America's Sweethearts escrita por Hissetty


Capítulo 4
Pague ou roube


Notas iniciais do capítulo

Mais um, mais um! xP
Bomdiaboanoiteboatardeboamadrugada!
Como estão vocês, leitores? - e vocês, leitores fantasmas?
Bem, boa leitura, até daqui há 1513 palavras.



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- VOU CONTAR ATÉ DEZ, DELILAH!

Tenho que confessar uma coisa: faltava muito pouco para eu pular a janela direto na garganta do filho da puta. Eu tive que retocar a tinta verde do meu cabelo – ele é comprido, então ocupou bastante tempo – e também tive que achar ALGUMA ROUPA que não estivesse suja, porque, vou te contar, morar com dois irmãos tapados, um pai ocupado com trabalho e namoradas e uma tia em eterno estado vegetativo... é dose, cara. Eu cozinho, eu limpo, eu lavo a roupa... ou pelo menos deveria fazer essas coisas.

A falta de camisetas e shorts dentro do meu armário comprovam que eu não faço porra nenhuma.

- Senhorita Pigmeu, é pra hoje?!

- NÃO ENCHE O SACO, CARA! – gritei. Pela décima vez. Ô, criança chata aquela. Espiei pela janela. Henri estava encolhido entre a parede e a palmeira que tínhamos no pátio, como se esperasse que a qualquer momento alguma coisa atacasse ele.

Talvez meu dálmata, mas ele era um cachorro inofensivo e estava preso.

Puxei a regata branca até que ela tapasse o cós do short jeans, porque ele estava todo desfiado. Depois coloquei meus chinelos azuis velhos de guerra e desci correndo as escadas. Glenn estava sozinho na mesa da cozinha, cutucando uma miojo queimada. Minha tia estava aos prantos com Ronald e Marizete, que acharam o filho perdido num orfanato. Franzi as sobrancelhas e continuei caminhando.

Até que uma moça loira me parou.

- Delilah! – disse a número 21, Amélia, a delegada. Ela não parecia animada. – Sabe quem foi prestar queixa hoje lá na delegacia?

- Ronald McDonald? Eu vi que furaram os olhos dele lá no drive-thru...

- A Dana! A garota da farmácia, disse que você e um amiguinho – tom de desprezo – roubaram algumas coisas dela.

Fiquei em silêncio.

Por dois segundos.

- Ninguém tem provas, então... ela pode estar louca! Ela viu gremlins quando eu tinha 15 anos, e jurou que ele tinha batido em mim com a almofada, não ela!

- Delilah, olha só...

- PIGMEU! – alguém – preciso dizer quem? – abriu a porta com uma força do caralho. – Nove horas e dezesseis minutos, porra! O quê diabos você faz tanto que em três horas não sai da merda daquele quarto... ah. Oi.

Amélia nem deu bola pro Henri. Ela olhou para ele, para mim, depois para minha tia... e simplesmente se virou de costas e sumiu na lavanderia. Interessante. Me virei para Henri.

- Me diga que vamos com aquele puta carro que tá lá na frente da sua casa!

Henri me encarou.

- Então você só está comigo por causa do meu carro! – dramatizou. – Sinto-me usado, Delilah!

- Não estou contigo porra nenhuma, agora te mexe. Cê que me meteu nessa roubada.

- Não foi por querer – sorriu ele. – E não, não vamos de carro. É aqui do lado!

(...)

Eu odeio o Henri.

Por quê? Fácil, posso até listar em alguns fatos:

Fato 1: ele já começou como um babaca.

Fato 2: ele é chato pra caralho.

Fato 3: ele não sabe o que são ESTRANHOS.

Fato 4: ele tem um cérebro de ervilha.

Fato 5: ele me beijou – de mentira, mas eu quase morri sufocada.

Fato 6: ele NÃO FAZIA IDEIA DE ONDE ERA A FESTA, ou seja, NÃO ERA PERTO PORRA NENHUMA. Andamos por um zilhão de metros até chegar na maldita casa amarela 666, porque NÃO VIEMOS COM O CARRO.

Nem pra se fingir de namorado o garoto presta, tsc.

Enfim, ele é um pé no saco. Não estou exagerando. Meu ódio gratuito começou no momento em que ele escancarou na minha cara que eu era baixinha e só vem aumentando conforme eu me arrasto em direção à casa, que pouco a pouco é enfeitada por maloqueiros tipo o Henri com papel higiênico.

- Isso aqui é uma merda – disse Jay, surgindo de uma multidão que gritava ‘vira, vira, vira!’. – Não tem bebidas, cara – depois olhou para Henri, com uma cara de desprezo parecida com a da madrasta 21. – Você sabe que está em uma festa de praia, não sabe?

Olhei para Henri também. Jeans. O filho da puta vestia jeans no meio do verão de Cocoa Beach.

- Você é louco – eu disse, revirando os olhos. Peguei Jay pela gola da camisa. – Aí, eu preciso roubar as bebidas ou algo do tipo? – perguntei.

- Você topa? – Jay sorriu. Eu conhecia aquele sorriso. Ele ia me ferrar. Mas antes, eu queria me embebedar, então seja lá o que ele estivesse tramando, eu ignorei. – Tem uma loja de bebidas no fim da Coke Street – ele esticou a cabeça para espiar atrás de mim. Me virei. Era Henri. – Quem é o cara?

- Meu vizinho – murmurei. – Por favor, me diga que por cem pratas você dá um cabo nele e desova o corpo, Jay.

O viado do meu amigo, com todo respeito, apenas deu de ombros.

- Ainda não. Talvez possamos negociar por duzentos...

- Você vai aceitar me matar por duzentas pratas? – Henri cruzou os braços. – Eu – e apontou para si mesmo. – Eu valho muito mais que essa merreca.

- As palavras ‘vai te catar’ significam alguma coisa pra você, Henri? – sorri amavelmente, virando-me novamente para Jay. – O que eu pego?

- Cervejas, talvez vodka e qualquer outra coisa. Traz o que puder pegar, Dêh.

Henri me cutucou. Não dei bola, sacando meu celular fodido e anotando o que Jay queria. Henri me cutucou de novo. Ignorei. Então ele me cutucou de novo.

- QUÊ, PORRA?!

- Pegar? Pegar o quê?

- Bebidas – falou Jay, como se fosse óbvio. – Você não ensinou nada pra ele, Dêh?

- Eu? Ensinar essa porta? – olhei para Henri, que parecia ligeiramente ofendido. – Eu quero mais que ele vá pro diabo que o carregue.

Henri deu uma risadinha.

- Quer nada.

Suspirei.

- Toma conta dele? – pedi – leia-se IMPLOREI – para Jay. Mas ele só negou.

- O bichinho é seu, sua responsabilidade. Achei que soubesse dessa regra.

- Ele é a porra do meu vizinho, cara!

- Então. É a porra do seu vizinho que tem só dois anos a mais que você, é novo na cidade, está boiando na conversa e está dramaticamente ofendido com vocês falando de mim como se eu não estivesse aqui, caralho! – protestou Henri.

Olhei para ele. Não me livraria do encosto tão cedo.

- Vem comigo, então. Mas não enche e me obedece.

Ele sorriu.

- Sim, mama – saí caminhando.

- Delilah! – chamou Jay. Me virei. Ele me arremessou uma jaqueta. – Pra trazer as coisas.

Assenti e voltei a caminhar.

- Simpático – Henri sacudiu os ombros e me seguiu. – O que vamos fazer? Comprar bebidas?

- Roubar, sou de menor, cara – sorri.

- Eu posso pagar – disse ele. – Eu tenho 21!

Parei no meio do caminho. Vinte e um? Mas que merda...? Ele tem a mentalidade de 14, e olhe lá! Encarei o projeto de gente. Tudo bem, ele tinha cara de ser mais velho do que eu... mas 21? Porra! Esse cara só pode ser de Bollywood, onde as pessoas não crescem... não, pera. Essa é a Disney. Peter Pan, algo assim... ah!, deixa pra lá. A questão é: inacreditável.

- Quê? Você tá me encarando; porque tá me encarando?

Pisquei.

- Vinte e um?

Henri riu diante do meu tom de total descrença. Pôs as mãos na cintura e sacudiu a cabeça.

- Tá duvidando de mim, Duende? Eu sou meio...

- ... bocó...

- Eu ia dizer lindo demais, mas isso não quer dizer que eu tenha que ser novo pra isso.

- Tsc – cruzei os braços e voltei a caminhar. – A questão é que vamos roubar.

Ouvi ele bufar.

- Mas eu posso pagar!

- Achei que você fosse o maloqueiro – me virei de novo para ele. Um carro passou por mim, buzinando por eu estar no meio da rua. Mandei ele se foder virando a esquina.

- Eu era – ele sorriu, orgulhoso. – Vim pra cá por causa disso.

- Te expulsaram de casa?

- Eu fugi da polícia.

Silêncio.

- Você paga – esfreguei as mãos. – Vamos logo, cara, eu quero beber!

- Tudo bem – disse Henri, sorrindo. – Você, minha cara, vai beber bebidas bebíveis pagas agora, e não roubadas.

- Que diferença faz, mano?

- Toda! – ele saiu saltitando pela rua. O mané tinha mesmo 21? Caara... – Você vai ver, Delilah, o poder dos meus dólares somados à minha carteira de identidade.

Revirei os olhos, embora eu tenha sorrido.

- Seu carro já me seduziu! – gritei, correndo para acompanhar a gazela saltitante.

Algo que dizia que aquilo ia dar merda, mas eu estava acostumada, então só fiz o que eu sempre fazia com determinação e coragem...

... entrar na loja de bebidas proibida para menores de dezoito.


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Notas finais do capítulo

Então, ficou bagunçado? Ruim?
Conto com vocês, leitores *u*



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