O Homem que Eu Amo escrita por Angel_Nessa


Capítulo 36
O HOMEM QUE EU AMO - PARTE XXVII




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Quando cheguei a casa naquele meio de tarde encontrei a minha pequena Tsunade sentada no sofá com a cara emburrada, como mãe eu sabia qual era a razão do descontentamento da minha caçula, mesmo assim eu preferi que ela me contasse.

 

- O que aconteceu? - perguntei sentando-me ao lado dela.

 

Ela olhou para mim e como quem estava esperando há muito tempo para falar disparou:

 

- Todos foram treinar e me deixaram sozinha!

 

Quando ela disse “todos”, eu entendi que isso incluía o Naruto também.

 

Eu procurei sorrir de forma amável. Tsunade-chan sempre se sentia excluída pelos irmãos por ser a mais nova, e Naruto não ajudava muito com sua idéia de que ela era pequena demais para participar dos treinamentos dos irmãos.

 

- Por que você não pega as suas armas e vamos treinar nós duas na floresta?

 

Os olhos dela se arregalaram e o mesmo sorriso bobo que o Naruto sempre esboçava quando se animava surgiu nos lábios de Tsunade-chan. Em pouco menos de dois minutos, a garotinha apareceu de volta na sala carregando, com alguma dificuldade, sua pochete rosa.

 

Eu a levei até uma floresta que ficava fora dos limites da cidade. E ali ficamos treinando até o começo da noite.

 

Mostrando uma habilidade incrível, Tsunade-chan conseguiu acertar todos os alvos fixos que estavam espalhados pela floresta, ela apenas errou os alvos durante a sua movimentação.

 

- Já está anoitecendo. É melhor voltarmos antes que seu pai e seus irmãos voltem para casa. Eles podem ficar preocupados.

 

Tsunade-chan fez um bico enorme, mas ela sabia que comigo não adiantava argumentar; se fosse o Naruto, com certeza ela conseguiria ficar na floresta por pelo menos mais umas 3 horas.

 

- Eu vou buscar as kunais e shurikens que estão na floresta.

 

Ela correu para dentro da floresta e eu fiquei atentamente a observando. Escutei, de repente, o som suave de pés que pareciam deslizar sobre a terra seca.

 

- Olá Sasuke – eu o saudei sem me virar.

 

Ele riu baixinho.

 

- Não há como ocultar a minha presença de você.

 

- Eu estou sempre atenta a tudo a minha volta – eu rebati mantendo meu olhar fixo na entrada da floresta.

 

- A mãe Sakura está sempre preocupada com sua cria.

 

- E você está preocupado com a sua. É por isso que está aqui.

 

Eu girei meus calcanhares e virei para encará-lo. Nunca era fácil ter que olhar para o Sasuke do presente: um homem cego e sem glórias em seu passado. O uso abusivo do Amatseru havia levado a visão de Sasuke, e não houve cura para isso, ainda que eu tenha tentado arduamente tentar reverter a cegueira.

 

- Meu filho está treinando aqui.

 

- Sasuke, eu fico feliz que tenha deixado o seu filho entrar na academia em Konoha.

 

Ele ergueu a cabeça e disse de forma briosa.

 

- Eu quero que meus filhos voltem um dia para a terra dos avós e reconstruam o clã Uchiha.

 

- E por que você não volta com eles?

 

A resposta era óbvia depois de muitos anos.

 

- Eu não tenho mais um lugar em Konoha. Eu escolhi o meu próprio caminho quando decidi abandonar a minha vila... Só quero que meus filhos escolham o caminho contrário do meu.

 

Tanto sofrimento havia se passado desde a saída de Sasuke. Tanto havia mudado.

 

Sasuke havia trilhado o caminho mais errado que alguém pode seguir na vida. Admitir o erro, reconhecer a derrota, acreditar que ainda havia uma maneira de viver em meio a dor e o sofrimento foram coisas que somente aconteceram depois dele ter quase matado o Naruto numa batalha de egos e forças. Porém não vale a pena remoer o passado. O Naruto me fez prometer que eu também deixaria o que passou para trás.

 

- Sasuke, eu espero que seus filhos possam um dia erguer o clã Uchiha novamente.

 

Um sorriso discreto surgiu nos lábios de Sasuke.

 

- Não se preocupe, Sakura. Eu não vou destruir a paz que o Naruto tanto tenta proteger.

 

Senti-me mal pelo que ele dissera. Por mais que houvessem se passado muitos anos, eu ainda temia que algum dia o Sasuke pudesse vir quebrar a paz de Konoha e meu lar.

 

Ele continuou falando.

 

- Se no dia em que eu abandonei Konoha, eu tivesse te escutado, talvez hoje eu é que seria o Hokage de Konoha e seu marido.

 

- Você nunca quis isso... – eu rebati com raiva.

 

- Realmente, eu nunca desejei ser o Hokage de Konoha.

 

Meus olhos se arregalaram e eu senti meu corpo gelar.

 

- Mamãe!

 

Tsunade-chan saiu correndo da floresta com um enorme sorriso nos lábios trazendo nas mãos na pochete cor de rosa. No encalço dela vinha Makoto, um menino de olhar triste com os cabelos na altura do ombro tão negros como os olhos. Não havia como não dizer que o filho de Sasuke se parecia demais com o pai quando este era criança.

 

- Nos vemos, Sakura. Mande lembranças ao Naruto – disse Sasuke começando a caminhar em direção ao filho que o aguardava perto da entrada da floresta.

 

Sasuke seguiu andando com seu filho o acompanhando. Eles estavam voltando para a casa simples deles que ficava nos arredores de Konoha.

 

Esqueci de me contar que o Sasuke havia se casado há alguns anos com uma garota da vila chamada Rei. Ela era uma mulher jovem que tinha cabelos cor de mel e olhos verdes, e apesar de não ser uma kunoichi, Rei havia sido forte o suficiente para lutar contra o preconceito de todos e se casar com Sasuke.  Por vezes, eu ficava imaginando se ela não havia freqüentado a academia shinobi na mesma época do que nós. Eu ficava imaginando também se ela não era uma das antigas fãs do Sasuke.

 

Eles tinham dois filhos. O mais velho se chamava Makoto e era um amigo de Tsunade-chan na academia, aliás, ela era uma das poucas amigas dele; uma vez que o passado de Sasuke fazia com que os pais das outras crianças não as deixassem se aproximar do garoto. O segundo filho tinha apenas dois anos e eu apenas o vira uma única vez.

 

A família Uchiha tinha uma vida modesta. Sasuke seguia trabalhando como shinobi recebendo alguns serviços inclusive de Naruto que dizia que havia coisas que ele só confiava no Sasuke para fazer.

 

Quando cheguei a casa com Tsunade-chan, Naruto estava nos esperando na sala.

 

- Hey Sakura-chan, onde você estava? – foi logo me perguntando com uma cara de preocupado.

 

- Você deixou a Tsunade-chan de novo fora do treinamento dos garotos! – eu briguei com ele.

 

- Mas ia ser perigoso – Naruto foi se justificando.

 

- Não interessa. Sabe que ela não gosta de ficar sozinha!

 

Naruto colocou a mão atrás da nuca sem jeito.

 

- Papai – Tsunade-chan puxou a barra da capa de Naruto – Hoje encontramos com seu amigo Sasuke na floresta!

 

Naruto olhou para mim com curiosidade.

 

- O que o Sasuke estava fazendo lá?

 

- Ele estava treinando com o filho – eu respondi – Agora filha, vá tomar um banho para podermos jantar.

 

Ela balançou a cabeça em sinal positivo e em seguida subiu correndo as escadas.

 

Eu sentei-me no sofá e Naruto sentou-se ao meu lado. Passando a mão por trás das minhas costas, ele me puxou para que eu deitasse a minha cabeça no peito dele.

 

Era muito bom ficar ali ouvindo o som tranqüilo das batidas do coração de Naruto.

 

- Eu não entendo porque o Sasuke não volta para Konoha – desabafou Naruto.

 

Achei que não deveria dizer que o Sasuke não voltaria para Konoha porque não suportaria viver em um lugar onde o melhor amigo parecia ter lhe roubado toda a felicidade.

 

- Um dia, Naruto, o Sasuke vai voltar.

 

Os braços de Naruto me apertaram mais forte contra o corpo dele. Eu ergui minha cabeça para protestar, mas nessa hora os lábios dele capturaram os meus, senti a sua mão passeando por minhas costas. Posicionei minhas mãos em seu peito e o afastei.

 

- Esse não é o momento para isso – eu me levantei do sofá – Eu vou tomar um banho.

 

Subi correndo as escadas e passando pelo quarto dos meus filhos, me enfiei no meu. Odiava admitir tal coisa, mas o encontro com Sasuke havia me deixado abalada. Sempre acontecia a mesma coisa, tudo o que Sasuke falava causava em mim uma reação inexplicável, como se meus sentimentos passados por ele ainda fossem capazes de me afetar.

 

Olhei meu reflexo no espelho e fiquei encarando a mulher que eu havia me tornado, por uns segundos, eu vi no fundo do espelho a garotinha que eu costumava a ser. Os anos haviam levado de mim o amor devotado por Sasuke, e o havia substituído por um amor incondicional por meu marido.

- Eu preciso cortar meu cabelo.

 

O comentário aparentemente sem nexo veio a meus lábios numa tentativa frustrada de afastar as lembranças de Sasuke de minha mente, ainda que eu realmente achasse que as pontas de meu cabelo que tocavam meu ombro precisavam mesmo ser aparadas. Sem querer, eu havia me lembrado de quando criança eu deixei meu cabelo crescer porque havia escutado que o Sasuke gostava de garotas de cabelos longos.

 

Tirei a roupa no quarto e foi para o banheiro. Abri a torneira e fiquei olhando a água quente preencher a banheira.

 

Sasuke havia dito que não queria se tornar o Hokage de Konoha, porém não negou que desejasse ser meu marido. Eu não conseguia acreditar que ele tivesse algum tipo de sentimento por mim que não fosse amizade, ainda mais depois de se terem passado tantos anos.

 

Balancei a cabeça a fim de afastar esses pensamentos.

 

Entrei na banheira e encostei minha cabeça na borda, fechei os olhos e nessa hora eu senti minha mente resgatando antigas recordações. Lembrei-me de quando Naruto estava fora em missão e eu fui treinar na floresta para tentar amenizar a minha ansiedade e preocupação pela volta dele.

 

Ao me aproximar da clareira da mesma floresta que eu havia ido treinar com Tsunade-chan, eu encontrei o Sasuke sozinho treinando.

 

- Olá Sakura – ele me saudou sem se virar para me olhar.

 

- Oi – eu respondi um pouco sem jeito.

 

Sasuke virou-se para mim. Ele estava bem suado e sem camisa, os cabelos molhados pelo suor caiam bagunçados na frente de seus olhos que há pouco haviam voltado ao normal.

 

- O Naruto não veio com você? – ele me perguntou diretamente.

 

- Ele está fora em uma missão – eu evitava manter o contato visual com ele por muito tempo.

 

- Pensei que o time sete devesse permanecer unido – disparou Sasuke num tom de malicia.

 

- O Naruto e eu nem sempre realizamos as missões juntos.

 

- Nem mesmo agora que vão se casar? 

 

Senti o meu rosto corar.

 

- Quem te contou... isso?

 

O olhar sério e frio de Sasuke guardou a resposta que ele não me deu.

 

- O Naruto deve estar feliz por você finalmente o ter aceitado. Acho que isso significa que você já se esqueceu do que sentia por mim.

 

- Não se pode esquecer o que já sentiu por alguém um dia...

 

Sasuke deu dois passos a frente ficando bem perto de mim.

 

- Você ainda me ama? Ou talvez me odeia por tudo o que eu fiz?

 

Eu não sabia se o Sasuke dizia a verdade ou estava apenas tentando me provocar.

 

Dessa vez fui eu quem não lhe dei uma resposta.

 

- Sakura, você não consegue decepcionar o Naruto desse jeito, não é mesmo?

 

O jogo era que qualquer que fosse a minha resposta, eu terminaria decepcionando o Naruto. O que eu poderia ter dito, eu não disse.

 

Sem que eu esperasse Sasuke me beijou. Meu coração bateu acelerado e senti meu corpo adormecer, eu estava totalmente paralisada, incapaz de reagir.

 

- Considere um antigo desejo realizado.

 

Sasuke girou os calcanhares e saiu andando pela floresta.

 

Voltei a abrir os olhos e me vi de volta ao meu banheiro. Levantei-me da banheira, enrolei-me na toalha e saí do banheiro. Encontrei Naruto no quarto olhando pela janela a cidade iluminada, ele apenas estava vestindo a calça de pijama. Ao ver-me, ele se virou e sorriu.

 

- Sakura-chan, nossos filhos já estão dormindo. Acho que eles estão cansados do treinamen...

 

Eu o abracei forte e ele emudeceu.

 

- Naruto, você é o homem que eu amo.

 

- O que você aprontou dessa vez, Sakura-chan? - ele me perguntou enquanto colocava sua mão sobre a minha cabeça.

 

Passado dois dias do meu encontro com Sasuke na floresta há quase 16 anos atrás, Naruto voltou da missão e tivemos nossa primeira vez. Eu nunca contei ao Naruto o que havia acontecido, e simplesmente preferi me afastar de Sasuke para que assim evitasse qualquer confusão entre os dois.

 

Eu não tinha dúvidas que quem eu amava e teria ter ao meu lado, só que eu não sabia como dizer ao Sasuke que o meu amor por ele havia sido substituído por um amor tão forte que não havia como medir.

 

Naruto me beijou. Sentia mão direita dele se posicionar em meu peito em cima do coração, enquanto a mão esquerda continuava atrás das minhas costas. O beijo foi se tornando mais acalorado e as caricias mais urgentes.

 

Ele me pegou no colo e me levou de volta ao banheiro.

 

- Eu já tomei banho!

 

Ignorando meu protesto, Naruto me segurou com apenas um braço e usando a mão livre abriu a torneira voltando a encher a banheira com água quente.

 

- Eu ainda não tomei banho.

 

Quando a água atingia metade da banheira, Naruto me colocou em pé dentro da banheira e rapidamente tirou minha toalha, eu me sentei enquanto ele tirava a calça e entrava na banheira também. Assim que ele se sentou do lado oposto do meu, eu joguei meu corpo para frente e me posicionei em cima de suas coxas usando meus joelhos como apoio.

 

 

- Tem certeza de que as crianças estão dormindo? – eu perguntei.

 

Não houve resposta para a pergunta. Naruto apenas voltou a me beijar de forma apaixonada e ardente, a mão dele percorria meu corpo desnudo fazendo o tesão dele aumentar cada vez mais. Estendendo o braço, ele pegou a esponja e colocou um pouco de sabonete líquido; em movimentos suaves começou a esfregar o meu ombro e meu braço.

 

Eu Busquei uma posição cômoda sobre ele, e o senti me penetrando suavemente. A água quente molhava em minha pele e a pequena brisa que entrava pela pequena janela do banheiro aberta me causava arrepios. Por um momento os lábios dele encostaram ao meu ombro, e eu notei que ele estava pensando em algo.

 

- O que foi, Naruto?

 

Sem me responder, ele continuou a passar sua mão sobre meu tórax e a se movimentar para frente e para trás fazendo o pênis dele se mexer dentro de mim. Eu acabei perdendo o ritmo e senti apenas meu corpo estremecer e se arrepiar quando ele saiu de dentro de mim.

 

Naruto agarrou meus braços e me olhou com ternura.

 

- Vamos dormir.

 

Ele fez menção de se levantar e eu saí de cima dele. Naruto se enrolou na toalha e foi para o quarto. Eu fiquei por um tempo, sentada na banheira, olhando para a água turva.

 

Quando voltei para quarto, já vestindo um roupão, vi Naruto olhando novamente pela janela a vila iluminada. Aproximei-me dele e o abracei pelas costas.

 

- O que está acontecendo? – eu perguntei preocupada.

 

Naruto colocou sua mão sobre as minhas e através do vidro da janela eu o vi sorrir.

 

- Sakura-chan, você é a mulher que eu amo.

 

- Por que está me dizendo isso? – eu fiquei assustada com aquelas palavras.

 

 Novamente o silencio foi a resposta de Naruto. Dessa vez eu me irritei e me afastei do corpo dele, a minha reação o fez virar-se para mim.

 

- Seu idiota, por que não me fala o que está acontecendo?

 

Olhei para a barriga de Naruto e vi o símbolo do selo.

 

- O selo... – foi a primeira coisa que me veio a mente.

 

Naruto correu para me abraçar.

 

- Não. Eu estou bem. O selo continua inteiro – ele foi logo dizendo para me tranquilizar – Eu só estou com medo... Com medo de perder você e meus filhos...

 

No fundo o que o Naruto sentia eu também sentia. Nós dois temíamos que a nossa vida tão perfeita a qualquer momento pudesse ruir. É normal que alguém que tenha um tesouro tenha medo de um dia perder aquilo que lhe é tão valioso. Foi como eu disse, vergonhosamente, eu tinha medo que o Sasuke um dia pudesse destruir o que eu amava, mesmo ele não tendo mostrado nenhuma intenção de fazê-lo nos últimos anos.

 

Eu ergui minha cabeça e olhei fundo nos olhos.

 

- Eu te ajudarei a proteger o que você ama – eu disse sorrindo.

 

Naruto sorriu em retribuição e me apertou mais forte entre seus braços. Eu sabia que ele carregava nas costas a responsabilidade pela felicidade de muitas pessoas, e isso o fazia se preocupar em demasia, por isso desde que se tornou Hokage era comum o encontrar olhando fixamente para algum lugar com o olhar distante. E eu como sua esposa, vivia me preocupando cada vez que o encontrava assim, então eu decidi que o ajudaria a proteger o que ele tanto queria para que assim eu o pudesse ver sorrir mais vezes. 

 


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Notas finais do capítulo

nota da autora: Para aqueles que estavam com saudades dos momentos NaruSaku olha eles aí de volta, e no próximo cap tem mais. Esse cap bônus foi escrito pq eu achei que da primeira vez que eu escrevi a história faltou eu contar sobre o Sasuke.

As emoções finais estão chegando...