O Amor Mora Logo Ali [Hiato] escrita por Bella Guerriero


Capítulo 1
Primeiro Dia


Notas iniciais do capítulo

Essa história é original. Ela é baseada em uma história real com um toque de imaginação...Espero que vocês gostem!
Divirtam-se!



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Meu coração estava acelerado, o sangue pulsava em minhas veias, a ansiedade dominava meu corpo. Minha mente estava rápida, ágil e louca para que minhas pernas subissem logo as escadas para encontrar as pessoas que conviveram comigo durante 5 anos - mas que estávamos separados a mais ou menos dois meses - e é claro, louca para aprender.
Tudo aquilo já era normal, já tinha vivido isso umas vinte vezes, sempre era igual, mas ao mesmo tempo diferente.

O primeiro dia de aula do ano, eu estava ansiosa para conhecer meus novos colegas de classe, apesar de eu já conhecer todo o pessoal da escola, não o que era de se esperar, era meu oitavo ano lá.
SESI Jundiaí, lá era minha segunda casa, onde via quem eu amava e me distraia dos problemas da vida, só uma coisa havia mudado agora eu era da oitava série, eu sentia que aquele ano ia marcar a minha vida.
Cheguei cedo até, entrei no refeitório procurando minhas amigas, mas elas ainda não haviam chegado, então decidi me sentar em uma das mesas para esperar, enquanto observava as crianças do primeiro ano, talvez, não tinha muita certeza, mas as observei recordando-me de quando eu tinha aquela idade e de como as coisas eram mais fáceis. Não só na escola, mas era a época em que a matemática era simples e não envolvia o alfabeto, mas a vida era fácil, eu não me preocupava com nada e isso era maravilhoso.

Enquanto recordava-me da infância, uma das minhas amigas chegou. Era Sophia, sempre muito alegre, foi para o meu lado, me deu um abraço e me perguntou como eu estava.

Minha resposta foi a obvia, “Bem, é claro” e joguei-lhe a mesma pergunta que obteve a mesma resposta. Como disse, era obvio isso nos primeiros dias de aula, mas depois, seria algo mais complexo como “Não suporto mais esse inferno”.

Deixando de lado isso, mas partindo para o clichê também, começamos a falar sobre nossas férias, as quais passei em Minas Gerais e Sophia aqui em Jundiaí. Também falamos de nossas famílias e as boas risadas que tivemos. “Bons momentos” definia tudo.

Aproveitamos para falar do ano passado que, por sinal, foi um ano ótimo onde fiz novas amizades, das quais, sentiria falta no final do ano,
além do mais, eu estava triste.

Há, mais ou menos, cinco dias atrás, fui à escola para ver a lista e ver a sala e as pessoas que ali estariam, mas, ao vê-la, meu mundo, de repente, parou. Minha alegria inteira desapareceu, pois, depois de ter passado sete anos na mesma sala e com a mesma turma, tendo todas as minhas melhores amigas lá, estávamos separadas.

Fui embora como se um buraco tivesse sido aberto sob meus pés. Tentei disfarçar o meu desgosto, mas era impossível. A tristeza estava escrita em meus olhos e em minha testa.

Passei o dia vendo televisão resolvendo ir tomar um banho, entre um programa e outro, chorando inconsolavelmente enquanto aquela água morna e, outrora acolhedora, corria pela minha pele na mesma intensidade que as lágrimas saiam de meus olhos. Lá era o único lugar onde podia chorar sem que ninguém me perturbasse.

Depois de um breve momento lembrando do dia que, para mim, havia virado um terror, comecei a perceber o que tinha ao meu redor, pouco a pouco, notando estar em um refeitório com as crianças da primeira a terceira serie, fazendo suas filas em frente ao palco – cujo tal possuía uma fita de Boas Vindas e alguns alunos do sexto ano encostados em sua parede – preparando-se para subirem em suas respectivas salas acompanhado de seus professores.

A porta das quadras estava fechada e as das salas do térreo também. Os quatro bancos, localizados nas paredes laterais a frente do palco, estavam lotados também, cheio de amigos se reencontrando, conversando sobre as férias e coisas do gênero.

Entretanto, havia uma pequena parcela de alunos indo beber agua vez ou outra e outros na fila do lanche, aguardando sua vez para pegar sua merenda de péssima qualidade. Tremi ao lembrar o sabor horrível que tinha. O restante, assim como eu e Sophie, estava sentados em frente à mesa.

Sophie estava graciosa vestindo a camiseta branca, com renda nas mangas – feitas pela minha avó – com seus cabelos negros e vividos caindo sobre seus ombros em pequenos cachos nas pontas, tendo como complemento, um tanto quanto exagerado, seu micro shorts, um que ela usava desde a pré escola.

Ela era muito bonita, com sua pele clara sem mancha alguma de espinhas, magra de natureza e delicada. Muitas vezes, não me achava bonita, mesmo com meus olhos azul da cor do céu e os cabelos loiros e longos até minha cintura, um pouco ondulado – parecendo com o dela -. Muitas garotas queriam isso para elas, mas eu me sentia péssima em ter lábios pequenos, algumas espinhas espalhadas pelo rosto e meio gorda. Não exatamente gorda, mas não possuía aquele corpo escultural que atraia algum menino.

Minha camiseta era a mesma que a de Sophia, a diferença é que eu vestia uma calça jeans rasgada, me fazendo parecer uma mendiga perto dela. Apesar da minha simpatia e extroversão, o jeito mais calmo de Sophia acabava enfeitiçando qualquer um que passasse ao seu lado.

Enquanto eu estava perdida em pensamentos, ela estava tentando me acordar, avisando-me que nossa amiga Alice havia chegado. Deixei de lado os pensamentos, sabendo que voltaria neles mais tarde, quando estivesse só ou sem mais nada a fazer.

Ao me aproximar de Alice, notei que ela não estava só. Ela estava com um menino bonito, mas ela não era igual as outras meninas que queriam namorar cedo. Entretanto, havia algo nele, não sabia o que, que me remetia há um passado e alguém em especial que eu conhecia. Era frustrante não lembrar onde.

–Oi! – Disse entusiasmada, dando um abraço apertado em Alice. Uma atitude inesperada já que ela era um pouco afastada e dispensava essas coisas.

–Oi! –Respondeu a mim e a Sophia, utilizando uma voz de bebê que era a uma espécie de marca registrada dela.

Quando virei e observei melhor aquele garoto, minha mente então se iluminou e eu o reconheci imediatamente. Era Vitor, - acreditava eu, pois sempre confundia ele com seu outro irmão – irmão de Alice.

–Oi! É Vitor, não é? –Perguntei em duvida.

– Sim – Sua resposta foi quase inaudível e, mesmo sendo apenas uma palavra, seu timbre transmitia algo mais formal e isso fazia jus a sua postura incrivelmente correta, ereta.

Ele vestia calças jeans azul marinho e uma camisa branca, como todos nós, mas ela estava tão bem passada e limpa em seu corpo, que parecia que ele acabara de vestir.

Tentei puxar assunto com ele, falando das férias e tudo mais, o de sempre, mas ele não era tão próximo de mim ou Sophia e acabou fazendo o tipo antissocial, dando atenção apenas a sua irmã. Mas, durante nossa curta conversa, descobri que ele tinha 15 anos e estava no 1º colegial.

Então, algum tempo depois, o sinal bateu e fomos obrigados a seguir para nossas respectivas salas, pela primeira vez, separadas.

Meu coração estava acelerado e parecia que iria sair pela minha boca, a cada passo que dávamos para o primeiro andar, a dor parecia aumentar e o medo era arrasador.

As meninas e Vitor viraram a esquerda na escada e eu a direita. Nos despedimos, ou tentamos, mas o assunto entre eles continuou enquanto eu apenas me desligava deles.

Ao entrar na sala, notei a ausência do professor e de boa parte dos alunos. Sentei-me na primeira carteira da fileira do meio, como sempre, sendo a nerd que eu era.

Tirei meu estojo de dentro da mochila e alguns cadernos enquanto fitava alguns amigos alegres, conversando alto na ultima carteira da fileira da parede. Lá existia uma garota muito alta, perguntei-me se ela estava na sala certa, afinal, ela tinha a altura de alguém de 16 para 17 anos e não de alguém de 13.

Ela estava escrevendo algo em sua mão enquanto conversava com uma garota loira, muito bonita. Desviei meu olhar delas e fitei dois garotos conversando sobre vídeo game a minha direita.

Tentei partir para outra pessoa, uma vez que não entendia absolutamente nada disso. Foi então que notei um garoto na carteira ao meu lado, com um rosto angelical e infantil, parecendo ser jovem demais para estar ali, com olhos castanho escuro e uma pele tão branca quanto a neve, mas não me interessei.

Por fim, reparei em um garoto que não era estranho, já havia estudado comigo em alguma outra época. Seu nome era Felipe, se não me falhasse a memoria, fomos grandes amigos, mas nos separamos conforme o tempo foi passando e conhecemos novas pessoas, rumos diferentes. Coisas do gênero.

Nesse meio tempo, a professora de história havia entrado na sala. “Que ótimo” Pensei sozinha com um sorriso irônico. Ela se apresentou rapidamente, seu nome era Uza – e ela odiava os EUA, irônico, não é? - e tinha uns 50 anos pela aparência. Era delicada como uma pluma e falou também sobre seu metódo de ensino ee como faria nossas mentes flutuarem através da história.

Pensei que, pela primeira vez em oito anos, alguém iria me fazer adorar essa matéria. Ou não, era cedo demais para tirar conclusões precipitadas.

A primeira aula passou rápido quanto as três que sucederam. Quando o sinal bateu, fiquei feliz, pois iria rever meus amigos, depois de “muito tempo” presa em uma jaula. Também queria saber das novidades que Alice e Sophia ouviram nessas poucas horas e contar a respeito das pessoas que encontrei na minha sala.

Eu estava pensando nos alunos dali que não me achariam estranha e quieta demais, que não achassem que eu só sabia prestar atenção nos professores e que copiava a lição como um cachorro adestrado obedece ao seu dono.

– Oi de novo, garotas! – Disse parada na porta de sua sala.

–Oi Bella – Responderam juntas, rindo dessa façanha.

–Como foram suas primeiras aulas?-Perguntou Alice.

–Bom, foram normais. Achei alguns professores legais e outros pediram para nós fazermos uma redação sobre o que queremos ser quando “crescer” – fiz aspas ironizando o fato de que, talvez, não crescêssemos mais, não tanto quanto esperávamos.

–Os nossos também. Hm, você teve aula com quem?

–Hm, Beijamim de inglês, Roberta de português, Camila de geografia e Uza de história. – Disse conforme me lembrava de cada um deles - Gostei de todos menos de inglês, ele é estranho. – Fiz uma careta ao me recordar de sua metodologia de aula.

–Bota estranho nele - Disseram junto novamente

–A professora Uza parece ser bem... Legal, ela dança na aula. Concordei com a cabeça rindo, lembrando-me dela explicando sobre alguns pontos da história medieval.

Quando dei conta, já estavamos no refeitório, perto das mesas e Vitor estava conosco. Nem percebi sua presença, ele era tão quieto que me perguntei se ele não estava a vontade conosco ou era quieto por natureza. Também me perguntei porque ele não estava com seus amigos, geralmente irmãos se evitavam, mas eles estavam juntos. Deduzi então que eles eram completamente unidos.

–Vamos lá para fora?- Perguntou Sophia, mas Alice e Vitor preferiram ficar lá dentro. Dando de ombros, sai com ela e fomos dar uma volta.

–Você viu a professora de matemática? Ela é rigida, mas parece ser boa no que faz, se chama Sônia. – Puxou assunto enquanto sentíamos o sol quente bater em nossas peles, afastando um pouco o frio trazido pelo vento.

–Não, deve ser minha próxima aula.

–Tem alguém bonito na sua sala?-Indagou ressaltando a palavra bonito. Sabia exatamente onde ela queria chegar, ela queria que eu mudasse de ideia com o meu princípio que desenvolvi no final do ano passado, após uma paixonite que eu tive com um garoto muito metido e que me iludira, não vendo o que ele realmente era. Foi quando decidi que os garotos não prestavam e eu não me apaixonaria de uma maneira tão idiota novamente.

–Não, não tem ninguém bonito na minha sala e acho que nem na escola inteira - Disse com uma raiva desnecessária me arrependendo depois. Sophia só queria meu bem, mas realmente, olhando em volta, nenhum menino ali, tirando o irmãos de Alice e o menino com rosto de anjo eram bonitos, mas nem neles eu me interessava.
Novamente, o sinal bateu, anunciando o termino do intervalo. Subimos para nossas salas e aguardei até que as garotas entrassem em suas salas – uma mania que herdei de minha avó, a preocupação de vê-las chegando em seu destino –

De certa forma, foi a aula de matemática que tive, assim como havia imaginado, entretanto, não era a mesma professora que elas haviam me falado. Isso acabou me levando de volta para a preocupação que elas tinham comigo e o desejo de que nossas amizades sobrevivessem aos anos e também queria que Vitor se tornasse meu amigo, afinal, ele parecia um bom garoto.

No termino do dia, voltei para casa, jantei com meus irmãos e meus avós, tomei um banho e fui ler qualquer coisa que pudesse me carregar para outro mundo. Alias amava os livros, pois eles nos rendiam histórias tão belas quanto aquelas que queremos para nós.


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Notas finais do capítulo

Próximo episódio:Novas amizades,brincadeira e risadas,descobertas fora do comum estaram presentes também!...Não percam!



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