O Homem que Eu Amo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 38
O HOMEM QUE EU AMO - PARTE XXIX




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Os raios de sol da manhã que iluminavam o quarto faziam os móveis ficarem alaranjados.

 

Uma suave brisa matinal soprava e tocava a pele nua de meus braços. Preguiçosamente eu abri meus olhos, sentia um peso sobre meu abdômen. Virei a cabeça para o lado e vi o rosto de Naruto junto ao meu, ele dormia de bruços com o queixo apoiado em meu ombro e o braço sobre minha cintura. Meus lábios se abriram num sorriso terno.

 

Eu não queria me levantar, e em meu âmago desejei que a manhã não avançasse.

 

Jogando minha cabeça para frente eu lhe dei um beijo na ponta do nariz.

 

O rosto de Naruto se contraiu fazendo uma careta e seu braço sobre minha cintura puxou-me para mais próximo.

 

- Bom dia, Sakura-chan – ele me saudou sem abrir os olhos.

 

- Olá... – eu disse rindo.

 

Tentei me sentar, mas senti que Naruto aumentou a pressão do braço dele sobre minha cintura.

 

- Hey – eu reclamei – Eu quero me levantar!

 

Naruto seguiu com os olhos fechados e nada contestou.

 

- Naruto! Eu tenho que ir trabalhar – meu tom de voz ficou mais severo.

 

- Não vai embora – ele sussurrou meio sonolento – Fica comigo aqui, Sakura-chan...

 

Passei meu braço por baixo do braço dele e acariciei suavemente a face dele com o dorso da mão.

 

- Eu tenho que ir ao hospital, e você tem trabalho a fazer...

 

Os olhos azuis de Naruto se abriram e brilharam com a incidência da luz matinal neles. Numa reação natural a luz, os olhos dele piscaram algumas vezes.

 

- Já é de manhã?! – gritou surpreso sentando-se na cama.

 

- Eu sei que adoraria passar o resto do dia deitado, mas temos trabalho a fazer...

 

Ele pouco deu atenção as minhas palavras e pulou da cama. A luz que vinha da janela iluminou seu corpo tão perfeitamente delineado por músculos resultados de árduos treinamentos que só haviam se intensificado ao longo dos anos.

 

Sentei-me na cama, puxando o lençol para cobrir meus seios.

 

Naruto carregava em seus ombros a responsabilidade por manter a paz em Konoha, e ele se esforçava muito para isso. Além disso, havia sempre sua silenciosa preocupação com a kyuubi que estava presa em seu corpo, apesar de não falar a respeito eu sabia que ele temia que um dia o selo se rompesse.

 

- O que está acontecendo Naruto?

 

Ele me olhou sério, mas rapidamente abriu um sorriso falso.

 

- Eu disse que estaria no escritório ao amanhecer – respondeu ele pegando algumas roupas no armário.

 

Naruto correu para o banheiro e em menos de 5 minutos saiu. Eu prontamente fiquei em pé e usei o lençol para cobrir meu corpo.

 

- Não vai tomar café da manhã?

 

Se aproximando de mim, ele beijou minha testa.

 

- Eu como alguma coisa depois.

 

- Eu te encontro mais tarde, Naruto.

 

- Só não vai esquecer dessa vez! Não quero ficar te esperando, dattebayo!

 

Eu ri. Nessa hora, Naruto capturou meus lábios num beijo apaixonado.

 

A manhã passou lenta. Naruto foi para o escritório e eu fui para o hospital.

 

No começo da tarde eu, assim como prometi, fui me encontrar com o Naruto.

 

Ao sair do hospital, encontrei-me na entrada com Shizune que tinha uma expressão de preocupação em seu rosto.

 

- Shizune, o que aconteceu?

 

- Olá Sakura-chan... Eu não esperava que estivesse aqui.

 

- Você é que não deveria estar aqui. Eu disse que cuidaria do hospital durante a sua gravidez.

 

Shizune estava grávida de cinco meses, só que sua barriga tão saliente fazia aparentar que o tempo de gestação era maior. Ela se irritava quando eu brincava dizendo que ela estava grávida de trigêmeos.

 

- Eu sei que vai cuidar – a voz de Shizune estava estranhamente baixa e em seu rosto uma expressão de tristeza - Só achei que aqui eu poderia descansar um pouco.

 

- Por que não foi para casa? O hospital não é o melhor lugar para alguém descansar.

 

Ela respirou profundamente e seus lábios formaram um tímido sorriso.

 

- O Kakashi não está em casa, e eu ia ficar preocupada com ele se ficasse sozinha.

 

Eu sentia que alguma estava acontecendo em Konoha, porém Naruto recusava-se a me contar.

 

- Naruto está bem preocupado também com a situação... – eu arrisquei um comentário para que ela me contasse – E eu não sei o que fazer para ajudá-lo.

 

- Finalmente o Naruto decidiu enviar reforços à ilha que está sendo atacada pelo País da Água. Hoje pela manhã, um dos membros da ANBU que haviam sido enviados por ele disse que o curandeiro da ilha foi morto e que agora eles estão precisando de um médico para cuidar dos feridos.

 

Procurei não demonstrar que eu estava surpresa com a noticia.

 

- Ele decidiu ajudar a ilha...

 

Shizune desabafou:

 

- O Naruto estava preocupado que se ajudasse a ilha, o País da Água iria começar uma guerra contra Konoha – o sorriso dela ficou mais confiante à medida que ela falava – Mas eles não se atreveriam a atacar Konoha! Não iriam romper relações com o País do Fogo por causa de uma ilha... Porém estou preocupada. Konoha não enfrenta uma guerra há anos, e se decidirem atacar a vila... O Naruto disse que cuidaria de todos.

 

- É o que ele sempre faz... – eu deixei o meu comentário mental escapar por meus lábios.

 

Fechei os olhos por um breve instante e voltei a abri-los. Continuei.

 

- Eu vou me encontrar com o Naruto. Volto mais tarde. Procure descansar, Shizune.

 

Ela assentiu com a cabeça e eu segui meu caminho.

 

Corri até o escritório de Naruto e ao chegar encontrei-o sozinho sentado na mesa com uma expressão pensativa no rosto.

 

- Olá Sakura – ele sorriu ao ver-me.

 

Eu não retribuí o sorriso, eu estava brava por ele ter me ocultado o que estava acontecendo.

 

- Konoha vai ajudar uma ilha que está sendo atacada pelo País da Água, e você achou que não era importante que eu soubesse?

 

O rosto dele ficou sério de repente.

 

- Quem te contou?

 

- Não interessa isso agora.

 

- Eu queria te preocupar – ele disse num tom de confissão.

 

- Eu me preocupo quando você me esconde o que está acontecendo.

 

Respirando fundo ele decidiu me contar.

 

- O País da Água está atacando uma ilha cuja população se rebelou contra o governo. E as pessoas da ilha, que são bem pobres, vieram pedir ajuda a Konoha... Mas se os ajudarmos o País da Água pode começar uma guerra contra Konoha.

 

- E o que você vai mesmo ajudá-los?

 

- Pedi que alguns membros da ANBU fossem investigar o que estava acontecendo.

 

Por um breve instante os olhos de Naruto perderam o foco. Era como se a mente dele houvesse ido para um lugar bem longe dali.

 

- E o que eles disseram? – eu o questionei.

 

Shizune havia me contado uma parte da história, e como eu queria detalhes decidi que seria melhor que ouvisse tudo pela boca de Naruto.

 

No entanto, para a minha surpresa, o silêncio foi a sua resposta. Ele parecia querer escolher as palavras que usaria e as coisas que me contaria.

 

- Pode esconder o quanto quiser, mas eu vou arrumar uma maneira de descobrir – ameacei-o usando um tom de voz autoritário.

 

Ele virou-se de costas para mim e caminhou até a janela.

 

- As pessoas da ilha estão precisando de um ninja médico... Eles pediram isso para Konoha.

 

- Eu não acredito que você tenha feito isso... – eu caminhei até ele – Você recusou o pedido?!

 

Naruto virou-se para mim e disse de maneira firme e convincente.

 

- Não há ninguém que eu possa enviar.

 

- Eu vou.

 

- Não! – ele gritou.

 

- Se está acontecendo uma guerra lá, somente eu ou a Shizune podemos realizar esse trabalho. E você não vai querer mandar a Shizune que está grávida do Kakashi-sensei para o meio de uma guerra.

 

- Também não vou mandar você.

 

- Por que não? Só por que eu sou a esposa do Hokage? – desdenhei.

 

Naruto segurou meus braços com força e me sacudiu.

 

- Não vou mandá-la porque você é a minha esposa – eu fiz uma careta e tom de voz dele se acalmou um pouco – Entenda Sakura-chan, eu não vou poder ir com você.

 

- Não preciso que você vá comigo. Eu tenho que ir ajudar aquelas pessoas.

 

Ele me soltou.

 

- Você não vai, e isso é uma ordem.

 

Naruto não costumava a usar de sua autoridade como Hokage para me obrigar a fazer alguma coisa, e por isso muito me surpreendeu quando ele fez isso pela primeira vez; claro que naquela hora eu estava tão irritada com essa sua atitude que simplesmente girei os calcanhares e saí pisando duro. Bati a porta com força quando saí.

 

O corredor estava vazio. Recostei-me na porta e senti-a tremer, em seguida ouvi, do outro lado, Naruto dizendo:

 

- Sakura-chan, você é a mulher que eu amo.

 

Eu olhei para baixo e vi que a porta tinha um vão de uns quatro centímetros, provavelmente ele via a sombra de meus pés através daquele vão.

 

Meus olhos umedeceram ainda mais e eu não pude impedir as lágrimas de caírem, controlei apenas para não começar a soluçar; eu não queria que ele soubesse que eu estava chorando.

 

Não era justo ele dizer que eu era a mulher que ele amava, porque aquele tipo de coisa era eu quem dizia quando eu fazia alguma coisa que ele não gostava; dizer que ele era o homem que eu amava era o meu pedido de “desculpa”.

 

Entretanto, por mais doces que fossem as palavras de meu marido, eu não fui capaz de abrir aquela porta e beijá-lo declarando pela qüinquagésima vez que eu o amava, e que ele era o homem que eu amo, e sempre iria amar. Havia uma missão que deveria ser cumprida.

 

Vim para o hospital e aqui estou nesse pequeno escritório em meio a caixas de medicamentos empoeiradas desabafando através de palavras nesse meu diário que me acompanhou ao longo dos últimos 14 anos.

 

A luz que vem da pequena janela localizada na parte da salinha aos poucos se extingue, e logo será noite. Não quero voltar para casa e me encontrar com o Naruto, pois sei que acabaremos tendo uma discussão muito séria por sua teimosia em não me deixar ir sozinha até a ilha no País da Água.

 

Fico olhando para a aberta porta branca de tintura descascada que fica em frente à mesa onde agora estou sentada, enquanto que em meu coração cresce uma vã esperança que Naruto a qualquer momento vai passar por ela e me pedir que eu volte para a nossa casa, porque nossos filhos logo chegarão e é preciso preparar o jantar.

 

Pensar em minha família só faz com que eu me entristeça, pois lembro que na ilha que estava sendo atacada pelo País das Águas, muitos famílias estavam naquele momento ao lado do leito de seus entes amados que foram feridos em batalha esperando que um milagre os salve da morte. E eu era esse milagre que eles esperavam. Um milagre que estava tão cheio de vontades egoístas que o atavam ao seu próprio lugar.

 

Não... Eu não posso ser um milagre se seguir desejando estar com Naruto e com meus filhos. Há pessoas que precisam de mim, e eu preciso partir. . . . . . Ao fechar o diário, decidi abri-lo novamente e como que por coincidência abri-o na parte em que eu relatei a volta de Naruto depois que o selo havia sido refeito por Kakashi-sensei e Tsunade-sama.

 

O sorriso estampado no rosto de Naruto quando ele me encontrou no hospital e o abraço apertado que ele me deu, são coisas que eu jamais poderei esquecer. Aquela foi a primeira vez que sentimos que podíamos ter uma família e uma vida de plena felicidade partilhada. Todas as nuvens escuras haviam se dissipado, e a tempestade havia sido arrastada para longe.

 

Em muitas noites, deitada ao lado do Naruto, eu me perguntei como eu havia terminado o amando daquela maneira tão intensa que parecia que eu não era capaz de ter controle sobre meu próprio coração. Eu queria saber quando foi que eu passei a vê-lo com os mesmos olhos que ele sempre me vira: como a mulher da sua vida, a mãe de seus filhos, a pessoa com quem ele deseja estar até o último sopro de vida...

 

Eu estou com medo de não voltar a vê-lo novamente. Tenho medo de não ver meus filhos grandes. Sinto medo de não retornar a Konoha que sempre há sido o meu lar... Mas tenho mais medo de ouvir as vozes das pessoas que nesse momento clamam por ajuda em meus pesadelos.

 

Eu sou uma kunoichi, e como tal cumprirei o meu dever de proteger e cuidar daqueles que precisam de mim.

 

Sei que o Naruto nunca vai perdoar por eu partir fugida de Konoha no meio da noite, mas mesmo assim, eu vou levar em meu coração a esperança de que ele entenda o porquê eu agi dessa maneira; e dessa forma, ele possa um dia não mais se zangar ou ficar triste pelo o que eu fiz. E que meus filhos não me recriminem por minha atitude e nem desobedeçam ao pai como eu estou fazendo.

 

Eu também tenho um caminho ninja a seguir... E sinto que não há volta atrás.


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Notas finais do capítulo

NOTA DA AUTORA:Sakura decidi contrarriar a ordem de Naruto e vai para a ilha que fica no País da Água, e agora o que vai aconteer? Será que o Naruto vai atrás dela quando souber?

Esse foi o penúltimo cap dessa fic, e o próximo, portanto, será o ÚLTIMO CAP!!!!

Eu disse que haveriam surpresas até o final. Não percam o final dessa linda história de amor.