Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 97
Ajoelhe-se e aguente


Notas iniciais do capítulo

Oláááhhhh! De boas? Espero que sim! Que os pesadelos comecem, que na verdade já começou no final do capítulo passado, mas as coisas piorarão neste T-T Este capítulo não terá muita Elesis, porque eu tô querendo me focar mais no Lass nesse comecinho, para mostrar ele voltando ao circo como era no passado, logo a Elesis volta para trazer mais sofrimento para nossos kokoros ;-;
Gente, já perceberam que estamos com 19 recomendações e 99 favoritos? Então, bora arredondar os números kkkkk Até mesmo as reviews, que estão quase nos 800! Seério, vocês são os melhores. Vocês têm um cantinho no meu heart!
Capa: Kaneki (Tokyo Ghoul)
Boa Leitura!



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Naquela noite, Lass sonhou estar em uma estação de trem, em um dia bem frio pela a neve que caía ao seu lado. Não havia ninguém ali, o lugar estava vazio, se não fosse pela garota à sua frente. Ele sabia quem era ela, a conhecia por seus cabelos ruivos. Sua expressão mostrava confusão, como se as palavras do ninja não fossem entendidas por ela.

Ele gostaria de falar, dizer seu nome. Ele não conseguia, não sabia o nome da garota ruiva. Ele se esforçava para lembrar, mas nada vinha. Tudo que pôde fazer foi olhar triste para ela, como se a mesma tivesse distante o suficiente para não conseguir encosta-la.

Então antes de acordar, seu sonho era distorcido para um corredor escuro, com várias celas vazias por dentro. Ele andava um pouco e se deparava com uma cela fechada, a qual tinha alguém assobiando dentro dela. Antes que disse qualquer coisa, ele acordava.

O pesadelo do corredor escuro não era tão diferente da sala onde dormia. Era a mesma que ficava quando criança, uma sala com algumas caixas jogadas em algum canto e o chão frio o servindo como cama. Nada disso tinha mudado, além do fato de ter que dividir seu espaço com Gwen agora. A garota estava no outro canto, o máximo de distância dele. Não tinha dado nenhuma palavra com ele desde o problema da apresentação. O rapaz também não se incomodava com isso, não estava afim de falar do mesmo jeito.

Olha para suas mãos, vendo que elas ainda não tinham se curado das queimaduras. Sentia dor, muita dor, mas não demonstrava. O que Zidler fez com ele é pior, mexeu com sua memória que fez com que se esquecesse do nome da garota ruiva. É, era assim como ele a chamava agora, garota ruiva.

—" A cada dia aqui, menos memórias desse tipo você terá". - Lembra de Zidler falando isso. Tinha medo de achar que isso é realmente o que ele acha.

Tirou sua atenção de suas mãos feridas e olhou para a bandeja à sua frente, contendo um pão e uma copo de água. Essa era sua refeição, só o bastante para ele ficar de pé durante algumas horas. Não tocou na comida, não tinha fome alguma para comer, mesmo que isso fosse fazer mal para ele mais tarde.

Olhou de relance para Gwen. A garota não tinha ganhado a refeição como castigo, teria que passar o dia inteiro sem energias para continuar. O ninja não se importou e empurrou a bandeja até ela. Ela levantou o olhar para ele, sem entender.

— Estou sem fome, pode ficar. - Diz Lass.

— Não seja tolo, você precisa disso mais que eu.

Suas feridas em suas costas ainda não tinham sarado, e não se curariam tão cedo no estado que ele está.

— Não me importo. - Vira o rosto de lado. - Se não quiser, jogue fora então.

Não ouviu mais a voz da garota, apenas a quieta mastigação dela ao comer o pão. Devia estar morrendo de fome, como ele pensava.

— Você se lembra de algo antes de vim parar aqui? - Lass a pergunta.

Ela já tinha terminado de ter comido o pão, agora bebia a água que restava. Ela pensa por um momento antes de responder.

— Não muito bem, faz tempo desde que vim parar aqui. Por quê, você não se lembra?

— Eu me lembrou, mas sinto como se tivesse esquecendo aos poucos. - Seus lábio formam uma linha reta, inexpressiva. - Deve ser algum truque do Zidler.

— Então por que não foge logo? Nada te prende aqui?

— Não é tão fácil quanto parece. - Sussurra. - Por que você não faz isso? Você não gosta daqui.

Gwen torna o olhar para outro canto, em vez de Lass. Ela sente-se desconfortável com a pergunta, sem saber o que responder.

— Tenho meus motivos pessoais, mas nada está relacionado com o circo.

É tudo que diz, deitando-se no chão para descansar. Lass não fala mais, não se interessava pelos motivos da garota, só queria se distrair por um momento.

Fecha os olhos, tirando um cochilo até que fosse despertado para mais um árduo dia. Esperava que quando acordasse, o nome da garota ruiva voltasse.

***

Arfava a cada passo longo que dava. Elesis precisava a continuar a correr para tirar o sono que sentia, mesmo que preferisse está na cama em vez disso. Lothos tinha a obrigado a correr pela pista do colégio em forma de castigo, todos os dias até o final da semana, acordando bem cedo para isso.

De longe, com Lire ao seu lado, Jin tentava entender o que Elesis fazia. Achava que ela estava tendo mais um de seus estranhos exercícios, mas a elfa explica a ele o motivo daquilo.

— Ela precisa correr até quando? - O ruivo pergunta.

— Eu não sei, talvez até não conseguir levantar mais. - Pareceu mais uma pergunta que uma resposta. Como Jin, Lire também sentia pena em ver o estado de sua amiga daquele jeito.

— Teria algum problema se eu fosse lá conversar com ela?

— Lothos foi bem clara ao dizer que não queria ver ela parada. - Olha para o lutador. - Tenta fazer alguma companhia para ela enquanto corre.

— Ah. - Riu de leve, até perceber que a elfa falava sério. Engole seco. - Eu acabei de sair de um treino, não quero entrar em outro.

— Desculpa, ou é isso ou a Lothos te botando de castigo junto. - Jogou as mãos para o lado enquanto se afastava. - Tenho uma aula agora, preciso ir. Boa sorte.

Jin deu um rápido aceno, virando-se para onde Elesis corria. Ainda queria conversar com ela, já que não foi possível no outro dia por causa de Astaroth.

Disse um "tanto faz" abafado e tirou seu casaco, o jogando no chão. Tirou também seus sapatos, ficando com os pés livres. Desde o treino que teve com Astaroth com os outros SSs, Jin ganhou um hábito, até que bom, de correr descalço. Ficava mais leve, ele sentia.

Elesis continuava sua corrida sem diminuir a velocidade, precisava provar à Lothos que esse castigo era nada para ela, que não a afetava. Seus cabelos presos batiam contra seus ombros, ardendo um pouco pelas pontas ao baterem contra a pele. Mas continuou, mesmo quando alguém chegou ao seu lado e a acompanhou durante a corrida.

— Jin. - Olha surpresa para o ruivo. - O que faz aqui?

— Vim te ver. Não tive a chance de conversar com você antes, então vim hoje. Como vai?

— Nada bem, como você pode ver.

— O Ronan está bem? Eu soube o que aconteceu.

— Ele está se recuperando, isso que importa. - Fica séria. - Gerard não foi pego pelo o plano de Cazeaje, não sei se fico feliz ou não.

— Algo parece te incomodar além disso. - Olha bem para a expressão cansada da ruiva. - O que é?

Elesis leva um tempo para saber como dizer, aproveitando para recuperar a respiração perdida durante a conversa.

— Cazeaje fez um uma proposta pra mim, a qual tenho uma chance para pegar o Gerard.

Jin chega a diminuir os passos, mas logo voltando ao ritmo de Elesis. Ela parecia inventar aquilo, mas o olhar cansado não era pela corrida, e sim pela a noite que passou acordada pensando sobre isso.

— Eu não aceitei, só para deixar claro. - Ela continua. - Sei que parece tentador para mim, mas pretendo não me arriscar dessa forma.

— Fico mais surpreso vendo você falar isso do que a proposta de Cazeaje. - Solta uma risada sem graça quando recebe um soco no braço. - Mas estou feliz do mesmo jeito. É bom saber que você ficará longe de problema por um tempo.

Ela estava de volta e não pretendia fazer nada que parecesse perigoso, Jin via. E como Lothos estava dando esses castigos para Elesis por um tempo, a garota não tinha muito lugar para ir. Como se não bastasse, na próxima semana acabava o castigo de Elesis como Eléo, ela, Sieghart e Dio finalmente poderiam voltar para as aulas.

— Jin. - Ela o chama. O rapaz estava tão ocupado pensando em como tudo ficaria tranquilo durante esses dias que se distraiu. - Você sente falta de algo?

— Falta? Hum, acho que não. Por quê, esqueceu algo?

Ela não sabia exatamente o que tinha perdido ou esquecido, se tivesse, talvez procurasse essa coisa. Mas os castigos de Lothos não a libertaria tão cedo.

— Não, acho que não. - Leva um tempo para recuperar o fôlego. - Espero que não.

— Você está estranha. - Jin a olha, vendo isso explicito na cara dela. - Esse missão da Cazeaje te deixou assim ou é impressão minha?

A ruiva parou de correr aos poucos, Jin fazendo o mesmo. Sua franja estava toda para trás, bagunçada como seu penteado. Se fosse uma garota comum, estaria se importando com seu estado deplorável, mas como era a própria Elesis, ela ignorou.

Ainda ofegante, olha para o ruivo, que não estava diferente. Isso que ele falou era verdade, após ter voltado da missão de Cazeaje ela tem agido estranho. Não se lembrava nada de estranho que aconteceu nessa viagem, mas isso continuava a incomodar ela.

Sua mão foi para trás de suas costas, coçando ao sentir sua pele coçar. Não entendia, sua cicatriz coçava como se ela tivesse queimando.

— Que foi? - Jin pergunta ao ver a expressão de confusão na cara de Elesis.

— Desde quando eu tenho uma... - Vai perguntar, mas o grito ouvido ao longe a impede.

Elesis congela, junto com Jin. Lothos a olhava de longe, zangada ao ver a ruiva parada sem fazer seu exercício, ou castigo.

— Jin, é melhor você ir embora. - A ruiva consegue falar, como se o mandasse fugir antes que sobrasse para ele. - Depois a gente conversa melhor.

— Ce-Certo! Até mais. - Sai correndo sem esperar que ela se despedisse. Passou por Lothos sem nem mesmo a olhar, temia que seu olhar o matasse.

Elesis volta a olhar para Lothos, vendo que ela acenava para que se aproximasse. A ruiva engoliu seco e deu uma rápida corrida até a comandante.

— Já chega por hoje. Vá tomar um banho e passar na enfermaria. - Disse Lothos.

— Enfermaria? Por quê?

— Tenho visto que suas pernas não melhoraram. Temo que possa ser algo sério. - Afastava-se. - Vá falar com a enfermeira sobre isso.

Assentiu. Embora tivesse aquele olhar mortal sobre ela, Lothos continuava a se preocupar com sua saúde. Não conseguia ver a mesma como uma mãe, mas sentia que era algo quase próximo.

Antes que fosse para seu quarto, ficou quase meia hora no bebedouro tomando água. Sua sede não tinha fim. Após isso, finalmente chegou no quarto e pôde tirar sua roupa que tanto fedia ao seu suor. Suas amigas estavam na aula no momento para não vê-la daquele jeito.

Ao tirar sua camisa, nota algo de estranho em seu reflexo no espelho. Virou de costas e ficou surpresa ao ver aquela longa cicatriz em suas cotas, sendo três grandes linhas marcando sua pele. Passou os dedos sobre elas, sem palavras.

— Eu nunca tive cicatriz. - Sussurra.

***

— Então, caro Lass, já preparou algum número para hoje à noite?

Parou de arrumar a bagunça nos bancos da plateia para olhar Zidler, que estava no palco. Tinha despertado cedo hoje e colocado para fazer limpeza no circo, enquanto os demais treinavam seus números. Lass até conseguiria fazer aquele trabalho sem muita dificuldade, porém os cortes em suas costas e a falta de alimentação o deixava fraco; Mais pálido que o normal.

— Não tenho tempo nem para respirar, muito menos para pensar em um truque. - É seco. Não estava fim de ser respeitoso no momento. - Em menos de um dia é impossível pensar em algo criativo.

— Caro Lass, eu te dei um prazo e você deve cumprir. Não me importo se está trabalhando, é melhor pensar em um truque.

— Me dê alguma dica então. - Começava a se irritar.

— Você tem habilidades muito impressionantes, por que não as usa? - Jogou os braços de lado, em um tom brincalhão. - Não posso te ajudar muito, quero ser surpreendido como a plateia será.

Lass rosnou em irritação. Zidler repetiu para que ele tivesse uma ideia até o show do hoje à noite, ou teria consequências que ele não gostaria de ter. O ninja conseguiu tirar o olhar irritado para amedrontado.

Zidler voltou ao seu treino, Lass à sua limpeza. Agora sua mente estava ocupada com isso, precisando urgentemente pensar em algo criativo para o show. Ele chegava a ter dor de cabeça de tanto pensar tão seriamente.

— Lass! - Ortina o chama lá embaixo, no palco.

— O que é?! - Grita irritado, deixando de catar o lixo que jogava no saco em sua outra mão.

— Quero que você vá lá fora pegar algumas caixas. Deixa para limpar isso depois.

Ele suspira, ficando mais estressado com as tarefas que não pareciam acabar nunca. Largou o saco no chão e desceu os degraus até o palco, recebendo mais detalhes de Ortina pelo o que ele deveria pegar lá fora.

— Gwen irá com você. - Ela fala antes que o rapaz pudesse ir. - Sabe, para impedir que você tente fugir ou fazer algo do tipo.

Ele olha emburrado, logo para Gwen que se aproximava. Pela a expressão da garota, ela também não estava afim de estar indo com ele. Nenhum dos dois questionaram isso, só obedeceram a ordem dada a eles.

Saíram do circo pelos os fundos. Quando a luz do sol baterem em suas visões ao saírem, colocaram a mão sobre os olhos. O parque estava praticamente vazio naquela hora, menos mau, assim ninguém os veria vestidos daquele jeito, com uniforme do circo.

— As entregas são deixadas perto daquela barraca. - Gwen menciona, indo na frente. - Vamos pegar.

A seguiu para o lugar apontado. Era estranho, mesmo andando com algumas passando perto dele, ninguém o olhava para estranhar o estado do mesmo. É como se tivesse invisível, como Gwen também está. Devia ser algum dos truques de Zidler para ninguém ir questiona-lo sobre seus funcionários, ou escravos como eles eram.

— Sobre o seu truque, - Lass não consegue se manter calado. - como que você o criou?

Gwen o olha sobre o ombro, de sobrancelhas juntas pela pergunta. Olha para frente, responde:

— Eu só fiz algo que sei fazer de melhor, só que com um tom mais bonito para o público se impressionar. Não sei bem como criei, só achei que seria legal e acabou dando certo.

— Ah. - Não era bem a resposta que queria, já que não o ajudou em nada. - Zidler a pressionou?

— De um a certa forma, sim. Ele queria um truque novo, então pediu para que eu fizesse um só meu.

Ela não deve ter sido tão pressionada como Lass está sendo. Zidler quer algo grande, que faça todos aplaudirem de pé. Ele via no ninja essa capacidade, no entanto, Lass não via isso. O que poderia ser?

Chegaram onde estava as encomendas. Eram alguns pequenos caixotes, mas pesados para só uma pessoa carregar. Gwen dava conta de carregar uns três, o resto foi deixado para o rapaz levar, o qual não tinha problema para isso.

— Um truque onde só eu posso fazer? - Pensava durante a volta para o circo.

Olha em volta, vendo o parque maior quando não se tem quase ninguém nele. Viu algumas crianças brincando, pessoas vendendo brinquedos e alguns casais juntos para ir na roda gigante. Lass não tirou os olhos das duplas, algo o prendia neles.

Estranhamente, isso o lembrava do sonho que teve com a garota ruiva. Porém, mais importante que isso era a neve daquele dia, o que fez ele parar de andar ao lembrar.

Gwen parou também ao ver que o ninja estava pra trás, aproximando-se dele para entender o que ele estava fazendo.

— É isso! - Ele diz de repente. Olha pra Gwen. - Eu posso fazer isso.

— Fazer o quê? - Olha confusa.

***

— Neve? - Pergunta Zidler.

Chegou no circo a pouco tempo, guardando as caixas junto com Gwen  e indo ver Zidler. Sorte ter o encontrado no palco com Ortina, ambos fazendo um truque junto.

— É, eu consegui pensar em um truque. - Dizia Lass. - Mas isso envolve neve. Vou precisar.

— Caro Lass, se você não percebeu, não há neve aqui.

— Olha, você disse para eu fazer um truque que fosse interessante, eu fiz. Agora é sua vez de me dar as ferramentas para isso. - Fala sério.

Ortina olhava o ninja com um sorriso estampado. Ela adorava ver o rapaz agir daquela forma, durona como um rebelde. Ele era poucas vezes assim quando criança, porém nada comparado com o de agora.

— Vamos, Zidler, dar uma chance para ele. - Ortina diz. - Vai que vale a pena.

— É, tem razão. Estou curioso para saber o que fará com neve, então te darei uma chance de me surpreender. Posso criar a neve que quer com minha mágica, se é isso que quer.

— Isso serve. Mas não posso te mostrar agora, precisa me dar um tempo para colocar esse truque em prática.

— Quer apresentar direto no show? - Ortina se surpreende. Improvisação, disso que ela gostava. - Sabe que pode dar errado sem treinar antes, não é?

Lass assente, sem medo do que poderia acontecer.

— Por isso que eu preciso de um tempo sozinho, para ter tudo sob controle na hora. - Olha para Zidler. - É tudo que peço.

Olhava pensativo para Lass, sobre seus pedidos. Não era nada de tão difícil de conseguir, a neve ele mesmo podia fazer e o tempo para o ninja pensar também era possível.

Coça o queixo.

— Não é nada perigoso, certo, caro Lass? - Pergunta.

— Bem, se eu perder o controle pode ser mais que perigoso. Mas creio que você conseguirá evitar, de qualquer modo. - Viu em Zidler que essa não era a resposta que ele queria. - Mas farei de tudo para que nada de errado aconteça, se é isso que quer ouvir.

— Está combinado então. - Junta as mãos em uma palma. - Você terá sua neve e seu tempo para pensar. Espero que isso valha a pena, caro Lass.

Ele assente novamente, mas nervoso desta vez. Precisou inspirar fundo para poder se acalmar. Sentia Gwen o olhando de longe, com uma certa preocupação pelo o mesmo. Quando virou o rosto para olha-la, ela já não estava mais no lugar de antes.

***

Tinha voltado para a mesma sala em que dormia, agora sentado no chão e com os olhos fechados. O silêncio que tinha ali era essencial para poder se concentrar. Era arriscado o que estava fazendo, mas não haveria perigo se nada o interrompesse.

Seu corpo começou a esquentar, até mesmo suar por causa de seu estado. Invocar as chamas estando fraco daquele jeito o prejudicava, deixava mais fraco que estava antes. Era burrice, mas era a única ideia que teve para usar como um número.

Quando abriu os olhos, a escuridão da sala se tornou outra. Estava sentado em meio a um corredor, com milhares de celas em sua volta. Tinha conseguido. Ficou de pé e passou por cada cela à procura dele.

— Achei que não precisasse mais de mim.

Para de andar e se vira para o lado. A cela fechada, com um grande breu por dentro, o chamou a atenção. Não se aproximou, ficou distante das barras.

— De um jeito ou de outro, vou precisar. Estamos juntos nessa, precisamos ajudar um ao outro. - Responde Lass.

Os olhos vermelhos da criatura se abrem no fundo da cela. As chamas estavam mais quietas que o habitual, não soltava piadas nem tentava o provocar. Lass precisava tomar cuidado com as palavras.

— Você me deixa preso aqui, arranca um pedaço do meu poder e ainda quer minha ajuda? - As chamas falam. - Sério, Lass?

— Eu preciso da sua colaboração, é tudo.

— Colaboração? - Gargalha, uma gargalhada que quase fez o ninja recuar. - Desculpa, não faz meu tipo. Que tal eu te fazer uma proposta que fará ambos os lados satisfeitos?

Lass não estava ali para ouvir ideias de um ser que é feito de chamas. Mas não foi contra, deixou que elas falassem quanto quisessem. Era melhor não testar o temperamento das chamas numa situação daquelas.

— Sei que o palhaço ali fora é muito forte, consigo sentir a barreira mágica dele daqui.

— Barreira? - Lass pergunta.

— O palhaço é um centro de magia, quase ilimitada, tenho que ser sincero. Tudo que está dentro dessa barreira, ele pode atingir com seus poderes. Mas ele é tão forte que essa barreira não tem fim. - Rir, por fim.

Em outras palavras, Lass não tinha lugar para fugir. O ninja percebe a estratégia das chamas, querendo que ele entre em desespero, maior que está, e peça ajuda à elas.

— Desembucha logo o que você quer. - Diz impaciente.

— No seu estado atual, sem arma e força, você seria incapaz de lutar até contra a garota do cabelo de algodão doce. Então em vez de você querer tirar uma casquinha de mim, por que não me leve por inteiro?

Lass cruza os braços.

— Me deixe no comando e eu elimino aqueles três com um estalar de dedos. - Continua as chamas. - Apenas com 50% do meu poder e você é um homem livre.

Não conseguiu se segurar, Lass teve que rir daquela proposta. Balançou a cabeça, não acreditando no que ouvia.

— Você não pode tá falando sério. - Diz o ninja. - Você no comando? É uma brincadeira, é claro.

— Não seja idiota, Lass. Sabe que eu posso fazer isso, é só abrir isso aqui. - Esticou sua mão acinzentadas até a grade do portão. Bateu com os dedos, um barulho que ecoou no corredor todo. - É uma coisa bem simples, não?

— Nunca faria isso. - Fala, ainda com um sorriso torto no rosto. - Primeiro que não confio em você; Segundo, você não é confiável; Terceiro, não.

— Por quê?

— Você ficaria no comando e depois o quê? Mesmo que você acabe com eles, ainda terá Cazeaje do lado de fora para me prender por ter te libertado. - Fica sério. - Não arriscarei tanto assim.

— Você prefere mesmo ficar aqui do que lá fora? Nossa, que surpresa.

Não era bem isso que ele queria, só estava dizendo que não havia escapatória para ele. Se fosse fugir, precisaria de um plano melhor do que esse.

— Se você se esqueceu, quem está no comando aqui sou eu. Se eu morro, você morre também. Então faça o que eu mandar. - Lass é seco com as palavras.

— Eu, morrer? - É a vez das chamas rirem. - Sei que você me conhece melhor que isso, Lass.

— Estou dizendo que, se eu morrer, você não terá outro hospedeiro que aguente você como eu aguento. Qualquer corpo que você entrasse seria queimado em minutos. - Abre um sorriso vitorioso. - Você seria inútil, desse jeito.

A chama não debate, pois aquilo era uma verdade. Do que adiantaria ser o mais forte sem um corpo para controlar? Lass era o único que aguentava, já que esteve com o mesmo desde seu nascimento.

— Sem falar que teria Cazeaje e Gerard lá fora para quererem usa-lo de todas formas possíveis. - Continua Lass. - Creio que não gostaria disso.

— É, não gostaria de ser usado por aquela mulher. Mas também não gosto de estar preso nesse circo, com você.

— Se você não gosta, imagina eu. Então vamos parar com essa rivalidade e nos ajudarmos. - Sugere, ainda sério. - Garanto que os dias no circo serão menos piores.

A chama pensa, deixando Lass surpresa pela indecisão do ser. Não sabia que aquela coisa tinha mente para pensar, mas pelo visto, ela agia como um humano.

— Certo, você terá minha ajuda. - Diz as chamas. - Tudo que peço é para não pegar meu poder contra a minha vontade.

Era da luta que teve contra Gerard que a chama falava. Lass tinha extraído uma parte do poder das chamas para atacar no ruivo, que tinha o formato de chamas, porém transparentes. Ele nunca mais fez aquilo, sua saúde foi prejudicada o bastante para ele nunca mais tentar.

— E tudo que peço é para fazer nada além de me emprestar seu poder. Tente tomar o controle do meu corpo ou algo parecido e tudo acaba por aqui.

— Entendido.

— Foi bom ter feito negócio com você. - Fala antes de sair daquele corredor.

***

Quando despertou, já tinha se passado horas desde que chegou ali. Foi se encontrar com Zidler, que estava no palco olhando a arrumação para o show que começaria em breve. Ele não demonstrava irritação pela demora do rapaz, parecia que nada alterava seu humor naquele lugar.

— Já teve seu tempo, caro Lass? - Zidler o perguntou.

— Sim. - Falou, a voz cansada como seu corpo. Os cortes em suas costas tinham se curado quando acordou, graças às chamas. No entanto, isso o custou energia e disposição, precisaria de muito esforço se quisesse ficar de pé até o final. - Em que momento farei meu truque?

— No final.

Lass olha assustado, mais para surpreso.

— Mas os truques finais devem ser os melhores. - Ele menciona.

— É, eles devem. - Zidler o olha, sorrindo. - Me surpreenda.

Lass tinha criado um truque, mas ele não sabia se conseguiria terminar a noite com isso. Todos os números que começavam e terminavam o espetáculo deviam ser os melhores, o rapaz já tinha visto isso milhares de vezes quando esteve no circo antigamente. Agora era a vez dele fazer isso.

— Você também participará de alguns truques meus. - Zidler fala, o tirando dos pensamentos. - Como os antigos.

— Achei que Gwen me substituísse nisso também.

— Ela não aguentaria, seria um erro fazer com ela. - Apoia a mão no ombro do ninja, que quase desvia do toque. - Mas já que você voltou, quero voltar com os antigos números.

Lass não podia simplesmente dizer que não queria, ele apenas podia concordar sem mais palavras. Afastou-se de Zidler para olhar a preparação do circo para o show. Só porque ele participaria dos números hoje, o circo estava mais bonito, mais arrumado para mais pessoas virem. Isso o deixava nervoso só de pensar, logo enjoado.

— Venha se arrumar. - Ouve a voz sutil de Gwen o chama. A garota estava parada na entrada dos fundos, toda bem apresentável e bonita para o show.

— Não sou uma garota para me arrumar. - Rebate o ninja.

— Vai por mim, Zidler não vai gostar de ver essa sua cara na apresentação. - Disso ela tem razão, a cara do rapaz mostrava todos sentimentos negativos que sentia. Sacudiu a mão. - Vamos.

Lass não protestou, a seguiu para os fundos do circo. Só esperava que não botasse alguma maquiagem que o fizesse parecer uma garota.

Chegou em uma sala que devia ser o local onde ficava as roupas e acessórios para vestir, pois era um lugar mais arrumado e agradável do que as outras salas. Não lembra de já ter ido ali quando pequeno, mas também não se importava, memórias deste lugar deveriam ser esquecidas.

— Acho que não tem uma roupa que caiba em você. - Menciona Gwen, mexendo nos cabides com milhares de roupas de diversos tipos. - Ou que combine.

— Estou bem com essa. - Puxa um pedaço da roupa que vestia, que já estava desgastada pelas costas, onde foi perfurado pelos cristais. - O público não se importa com isso.

— Sim, eles se importam. - O olha por um instante. - Principalmente quando será você quem terminará o show. - Puxa um cabide, mostrando a roupa pra ele. - Que tal?

Lass a olha sério, sem dizer uma única palavra em reação.

— Acha mesmo que vou combinar com um vestido? - De bailarina e rosa.

— Ah, peguei o errado. - Devolve e pega outro, dessa vez o certo. - Melhor?

Era menos pior, isso ele achava. Deu de ombros, jogando um "tanto faz" como resposta. Gwen aceitou aquilo como uma afirmação. Colocou a roupa separada, para que Lass a vestisse depois.

— Senta. - Aponta para uma cadeira de frente para um espelho.

— Nada de batom ou purpurina. - Ele diz sério, sentando-se na cadeira.

Ela ficou atrás dele, encarando seu reflexo no espelho. Lass ficou incomodado, é como se sua cara não tivesse uma solução, por isso de ela tanto encarar e pensar.

Gwen passa a mão em seu cabelo, puxando todos os fios para trás.

— Você tem um cabelo longo. - Ela comenta.

— Eu já conheci alguém que tinha o cabelo maior que isso.

— Se eu prender vai ficar melhor. Venha aqui antes de você fazer seu número no final, aí eu arrumo seu cabelo e essa sua cara. - Olha com nojo para todas sujeiras que tinha na expressão do ninja. Ele olhou irritado para ela.

— Não teria uma coisa que eu poderia esconder meu rosto? Uma máscara, sei lá.

— Bem, eu posso fazer uma maquiagem que pode valer como uma máscara.

Aliás, não tinha nenhuma máscara que ele pudesse usar ali. Queria esconder sua cara na hora de ficar de frente para milhares de pessoas desconhecidas.

Seu olhar para em uma mesa onde ficava alguns acessórias para fantasia, uma em especifico o chamando a atenção. Apontou, dizendo:

— Posso usar aquilo?

Gwen olhou.

— Não é bem uma máscara, mas tudo bem. - Ela disse.

***

O show já tinha começado e Lass estava nervoso antes mesmo disso. Esfregava suas mãos em nervosismo, atrás das cortinas do palco enquanto olhava os números já sendo feitos. Continuava do mesmo jeito, sem ter trocado de roupa e com o cabelo uma bagunça. Só se arrumaria lá para o final, ao menos.

O que fazia no momento era esperar o anúncio do truque novo, ou antigo, de Zidler para ele entrar em cena. Esse era o maior motivo de suas mãos trêmulas, pois sabia como esse número era, e o que fazia com ele.

Uma forma de distração, olhou para suas mãos. Tinha esquecido que sua pele ainda estava marcada pelas queimaduras do fogo. Seu olhar abaixou, triste ao lembrar da cena. Não entendia por que não criava raiva por Zidler pelo o que ele fez, talvez temesse tanto ele que fúria era algo que nunca poderia ter.

— Lass, sua vez. - Ortina o tirou dos pensamentos, ela com aquela voz doce. - Arrase.

Ele ignorou o que ela falava e foi para o palco. Sentiu um enorme peso cair sobre ele quando os olhares de todos pararam em sua direção. Sua respiração ficou fraca com o nervosismo que sentia, precisava se manter calmo se quisesse sair dali bem.

— Meu novo ajudante irá me ajudar nesse novo truque! - Anuncia Zidler, como um apresentador humano. - É algo bem simples. Tudo que ele tem que fazer é entrar naquela caixa e veremos se ele sobrevive.

As últimas palavras fizeram Lass estremecer. Zidler gesticulou para uma caixa maior que o ninja, então o rapaz entrou nela. Era um pouco apertado ali dentro, só conseguia esticar seus cotovelos e olhe lá. A luz do circo sumiu quando a porta foi fechada.

Lass manteve-se calmo enquanto ouvia a voz de Zidler do outro lado. Ele dizia que a caixa era mágica, que qualquer coisa que a atravesse vá para outro lugar. O ninja precisou revirar os olhos para ignorar aquilo. Como pessoas que viviam em um mundo com magia podia acreditar tanto naquilo?

Então o silêncio foi tomado, deixando o rapaz nervoso. Quando foi mexer um músculo, uma dor aguda o acerta na barriga. Abaixou o olhar já sabendo o que era. Uma lâmina que atravessava a caixa o perfurou, o sangue escorrendo pela ferida. Rangeu os dentes em dor, quase se encolhendo dentro daquela caixa.

A lâmina foi retirada por um rápido puxão, fazendo Lass soltar um rugido e se debruçar sobre a parede da caixa. Respirou ofegante enquanto a ferida fechava, graças ao poder das chamas. Mais força foi retirada dele.

— Isso não seria o suficiente para matar uma pessoa, né? - Ouve a voz brincalhona de Zidler do outro lado. Como isso irritava Lass. - Vamos tentar outra vez.

O ninja se repôs, atento da onde viria o próximo ataque, se aquilo era um. Soltou outro rugido que não seria ouvido pela plateia barulhenta. Volta a se debruçar na parede, virando o rosto para ver a lâmina enfiada em suas costas, um pouco abaixo da costela. Arranhou a parede da caixa com suas unhas quando a lâmina girou, torcendo a ferida mais ainda. Por fim, ela foi retirada, dando um pouco mais de alívio para Lass.

— Desse jeito eu não chego vivo até o final do show. - Pensa, já cansado.

A ferida se curou, um pouco mais lento desta vez. Lass teve que acalmar a respiração para que ouvisse melhor as coisas lá fora. Concentrou-se bem para sentir os passos pesados de Zidler se aproximando novamente, então se abaixando junto com a lâmina.

O xingou mentalmente e deu um salto, apoiando seus pés nas paredes da caixa, bem a tempo de ter escapado da lâmina que passou cortando a caixa toda por baixo. Cai quando volta a apoiar os pés no chão. Se não tivesse feito aquilo, não sabia se poderia andar depois sem pés.

Felizmente, esse ele pode esquivar com mais facilidade. Abaixou-se e sentiu a lâmina passar por cima de seus cabelos. Em seguida, sentiu Zidler e afastar, dizendo algo que não o importava tanto. Foi um erro dele.

Quando notou o que vinha, já estava cuspindo sangue. Cinco lâminas vieram em direções aleatórias e acertaram Lass, o deixando imobilizado. Tentou se mover, mas só piorava a dor que sentia cada vez mais. Ao menos aquilo não demorou tanto, as lâminas foram retiradas ao mesmo tempo, Lass batendo as costas na parede atrás para se apoiar. O sangue escorria mais das feridas que não se cicatrizavam como da primeira vez.

— E afogamento, será que ele passa também?

Lass arregala os olhos, olhando para baixo quando seus pés molharem.Não sabia da onde aquela água entrava, nunca soube mesmo. Ela começava a subir cada vez mais. Os cortes na caixa tinham "sarado" como as feridas de Lass, assim a água não podendo ser jogada para fora. O ninja teve que apoiar os pés nas paredes para conseguir respirar no último espaço de ar que restava. Prendeu as respiração quando sentiu a água subir pelo seu pescoço.

Não enxergava nada dentro da água, muito menos naquela caixa fechada. Passou um tempo ali dentro que já começava a ficar sem fôlego. Preparava-se para se debater, tentar quebrar a caixa ou algo do tipo. Porém não fez, a água começou a esquentar, junto com a caixa. Soube o que vinha e pôs os braços na frente em proteção.

De olhos fechados, sentiu uma bola de fogo destruir a caixa e evaporar a água em sua volta, e o atingindo por final. Sua pele queimou, mas de repente parou. Abriu os olhos lentamente, logo vendo que não estava mais no escuro da caixa. Abaixou seus antebraços queimados, notando que estava na entrada do circo, ao lado da plateia. Lá embaixo, a caixa onde esteve estava destruída.

Passou a mão em seus cabelos molhados, os jogando para trás. Zidler apontou para sua direção, então todo o público olharam surpresos para o rapaz ali, de pé e inteiro. Soltou um suspiro e desceu as escadas, toda a atenção sobre ele. Suas feridas já tinham se curado, as dos antebraços ainda estavam terminando.

Chegou ao lado de Zidler e fez uma reverência junto com ele. A plateia aplaudiu alto, um som maravilhoso para Zidler. Lass o olhou de relance, mandando um olhar furioso pelo o que ele fez com o mesmo. Coisas novas foram acrescentadas no truque, e o ninja nem foi avisado sobre isso.

Saiu do palco sozinho, dando entrada a Gwen. Quando a garota passou por ele, mostrava um olhar de assustada. Como Lass, ela também sabia que tudo que aconteceu com ele era real, por isso de seu olhar preocupado.

Mesmo já terminando a apresentação com Zidler, não deixava de ficar nervoso. Depois da Gwen seria a Ortina, então ele para terminar o show.

***

Gwen tinha terminado sua apresentação e foi apressada para a sala arrumar Lass. As apresentações finais de Ortina costumavam não levar muito tempo, por isso da pressa da mesma em ajudar o ninja com isso.

Quando chegou na sala, abrindo a porta rapidamente, é pega de surpresa. O rapaz tinha saído de sua apresentação todo molhado, ele precisava trocar de roupa, o que fazia no momento. A visão de ver o ninja sem camisa e só de cueca a faz recuar os passos, fechando a porta no fim. Seu rosto pegava fogo de tão vermelho.

— Por que não avisou que estava se trocando? - Grita furiosa.

— Queria que eu fizesse o quê? Colocasse um aviso na porta? - Lass grita do outro lado. Então sussurrou: - Se bem que Ortina entraria sem pensar duas vezes se visse esse aviso.

 - Já se trocou?!

 - Espera... Pronto! Entra.

Ela soltou um suspiro pesado e entrou na sala. Lass ainda abotoava a camisa quando ela entrou, mas estando melhor que a cena de antes. Com um olhar, Gwen o mandou se sentar na cadeira.

— Já é a segunda vez que te pego assim. - Ela rosna para ele. - Tem algum gosto de sair pelado por aí?

— Não é de propósito. - Responde, sem jeito. - Eu que deveria pergunta isso a você, porque sempre me pega assim.

— Não vou discutir sobre isso com você. - Diz irritada. Podia estar conversando e ajudando Lass com sua apresentação, mas isso não queria dizer que tinha mudado de ideia sobre ele. - Agora fique calado enquanto eu arrumo isso que você chama de cabelo.

Encolheu-se nos próprios ombros quando ela começou a pegar em seu cabelo e tentar fazer algum penteado que combinasse com ele. No final das contas, ela deixou a parte da frente baixa e bem arrumada enquanto na parte de trás estava arrepiado. Estava estranho até ela colocar o acessório que Lass tinha pedido, que foi meio dolorido até que estivesse pronto.

 - Já estou pronto? Ótimo. - Preparava-se para levantar da cadeira, mas Gwen o mandou continuar ali.

A garota mostrou um potinho de tinta preta em uma mão e na outra um pincel fino.

— Falta a maquiagem.

***

O peso sobre a pele de seu rosto o incomodava mais que tudo que acontecia. Tinha terminado de se arrumar e passar a maquiagem que Gwen tanto insistiu em colocar. Achou que ela fosse fazer alguma sacanagem em sua face, mas ao se olhar no espelho mudou de ideia. Servia como uma máscara, ou quase isso.

Aguardava a apresentação de Ortina acabar para ele entrar. Ela fez uma rápida reverência com seu leão e saiu do palco, Zidler tomando conta. Com um tom dramático, o palhaço dizia que aconteceria uma última apresentação para terminar essa maravilhosa noite. Quando a mão dele foi direcionada para que Lass entrasse, o ninja estremeceu em nervosismo.

— Estou contando com vocês, chamas. - Pensa Lass antes de dar o primeiro passo.

Entrou no palco e sentiu algo diferente de quando entrou como ajudante do Zidler. Os olhares caíram sobre ele novamente, porém mais pesados, famintos pela curiosidade. Mas não foi nisso que Lass percebeu, e sim o frio em sua volta. Cada passo, o chão se congelava em sua volta. A neve começava a cair, se acumular no chão de forma rápida. Antes de chegar no centro, já pisava na macia neve que Zidler criara antes de sair do palco. Lass estremecia pela magia dele, tão simples para o mesmo.

Lá estava o ninja parado no centro do palco, todos com a atenção nele. Sua aparência parecia agradar a todos, ou deixar alguns assustados. Usava um terno preto, a gravata um pouco frouxa. Em cada canto de seu lábio tinham linhas finas e escuras, parte da maquiagem que Gwen fez, parecendo uma cicatriz com pontos. Em volta de seus olhos tinham uma camada escura que deixava seu olhar tão sério quanto antes. Tá, dessa parte ele não gostou.

E no meio deu seus cabelos bagunçados, chifres o fazia parece um asmodiano como Dio. É claro, numa versão mais humana e albina da raça, já que são poucos que possuem cabelos brancos como Lass.

 - Ah, Lass está tão bonito. - Essas não era a palavra que Ortina procurava para dizer.

Tanto ela quanto Zidler assistiam o rapaz entrar, causando interesse no público. Ao menos isso ele tinha acertado, agora era só esperar que seu espetáculo fosse tão bom quanto.

Lass soltou um ar pesado pela boca e começou a se mover. Suas mãos nuas baterem contra o chão, afundando os dedos na neve macia. Sentiu as chamas escorregarem por suas mãos quando uma sensação de queimação passou por ele. A neve branca foi tomada por uma coloração azulada rapidamente. Lass olhou para o lado e com o olhar ordenou que aquela parte explodisse. A neve subiu como uma parede branca, assustando o público de primeira. Quando ela abaixou, apenas uma aura azul contornava ele. As pessoas se surpreenderam com o brilho que era tão belo para sair daquele neve que derreteu, até mesmo o calor que ela exalava era diferente.

Lass continuou a se mover. Não precisava mais encostar na neve para poder controla-la com as chamas, apenas um rápido movimento com a mão e ela subia, então virava a aura azul que as chamas causavam nela. Só com aquilo, o público já olhava empolgados, com uma coisa que nunca tinha visto antes.

Lass puxou a aura azul das chamas contra o chão, um grande choque acontecendo quando tocaram na neve. Ela subiu por completo, uma cortina branca, e gelada, em volta do palco é formada, Lass sumindo dentro dela. A neve começa a girar como uma tempestade controlada, as pessoas segurando seus cabelos para não voarem contra suas faces. Então em meio ao branco da neve, um azul se acende, engolindo toda a neve. O frio some logo para um calor confortável, a neve perde forma para as chamas que começam a aumentar.

Lass ergueu a mão para o alto e a jogou para o lado, as chamas o obedecendo em imediato. Pararam de o contornar e desceram em sua direção, sendo absorvido pelo o mesmo. Quando a tempestade sumiu, Lass não estava mais em seu lugar. O público olharam para todos os cantos à procura do mesmo.

As luzes do circo se apagam. Todos gritam em medo, mas ficando em seus lugares tensos. Olham para uma mesma direção quando uma luz se acende. Lass descia as escadas contornado pelas as chamas. Em meio àquela escuridão, ele parecia assustador, mas tão bonito com o brilho azulado que emanava dele. Todos ficaram em silêncio, sem palavras. Lass chegou no palco, fazendo a neve no chão brilha ao encostar nela. Como se tivesse perdido o peso, elas começam a subir, iluminando melhor o circo escuro.

Sem que Lass fizesse algo, as chamas ganham formas sozinhas. Elas se aproximam da plateia, o público podendo encostar sem medo. As crianças riam quando um coelho azulado pula sobre elas, outras quando um gato passa por suas pernas. Nada mais os assustava, tudo era tão belo que até mesmo Ortina, atrás da cortina, olhava impressionada. Gwen tinha o mesmo olhar que Lass teve para o número dela, era novo e bonito. Só Zidler que não expressava nada, seus braços cruzados podia expressar tanto gratidão quanto raiva.

Lass não precisava fazer mais nada, as chamas já faziam por ele. Por mais incrível que ele conseguisse fazer seu número sem erro, seu olhar não demonstrava isso. Teve essa ideia por causa da garota de cabelos ruivos, lembrou que uma vez a entregou isso como presente de natal. Como o público, ela também olhou impressionada e com um largo sorriso no rosto. A expressão da ruiva naquele dia tinha sido a mais bonita que tinha vista, mas agora parecia nada além de uma lembrança que seria esquecida em breve.

Lass fechou os punhos, voltando a se concentrar no show. Virou-se rapidamente, cobrindo completamente a neve com a chama. Abriu sua palma e a fechou, então um brilho cegou temporariamente a todos. Quando voltaram a enxergar, a luz do circo tinha voltado e a neve tinha ido embora completamente.

Lass jogou o corpo para frente em reverência. O público bateu palmas, alguns levantando-se em animação. O ninja tinha conseguido tirar aplausos suficiente para terminar a noite. Ele ficou mais aliviado.

Saiu do palco ainda com aplauso, dando lugar a Zidler para se despedir. Quando passou pelo o mesmo, o toque que recebeu no ombro foi mais que suficiente para dizer que ele tinha se saído bem.

— Bom trabalho. - Ouve Gwen falar, encostada na parede. - Foi um bom show.

Lass assentiu, então ele pôde finalmente descansar o corpo tenso. Seus ombros abaixaram em cansaço, em seguida ele soltou um suspiro com fumaça. Não era pelo o frio da neve.

***

Melhor parte do espetáculo ter acabado foi por ter tirado aquela maquiagem de seu rosto. Por mais macabro que parecesse com aquilo, ele preferia sua face limpa, sem nada. Mas como o dia ainda não tinha acabado para ele, teve que ir com Gwen jogar o lixo fora. Carregavam pesados sacos, a garota só um enquanto Lass carregava dois. Depois daquilo, podiam descansar.

— Como eu faço para tirar esses chifres fora? - Pergunta, incomodado por aquelas coisas ainda estarem em sua cabeça. Agora sabia como Dio se sentia.

— Só com água quente. - Responde Gwen. - Não vai doer muito se tomar cuidado.

Aquilo doeria do mesmo jeito. Olhou para a cidade em sua volta, já de noite com o céu estralado. O parque ainda funcionava, tinha algumas pessoas em seus brinquedos.

— Como você fez aquilo? - Gwen pergunta de repente. - O fogo azul. É muito bonito.

— É segredo. É melhor você ficar sem saber. - Não gostaria de a envolver nisso também, já tinha muita pessoa que sabia sobre isso. - E elas não são tão bonitas assim. - Murmura. Abaixa o olhar, lembrando de quando as chamas foram despertadas. Seus amigos foram feridos por ele, suas mãos ainda pesam pelo o sangue que derramou naquele dia.

— São bonitas para mim. O público adorou.

— Tanto faz. - Deu de ombros. A olhou. - Na verdade, sua magia que é bonita. Cristais são legais.

— É, quando não machucam as pessoas.

Ela devia ter um pouco de culpa ainda no peito por ter errado seu truque e Lass a salvado. Se era isso, não expressava, sua cara séria escondia tudo; Como Lass.

Param de andar quando veem uma confusão bem longe. Era na roda gigante, uma pessoa tinha caído de sua cabine e agora apenas a barra de ferro que segurava do brinquedo o impedia de cair daquela altura.

— Devíamos fazer alguma coisa. - Fala Lass, já se preparando para soltar os sacos de lixo.

— Não é da nossa conta. - Gwen responde. O ninja fica surpreso por tanta frieza vindo dela. - Vamos ignorar.

Ela continua seu caminho, Lass ainda olhando. Não ficaria olhando, nunca ficou, porque sempre era a garota ruiva que corria na frente e ele atrás para tentar impedi-la. Desta vez ele iria por si próprio.

Largou os sacos e saiu correndo na direção do brinquedo. Ouviu Gwen o chamando no fundo, que aquilo seria um grande erro que ele estaria cometendo. O rapaz ignorou. Ele chegaria a tempo de subir nas barras da roda e salvar a pessoa, uma tarefa fácil.

— Pare. - Ouve uma voz ao fundo falar. Era as chamas.

— Eu vou salvar aquele cara e não será você que vai me impedir. - Sussurra Lass sério.

— Eu esqueci de te avisar. Dentro da barreira do Zidler, existe outras menores. Ele saberá onde você estará por essas barreiras!

Resumindo, Lass estaria se afastando do circo e Zidler saberia disso, gerando um consequência para ele. Não se importava, deixaria para dar desculpas depois. Chegou perto do brinquedo e pulou das barras, subindo cada vez mais sem dificuldade alguma. Chegou perto do homem que caía em segundos, se aproximando dele com cuidado para não cair junto.

— Segure minha mão. - Pede Lass, esticando a sua para o rapaz.

O homem faz nada. Tinha esquecido que era invisível para todos eles, sem exceção. Soltou um estalo com a língua e agarrou o homem pelo o braço, assustando o mesmo. Ele olhou para Lass, finalmente o enxergando. Não disse nada, deixou ser puxado pelo o ninja, que o guiou para fora do brinquedo.

O rapaz chegou ao chão, várias pessoas o contornando para ver se estava bem. Nenhuma delas viu Lass se afastar, também não se importava. Agora era só preciso voltar para o circo e ajudar Gwen com o lixo.

Parou os passos ao ver Zidler na sua frente, com os braços cruzados. Lass recuou um passo, totalmente arrependido por estar ali.

***

Suas pernas começavam a doer por ficar tanto tempo ajoelhado no chão. Tinha voltado para o circo, agora estava no centro do palco, olhando Zidler à sua frente, preparando-se para começar a falar com ele.

O sangue do ninja nem estava mais quente com as chamas, estava frio em nervosismo.

— Você desobedeceu uma ordem minha, caro Lass. - Zidler falava, sua voz nunca parecendo mudar do tom brincalhão. Isso era mais assustador ainda. - Lembra, nunca sair do circo além dos trabalhos que eu mandar fazer? E pior que isso, fez contato com uma pessoa.

— Ele ia morrer se eu não chegasse à tempo. - Responde Lass, fazendo de tudo para não parecer com medo. - Tinha que ajuda-lo.

— Deixasse. As regras no circo são maiores que as vidas medíocres dessas pessoas.

Isso irritava Lass, quão cruel Zidler e todos do circo podiam ser. Ele queria ter a força necessária para fazê-lo sofrer como ele sofreu todos esses anos. Mas sem força, sua arma e até mesmo as chamas seria apenas mais uma pessoa normal na frente dele.

— Aquele senhor o viu, isso é muito arriscado para nós. - Continua Zidler. - Como eu disse, você não devia ter feito isso.

Lass olha sem entender, até ouvir um grito. Olha para Halter, que entrava com o rapaz que salvou. Ele é jogado no chão com força, o machucando.

— Zidler, ele não tem nada com isso. Deixe-o ir! - Grita Lass.

É ignorado totalmente. Zidler faz um rápido aceno para Ortina, que entende. Ela solta um leve grito, então espera até que seu leão e mais duas tigres aparecem. Ela sorri, como se fosse um cachorro vindo em sua direção.

Lass arregala os olhos, sem forças para se mover e impedir aquilo. Ortina assobia, apontando para o rapaz jogado no chão, que gritava desesperado quando os grandes felinos correram em sua direção.

— Para! - Grita Lass, arranhando sua garganta com o desespero.

Os gritos aumentaram junto com o barulho da carne sendo esmagada. O silêncio do circo foi tomado pelos gritos desesperados daquele homem, que tentava de alguma forma fugir da dor insuportável que sentia.

— Já deu, Ortina! - Grita Gwen, que também assistia a cena horrorizada. Deu um passo à frente, parando quando o chicote da mulher bate perto de seus pés.

— Nem ouse se aproximar. - Ela fala, sorrindo.

Lass queria cobrir seus ouvidos para não mais aquele som de culpa. Tudo que podia era olhar para o rapaz, coberto pelo o vermelho de seu sangue. O ninja sentiu o coração parar quando o homem esticou sua mão trêmula na direção de Lass, um pedido de ajuda. Ele não podia fazer nada, isso era o que mais machucava. Teimoso, levantou sua mão para segurar a do homem, sendo tarde demais quando ela é puxada pelo leão.

Lass recuou seu braço, sem esperança.

— Halter, tire os restos daqui. Leve os leões também.  - Zidler ordena.

Lass não olhou para o que sobrou daquele homem, o som já era demais. Quando Halter se foi com os leões, sentiu uma certa pressão cair sobre ele. Zidler olhou para Gwen e a mandou ir embora, que pareceu protestar, mas logo indo sem mais.

— Caro Lass, a camisa. - Zidler fala.

Então era isso o que ele sentia. Seus lábios tremeram, junto com seu corpo. Tirou sua camisa, a jogando para longe e continuando joelhado no chão. Ouviu um estalo dos dedos de Zidler, logo as correntes que tanto temia vieram. Elas prenderam bem os braços de Lass, forte o bastante para deixar marcas, então os esticou o suficiente para que toda suas costas ficasse exposta.

— Você merece levar as consequências, caro Lass. Espero que isso o torne mais obediente. Ortina, por favor.

O ninja fechou as mãos quando ouviu os passos de Ortina se aproximar. Sabia o que aconteceria agora, o chicote dela ficaria em volta de fogo e ela o levantaria...

Soltou um grito tão abafado que ficou sem ar de primeira. Suas costas queimaram em forma de linha quando o chicote o acertou na pele. A dor insuportável, que nem mesmo as chamas poderiam curar tão bem.

Mais uma chicotada e mais um grito alto. Queria poder puxar seus braços para se encolher, mas não conseguia por causa das correntes.

— É uma pena, caro Lass. Você estava tão bem hoje à noite.

Se pudesse, xingava Zidler, Ortina, quem fosse. Não conseguia dizer uma única palavras quando sentiu o chicote bater novamente contra suas costas. O sangue já escorria, ele sentia sua pele completamente molhada e quente. Seus músculos estavam travados, estava imóvel.

Lass não soube quantos minutos se passaram, ou horas, ele perdeu o senso de tudo em sua volta após a quinta chicotada. Tudo doía, ardia e queimava. Gostaria de apagar, mas a dor não o permitia. Tudo que saía de sua boca era rugidos e sangue, ele não conseguia fazer nada além disso.

Por um momento, viu sua versão pequena na sua frente, do mesmo jeito que ele, ajoelhado e sangrando. Porém, a diferença era que ele chorava, já Lass não tinha mais essa capacidade, chorar seria tolice de sua parte, uma coisa ele deveria manter intacto. O suor que descia por suas costas valia como as lágrimas que não derramava.

Ouve a voz de Zidler, não sabendo exatamente o que ele dizia, tudo estava uma bagunça para ele. Ortina parou com as chicotadas, dando fim ao castigo do ninja. As correntes foram soltas de seus braços, deixando Lass cair de cara no chão sem preocupação. Vê Zidler e Ortina indo embora, só a garota se despedindo com uma risada.

O rosto de Lass ficou de lado no chão gelado e sujo, que pouco se importava como estava. Suas costas queimavam como seu pulmão à procura de ar. Ele queria levantar, sair dali e procurar um lugar melhor para ficar, mas continuou no chão, deixando o sangue de suas costas escorrerem sobre seus ombros. Conseguiu ver o vermelho sobre sua pele branca, querendo imediatamente não querer ver como suas costas estavam.

O vermelho que lembrava algo. Ruivo, os cabelos daquela garota. Ele queria tanto poder a chamar pelo seu nome, mas se ao menos soubesse. Não entendia, de todos que estavam longe, ela era o que mais sentia falta. Tudo nela o fazia sorrir, menos agora, pois se esquecia aos poucos da mesma.

Será que ela também sentia falta dele?


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Notas finais do capítulo

Review?
* Lass foi marcado pelo o Beto Carreiro kekeke Tá, parei com as piadas infames!
* Gwen está começando a se tornar uma pessoa mais legal, não está no seu estágio final, mas ela vai chegar kkkkkk
* Elesis como protagonista no próximo capítulo, porque nesse foi o Lass, né?!
* Não tem muito o que dizer... Este capítulo está programado, então se eu cheguei aos 20 recomendações ou 100 favorits e não comentei lá em cima, perdoa eu, oK? OK! Fico muito feliz em ver minha fic tão "popular" assim :3 Popular? Sei lá! Muitas pessoas gostam e eu fico grata com isso... Valeu!
* Capítulo 100 tá chegando! Ele será totalmente fora da história principal, então se alguém quiser dar ideias, pode mandar por MP :3



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