Silêncio escrita por KeykoSakura


Capítulo 6
Ciúme Que Faz Milagre




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/347283/chapter/6

A primavera se aproximava do fim [1], assim como o primeiro semestre do ano e logo Sasuke descobriria que às vezes precisamos de um evento um tanto traumático nas nossas vidas para que possamos despertar do torpor no qual nós mesmos, muitas vezes, nos afundamos. Ele estava na zona de conforto; não incomodava a ninguém e por ninguém era incomodado, a não ser quando uma certa garota de cabelos cor-de-rosa estava por perto ou se tornava o assunto da conversa. E desde que ele tinha decidido ensiná-la LJS, Sakura passou a representar 80% dos tópicos conversados com Kiba.

O principal problema em se ter um melhor amigo é: ele sempre te conhece melhor do que você mesmo e isso pode ser muito irritante, principalmente quando ele resolve tentar te convencer que você está apaixonado quando você sabe que não está. Ou acha que não está.

Sasuke estava interagindo melhor com Sakura agora que ela já falava um básico de LJS suficiente pra se ter uma conversa razoável. Eles continuavam se encontrando para as aulas as segundas e quartas com exceção do bolo que ele dera nela na última quarta pelo que havia ocorrido na última segunda. Kiba havia dito que isso era medo de assumir sentimentos; Sasuke achava que era apenas um desconforto passageiro.

Flashback:

Estavam ambos sentados na cama de Sasuke como de costume e Sakura tinha acabado de acertar mais uma sequência de sinais. Esperta como era, ou como ele achava que era, ela logo abriu os braços convidativamente. Bom, é verdade que ultimamente ela estava ganhando muitos abraços dele, mas todos não duravam mais do que poucos segundos; aquele não seria diferente. Sasuke se inclinou e envolveu a garota com seus braços, novamente sentindo os aromas de chocolate e morango lhe invadirem os sentidos. Mas não iria se deixar levar por mesmos perfumes. Tentou se separar dela. Tentou. Sakura tinha aumentado sua força naquele abraço e o prendido em seus braços. A primeira coisa que o garoto pensou é que ela era mais forte do que aparentava. Tentou empurrá-la um pouco menos gentilmente, mas Sakura balançou a cabeça em negativa dizendo claramente que não o soltaria. Ele então se mexeu incomodado e percebeu que agora ela ria. Sasuke sentiu uma veia saltar de irritação em sua testa. Resolveu jogar também. Baixou suas mãos das costas da garota para a cintura dela e a apertou. Sakura levou um susto e quase pulou na cama. Ao fazê-lo acabou puxando-o pra mais perto e Sasuke perdeu o equilíbrio. Dali a cinco segundos ela estava caída na cama com o garoto por cima dela. Sasuke foi pego de surpresa e nem teve tempo de reagir. O resultado foi sua queda com a cara enterrada no travesseiro. O pior era não ter conseguido interromper o acidente acabando por cair sobre a garota com todo o peso de seu corpo. Sakura percebeu isso; aliás, sentiu em si o peso dele e a princípio mordeu o lábio inferior pra não soltar um gemido de dor pela batida do osso de seu ombro no de Sasuke. Ela não desfez o abraço, estava meio chocada e muito nervosa; virou um pouco o rosto para olhar Sasuke que erguera um pouco a cabeça, saindo do travesseiro e estava agora na altura do pescoço dela. O que Sakura não percebeu é que ao virar seu rosto ela acabou por começar a respirar no ouvido dele. A pele do garoto se arrepiou instantaneamente. Como ele não tinha se erguido, seus corpos continuavam colados e Sakura pôde perceber que todos os músculos dele ficaram tensos. Logo concluiu que era sua respiração no ouvido dele que estava fazendo isso. A garota decidiu provocá-lo mais. Talvez ele cedesse...

Ela começou a ofegar de propósito e aproximando ainda mais a boca, beijou-lhe o lóbulo da orelha e até se arriscou a mordiscar. Ela o sentiu tremer. Viu que ele matinha os olhos fechados e mordia o lábio inferior; talvez estivesse dando certo.

Ele não conseguia acreditar no que ela estava fazendo. Quer dizer, ele sabia que ela gostava dele, sabia que ela queria ficar com ele, mas ele nunca achou que ela pudesse ser tão... Ousada. E sexy. Talvez ela tivesse dado sorte de descobrir o ponto fraco dele ou talvez ela já soubesse, mas a questão era que se ela queria tentá-lo a ficar com ela, estava funcionando. Ele já conseguia se ver beijando intensamente aquela boca de cereja, mordendo a pele de pêssego do pescoço dela apaixonadamente... Opa. Apaixonadamente? É fato que Sakura estava apaixonada. Ele sabia. Ele sentia isso nos beijos dela em seu ouvido, nos dedos dela correndo pelo cabelo dele, no coração dela batendo acelerado. Mas e ele? Sasuke não tinha certeza se gostava mesmo dela. Bom, eles eram amigos e ele se importava com ela a ponto de pensar que não seria justo ficar com ela pelo calor do momento quando ele não sabia se estava apaixonado ou não. Ele não queira machucá-la. Não, ele não gostava dela do mesmo modo, só estava com vontade de ficar com ela por causa de toda aquela provocação e isso era algo físico, não sentimental. Sasuke sabia distinguir as coisas, achava que estava sempre no controle de tudo, inclusive de seus sentimentos.

Tomou coragem e olhou pra ela. Quase se arrependeu. Sakura estava com os olhos meio fechados, mas ele podia ver o verde intenso deles, seus lábios estavam entreabertos enquanto ela arfava, assim como ele, em busca de ar e suas bochechas estavam coradas. Adicione a isso seu cabelo cor-de-rosa espalhado pelo travesseiro; um cabelo cheiroso, macio e brilhante. Merda. Ela era perfeita. Sasuke precisou de toda a sua força pra resistir à vontade de beijar-lhe a boca com toda a fúria que a sua própria boca pedia. Ele até sentia seus próprios lábios latejarem, implorando para encontrar os dela. Fechou novamente os olhos e xingou-se mentalmente por ficar pensando em suas vontades quando deveria se acalmar e não se deixar levar.

Sakura sentiu a indecisão dele, viu a dúvida nos olhos dele quando ele olhou pra ela. Ele não sabia se cedia ou não. A garota não conseguiu barrar a tristeza. Ela sabia que se ele gostasse mesmo dela, não hesitaria numa situação como aquela. E se fosse pra beijá-la apenas por impulso, Sakura preferia que ele saísse de cima dela. Sendo assim ela afrouxou o abraço. E como se tivesse lido seus pensamentos, Sasuke se levantou se afastando dela. Olhou seu relógio de pulso e sem encará-la lhe disse com dois sinais que o tempo tinha acabado. Permaneceu onde estava, parado e fitando o chão, expressão indecifrável. Sakura lutou contra as lágrimas que ameaçavam afogar suas pupilas em tristeza. Ele realmente a tinha rejeitado. Ela se levantou da cama e saiu do quarto correndo, sem se dirigir a ele, sem falar com ele, sem nem ao menos olhar pra ele. Só quem já teve um amor não correspondido na vida sabe o quanto dói.

A garota passou por Kiba que percebeu que ela estava chorando, mas foi tão rápido que ele não conseguiu pará-la. Decidiu ver com Sasuke o que tinha acontecido. Ao entrar no quarto ele viu o garoto surdo sentado na cama, abraçando o travesseiro com o queixo apoiado no objeto e fitando algum ponto no colchão. Kiba conhecia Sasuke desde a infância; ele sabia dizer quando seu amigo estava de fato triste e definitivamente o que quer que tivesse acontecido o tinha afetado muito e o deixado naquele pesar. Sasuke ergueu os olhos para o amigo quando percebeu a presença deste. Quis contar o que tinha acontecido, mas lembrar de Sakura saindo do quarto chorando o fez se odiar. Ele detestava vê-la chorar e dessa vez ele a tinha feito derramar aquelas lágrimas.

Enterrou a cabeça no travesseiro. Kiba percebeu pela expressão de Sasuke que a coisa tinha sido séria. Achou melhor não perguntar. Sasuke lhe contaria quando estivesse melhor.

Fim do flashback.

Uma semana havia se passado e Sasuke e Sakura não haviam mais se encontrado para as aulas e ela não o encarava, nem o cumprimentava mais quando eles se encontravam nas monitorias ou nos almoços e jantares com o resto do grupo. Todos haviam notado o clima estranho entre os dois, mas ninguém teve coragem de perguntar algo. Ainda mais quando todo mundo estava distraído com o problema que Naruto tinha arranjado com Neji. O loiro tinha ficado próximo de Hinata desde o dia em que se conheceram e como era de se esperar começaram a gostar um do outro. O problema é que Neji ficou furioso no dia em que pegou os dois se beijando num canto próximo à estufa. Neji não podia acreditar que Naruto já estava com aquela liberdade toda com Hinata e tentou até bater no loiro; provavelmente teria conseguido, se não fosse por Tenten, Hinata e Shikamaru terem entrado no meio. O fato era que agora, Naruto estava numa espécie de período de provação com o Hyuuga; se o loiro passasse ganharia o direito de ficar com Hinata sem serem incomodados e Naruto estava decidido a aguentar – ele realmente gostava de Hinata. E hiperativo como era, o garoto ainda desafiava Neji causando confusões onde quer que estivessem os três.

Como naquela noite durante o jantar no refeitório. O Hyuuga estava com uma veia saltada enquanto Naruto mostrava a língua pra ele e Hinata corava de vergonha. O engraçado era que todo mundo tinha se envolvido na confusão, geralmente a favor do casal; até mesmo Choji tinha parado um momento de comer para opinar. No entanto, Sasuke e Sakura estavam alheios à situação e às conversas. Estavam perdidos dentro de seus próprios mundos de pensamentos. Ninguém os quis incomodar. Sasuke quase não tinha tocado na comida naquela noite de sexta. Ele olhava sorrateiramente para Sakura e de vez em quando a pegava olhando pra ele no momento em que achava que ele não estava prestando atenção. Mas ele estava sempre prestando atenção nela. E foi assim que ele percebeu que naquela noite ela estava usando tampões nos dois ouvidos; ele não fazia a menor ideia do porque e sua curiosidade estava começando a consumi-lo. A verdade é que ele não passava um único dia sequer sem saber dela, mas desde o incidente da semana passada pouca coisa sobre ela lhe vinha ao conhecimento – ele percebeu que odiava isso. Naquele momento ele não sabia o motivo dos tampões, queria saber se ela estava bem, precisava saber que ela estava bem, que não estava chorando mais. Nesse impulso, Sasuke cutucou Kiba e perguntou a ele discretamente o que havia com Sakura. Seu melhor amigo olhou furtivamente para a garota em questão e disse a ele que explicaria mais tarde o que ela estava fazendo.

Quase ao término do jantar, Sasuke viu Sakura se levantar antes de todos, acenar se despedindo e com um sorriso sair, passando por ele sem olhá-lo. O garoto surdo ainda tentou se controlar para não olhar para trás, mas o impulso foi mais forte do que ele. Virou-se na cadeira, jogando toda a discrição pela janela, e a observou correr para a saída parando ao encontrar...

...Lee.

Sem perceber, Sasuke fechou as mãos em punhos enquanto observava-a sorrir para aquele cara; suas mãos estavam sobre a mesa e todos puderam ver a reação dele. Até mesmo Neji e Naruto deram uma pausa em sua briga para assistir à cena. Lee pegou Sakura pela mão e a levou pra fora do refeitório. No momento em que os dois saíram, Sasuke se voltou para a frente, punhos ainda cerrados, sobrancelhas franzidas, quase juntas, e sem perceber que todos olhavam pra ele. Não demorou muito pra que ele também saísse da mesa bruscamente. Dois segundos após, quem se levantava era Kiba pra ficar de olho em seu amigo. A mesa permaneceu em um silêncio estranho até Shino o quebrar:

-Cara... Esse Sasuke precisa se acertar logo com a Sakura. Dá pra sentir de longe a tensão entre os dois.

Ino suspirou.

-O problema é que parece que ele não gosta dela e...

-Ele gosta sim. –interrompeu Neji fazendo todos olharem pra ele. Todos menos Naruto; já que ninguém estava falando em sinais ele acabou por ficar um tanto abstraído da conversa, sem reclamações, assim ele aproveitava melhor seu ramen.

Sentindo que os olhares do povo exigiam maiores explicações, o Hyuuga voltou a falar.

-O problema de Sasuke é justamente esse. Ele está apaixonado por ela, mas nunca teve muitas experiências como essa na vida. Ele a rejeita porque não sabe como lidar com ela. Ele acha que se os dois não passarem da linha da amizade, ele poderá mantê-la por perto; assim não vai perdê-la. A única falha nesse plano, -Neji apontou por sobre o ombro. –É se ela resolver partir pra outra. O ciúme vai corroê-lo.

[...]

Kiba tentou encontrar Sasuke, mas este deveria ter seguido um caminho diferente, provavelmente pra não encontrar Sakura e Lee. E foi justamente com os dois que Kiba quase esbarrou em um dos corredores. O garoto pensou rápido e conseguiu se esconder antes que fosse visto. Ele sabia que não era educado ouvir a conversa dos outros, mas foi mais forte do que ele. Kiba percebeu que Sakura deveria ter tirado os tampões dos ouvidos.

-Sakura-chan, você gostaria de ir ao cinema comigo?

-Eh? Cinema? Quando?

-Amanhã. É sábado então eu pensei...

Kiba torceu, quase rezou, pra que ela dissesse não. Porém...

-Claro, Lee. Eu adoraria!

Lee abriu provavelmente o maior sorriso de sua vida.

-Te encontro no portão norte as cinco, pode ser?

-Pode.

-Boa noite, Sakura-chan. Até amanhã.

-Boa noite, Lee. Até.

Sakura se virou com um pequeno sorriso no rosto, mas ao virar o próximo corredor, seu sorriso se desfez ante a expressão no rosto de Kiba. De repente, Sakura se sentiu envergonhada como uma criança que tinha sido pega aprontando alguma. Mas não havia motivos pra isso, não era?

-Ah... Oi, Kiba. Eu, er... Bem, eu...

-Não, Sakura. – ele interrompeu. –Não precisa se explicar. Eu só espero que você saiba o que está fazendo. –Kiba se virou e saiu andando, deixando Sakura no corredor pra pensar se tinha mesmo feito a escolha certa.

[...]

Kiba voltou ao dormitório e encontrou Naruto mexendo no computador enquanto Sasuke lia um livro sentado na cama; o mesmo livro que ele estava tentando ler há algum tempo. Neji deveria estar com Tenten. Ele fechou a porta e se posicionou em frente de Sasuke, braços cruzados e expressão facial nada boa. O moreno percebeu que seu amigo queria ter uma conversa séria com ele. Assim que ergueu os olhos do livro para Kiba este começou a sinalizar:

-O que você está fazendo?

Sasuke fingiu não entender o sentido da pergunta e ergueu as sobrancelhas numa cara de interrogação.

-Não se faça de idiota. –Kiba já logo cortou o cinismo de Sasuke. –Você vai mesmo deixar aquele cara tomar a Sakura de você?

Sasuke baixou o livro para seu colo. Ele havia sentido uma pontada de dor no coração, mas isso não viria ao caso. Largou o livro ali mesmo pra responder.

-Ela não ser minha pra ele tirar.

Kiba não conseguia acreditar que Sasuke estava mesmo agindo daquele jeito. O garoto surdo continuou:

-Ela só gostar de mim, não amar. Logo ela esquecer...

-Não, Sasuke. –Kiba interrompeu. Nesse ponto até Naruto já tinha parado o que estava fazendo pra acompanhar a conversa. –Você não entende. Sabe por que ela estava com aqueles tampões de ouvido? Ela queria saber como é ser surdo. Como é não poder ouvir. –Sasuke arregalou os olhos; expressão chocada. Ele nunca esperaria uma atitude dessas da garota. Kiba continuou. –Ela passou o dia inteiro com a Nana e o Kenshin e só respondia se falássemos LJS com ela. Ela chegou até a ir para a cidade com eles como se fosse surda pra saber como é. E você sabe que a motivação dela é você. Tudo o que ela faz é por sua causa! Chega a ser injustiça você dizer que ela "gosta" de você; ela te ama, Sasuke! Não é a primeira vez que uma ouvinte tenta te conquistar, mas quando foi que você viu uma garota tão dedicada? Ela quer entender como você vive, como é viver num mundo sem sons, nem mesmo eu nunca fiz isso. Eu não acredito que você vai deixar uma garota como essa escapar... Uma garota tão dedicada, inteligente, linda, diferente, daquele jeito que eu sei que você gosta.

Sasuke não respondeu. Desviou o olhar de Kiba para o chão e em seguida para Naruto que balançou a cabeça devagar concordando com Kiba. Em seguida o loiro sinalizou:

-Kiba ter razão. Sakura perfeita. Você idiota.

O moreno apertou os olhos numa olhada feia para o loiro. Voltou a fitar Kiba ao perceber que este balançava a mão para chamar sua atenção.

-Ela vai sair com o Lee amanhã. –Automaticamente, Sasuke sentiu o coração apertar. –Ele a convidou pra ir ao cinema e ela aceitou. Sakura agora tem um encontro com Lee. Você vai deixar? Ou vai parar de ser trouxa e reclamar o que é seu?

Naruto e Kiba esperaram pacientemente a resposta do Uchiha que não olhava para os dois enquanto registrava a nova informação no cérebro. Nenhum dos dois amigos esperava a resposta que viria dele.

-Ele melhor. – Sasuke sinalizou devagar. –Ele ouvinte. Eu surdo... –as mãos do garoto se moviam lentamente e exalavam sua tristeza e sinceridade.

-Você nunca teve pena de si mesmo, por que isso agora? –perguntou Kiba.

-Porque... Eu não querer ela sofrer. Se ficar ela comigo ela sofrer. Eu surdo, eu problema. Lee melhor, Lee perfeito.

Sasuke não deu tempo nem a Naruto nem a Kiba para responderem já se virando e se enfiando embaixo do cobertor em sua cama, escondendo a cabeça de modo a deixar claro que não queria que ninguém falasse com ele. O garoto se escondeu dentro de seu mundo solitário construído por ele próprio. Conviver com uma pessoa surda não é tão simples e ele não queria que ela passasse por isso. Ela merecia ouvir alguém dizer que a amava. Ele a amava. E por isso seria melhor se saísse da vida dela.

[...]

-Lee te convidou para um encontro? –Ino perguntou com uma sobrancelha erguida inquisitivamente.

-Si... Sim. –respondeu Sakura sem muita vontade de dizer a verdade.

-E você recusou, não é?

-...

-Sakura?

-...

-AH, MEU DEUS! Eu não acredito; você aceitou?

-O que mais eu poderia fazer? Ele é um bom garoto, não seria justo rejeitá-lo assim...

-Se ele resolver te beijar você vai continuar pensando assim?

-...

-Pois é, né? Sakura, como você é burra! Agora ele vai achar que você tem interesse nele. Você não tem não é?

-Não.

-Ah, que bom.

-Mas poderia ter...

-COMO?

-Ah, Ino! Eu já disse, ele é uma boa pessoa. É um tanto estranho, mas é um bom amigo, sempre gentil e sorridente, talvez...

-Nem termine essa frase, testa de marquise! Você tá ficando louca, só pode! Você gosta do Sasuke! Como vai sair com um gostando do outro?

-E daí eu gostar do Sasuke se ele não gosta de mim? Além do mais...

-Ino... –a voz de Tenten na porta do dormitório interrompeu o diálogo. –Kiba está lá embaixo e diz que quer falar com você. Pela cara dele não deve ser algo bom, é melhor você ir logo.

A loira franziu as sobrancelhas em preocupação. Deu uma olhada séria pra Sakura e saiu do quarto. A rosada suspirou de alívio. Ela sabia que estava errada em dar esperanças pra Lee, mas ela também tinha que viver, não tinha?

[...]

Kiba recebeu Ino com um beijo curto em frente ao alojamento da garota.

-O que foi? –ela perguntou.

-Queria pedir a sua ajuda. –ele respondeu. –É o Sasuke com relação à Sakura.

Ino bufou.

-Não sei mais o que fazer com eles também. Você acredita que agora ela resolveu sair...

-...Com o Lee. –Kiba completou. –É, já tô sabendo. E o Sasuke também.

-E o que ele disse?

Kiba resumiu a conversa com Sasuke.

-Não posso deixar ele fazer isso, Ino.

-Fazer o quê?

-Jogar a felicidade dele fora. Ainda mais por não se achar bom o suficiente pra ela, isso é ridículo. Ela foi a primeira pessoa que o fez rir depois de tantos anos. Ele não pode simplesmente deixá-la ir...

-E o que quer fazer?

-Queria te pedir pra tentar convencer a Sakura a não ir amanhã. Pra ela dar um pouco mais de tempo pra ele, pra não partir pra outra ainda. Eu sei que mais cedo ou mais tarde ele vai se abrir pra ela.

-Ah, Kiba, não sei não... Sakura é muito teimosa, dificilmente volta atrás quando já resolveu algo. E ainda mais, que garantia temos que o Sasuke vai dar essa chance aos dois? Eu também não quero que ela saia justo com o Lee, mas prefiro que ela esqueça o Sasuke. Ele já a machucou muito.

Kiba suspirou enquanto encostava sua testa na de Ino.

-Eu sei... Eu sei. Mas ele é meu melhor amigo e eu realmente acho que esse é o amor da vida dele. Não quero que ele perca isso. –Kiba alisou o rosto da loira com seu indicador, mostrando o que ele queria dizer com "isso". O sentimento que havia entre ele e a garota à sua frente. –E por falar nisso, eu sei que não é a melhor hora e eu nem estou muito preparado pra isso, mas... Eu queria aproveitar o momento. Bom, a gente já tá junto desde fevereiro, quatro meses... Eu pensei que talvez a gente pudesse dar um passo à frente...

Ino sentiu o corpo começar a tremer de nervoso. Ela já tinha sacado o que ele iria dizer, mas esperou pela confirmação.

-Ino, quer namorar comigo?

A loira ficou boquiaberta. Agora sim tinha começado a tremer de verdade. Devagar, ela retirou os braços dele ao redor de seu corpo deixando-o confuso. Permaneceu com a cabeça baixa por algum tempo, até erguê-la deixando que lágrimas pudessem ser vistas em seus olhos. Kiba sentiu um nó na garganta. Não sabia o quê estava errado; por que ela estava chorando?

-Eu sinto muito, Kiba. –ela disse por fim. Voz tremida e embargada pelo choro. –Eu não posso...

Kiba observou com o coração em pedaços a garota dos seus sonhos se virar e sair correndo aos prantos pra longe dele.

[...]

Se Sasuke soubesse que relógios fazem tic-tac, ele os odiaria mais ainda. E aquele para o qual ele olhava em específico o estava tirando do sério. Num outro canto do quarto, Kiba também observava o mesmo relógio de parede que no momento marcava 16:50. Ambos pensavam na mesma coisa. Faltavam dez minutos para as cinco horas. Dez minutos pra Sakura se encontrar com Lee e os dois partirem para o seu encontro. Sasuke tentava não pensar nisso, mas não conseguia. Tentava impedir sua mente de visualizar as cenas, mas em vão. Ele conseguia ver tudo em sua cabeça como se estivesse assistindo a uma transmissão ao vivo. Ele a via sorrir para aquele outro cara. Talvez ela deixasse ele pegar a mão dela, talvez deixasse ele a abraçar ou quem sabe até... Até se deixasse ser beijada por aquele cara. Sendo surdo, os pensamentos de Sasuke eram totalmente visuais, ele pensava por imagens e "ver" Lee beijar Sakura foi demais pra ele. O ciúme enfurecido nem ao menos bateu, já arrombou-lhe a porta de seus sistema nervoso enchendo suas veias de ódio e desespero. Não dava mais. Sasuke havia chegado em seu limite. Levantou-se com os punhos cerrados e saiu do quarto correndo, sendo seguido por Naruto, Neji e Kiba que perceberam a mudança na expressão do Uchiha e agora estavam preocupados com o que poderia acontecer.

[...]

Lee chegou ao local marcado com Sakura com dez minutos de antecedência. Ele nunca se atreveria a deixar a linda rosa de seu jardim esperando. E por falar em rosa, ele estava com uma em mãos, vermelha, que havia conseguido com o pessoal do clube de jardinagem. O sobrancelhudo encostou-se no portão que marcava a saída norte do campus, onde pegariam um ônibus que os levaria ao centro da cidade. Ele estava animado e ansioso. Mal conseguia esperá-la chegar. Sakura era tão bonita e tão incrível, ele nem conseguia acreditar que ela tinha aceitado sair com ele.

No horário marcado, pontualíssima, Sakura apareceu. Um largo sorriso no rosto a deixava ainda mais linda. Para Lee, só lhe restou pensar que estava tendo uma visão dos céus.

-Olá, Lee.

-Olá, Sakura-chan! Você está muito bonita!

Sakura não conseguiu evitar corar com o elogio.

-Obrigada!

A garota agradeceria novamente, um tanto encabulada, ao receber a rosa vermelha do garoto. Pensou que era um tanto exagerado. Lee lhe ofereceu um braço para que ela segurasse, já que a garota estava de salto alto.

-Vamos, Sakura-chan?

A rosada sorriu e aceitou o apoio do braço dele. Porém, antes que os dois cruzassem o portão, ela foi puxada para trás fortemente pelo braço livre, o mesmo que segurava a rosa fazendo a flor cair no chão. Ambos, Lee e a garota se viraram surpresos e ficaram ainda mais ao ver que quem segurava o braço da rosada era Sasuke. Ele arfava como se tivesse corrido muito pra chegar ali; o que de fato era verdade. Ela soltou o braço de Lee e com a mão tentou fazer o moreno a soltar.

-Me solta, Sasuke. –ela disse firme em voz alta ciente que este entenderia já que olhava diretamente pra ela.

Entretanto ele balançou a cabeça devagar.

Não.

E não soltou o braço dela. Ele sabia que se fizesse isso ela sairia com Lee. Ele não estava disposto a deixar.

Sakura não entendia o que estava errado. Por que ele não a soltava? Nervosa ela puxou seu braço com força, mas o garoto surdo aumentou sua força também pra não deixá-la ir. Balançou a cabeça novamente.

Não vou deixar.

Lee resolveu intervir. Ele também estava começando a perder a paciência com as intromissões de Sasuke toda vez que ele estava com Sakura. Ao invés de sinalizar para o moreno soltá-la, o sobrancelhudo deu um passo à frente e segurou Sasuke pelo pulso da mão que segurava Sakura e apertou fortemente, mandando seu aviso mudo ao outro garoto para que soltasse sua flor. Não deveria ter feito isso. Sasuke não estava nem prestando atenção em Lee até aquele momento, mas no instante em que voltou seu olhar para o rival, ambos Lee e Sakura puderam ver, pela expressão extremamente séria, que aquele gesto o havia irritado profundamente. Os olhos escuros de Sasuke estavam claros na mensagem que passavam: ciúme, raiva e irritação misturados.

O Uchiha lentamente forçou a mão de Lee a soltá-lo sem qualquer gentileza e com aquela mesma mão o empurrou para trás a fim de poder voltar sua atenção completamente à Sakura. Porém Lee não ia deixar tão fácil assim. Se esse cara queria tirar a Sakura-chan dele, teria que ser na briga. Se aproximou novamente e deu um empurrão no moreno para que este soltasse Sakura. Funcionou, pois Sasuke não esperava o movimento e acabou deixando o braço dela. No entanto, isso acionou o gatilho do Uchiha que agora tinha decidido se livrar desse "problema" primeiro. Voltou-se na direção de Lee com um soco de esquerda armado. Lee conseguiu desviar revidando com um chute de direita.

Sakura entrou em desespero ao ver os dois partirem para resolver as coisas na mão. Ela gritava para que Lee parasse, já que Sasuke não a ouviria. Tudo o que conseguia eram alguns empurrões ocasionais que os meninos lhe davam pra mantê-la afastada, assim ela não se machucaria. No entanto, entre os dois o sangue já começava a tingir o chão de vermelho.

[...]

Kurenai caminhava calmamente em um dos corredores aproveitando seu momento de calmaria. Momento este logo interrompido por alguns gritos vindos do pátio logo abaixo. A professora correu até um das janelas para ver o que estava acontecendo. Ela arregalou os olhos ao ver duas cabeças com tons bem escuros de cabelos, mas principalmente, uma cabeleira rosa no meio. Por que será que já era de se esperar? Kurenai estava mesmo achando que aquele moreno e aquela rosada estavam há tempo demais sem confusões. A professora logo se pôs a correr em direção ao pátio.

[...]

Os três amigos tiveram que se esforçar pra passar no meio do enorme grupo de curiosos que havia se formado em torno de Sasuke, Lee e Sakura ao mesmo tempo em que a professora Kurenai também chegava perguntando o que estava acontecendo ali. Muitos dos curiosos estavam curtindo a briga e alguns até mesmo faziam apostas sobre os possíveis resultados da luta. Kurenai mandou, quase aos gritos, que alguns alunos fossem chamar os professores Iruka e Kakashi.

Neji, Naruto e Kiba entraram no meio da luta dos dois garotos, o que a princípio só piorou as coisas. Uma nuvem de poeira já estava quase os cobrindo enquanto Kurenai puxava Sakura pra si para protegê-la. A garota tinha lágrimas nos olhos e observava a briga, ou o que se podia ver dela, desesperadamente. Até que finalmente a poeira começou a baixar. Muitos se viraram junto com Kurenai ao ouvir Iruka correr até eles perguntando o que estava acontecendo.

Ao voltarem sua atenção para a frente novamente, eles puderam ver que os garotos tinham conseguido apartar a briga. Naruto e Kiba seguravam Sasuke enquanto Neji segurava Lee... Junto com Kakashi que aparecera na cena feito ninja, do nada, e dando um susto em todos.

Lee e Sasuke ainda se encaravam furiosos. O garoto surdo ainda lhe fazia alguns sinais, com as mãos livres dos apertos dos amigos em seus braços, que juntos formavam uma frase muito simpática:

-Ficar você longe dela! Longe dela!

Kakashi, Kurenai e Iruka arregalaram os olhos ao perceber o motivo da briga.

-Sakura, o que está acontecendo aqui? –a professora perguntou falando e sinalizando.

Sakura hesitou um pouco.

-Bom, eu ia sair com o Lee, mas o Sasuke tentou impedir e os dois começaram a brigar.

Os quatro que estavam segurando Sasuke e Lee os soltaram ao perceber que não voltariam mais a se enfrentar. O sobrancelhudo já tinha um olho inchado e vários roxos nos braços e no rosto. Sasuke tinha roxos também e seu nariz sangrava, assim como a boca de Lee. Sakura se aproximou desse último com o coração na mão; ele não merecia aquilo. Enquanto isso Sasuke a observava, quase se afogando em desespero, se aproximar de Lee. Ele estava com medo que ela escolhesse aquele cara no fim das contas.

-Lee, eu sinto muito. Eu não queria que nada disso tivesse acontecido. Eu vou ter uma conversa séria com Sasuke. A gente pode marcar de novo...

-Não, Sakura. –Lee interrompeu. –Eu já entendi o que está acontecendo. Não é de mim que você gosta. Mesmo assim, obrigado por ter aceitado meu convite. Nos vemos por aí...

O garoto se virou pra sair quando Iruka lhe disse que ele teria que ir pra enfermaria e se ofereceu para acompanhá-lo, saindo ambos logo em seguida. Sakura permaneceu onde estava observando por uns instantes o que havia sobrado da rosa pisoteada no chão e suja de sangue, alheia ao súbito silêncio da plateia que aguardava ansiosamente as próximas cenas. Até que ela se voltou e encarou Sasuke com lágrimas rolando no rosto. Ele pensou que não era possível que ele sempre a fizesse chorar. Do outro lado, Sakura simplesmente não conseguia entender por que ele fazia isso. Por que ele sempre estragava a felicidade dela? Por que sempre partia o coração dela?

A garota se aproximou lentamente dele vendo-o limpar o sangue de seu nariz na manga da camiseta, sem tirar os olhos dela. E a viu dizer gesticulando com a boca e também com sinais:

-Por que, Sasuke?

Os olhos dele se arregalaram em surpresa pela pergunta. Sakura tinha parado bem próxima em frente a ele e ainda chorava. Ela repetiu, dessa vez também em voz alta.

-Por que, Sasuke? Por que sempre me machuca?

A garota ainda tentou dar um murro no peito de Sasuke, mas não conseguiu. O máximo que pôde fazer foi encostar seu punho fechado na camiseta dele. E chorar. Um misto de raiva, frustração e tristeza. Sasuke detestava aquilo. Detestava saber que ela sempre sorria para os outros, nunca pra ele. Mas ele decidiu que era hora de mudar as coisas.

Sem maiores delongas ele a envolveu num abraço terno, praticamente a escondendo da vista dos curiosos expectadores. Seus braços encontraram um caminho para tão gentilmente enlaçar a pequena cintura de Sakura e trazê-la pra mais perto. O público até segurava a respiração no aguardo e o coração de Sakura parecia ter se esquecido de como se bate reguladamente. Ela ergueu a cabeça e lhe lançou um olhar confuso. Sasuke baixou seu próprio olhar para a fitar nos olhos verdes. Enquanto esmeralda e ônix se afogavam um no outro, Sasuke tentava encontrar um modo de responder a pergunta dela.

Obviamente, ele sabia que tudo o que tinha feito, mesmo inconscientemente, foi por amá-la, mas como fazê-la entender? Ele poderia dizer as famosas três palavras, mas... Seriam suficientes? Ela acreditaria? Pensando agora, aquela frase parecia tão fraca, tão vazia de significado. Não serviria pra que ela soubesse o que ele sentia. Mas talvez ele pudesse fazê-la sentir o mesmo. Ninguém necessita de palavras em um mundo onde os mais fortes são os que sabem mentir. E Sasuke já tinha mentido pra meio mundo, inclusive pra si próprio que já era a pior mentira de todas. Ele não cometeria o erro de achar que só falar seria suficiente; ele sabia que teria que provar e provavelmente passaria um bom tempo provando. Já que era assim, talvez fosse melhor começar.

Sasuke começou a baixar seu rosto lentamente em direção ao de Sakura enquanto seus olhos se fechavam. Os orbes verdes da garota instintivamente quiseram fazer o mesmo, mas o súbito nervosismo dela não deixou. A rosada quase entrou em pânico quando percebeu o que ele iria fazer. O coração acelerou ainda mais e sua mente se esvaziou completamente. Porém antes que ela desmaiasse de tensão, os lábios dele finalmente encontraram os dela.

Cereja.

Era esse mesmo o gosto dela.

O primeiro contato foi leve e breve. Sakura nem conseguiu se concentrar o suficiente pra corresponder. Ele se afastou um pouco e ela o fitou mais uma vez. Choque. Era o que havia nos olhos dela. E ele sabia. Sasuke tinha percebido, mas isso não o impediu de ficar um pouco preocupado. E se ela o rejeitasse agora? E se estivesse magoada demais pra querer ficar com ele? Entretanto seus medos foram varridos pra longe quando Sakura, hesitante, se moveu um pouco em direção a ele. Sasuke não perdeu tempo e a encontrou no meio do caminho para a beijar novamente e dessa vez ela correspondeu. E como correspondeu. Agora sim era um beijo de verdade com tudo o que os dois tinham direito. Sakura lançou seus braços ao redor do pescoço dele já correndo seus dedos pelo cabelo do garoto enquanto ele mantinha uma mão na cintura dela e a outra em seu rosto mantendo-a o mais próximo possível.

Não demorou muito para que a plateia presente no local explodisse em palmas e uivos. Sakura se desconcentrou ao ouvir a reação dos que estavam ao redor acabando por interromper o beijo com uma risada. Sasuke abriu os olhos meio confuso, mas relaxou ao ver que Sakura ria e o abraçava. Só então ele olhou ao redor e se lembrou que havia mais gente ali. E viu também que seus amigos e professores batiam palmas, mas em sinais. Ele lhes lançou seu pequeno e já conhecido sorriso de canto antes de voltar sua atenção para Sakura novamente.

-Ah... –suspirou Kakashi. –Essas histórias de amor entre homens e mulheres são mesmo comoventes.

Os colegas de quarto de Sasuke, mais a professora Kurenai se voltaram para ele com as sobrancelhas erguidas. Isso fez Neji pensar que aquela frase só não tinha sido pior que as "observações" sobre a juventude feitas por um certo professor Gai que dava aulas no curso de direito do Hyuuga.

Kiba estava orgulhoso do melhor amigo. Finalmente tinha tomado uma atitude e ele desejava muito que desse certo.

Kakashi cutucou o ombro de Kurenai.

-Você não vai falar com eles? É contra as regras demonstrações públicas de afeto assim dentro dos limites do campus...

-Eu sei, -respondeu ela. –Mas não vou interromper. Eles precisam desse tempo pra se acertarem, vamos dar isso a eles.

Kakashi concordou. Ele também não estava a fim de interrompê-los. Logo, Kurenai já tinha colocado todo mundo pra circular e Sakura agora acompanhava Sasuke a caminho da enfermaria; ele precisava de alguns curativos. A satisfação da garota era enorme, visto que agora eles andavam de mãos dadas pelos corredores. Na enfermaria, Sasuke foi colocado em uma maca e Sakura se sentou ao seu lado. Enquanto esperavam a enfermeira voltar com os suprimentos, Sasuke resolveu aproveitar o momento. Chamou a atenção de Sakura com uma mão e quando ela o olhou ele sinalizou:

-Perdoa eu?

Sakura ficou sem palavras mais uma vez.

-Por favor, perdoa eu. Eu idiota. Perdoa eu te fazer chorar.

A garota então lhe ofereceu o seu melhor sorriso; aquele mesmo que ele tanto gostava..

-Está tudo bem. –sinalizou ela. –Eu sei que você não fez por mal. Eu perdoo você.

Sasuke pegou uma das mãos dela e a pôs sobre seu peito, em cima do coração, enquanto sua outra mão livre sinalizava:

-Sentir?

Se Sakura tinha achado que seu coração tinha acelerado quando ele a beijou era porque ela não tinha conferido o dele naquele momento. Ela pôde sentir o quanto o coração dele batia forte e muito rápido. Ela fez que sim com a cabeça. Um meio sorriso veio enquanto Sasuke sinalizava:

-Por você. Bater assim por você.

Sakura pôde sentir seu interior se derreter enquanto ele a beijava novamente para pouco depois serem interrompidos pela enfermeira que reclamava da falta de responsabilidade desses jovens de hoje em dia.

Sasuke não reclamou da ardência em seus machucados ao receberem tratamento. Pra ficar com aquela garota ele enfrentaria o que quer que fosse.

Fim do cap. 6


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Notas da autora: [1]Final de junho.

Não se esquecem de comentarem pra eu saber o que vocês estão achando da história!