Mas você devia ter visto a sua cara! – respondeu ela, continuando a rir.

            Rudy ficou zangado por três segundos, mas depois simplesmente continuou a puxá-la, o que ele tinha para dizer naquela noite era muito mais importante do que o fato da Moon estar zoando com a cara dele.

            Depois de um tempo chegaram até um grande jardim. Era a coisa mais bonita que Moon já havia visto, possuía todos os tipos de flores imagináveis e ao centro se encontrava um grande lago cristalino.

            Rudy apontou para uma toalha delicadamente colocada no chão, em frente ao lago. Em cima da própria havia uma caixa embrulhada.

            Moon ficou olhando para aquilo meio que sem reação, não sabia o que devia fazer, não sabia o que estava na caixa, não sabia nem em que parte do castelo ela e Rudy estavam. Porém, por incrível que pareça, ela sabia que estava no lugar certo, de alguma maneira ela podia sentir em seu coração.

            _ Rudy... O que é tudo isso? – Moon perguntou dando um sorriso meio abobado.

            _ Um jardim, um lago, uma toalha e um presente... – respondeu Rudy como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

            Moon revirou os olhos e Rudy riu.

            _ Isto é para você. – disse ele pegando a caixa embrulhada e entregando para Moon, que ainda estava sem reação. – Abra.

            Muito vagarosamente Moon começou a abrir o embrulho tão bem arrumado (com certeza não por Rudy). Quando acabou de desembrulhar o presente Moon não conseguiu pronunciar uma palavra de imediato. Era uma caixa prateada, com uma grande Lua brilhante em seu centro, brilhava como se fosse diamantes, rodeada por estrelas com o mesmo brilho. Mas o que chamou a atenção de Moon foi o que estava gravado abaixo da Lua: “Para sempre”.

            _ Rudy... – ela tentou começar a falar sem sucesso.

            _ Abra a caixa. – ele pediu, ainda sorrindo.

            Moon a abriu e nesse instante começou a tocar uma suave e doce melodia, daquelas que quando escutamos simplesmente fechamos os olhos para apreciar tamanha beleza. Dentro havia uma fotografia deles dois, abraçados e sorrindo, dois segundos depois Rudy quase caía no chão e a foto voltava para eles sorrindo.

            _ Você pode guardar o que quiser aí, eu achei que seria legal... Sabe... Porque você é a Moon, a minha Lua. – Rudy explicou sem precisar.

            Antes que ele pudesse falar qualquer coisa Moon pulou nos braços dele, tão feliz que parecia um crime. Ela achava que Rudy ainda estava zangado por ela estar escondendo dele o que era, na verdade, ele estava, mas com um tempo começou a entender.

            _ É lindo, Rudy! Lindo mesmo! – disse Moon emocionada.

            _ Moon, - começou Rudy, afastando-a um pouco a fim de olhar em seus olhos. – não importa que você não possa me contar exatamente agora o que está acontecendo. Eu não devia estar te pressionando para contar algo que é seu e... – ele parou por um instante, olhando somente para o rosto de Moon. – Moon, você foi a melhor coisa que aconteceu nesse ano para mim e eu não quero te perder por causa de ciúmes, quero estar ao seu lado o máximo que puder, aproveitar cada segundo de felicidade que você me proporciona todos os dias. Eu quero te amar o quanto eu puder. Se conseguirmos como está escrito nesse presente... Para sempre.

            Talvez não haja palavras suficientes para expressarmos o que sentimos em um momento desses, então procuramos a forma mais fácil para colocar para fora toda a alegria que estamos sentindo: um beijo.

            Moon praticamente se jogou nos braços de Rudy para envolvê-lo em um intenso beijo.

            _ Obrigada. – ela murmurou ofegante.

             Rudy somente sorriu e a beijou novamente. Algo ingênuo e doce, que foi se tornando ousado e exigente. Suas bocas se moviam de maneira febril, com um jeito acelerado. Quando se deram conta estavam deitados sobre a toalha, o coração batendo a mil por hora. Pode parecer que tudo tenha sido um grande impulso do momento, algo feito sem pensar. Não foi. Quando Moon e Rudy finalmente tomaram o tempo para tentar recuperar o fôlego, seus olhos puderam se encontrar. Acho que aquilo sim era o real amor à primeira vista, aquele no qual precisamos dar um segundo e mais profundo olhar, e, naquele momento, naquele olhar estava tudo que jovens apaixonados e despreocupados poderiam querer de prova, prova de que aquilo estava mais que certo.

            Eles sorriram enquanto eram tomados por mais uma onda de desejo e certeza. A insegurança que poderia existir antes não estava mais naquele momento, que só pertencia a eles dois. Rudy acariciou o rosto de Moon, enquanto, gentilmente, se colocava por cima dela. Eles não sabiam se uma relação tão fora do comum como a deles duraria para sempre, mas tinham certeza de que era isso que queriam para eles. Veja, o fato de Moon e Rudy terem percebido que se amavam em tão pouco tempo não necessariamente significa que eles não tenham certeza do que sentem, ou que não saibam o que é um amor verdadeiro. Às vezes as pessoas simplesmente encontram uma maneira de ultrapassar todos os obstáculos que nós criamos para finalmente admitir que não podemos viver sozinhos. Não gostamos de nos sentir dependentes, porque se entregar por completo a outra pessoa nos tira todo o suposto controle que teríamos sobre nós mesmos.

            Nesta noite Moon e Rudy mais uma vez quebravam as regras, ignoravam o esperado pelo resto do mundo, porque eles, eles e mais ninguém, tinham o direito de ditar como teriam de viver esse amor. Então, eles se entregaram a ele, se entregaram ao amor, sem questionar, sem temer, sem ter de pensar no que teriam depois, porque sabiam que teriam um ao outro e no coração de jovens sonhadores, e ainda inconseqüentes, isso bastava. Pergunto-me se um pouco dessa inconseqüência não traria mais realismo ao mundo, talvez pudéssemos aprender a sentir o amor e não calcular qual são as chances deste ser para sempre. Afinal, nunca teremos certeza sobre o futuro, e não importa realmente, porque nunca o viveremos. Moon e Rudy entendiam isso, sabiam que quando o futuro que tantos temem chegasse, este já seria o presente. Então, porque se preocupar com um futuro que um dia simplesmente será como agora, será seu presente?

            Não, eles preferiam viver esta noite, esta noite na qual se uniriam e compartilhariam. O maior êxtase que pode ser alcançado vem daquilo que se compartilha com a pessoa mais importante da sua vida. Os toques, as caricias, os beijos... Tudo era maior naquela noite, era mútuo, era certo. E o prazer alcançado pelos corpos dos amantes daquela noite foi fruto de total entrega, confiança, paixão e, mais que isso, a certeza de um amor incerto que os levaria a lugares que sozinhos nunca antes encontrariam.       

            ●●●

            Juliet jogava sua capa preta sob o vestido que era por demais delicado para ficar exposto aos galhos e terra da Floresta Proibida. Colocando seu capuz e respirando fundo Juliet adentrou a escuridão. Por seu caminho ela pensou em muitas coisas. Seus triunfos que viriam ou os já completos, seu plano, a ingenuidade de todos dentro daquele baile... Coisas nas quais ela já pensara várias e várias vezes. Então, sem pedir licença, um pensamento se apoderou dela, era mais como uma lembrança recente. Ela pensou em Rose e John discutindo, lembrou do calor entre os dois e pensou que nunca havia tido essa oportunidade. Era uma coisa que às vezes invadia as divagações de Juliet. Mesmo que conseguisse, e ela sabia que conseguiria tudo que planejava ter, nunca teria aquilo que nunca viveu. Esse calor... Em menos de um minuto ela expulsou tal pensamento e começou a pensar em coisas que realmente valeriam a pena. Paixão era para fracos, ela sempre dizia, e também nunca pronunciava a palavra amor, pois, para Juliet, esta era um mito que atrapalhava românticos e sonhadores e os impedia de alcançar seus objetivos.

            Juliet nunca sentiu falta de alguém ao seu lado, pois sempre aprendeu a conseguir tudo sozinha. Todos os outros ao seu lado, mesmo aliados, eram algum tipo de competição. Juliet não acreditava na confiança, porque traía todos ao seu redor e manipulava as coisas para que tudo sempre saísse como planejado. Então, por que confiar nas pessoas que nem deviam estar confiando nela?

            _ Já não era sem tempo! – disse um homenzinho que saia das trevas revelando sua forma meio corcunda.

            Juliet lançou um olhar gélido que fez com que Pedro Pettigrew ficasse ainda mais baixo, se é isso era possível.

            _ Eu entendo que sua perspicácia não pode atingir um patamar maior que seu tamanho real, ratinho querido... – disse Juliet com a frieza e elegância de uma rainha de gelo. – Mas, questione o que eu faço mais uma vez e você perderá mais que um dedo.

            Pedro arregalou os olhos e tossiu para disfarçar o medo que acabara de sentir das palavras de Juliet.

            _ O que você quer aqui, afinal? Não sabe que te encontrar enquanto estou em Hogwarts é super perigoso?! – perguntou Juliet, tirando a capa.

            Pedro ficou ainda alguns segundos sem responder. Juliet revirou os olhos.

            _ Será que você pode dizer algo idiota prolixo? – Juliet perguntou sem paciência - Já me fez vir até aqui e nada diz?!

            O fato de Juliet falar como uma dama ardilosa do século XVIII não melhorava a situação para Pedro.

            ­_ O Mestre quer saber se tudo corre como planejado. – Pedro disse, engolindo em seco.

            _ Sim, está. – respondeu Juliet – Mas não depende de minha pessoa... E sim de Harry Potter. Seu Mestre já parece ter a certeza de que ele conseguirá.

            _ E você não pensa assim? – perguntou Pedro lembrando-se da última vez que vira Harry Potter, quando este lhe salvou a vida.

            E o que Pedro fez depois? Correu para o Mestre das Trevas, seu mestre. Mas, como Dumbledore um dia disse: “Assim é a magia no que ela tem de mais profundo e impenetrável, Harry. Mas confie em mim... quem sabe um dia você se alegrará por ter salvo a vida de Pettigrew.”

            _ O garoto possui coragem, isso é inegável... – respondeu Juliet, tirando Pedro de seus devaneios. – Mas é aquele típico metido a herói que quer salvar a todos, mas sem a ajuda de ninguém! Ugh, eu juro que se tiver de ouvir mais uma conversa enfadonha do quanto Harry Potter sofre por carregar tanta responsabilidade eu sou capaz de gritar com todas as minhas forças e...

            Juliet parou e pigarreou, ela perdera a calma, claramente. Mas realmente se sentia entediada com aquele menino que não devia ter sobrevivido. Ela o via cada vez mais puxando uma responsabilidade para ele que poderia ser dividida com as milhões de pessoas ao seu lado querendo ajudar. Todos seriam prejudicados com o que estava por vir, todos. Ainda sim, esse menino achava uma maneira de se colocar como salvador solitário da pátria... Com uma culpa que nunca foi dele e uma obsessão por salvar o dia que não tinha mais remédio. Para Juliet, Harry Potter era oficialmente um babaca, quero dizer, herói. Bom, eu digo herói porque não tenho a coragem de Juliet para intitular esse menino de babaca. Quem sabe ele ainda me salve um dia, ou até salve você, leitor... Do jeito que as coisas andam, eu não me assustaria.

            _ Bem, eu já me demorei por demais. – disse Juliet a um Pedro ainda meio impressionado com a atitude anterior da garota.

            “A Rainha do Gelo mostrando algum tipo de emoção?” ele se perguntava em pensamento. “Isso eu achei que morreria sem ver...”

            _ Diga a seu mestre, - Juliet enfatizou o pronome, mostrando discretamente que o mestre de Pedro não era seu mestre também – que, por enquanto, o plano está correndo seu curso...

            Pedro assentiu com a cabeça.

            _ Agora vá, parvo! E não me transtorne mais.

            Juliet pegou sua capa e desapareceu na escuridão, deixando Pedro Pettigrew, olhando para o nada atônito. Ele não fazia idéia do por que de uma garota tão jovem ser tão amarga. Ninguém realmente entendia, a não ser Juliet. Ela seria simpática com quem precisasse ser, não daria importância para aqueles que não eram importantes e simplesmente seguiria com o plano.

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Kate estava sentada sozinha a uma mesa, enquanto a música seguia alta e os alunos giravam com seus pares em uma romântica música lenta. Ela deu um grande suspiro antes de enfiar mais um pedaço de bolo na boca.

_ Seu par te abandonou? – perguntou uma voz atrás dela.

Kate se engasgou com o bolo.

_ Calma, calma! –disse Chris oferecendo água a amiga.

Kate bebeu a água, enquanto se recuperava do susto. O engraçado é que ela havia percebido a presença de Chris, e o vira chegar... Mas o tom em sua voz foi tão... Bem, Kate chegou a engasgar.

            _ E o seu? – Kate perguntou por fim – Por que não está mais te engolindo?

            Chris riu, e Kate também. Os dois não conseguiam brigar por muito tempo, afinal, não sabiam como viver sem o outro por perto. Eram melhores amigos.

            _ Bom, aparentemente, quando seu par cansou de te procurar veio roubar o meu par. – disse Chris, naturalmente.

            _ Aquele pervertido!!! – exclamou Kate indignada.

            _ Você aceitou vir com ele... – Chris alfinetou.

            _ Porque não tinha mais ninguém sem par. – respondeu Kate – E meu melhor amigo me rejeitou! – continuou fingindo tristeza.

            _ O seu reserva te rejeitou, você quis dizer. – respondeu Chris – Seu melhor amigo sempre estará aqui e você sabe disso.

            Kate sentiu como se um monte de borboletas tivesse começado a voar em seu estômago. Os dois sorriram e se abraçaram, permanecendo assim por pelo menos um minuto.

            _ Mas então, agora nossos pares são um par? – perguntou Kate quando ela e Chris finalmente se separaram.

            _ Não mesmo... – disse Chris segurando o riso.

            _ Que cara é essa? O que aconteceu? – perguntou Kate curiosa.

            _ Primeiro você me diga. – disse Chris, voltando a ficar sério – E você e Hermione?

            Kate suspirou profundamente.

            _ Eu fui uma completa idiota! Devia ter metido a porrada naquela cretina! Mas ela está com punição suficiente por enquanto... Eu acho. Ainda vou ver amanhã no café! – Kate decidiu.

            _ Não vai partir para cima dela durante o café, né? – perguntou Chris preocupado. Sim, ele acreditava que Kate poderia fazer isso.

            _ Não sei... – respondeu Kate sincera e ao mesmo tempo brincalhona. – Mas, então, vai me explicar a cara de agora pouco?

            _ Ah! – disse Chris, rindo ao lembrar-se da cena – Foi bem engraçado na verdade. Isa e eu estávamos conversando...

            Kate olhou para Chris incrédula.

            _ Sério! Estávamos conversando! – Chris disse sincero. – Bem, foi aí que seu par chegou e...

            *FLASH-BACK*

            _ Devo dizer que sua beleza esta noite ofusca qualquer outra coisa, bela dama. – disse Jack, galanteador atrás de Isa.

            Isa já sabia quem era, mas ainda assim virou-se com um ar de indagação.

            _ Jack... – disse ela em fingida surpresa – Não conseguiu segurar seu par por uma noite inteira? Onde estão os “dons” que todos sempre falam? Bom, pode ser isso, não é? Só se fala de seus dons... – completou com um tom divertido.

            Jack riu, porque não sabia mais o que fazer.

            *DE VOLTA A CHRIS E KATE*

            _ Aaaaaaai! – Kate expressou o que, provavelmente, todos que leram o que Isa disse devem ter pensado.

            _ Essa só foi a alfinetada número 1. – disse Chris.

            _ Fica pior? – perguntou Kate.

            Chris assentiu com a cabeça.

            *FLASH-BACK*

            _ Na verdade, Isa, eu não a perdi. – mentiu Jack, pois ele havia sim perdido Kate. – Só queria falar com a minha amiga por um segundo, não posso? – ele perguntou.

            _ Ah, que doce da sua parte! – respondeu Isa com um maravilhoso sorriso estampado no rosto. Jack sorriu galanteador – Mas, agora eu não posso conversar, eu sim quero passar um tempo com o meu par.

            A expressão que o rosto de Jack mostrava depois dessas palavras era algo indescritível. Parecia incredibilidade, confusão e problemas mentais. Isa, por outro lado, continuou com o seu impecável sorriso no rosto enquanto se virava para dar um selinho em Chris, que estava um pouquinho embasbacado também.

            Chris sorriu para Isa e depois disse:

            _ Isa, pode conversar um pouco com Dawson, tem realmente algo que eu preciso fazer agora.

            _ Tem que ser agora? – perguntou Isa, delicadamente insinuando que não queria conversar com Jack naquela hora.

            _ Temo que sim. – respondeu Chris agora rindo da cara de Jack e do jeito que Isa o estava tratando.

            Isa suspirou.

            _ Tudo bem, mas não demore. – disse Isa, finalmente.

            _ Pode deixar. – disse Chris, deixando um boquiaberto Jack e uma superior Isa para trás.

            *DE VOLTA A CHRIS E KATE*

            _ E foi aí que eu os deixei e não ouvi mais sobre o que Dawson queria conversar com Isa. – concluiu Chris para uma entusiasmada Kate.

            _ Eu não creio! – foi o que Kate disse com a boca aberta. – Sempre que ela estava perto de Jack era óbvio que ela estava caidinha por ele!

            _ É, as coisas mudam! – disse Chris, com um sorriso no rosto, um pouco diferente do que Kate estava acostumada.

            _ É verdade... – Kate parou por um segundo. – Mas, Chris, o que você tinha que fazer? Pode ir fazer! Eu estou bem. Ou era somente para que Isa pudesse falar com Jack? – perguntou Kate.

            Chris abriu mais o sorriso e passou a mão nos cabelos.

            _ Eu já fiz o que eu tinha que fazer. – ele respondeu, rindo.  – Eu fui procurar por você.

            Kate arregalou os olhos.

            _ Ah! – foi o que ela disse tentando juntar os fatos em sua cabeça.  – Como é que você sabia onde eu estava? – perguntou ela, confusa.

            _ Porque eu te conheço. – respondeu Chris. Kate levantou uma sobrancelha. – Mas é! Todos te procurariam em algum canto, provavelmente chorando. Mas eu sabia que você viria para cá, no meio da festa e se encheria de bolo. – completou apontando para o prato quase vazio de Kate.

            Kate sorriu.

            _ Odeio o jeito que você me conhece tanto. – disse, ainda sorrindo, mas abaixando o olhar.

            Chris deu mais uma vez aquele novo sorriso.

            _ Odeia nada. – ele contrapôs.

            Kate abriu um pouco mais o sorriso e voltou a encarar Chris.

            _ O que posso dizer? Você me conhece.

            Eles sorriram mais uma vez.

            _ Então, vamos dançar? É a última dança, sabe. É agora ou nunca. – convidou Chris, meio sem jeito.

            _ Você não é meu par. – respondeu Kate, ainda um pouco de pirraça.

            Chris revirou os olhos e se levantou, estendendo sua mão.

            _ O que quer dizer que eu posso te obrigar a dançar e não ficar ressentido por isso.

Kate sorriu e logo depois segurou a mão estendida de Chris. Foram para o meio da pista e começaram a dançar a sua primeira música da noite, que, ironicamente, era também a última.

●●●

_ Dá para você me dizer logo o que você quer me mostrar?! – perguntou Rose, já impaciente de ficar passeando por aí sendo puxada (meio bruscamente) por John.

_ Veja você mesma. – respondeu John, finalmente parando de andar.

Rose olhou para sua frente meio que entediada. Porém, quando seus olhos fixaram-se no que se encontrava na sua frente, seu olhar se tornou surpreso. A cena era a seguinte: os respectivos pares de Rose e John estavam se pegando (ou melhor, se engolindo) em um cantinho escuro amassados contra parede, enquanto o clone de John furtivamente começava a acariciar as pernas do clone de Rose.

John pareceu ver que Rose estava prestes a soltar algo muito sujo de sua boca (e olha que ela era a “estressadinha” naturalmente). Não pode deixar de se encostar-se à parede desleixadamente para aproveitar o show.

  _ MAIS QUE PUTARIA É ESSA?! – perguntou Rose, não sabendo muito o porquê de estar tão zangada, mas estava.

O casal se separou um tanto que assustado.

_ Rose! – exclamou o clone de John.

_ Ah, pelo menos se lembra do meu nome, não é? Pensei que já tinha se esquecido já que estava engolindo a cara dessa aí!

_ Ah, sim! E qual é o meu nome? – perguntou o clone de John, levantando a sobrancelha.

Rose ficou alguns segundos calada olhando para ele.

_ É... É... – ela tentou lembrar, mas como seria inútil... – Quem é que estava beijando outra aqui? Eu? Não! Você! Então, cala a boca... CLONE DO JOHN!

John, que estava encostado na parede, de repente se endireitou, com um sorriso maroto e ao mesmo tempo confuso.

_ Clone meu? – ele perguntou.

Rose olhou de John para seu clone pelo menos umas quatro vezes antes de entrar em um colapso mental e gritar:

_ VOCÊS QUEREM ME DEIXAR MALUCA!

Clone Rose e Clone John tentaram começar a sair de fininho, enquanto John ria da atitude de Rose.

_ Por favor, fiquem! – disse John, acabando com as esperanças do casalzinho clone. – O show está longe de acabar! – depois de dizer isso, olhou para Rose. – Minha garota, você já é maluca, este cavalheiro não teria o privilégio de ser o meu clone e, nesse caso, se fossem vocês duas se beijando, eu não contaria como traição.

Rose arregalou os olhos, abrindo e fechando a boca repetitivamente. Mas o Clone John entrou no meio da história para salvá-la de ter que dizer alguma coisa sobre o comentário pervertido do John real. Nossa, que coisa confusa! Assim como Rose e John, pressuponho.

_ Nós não viemos aqui com a intenção de causar transtorno algum... – disse o Clone de John, se referindo a ele e também ao clone de Rose.

_ Mas acabamos por descobrir em pares que nem eram os nossos... a perfeição, talvez? – perguntou o clone de Rose, meio que rindo abobadamente.

Rose revirou os olhos em evidente nojo.

_ Por favor, vão embora? – mais que mandou do que perguntou Rose aos clones.

Estes não esperaram Rose mudar de idéia e saíram rapidamente do local.

_ Bem, creio que agora só há uma coisa para nós fazermos... – comentou John, chegando ao lado de Rose.

Rose concordou com a cabeça.

_ Encher a cara. – ela disse, já começando a andar em direção ao castelo.

John riu alto e a segurou.

_ Ou – ele começou, ainda rindo. – podemos dançar. É a última dança, minha garota.

Rose olhou para John meio incrédula.

_ Dançar? Eu? Agora? – foram as palavras que ela conseguiu emitir.

_ É... Acho que é melhor a gente dançar enquanto a música ainda está tocando porque... dançar quando ela pára é mais difícil.

Rose levantou uma sobrancelha ainda incrédula.

_ Olha aqui Ericson... – começou Rose ao que John revirou os olhos prevendo o que aconteceria a seguir. – Não me venha com os seus joguinhos ridículos! Eu não sou uma das suas garotas...

_ Claro que não é. – John a interrompeu. – Você é a garota.

Rose parou atônita, sem conseguir falar. Também se ela falasse algo sairia como “Gablablujiblaga?”.

_ Confesse... Você nunca pensou em você como... a minha garota? – perguntou John com um olhar tão profundo que chegava a penetrar os olhos de Rose. Ela ficou aflita ao pensar se poderia penetrar sua mente também.

Depois de alguns segundos parados, somente se olhando, John começou a abrir um sorriso, que logo se tornou uma gargalhada. Rose balançou a cabeça, confusa.

_ Você devia ter visto sua cara!!! – disse John, em meio a risos – Era como se dissesse “Já, já! Eu já pensei! Eu querooo!” HÁ, HÁ, HÁ, HÁ!

Rose se tornou tão vermelha quanto seus cabelos e começou a bater em John freneticamente.

_ VAI À MERDA SEU MONTE DE BOSTA!

Enquanto se desviava dos socos e tapas de Rose, ainda rindo, John retrucou:

_ Como é que eu vou à merda se eu já sou um monte de bosta?!

_ Então vai encontrar suas origens!!! – respondeu Rose, ainda batendo em John.

_Ok, chega! – disse John segurando Rose com a maior facilidade. – Agora, cala a boca e dance comigo.

Rose olhou para John, indignada, antes de responder simplesmente:

_ Não.

E assim, se soltou de John e foi andando para dentro do castelo. Uma vez que chegou à pista de dança Rose se deparou com um sorridente John estendendo sua mão direita em direção a ela.

_ Mas... O QUÊ?! VOCÊ... COMO?! – perguntou Rose, confusa.

_ Algum problema por aqui? – perguntou professora Mcgonagall chegando atrás de Rose, que se endireitou e foi parar ao lado de John.

_ Claaaaro que não, professora! – disse Rose dando um tapa da bunda de John, o que o fez pular. A professora, porém, não percebeu.

_ Eu podia jurar que... – a professora Mcgonagall começou.

_ Nada não, professora! Eu estou aqui me divertindo pacas com o meu amigo! – respondeu Rose, fingida.

_ Pacas? – perguntou John, ainda meio atordoado com tudo aquilo.

_ É! Chulas! – respondeu Rose.

A professora Mcgonagall balançou a cabeça e partiu para checar outras pequenas confusões.

_ Então... – Rose ouviu John chamar. – Acho que não tem outro remédio que me conceder esta dança.

_ “Que me conceder esta dança”, me sinto em um tempo muito, muito distante! – comentou Rose, rindo.

_ É, - respondeu John. – distante pacas!

Rose riu, mesmo sem querer. Antes que ela pudesse saber o que estava fazendo se encontrava nos braços de John dançando a última música do baile. Mais à frente se encontravam Kate e Chris e depois deles tantos outros casais esperando pelo fim de uma noite, ou melhor, de uma dança.
     
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Cedric se encontrava andando freneticamente, sendo que ele nem sabia para onde. Somente sentia que deveria continuar andando e andando, até encontrar o que queria. E o que ele queria? Uma certa menina de cabelos castanhos.

_ Você não gostaria de comprar algo? – perguntou uma linda mulher, que parecia estar vendendo lembranças no baile. Era uma mulher de olhos claros e cabelos negros.

Cedric, por mais que estivesse apressado, não se absteve de seu lado cavalheiro (que, por sinal, nunca era abalado).

_ Ah, eu agradeço, mas... Não estou interessado nas lembranças. Mas acho que aquele grupo de garotas ficaria muito feliz de comprar algo. – disse apontando para o grupo de meninas que havia puxado Cho há um tempo. Esta, agora, não se encontrava com elas.

_ Eu acho – disse Lívien – que você talvez precise de um presente para alguém muito especial.

Cedric não compreendia o porquê de aquela mulher querer tanto que exatamente ele comprasse algo. Ele não tinha que dar presente para ninguém! Ele tinha era que correr atrás de uma pessoa que... que para ele era o maior presente.

_ E então? – Lívien tirou Cedric de seus devaneios.

_ Eu quero... aquele colar. – disse Cedric mais para se livrar de Lívien do que pelo fato de ser um colar realmente bonito. Era um daqueles que abria para por uma foto dentro, parecia de ouro e tinha um pingente com formato de um coração.

Quando Cedric foi pegar sua carteira Lívien parou sua mão.

_ Esse é um presente meu. – disse ela com seu sorriso altamente encantador. – Espero que o entregue para pessoa certa.

Cedric olhou para o colar que estava agora depositado em sua mão e outra vez para o lugar onde Lívien se encontrava, confuso. Porém, a cigana já não estava mais lá.

Cedric não perdeu tempo, por mais que estivesse confuso, colocou o colar dentro do bolso direito de sua calça e continuou andando em direção às escadas. Ela sabia que lá era onde estaria Hermione, de alguma forma, ele sabia. De alguma forma, seu coração sabia.

Depois de alguns minutos, Cedric avistou-a. Lá estava Hermione, sentada na escada, sem sapatos, chorando descontroladamente. Ainda assim, ao vê-la, Cedric podia jurar nunca ter visto algo mais bonito. A gente fica perdido quando se ama. Perdido... Perdido onde? Perdidos em sentimentos? Em emoções? Perdidos uns nos outros? Bem, acho que se soubéssemos onde estamos perdidos, não estaríamos realmente perdidos, certo? E isso que Cedric estava sentindo, não seria amor.

_ Hermione... – Cedric chamou, cautelosamente.

Hermione começou a enxugar suas lágrimas rapidamente antes de se virar para Cedric como toda garota que se preze faz. Não se sabe por que, já que sempre fica óbvio que esta estava chorando.

_ Cedric vai embora, sim? Eu não quero falar com ninguém. – disse Hermione, meio grossa.

_ Você está chorando. – foi o que Cedric respondeu.

Hermione deu uma risadinha seca e sarcástica.

_ Não, foi o Pirraça que tacou cebola na minha cara!

_ Não tem porque você me responder com tanta hostilidade, eu não fiz nada. – defendeu-se Cedric.

            _ Você é simplesmente O Problema! – gritou Hermione.

            _ Como é que eu sou o problema? Eu não fiz nada para você! – retrucou Cedric, muito confuso.

            _ Exatamente! Você nunca fez nada! Nada! E o pior de tudo é que eu não posso te culpar, porque você nem sabe! Mas tudo o que eu fiz, o fato de eu estar chorando... É sim, tudo sua culpa e... – Hermione estava tirando de seu peito toda a dor que sentia, mas talvez esta fosse a vez de Cedric desabafar.

            _ Hermione, eu te amo.

            Nesse exato momento foi como se todos tivessem se silenciado, não havia mais música, gargalhadas, vozes... Até o vento, que até agora cantava insaciado, se acalmou nesse exato minuto. Por mais que não queiramos admitir a vida é muitas vezes como um conto de fadas, daqueles que são somente nossos, são escritos do nosso jeito e como queremos. Só que, muitas vezes, nós não sabemos o que queremos. Então, vagamos em um início conturbado até chegar ao meio e perceber que tudo o que queríamos estava bem a nossa frente, que só precisamos expressar o que sentíamos para que, finalmente, pudéssemos ter o tão esperado final feliz. Porém, nesse momento onde nada mais além dos dois existe e que tudo fica em silêncio nós podemos ver que o final ainda está longe de chegar, que tudo o que passamos, tudo o que sofremos (ou não) foi só o começo. O começo de algo muito mais forte que pode levar à nossa destruição ou felicidade, pelo menos, quase eterna. O começo de muitas lágrimas a serem derramadas sobre rosas azuis que de pouco a pouco vão florescendo. Entretanto, nada disso passa pela nossa cabeça no momento em que se admite que esse sentimento existe.

            _ Não faça isso comigo, Cedric... Eu não... – tentou começar uma Hermione incrédula no que acabara de ouvir.

            _ Não, Hermione... – disse Cedric.

            _ Não, Cedric! – defendeu-se Hermione – Isso não é real, não pode ser real. Nós... Nós não somos um para o outro, não entende? Talvez se não tivéssemos nos conhecido na Copa você até hoje nem me notaria, você não está falando o que realmente sente... É tudo uma coincidência.

_ Não. – Cedric a interrompeu sério, de uma maneira que Hermione não pôde continuar falando. – Conhecer você foi coincidência, se tornar seu amigo foi uma escolha... Mas me apaixonar por você... – Cedric abriu um pequeno sorriso – Ah, Hermione... Apaixonar-me por você foi algo além do meu controle.

Essa é a hora em que o príncipe pega a princesa nos braços e a beija. Então, no caso de Cedric e Hermione, obviamente a princesa, afobada, pulou nos braços de um príncipe que ficou assustado e tascou-lhe um demorado e intenso beijo. Quando seus lábios se separaram eles ainda assim continuaram com seus rostos próximos e Hermione sentiu Cedric sorrir. Uma das melhores coisas do mundo, sentir a pessoa que se ama sorrir.

_ Por favor... – Hermione sussurrou. – Cedric, me diz que isso tudo não é um sonho...

_ Um... Sonho... Sonho? – Cedric disse, de repente ficando meio desesperado.

Hermione o olhou meio confusa. Cedric começou a tatear os bolsos até retirar deles um lindo colar de ouro. Hermione ainda não sabia muito bem o que ele queria fazer com aquilo, parecia que ele estava ficando meio maluco. Cedric, então disse:

_ Pode se virar, por favor?

Hermione o fez sem questionar, naquela hora talvez ela fizesse tudo o que Cedric lhe pedisse. Assim, ele colocou o cordão em volta do pescoço de Hermione.

_ Se você ainda estiver usando isso amanhã de manhã... – ele sussurrou em seu ouvido. – Quer dizer que isso tudo não foi um sonho. – dizendo isso ele deu mais um sorriso cedric-você-quer-que-eu-morra?

Hermione se jogou nos braços de Cedric aproveitando cada momento daquele, até agora para ela, sonho. Ela o aproveitaria até o momento que acordasse, pelo menos, por uma noite. Porém, o colar em seu pescoço queimou a esse pensamento, uma chama de esperança de que, na verdade, isso tudo estivesse acontecendo.

Agora já se podia ouvir o vento outra vez. Ele soprava forte, ainda assim, sem ser frio, sem machucar, era quente de alguma forma, de uma forma incomum. Se o vento dessa noite pudesse se fazer entender, estaria cantando pedinte. Pedinte de um favor. Ele pediria um caminho para a alma daqueles com medo de amar, sem querer assumir que ele é tudo que precisamos. Não, não. Ele nos vem quando nos faltam palavras, nos tempos de mudança. Você já sentiu uma mudança na atmosfera, mesmo que pequena, quando finalmente se deixa acreditar naquilo que parecia tão longe? Vejo esse momento como o vento da mudança, aquele que sopra diretamente na face do tempo, tornando-o mais lento se possível, em prol de fazer-nos sentir aquilo que estávamos inibindo como se fosse algo fora do nosso alcance.

A confiança concedida, a coragem de simplesmente tentar, a quebra de uma alta parede de indiferença, uma música, um beijo, uma dança... Memórias. Memórias, que ainda estão sendo vividas, por mais algumas horas, só mais um pouco. O vento seguirá por novos caminhos, espalhando novas mudanças, mas, antes de ir, não pode deixar de entoar uma breve melodia, esta com mais um pedido. Ele canta "não me deixe ir". O vento não canta por ele, não. Ele canta por tudo o que foi descoberto essa noite. Não é que seja difícil de encontrar, mas nós complicamos tanto! Sabe, não sei vocês, mas eu não a deixaria ir, a memória dessa noite.

Estou me segurando em memórias que nem minhas são, mas eu acredito nelas, acredito em finalmente se encontrar quando estávamos perdidos, em recebermos alguém querido com confiança pela primeira vez ou em simplesmente deixar-nos viver algo que sentimos e escondemos por pelo menos algumas horas... Agora, com tudo na sua frente para ser perfeito, o vento simplesmente pede por essas memórias e mais uma vez diz: não me deixe ir. 


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Notas finais do capítulo

A segunda parte da parte 2! Gostaram? Deixem comentários! Obrigada por esperarem!