Shizune me surpreendeu ao conseguir tocar meu ventre e descobrir sobre minha gravidez, agora eu tinha que convencê-la a manter o meu segredo.

- Shizune, por favor, não diga a ninguém – eu lhe implorei.

- É por isso que anda passando mal. É filho do Naruto, não é?

- Que pergunta! Claro que é filho do Naruto.

Shizune tinha brilho no olhar, ela estava verdadeiramente feliz por minha gravidez. Ela sentou-se a meu lado na cama.

- Ele já sabe? – perguntou-me num tom de curiosidade.

Eu respirei fundo e coloquei a mão na minha testa para verificar se eu tinha febre.

- Não... – respondi num tom baixo de voz – E não pretendo contar por enquanto.

Eu saí da cama e recolhi os frascos espalhados sobre o colchão, Shizune me ajudou a colocar os frascos de volta na bandeja.

- Sakura, você deveria contar isso ao Naruto. Ele gostaria de saber que você está esperando um filho dele.

- Eu sei.

E como eu sabia que ele gostaria de saber que eu estava esperando um filho dele, que nossa família começaria em menos de nove meses.

- Está com medo de contar ao Naruto que você está grávida?

Esbarrei num dos frascos que tombou e derrubou os outros dois, sorte que a bandeja continuava sobre a cama por isso não quebraram. Olhei para Shizune com seriedade no olhar.

- Eu não posso colocar mais esse peso nos ombros de Naruto, então, por favor, Shizune, eu lhe peço, não conte nada a ninguém.

- Sakura-chan, você vai ficar bem assim?

Eu esforcei-me para sorrir e mostrar a Shizune que havia um pouco de felicidade em meio aquela situação tão desesperadora que eu vivia.

- Esse bebê é mais um motivo para eu lutar por aquilo que Naruto parece ter desistido de lutar.

Shizune colocou a mão no meu ombro.

- Ele não desistiu de lutar

Olhei para Shizune com espanto e ao ver minha expressão facial, ela me contou algo que me deixou realmente um pouco mais feliz.

- Naruto não desistiu de lutar por viver. Ele foi procurar Tsunade-sama e disse que não se deixaria ser morto, ele disse que queria viver por você e também que ele não podia morrer sem ser Hokage.

Uma lágrima escorreu por minha bochecha.

- Eu entendo – respirei fundo – Mas se ele quer continuar vivendo por que quando estamos juntos ele continua falando que vai me deixar?

Eu não entendia porque Naruto não fora capaz de me dizer que estava lutando por sua vida.

- Sakura-chan, apenas a vontade de viver não basta para o Naruto não morrer. Tsunade-sama ainda não sabe como refazer o selo, mas ela está se esforçando muito para encontrar uma maneira.

- E por que ele continua querendo participar das missões?

Shizune tirou a mão de meu ombro e pegou a bandeja da cama.

- Naruto precisa disso, se afastar dessa dor que o cerca... – a voz de Naruto ficou baixa - Ele precisa ficar longe de você.

- Longe de mim?

Era isso que Naruto precisava para não sofrer mais? Ficar longe de mim? Então por que continuávamos a passar as noites juntos?

- Naruto a ama – Shizune apressou-se em dizer – Só que eu também não entendo porque ele quer se afastar de você.

- Tenho medo que ele se afaste muito de mim – confessei num suspiro.

- Naruto não vai ser vencido tão facilmente, além disso, ele confia em Yamato e Kakashi para detê-lo caso alguma saia do controle. Agora fique tranqüila, não é bom para o bebê que você se estresse dessa maneira. Vá para casa e descanse.

- Shizune...

- Não se preocupe Sakura-chan, eu não contarei ao Naruto sobre sua gravidez.

Shizune saiu do quarto dos leitos, e eu fiquei naquele lugar vazio sozinha. Senti um alivio grande em meu coração, era bom saber que Naruto não tinha desistido de lutar, porém era preocupante saber que ainda não havia uma maneira de salvá-lo, uma dualidade de emoções que se confrontavam naquele momento em meu coração.

E para acalmar meu coração eu sabia que só havia uma maneira; eu tinha que me encontrar com o Naruto, mesmo eu não sabendo mais se era certo fazê-lo, eu sentia que apenas em seus braços meus medos e incertezas desvaneciam e meu coração ficava em paz, ainda que essa fosse uma paz temporária.

Fui para o apartamento de Naruto como havíamos combinado pela manhã. Ao ver-me em frente à porta de entrada toquei a campainha, mas não houve resposta, deduzi que Naruto ainda não estivesse no apartamento, portanto, eu não tinha escolha a não ser entrar pela janela da sala, a qual ele costumeiramente deixava aberta.

Realmente Naruto não estava no apartamento. Eu sentei-me em sua cama e fiquei olhando o céu mudar de cor. As estrelas já brilhavam alto no céu e eu o continuava esperando; não ter notícias dele começou a ficar preocupante.

- Vou preparar o jantar – disse me levantando.

Eu tinha que arrumar alguma atividade para me distrair antes que eu enlouquecesse com mais esse sumiço do Naruto.

- Como se eu não tivesse preocupações suficientes.

Dirigi-me a cozinha e sobre a pia encontrei a panela com aquilo que seria nosso café da manhã totalmente carbonizado em seu interior.

- Naruto... Eu disse para você jogar isso fora! – eu estava um pouco brava por ele não ter feito o que eu lhe pedi antes de sair – Como pode ser tão desligado!

Joguei os alimentos queimados no lixo e comecei a lavar a panela, um pouco de água respingou em minha blusa molhando-a; eu não era uma perfeição de dona de casa, mas sabia me virar muito bem.

Senti uma forte contração em meu ventre e me curvei sobre a pia, a panela escorregou da minha mão e bateu com força contra a superfície metálica da pia fazendo um tilintar que ecoou pelo apartamento vazio. Não havia sido uma contração tão forte quanto aquela que eu tivera no hospital, mesmo assim havia sido forte o bastante para me fazer curvar ante a dor.

- De novo as contrações... Espero que esteja tudo bem... – disse pondo minha mão sobre meu ventre.

Eu sabia que era comum que as mulheres grávidas tivessem contrações fortes, porém não podia deixar de me preocupar com isso, afinal essas contrações vinham ocorrendo de maneira intensa e freqüente.

- Preciso descansar um pouco.

Decidi deixar a panela onde estava e fui para o quarto me deitar. Eu havia passado o dia inteiro andando de um lado para outro no hospital e talvez isso devesse ser a causa das contrações, eu não sabia mais que justificativa dar para isso estar acontecendo.

- Não poderei voltar para as missões desse jeito.

Eu estava começando a ficar com tédio por estar a tanto tempo afastada, no entanto, ainda que eu não gostasse de admitir, eu não tinha condições de participar de missões de risco estando grávida e tendo tantos sintomas de inicio de gravidez.

Sentei-me na cama e apoiei as mãos sobre o colchão, nesse momento escutei a porta da sala se abrindo; levantei-me e fui verificar quem era.

- Naruto, até que enfim chegou – eu o recebi com um sorriso nos lábios.

Ele sorriu de volta, mas notei que seus olhos estavam escuros e tristes.