Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 95
Não me deixe sozinho


Notas iniciais do capítulo

Oláaáá! Tudo bão? Espero que sim. Capítulo de hoje vai começa fofo, legal e termina mais tenso que o encontra da Elesis e o Gerard... Sério. Eu estou muito triste pelo o que acontece no final, espero que vocês não tentem me matar :3 Enfim, feliz ano novo! Uhulllll! Vamos começar o ano com um capítulo bem bolado e tal!
Capa: Lass (Grand Chase...)
Boa Leitura!



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Desceu os degraus em saltitantes passos. Quando finalmente pôde sair daquele barco, Elesis esticou suas pernas. Esteve muito tempo dentro daquele negócio, conseguia nem andar direito no mesmo. Agora que sua viagem até Ellias terminou, lá estava ela pronta para continuar o caminho a pé.

Só não saiu na frente por ter que esperar um certo alguém que vinha se arrastando do barco. Lá estava Lass passando mal outra vez por viajar em um meio de transporte. Mas dessa vez ele parecia pior, pelo justo de motivo por ter caído no chão sem que evitasse.

– Achei que você tivesse tomado a poção quando a gente veio. - Diz Elesis, sem parecer preocupada com o estado do rapaz.

Lass se mexe no chão, aos pouco conseguindo se sentar. Tudo rodava em sua volta, a qualquer momento ele voltaria ao chão novamente. Apoiou a mão na testa, como se aquilo fosse fazer alguma diferença.

– Eu tomei quando a gente entrou no trem, mas no barco não. - Resmunga com dificuldade. - O efeito costuma acabar rápido.

– Ah, entendo. Mas isso não é motivo para atrasar nossa missão. - Acerta uma um tapinha no ombro do mesmo. - Vamos, melhore logo.

– Não é tão fácil assim. Espera um pouco.

A ruiva cruza os braços, um pouco impaciente por ter que esperar até que o ninja se recuperasse. Não aguentava ficar naquele porto, muito agitado para ela. Sentia-se desconfortável quando alguns marinheiros passavam por ela com olhares maliciosos. Não podia agredi-los sem motivo aparente, precisava ficar calma.

Lass estava quase vomitando pela a péssima sensação que não passava. Se achava um idiota por agir tão fraco por aquilo, enquanto Dio e Lupus sentem essa mesma sensação e não mostram fraqueza. É como se ele não tivesse acostumado com o próprio corpo.

A sensação começa a sumir quando uma brisa gelada passa por seu rosto. Delicados dedos passam por seu cabelo e o puxam para trás, livrando do calor que seus fios faziam em sua nuca. Levanta o rosto e ver Elesis prendendo seu cabelo em um pequeno rabo de cavalo. Ela parecia uma garota tão gentil naquele momento.

– Sente-se melhor? - Ela pergunta. - Eu posso te ajudar a andar.

Não consegue responder, mas Elesis o levanta do mesmo jeito. Segura pelas mãos e o põe de pé, assim apoiando seu braço na ruiva. Por mais pesado que Lass fosse, a espadachim tinha força para carrega-lo. Ele chegava a ser leve para ela.

Chegaram na cidade e ficaram andando por suas ruas, perdidos. Elesis não sabia onde era o lugar para ir, só Lass, mas como o rapaz ainda não estava consciente por onde passava.

– Eu já tô melhor. - Disse o ninja ao parar de andar. - Posso andar sozinho.

Elesis o solta lentamente. O rapaz fica de pé, mas ainda parecendo sentir a tontura. Continuaram o caminho, porém de forma mais lenta.

– Iremos entregar o pergaminho e ir embora. - Fala Lass, já melhor. - Não estou muito afim de ficar nessa cidade por muito tempo.

– Por que a pressa? Temos nada de importante para fazer no colégio. Nada. - Deixa bem destacado a última palavra, com raiva e ódio.

Lass a olha. Sentia uma pesada aura contornando a ruiva, que podia queimar qualquer um que se aproximasse. Chegava a assustar o ninja, só não pôde se afastar pois sabia justamente o motivo.

– Ainda tá zangada por causa do plano da Cazeaje?

– Há muitos motivos para eu ficar zangada, talvez esse nem seja o principal. - Cruza os braços, ficando mais séria. - Eu posso tá zangada porque as minhas pernas doem, ou porque não consigo controlar as chamas roxas, ou porque não estou enfrentando o Gerard!

– Ou talvez você esteja nos seus dias.

A ruiva para de andar para encarar o ninja. Ele ergue os braços em um tom de brincadeira, mas Elesis não consegue rir por não estar no humor. Volta a andar, mais apressada, justamente para deixar Lass para trás. Ele faz um esforço e consegue acompanhar.

– Estou brincando. - Diz ele. - Só quero que você esqueça isso.

– Como posso esquecer? Nesse momento, Gerard deve está sendo preso ou morto, e não por minhas mãos! Você acha mesmo que eu estou feliz por isso?

– Poderia diminuir o passo? Não vou correr atrás de você assim.

A ruiva solta um estalo pela a língua e acelera mais ainda sua caminhada. Lass não consegue mais acompanha-la, se apoia nos próprios joelhos para recuperar o fôlego. Sentia-se enjoado agora.

Os pés da ruiva param na sua frente. Ele levanta o olhar e ver que a mesma voltou para vê-lo. Ela continuava emburrada.

– Você não entende, Lass. Gerard é meu maior objetivo da vida, não morrerei até que eu alcance. Como você se sentiria tendo uma chance de matar a pessoa que destruiu tudo na sua vida?

Ele volta a abaixar o rosto. Sua cabeça dói com as lembranças, com as risadas e gargalhadas em seus momentos de dor. Fechou os olhos para poder esquecer isso. Ficou de pé quando sentia que melhorava.

– Mas do que adiantaria a gente tentar se não conseguiríamos? - Elesis tenta debater. Lass continua. - Você viu do que ele é capaz da última vez, sabe que mesmo em nosso nível atual não conseguiríamos derrota-lo. Acho que a única pessoa que pode segurá-lo é a Cazeaje.

– E você acha isso certo? Cazeaje mesmo é uma pessoa que merece morrer como o Gerard!

– Sim, ela merece. Mas olhe para nós. - Balança as mãos para Elesis e para ele. - Olhe para nosso estado. Acha mesmo que faríamos diferença num campo de batalha contra Gerard?

– Eu poderia tentar.

– Como da última vez?

– Eu tentaria outra vez! Tentaria, tentaria até que não me restasse nada além da morte. - Bate no peito com força. - Não me importaria de ser machucada milhares de vezes só para ver o Gerard morto.

– Isso é seu orgulho falando. Acha mesmo que só você conseguiria derrotar Gerard? Sem ajuda?

Elesis fecha os punhos. A luta que teve com Gerard só pôde sair viva porque Lass estava lá, ele apareceu para salvá-la e protegê-la. Mas aquela era ela do passado, agora tinha mais força e determinação.

Porém, temia que pudesse acontecer o mesmo como da última vez.

– Elesis, será que você está confundindo esse desejo de vingança com outra coisa? - Lass pergunta. Ela olha confusa. - Sabe que não tem chance com Gerard, mas mesmo assim quer ir pra cima dele? Já pensou que não seja vingança, e sim... Saudade.

– Você acha mesmo que eu sentiria saudade daquele monstro? - Diz séria, quase mortal. - Tenho certeza que não.

– Então comece a se importa consigo mesma. As feridas que a machucam, machucam seus amigos também.

Ela sabia disso, já tinha visto isso acontecer. Apertou firme seu braço, olhando para o lado. Às vezes ela esquece que existe pessoas que se importam de verdade com ela.

– Aliás, Cazeaje não vai conseguir prender o Gerard. - Lass continua. - Você acha que um exercito de 300 pessoas será capaz de para-lo?

Pela primeira vez, torcia para que Gerard vencesse essa. Abre um pequeno sorriso bobo e concorda. Gerard não era tão fraco a esse ponto.

– Claro que não.

– Então motivação! Concentre-se na sua missão, esqueça que isso está acontecendo. Como você, eu também queria que nosso plano tivesse dado certo, mas como não deu... - Dar de ombros. - Só nos resta entrega esse pergaminho. - Aponta para a própria mochila.

Lass claramente já havia melhorado, então seguiu o caminho na frente. Elesis logo o segue, deixando que sua raiva esvaziasse de seu peito. Não podia deixar aquilo a prender, precisava se focar em outras coisas. Tudo que mais torcia agora era para que Gerard derrotasse Cazeaje.

***

Elesis ficava impaciente outra vez. Batia o pé no chão de braços cruzados, tudo por causa da demora de Lass para entregar o pergaminho. Já tinham achado o lugar fazia o tempo, o ninja disse que poderia fazer aquilo por ela e que esperasse ali do lado de fora.

Em seu momento de impaciência, Elesis recebe companhias irritantes. Um grupo de garotos param seu caminho para olhar a ruiva, se aproximando dela com sorrisos maliciosos. Tenta ignorar os rapazes jogando provocações nela, mas a cada palavra que sai da bocas deles, mais irritada fica Elesis.

– Ei, ruiva, fala uma coisa. - Diz um dos garotos. - Vem com a gente, mostramos a cidade pra você.

– É, diga algo. Por acaso você tem namorado? - Pergunta o outro.

– É, eu tenho. - Cansada de tanta provocação, Elesis fala. Mas sem animação alguma.

O grupo olha surpreso, mas continuam a sorrir.

– Então cadê ele? Um namorado de verdade não deixaria uma linda dama sozinha desse jeito.

– Dama? - Pensa irritada.

– Pare de mentir e venha com a gente. - Segura Elesis pelo o braço.

A ruiva prepara para pegar no cabo da espada, mas não faz. Nota que o grupo fica tenso, até a solta e recua. Quando pretende fazer algo, olha para trás pela a voz de Lass.

– O que tá acontecendo aqui? - Pergunta, com sua expressão neutra, que vale como uma séria.

Notam a mão apoiada do ninja em sua katana, vendo aquilo como uma ameaça. Mal eles sabiam que aquilo era apenas um hábito do rapaz.

– Não está acontecendo nada. - Diz o garoto. - Só estávamos de passagem.

Antes que pudesse dizer algo, o grupo vai embora apressadamente. Lass olha confuso para os garotos indo embora, ainda sem entender o que tinha acontecido. Até mesmo Elesis fica de sobrancelha erguida.

– Nem me pergunte. - Diz a ruiva dando de ombros.

Lass esquece o que ver, não se importando de querer saber o que aconteceu.

– Eu já entreguei o pergaminho, foi uma entrega rápida. - Fala o rapaz, recebendo um olhar nervoso da ruiva pelo o "rápida". - Agora podemos ir embora.

– Por que tanta pressa? Vamos nos divertir.

– Tem nada de divertido nessa cidade. Vamos embora.

Elesis perde até animação quando ver Lass indo na frente. Não queria volta para o colégio e receber uma grande bronca de Lothos, que já sabia do que ela fez. Maldita é Cazeaje por ter falado para ela.

Seguiria o ninja, mas a voz de um pequena garotinha a chama a atenção. Fica surpresa pelo o que ouve, entendendo porque muitas pessoas iam para aquela direção.

Lass fica sem ar quando é agarrado pela a gola da camisa por Elesis. A ruiva o puxa, o parando imediatamente. Antes mesmo de olhar para sua expressão animada, já ouvia a espadachim falando:

– Um parque! Tem um parque nesta cidade! - Dizia empolgada. - Vamos, temos que ir! Hein, hein, hein?!

– O quê?

– Eu nunca fui num parque! Vamos, Lass! Por favor, por favor! - O sacudia de tanta animação.

Quando o ninja vai responder, é puxado enquanto a ruiva corria para a direção do parque. Ela aceitou o grito de dor do mesmo como uma aceitação. Sentia a qualquer momento que cairia por ser puxado daquele jeito, mas, felizmente, Elesis para de correr, o soltando.

Passando a mão no pescoço, Lass nota que pararam na entrada do parque. Precisava nem olhar para a espadachim e ver a animação que ela estava tendo naquele lugar. Seria frio da sua parte quebrar o clima da jovem.

– Isso é bobagem, você sabe disso. - Lass comenta. - Parque são para crianças.

– Então eu sou uma! - Mostra a língua. - Nunca fui num parque quando criança, então eu gostaria de ir agora.

Ela estava mesmo determinada em se divertir naquele lugar. Lass não estava nada à vontade em um lugar daqueles, até mesmo ficar parado na entrada o deixava desse jeito.

– Tanto faz. - Diz Lass de repente. - Contanto que você não arrume nenhum problema.

Primeiro olha surpresa, então abre um largo sorriso e assente. Volta a puxar Lass para dentro do lugar, mesmo sabendo que ele a seguiria do mesmo jeito. Só queria ver como era o lugar por dentro.

Elesis parecia mesmo uma criança em um lugar daqueles, corria e parava em um brinquedo diferente. Apontava como se nunca tivesse visto um, então volta a correr para outro ao lado. Lass já começava a pensar em desistir de correr e deixar ser arrastado pela a ruiva.

– Por que não escolhe um brinquedo para ir logo, em vez de ficar só olhando? - Sugere o ninja.

– Eu posso?!

– Claro, por que não?

– Certo, certo! Eh, qual devo ir primeiro? - Olha em volta, pensativa. - Que decisão difícil.

– Só escolhe. - Fala impaciente.

Ela fica um bom tempo olhando para os brinquedos, decidindo em qual ir primeiro. Decidi quando aponta animada.

– Montanha russa! Vamos nessa primeiro.

– Vamos? Não, eu tô bem só assistindo.

– Para de bobagem. - O segura pelo o braço e começa a puxa-lo para o brinquedo. - Você também irá.

– Elesis, eu...

Já estavam na fila do brinquedo quando foi tentar debater. Ao menos não gastaria nenhuma grana indo nos brinquedos, eram de graça. Isso deixava a ruiva mais animada ainda. Mesmo pegando uma fila grande, ela não parava de se sacudir de felicidade.

Não levou muito tempo para que suas vezes chegassem. Lass tentou fugir de fininho, mas Elesis o segurou do mesmo jeito quando entrava no carrinho. O ninja ficou mais nervoso quando a barra de ferro desceu sobre ele, para sua segurança. Segurou aquilo com força, a qualquer momento podendo a amassar, mas quando o carrinho começou a se mover, segurou mais forte.

Em todo o caminho ficou de olhos fechados enquanto Elesis esticava os braços para o alto. Quase desmaiou quando sentiu o carrinho descer rapidamente.

***

– A gente precisa ir nesse brinquedo de novo depois. Foi muito divertido. - Dizia a ruiva ao sair do carrinho. Seus cabelos estavam para trás, não se importando como estava.

Lass ainda saía do carrinho, com dificuldade para se levantar. Elesis deu a mão para ajuda-lo, mas não sendo o suficiente de impedir que o ninja caísse ao ficar de pé.

– Lass, tudo bem? - Pergunta preocupada.

Ele solta um gemido que mostra que ele não estava. Elesis logo percebe o motivo dele estar daquele jeito.

– Você passa mal com transportes, eu tinha esquecido. Andar nesse carrinho deve ter sido doloroso para você. - Solta uma risada, pondo a mão na boca para evitar. - Desculpa, não era para eu tá rindo disso. É engraçado, foi mal.

Sabia que o rapaz não se levantaria tão em breve, por isso o pôs nas costas e o tirou dali. Aproveitou para ver qual seria o próximo brinquedo a ir. Pretendia ir em todos, se possível.

– Que sem graça, a maioria dos brinquedos vai fazer mal para você. - Diz Elesis. - Terei que ir sozinha em alguns.

– Não tem problema, divirta-se sem mim. - Consegue falar, se sentindo melhor.

Por dentro, Lass estava mais aliviado por não ter que ir em mais um brinquedo com Elesis. A animação da garota era demais para ele.

Mas isso não impedia dele ficar feliz pela a jovem, que havia esquecido Gerard por causa do parque. Era melhor assim, sem irritação ou mau humor, apenas felicidade por algo puro que eram aqueles brinquedos.

Lass desceu de suas costas quando sentia-se melhor. Elesis já estava preparada para outro brinquedo, para sorte do ninja, não o faria bem, portanto não poderia ir. A ruiva foi correndo saltitante para a fila, deixando o mesmo para trás. Lass disse que daria uma volta no local enquanto ela se divertia no brinquedo.

– Ei, garoto.

Ouve um chamado para ele. Olha em volta até que para em uma senhora sentada atrás de uma mesa. Aproximou-se, percebendo que era uma daquelas mulheres que fingiam ser videntes só para roubar o dinheiro dos inocentes. Lass sabia como funcionava esse tipo de negócio, o que deixava totalmente desconfortável ao se aproximar da senhora.

– Você não parece muito feliz. - Ela diz, o analisando com o olhar.

– É, ultimamente tem sido difícil para mim. - Entra na conversa, sem muita opção.

– Digo, você não está bem no fundo. Algo parece te incomodar muito.

– O lugar, provavelmente.

– Não é isso. É como uma ferida escondida há muito tempo. - Coça o queixo. - Você parece esconder algo.

Aquela senhora começava a assustar Lass pelas as palavras. O ninja tenta entender o que ela queria dizer com aquilo, no final não sabendo o que responder.

– Sua amiguinha ruiva parece ser importante para você. - Continua ela. - Mas você não a olha dessa forma, e sim diferente.

– Quer desembuchar logo. - Diz nervoso. - Onde quer chegar com isso?

– Você exala arrependimento. Por que esconde da garota o que sente? Ou o que já sentiu?

– Do que você tá falando?

– Você já se apaixonou, mas deixou isso de lado por algum motivo aparente. Por que fez isso?

– Não irei responder para um desconhecido. - Fecha os punhos. Como ela sabia de tudo aquilo?

– Vamos, responda. Isso o ajudará, de alguma forma.

A olha sério, quase perdendo o controle da raiva. Quem era aquela mulher com essas perguntas? Com certeza não era uma farsa como outras que viu, ela era verdadeira.

– Eu precisava me tornar forte, essa é a resposta. Satisfeita?

– Eu que te pergunto: Está satisfeito por isso? A força que possui agora valeu tanta a pena de ter abandonado seus sentimentos?

Lass não responde, prefere ficar calado. Ele mesmo não sabia uma resposta, não sabia se estava satisfeito pelo o que fez. Nunca parou para pensar nisso, sempre foi melhor ignorar esses pensamentos.

– Com certeza não valeu a pena. - A senhora responde por ele. - A força que você tanto deseja não será conquistada dessa forma, garoto.

– Então como a conquisto?

Um sorriso cheio de rugas se abre no rosto da senhora. Lass sente o corpo tremer em tensão.

– Que tal saber responder a si mesmo primeiro, depois descobrirá como ganhar a força. Você perceberá que sacrificar as coisas nem sempre é o melhor caminho.

Abre a boca para perguntar outra vez, mas Lass é impedido. Ouve Elesis o chamar ao fundo, assim olhando para a ruiva se aproximando. Aparentemente, ela já tinha ido no brinquedo e se divertido muito.

Volta o olhar para a senhora, percebendo que ela havia sumido. Olha para os lados em confusão, a procurando. Só consegue sair dos pensamentos quando Elesis o toque no ombro.

– Foi muito divertido! - Dizia a ruiva. - Gostaria de ir outra vez, mas quero aproveitar para ir em outros brinquedos. O que acha em escolher um para a gente ir junto?

Lass continua preso à conversa com a senhora. Para onde ela foi parar?

– Lass! - Elesis o chama, finalmente o despertando. - Tudo bem? Parece avoado.

– Não é nada, só estou pensativo. - Coça a cabeça.

– Bem, como eu falava, vamos em algum brinquedo? Você escolhe agora.

Lass já não estava afim de ir em algum brinquedo, muito menos agora, depois da conversa estranha com aquela senhora. Mas era melhor não demonstrar isso, precisava parecer bem para a alegria da ruiva.

– Claro, vamos.

***

Relaxava seu corpo cansado naquele banco que acabou de se sentar. Esticou os braços sobre o apoio e jogou a cabeça para trás, vendo o céu já escurecendo. Elesis disse que teria uma embarcação de noite, para que pudesse aproveitar mais um tempo no parque. No momento, a ruiva corria atrás de um vendedor para comprar alguns balões. Ela passou o dia inteiro indo de brinquedo em brinquedo e comprando coisas infantis.

– Quer um? - Pergunta ela ao se aproximar do ninja, mostrando três bolas de cores diferentes.

– Não, valeu. - O mesmo valeu para o cachorro quente que a ruiva comia.

Elesis se sentou ao seu lado, amarrando os balões no braço do banco para que não voassem. Saboreou seu lanche em silêncio, o comendo lentamente.

Lass ficou esse tempo pensando na conversa que teve com a senhora. Até agora não tinha uma resposta para respondê-la, muito menos a ele mesmo. Quanto mais pensava nisso, mais achava que sua força não valeu o esforço. A senhora tinha dito que ele estava arrependido por essa escolha, porém não se sentia dessa forma. Não entendia o porquê.

Olha Elesis discretamente enquanto comia. Quando foi que deixou de ama-la? Como? Nada disso parecia claro para ele. Às vezes pensava como seria as coisas se ele tivesse ainda apaixonado por ela. Estariam juntos ou algo de pior teria acontecido? Pelo o que Elesis tinha dito para ele no dia do evento, ela já esteve apaixonada por ele, mas que já era tarde demais para ela. Lass não amava mais a espadachim, nada o mudaria de ideia.

Ou talvez esse sentimento pudesse voltar? Olha para frente e nega mentalmente. Não cometeria esse erro novamente, não agora que entres eles está tudo bem. E mesmo que voltasse a gostar dela, nada adiantaria, já que a mesmo está com Ronan agora. Podia não ser amigo do azulado, mas não gostaria de fazer isso com ele.

Nada é mais como antes, tudo está diferente. Desde seu encontro com Gerard, tudo mudou entre eles, é como se tivessem amadurecido de vez. Elesis levou a dura realidade que a deixou abalada por um bom tempo, Lass nem tanto, já esteve acostumado a ser humilhado daquele jeito. Porém, sua visão em relação a Gerard mudou, via de forma diferente que a ruiva via. As cicatrizes em suas costas sempre coçam quando ele pensa nisso, o que acontecia no momento.

– Uma vez... - Lass fala. Elesis o olha, ainda comendo seu lanche. - você disse que essas cicatrizes nas minhas costas significavam a data de aniversário da sua mãe. É verdade?

Elesis não demora para recobra sobre a conversa que Lass falava. Termina de mastigar o lanche e engole. A alegria some de seu rosto.

– Sim, é verdade. Sei que pode parecer estranho, mas toda vez que eu olho para as suas cicatrizes, só lembro dessa data. Quando pequena, meu pai sempre me falava que minha mãe nasceu em uma data engraçada, com números repetidos.

– Como ela era?

– Eu não sei, minha mãe morreu quando eu nasci. Meu pai sempre me criou sozinho, o que foi um trabalho bem difícil para ele. - Percebe que Lass parece se sentir culpado ao fazer aquela pergunta. - E quanto a você, como eram seus pais? Já deve ter visto um deles, certo?

Lass sacode a cabeça.

– Não, eu nunca conheci nenhum deles. Minha mãe me abandonou quando eu era pequeno e meu pai... - Olha para as próprias mãos entrelaçadas. - Eu nunca nem ouvi falar sobre ele. Grandiel e Astaroth sabem quem ele é, mas evitam me contar sobre ele, acham que eu tenho um certo rancor dele.

– Você tem?

– Eu não sei. Não saberia o que fazer quando o visse, se diria um "oi" ou se eu mandaria ele ir para aquele lugar. A verdade é, se ele voltasse, seria para ver o Lupus, e não eu.

– Esqueço que vocês dois são meio-irmão. Como que descobriu isso?

– Grandiel me contou quando o encontrei no colégio. Explicou só o necessário, achando que aquilo iria aproximar nós dois; Ele estava enganado. Eu e Lupus não nos vemos como uma família, longe disso.

Desde que souberam que eram irmãos, algo entre eles mudaram. Lass fazia de tudo para ficar longe dele, já que não conseguia o ver como alguém da família. Mas no caso de Lupus era diferente, ele via com ódio o ninja, sempre indignado quando olhava para o mesmo. É como se ele nunca quisesse ter sabido daquilo. Mas ao longo do tempo, ambos começaram a superar isso até que chegassem no que é hoje em dia, embora não seja o melhor relacionamento.

– Sabe, - Elesis diz, sacudindo das pernas. Lass fica surpreso ao vê-la sorrir. - eu gostaria de ter um irmão, mesmo que eu odiasse ele. Nunca tive ninguém da família além do meu pai, mas depois que eu o perdi, não tenho ninguém para considerar como família. Às vezes vejo Jin como um irmão, tanto pela a aparência quanto por seu jeito carismático. - Solta uma risada sem graça. - Acho que poderia dizer o mesmo de você, Lass.

Não ficou claro se Elesis o via como um irmão, mas que ele era especial, sim.

– Então se quiser ter o Lupus como um irmão, fique à vontade. - Disse o rapaz.

– Não, estou bem do jeito estou. - Fica de pé, limpando sua roupa das migalhas do lanche. - Aliás, mesmo que você não tenha conhecido nenhum de seus pais, eles podem estar vivos. Acho que eu preferia nunca ter os conhecidos e que estivessem vivo do que ter os visto e mortos agora. - Desanima nas últimas palavras. Elesis estava escondendo muito bem as mágoas dentro de seu peito. - Talvez não fosse como é agora.

Lass pretendia negar aquilo, mas a ruiva já se preparava para continuar seu caminho pelo o parque. Lass ficou de pé enquanto a ruiva amarrava seus balões na sua mochila, assim não precisando ter que segurar.

– Algumas barracas estão abrindo agora. Vamos ir ver. - A ruiva toma o caminho.

Sem muita escolha, a segue novamente por aquele lugar. Algumas pessoas estavam indo embora, outras chegando para algum espetáculo que iria acontecer em breve. Lass preferia ir embora, mas sabia que Elesis o deixaria sozinho se ele escolhesse isso.

– O lindo casal não quer saber a sorte futura. - Uma moça da barraca os chamam a atenção.

– Não somos um casal. - Elesis fala enquanto aproximava da barraca. - Apenas amigos.

– Sinto muito. Então, não gostariam de prever a sorte ou o azar? - Faz um gesto com a mão para as milhares de cartas sobre o balcão. - Garanto que estão bem curiosos para saber o que acontecerá.

– Sério que isso prevê o futuro? - Elesis olha surpresa, como uma criança. Olha do mesmo para Lass, que não ligava muito para aquilo. - Queremos dois.

– Eu tô bem do jeito que estou. - O ninja avisa quando uma carta é esticada para ele.

– Não seja idiota. - A ruiva paga e pega as duas cartas, empurrando uma contra o peito do rapaz. - Agora abra essa droga e veja o que acontecerá com você.

Emburrado pela decisão, Lass pega a carta. Elesis abre o dela com bastante cuidado, ansiosa pelo o que teria ali dentro. Tirou um papel de dentro, lendo o que estava escrito:

– "Perderá algo importante por suas mentiras". - Pisca os olhos em confusão. Aquilo não parecia ser bom. Olha para a moça da barraca. - O que isso significa?

– Bem, você que deveria saber.

A espadachim olha para o papel fazendo bico. Achava que iria ganhar alguma grana ou algo do tipo, mas parece que foi ao contrário.

– Lass, o que tem no seu?

O ninja abria o dele agora. Puxou o papel, ficando bem confuso em seguida. Mostra para a moça da barraca.

– O que isso significa? - Pergunta ao mostrar uma carta de baralho, aparentemente com a imagem de um coringa nela. Estava mais para um palhaço assustador.

– Isso deve ter caído aí por engano. Me desculpe, pegue outra carta se quiser.

Lass olha para a carta, o deixando desconfortável. Nega com a cabeça.

– Não precisa, posso ficar com essa.

– Então eu fico com a dele. - Elesis pega outra carta, sem está satisfeita com a dela. Porém, não a abriu, guardou na mochila desta vez. - Talvez você tenha alguma sorte que me ajude. - Ela ri.

Afastam-se da barraca, voltando a andar aleatoriamente pelo lugar. Durante esse caminho, Elesis reclamava da carta que ela tinha pego, a mesma com azar. Continuava a sem entender o que estava escrito ali, nem mesmo Lass pôde explicar.

A ruiva para bruscamente, apontando rapidamente para um dos brinquedos. O ninja não se anima muito quando ver que estava indo para uma casa assombrada.

– Vamos juntos? - Elesis o olha com grandes olhos de "por favor".

– Tá bom. - Via que não haveria outra escolha.

Pelo visto, Elesis nunca tinha ido em um lugar daqueles. Entraram na pequena fila e não demorou muito para que fossem a vez deles. Receberam uma rápida instrução para sair do local e não se perder antes de tudo.

A ruiva sente uma onda de arrependimento quando entra no labirinto de pouca iluminação. Lass sente a tensão da mesma, que parecia que iria correr a qualquer momento.

– Temos que achar a saída. - O ninja fala, indo na frente. - Não se separe.

– Certo. Devo usar minha espada caso apareça algo?

– Não! - Olha incrédulo. - Vai matar alguém assim.

– Entendi.

Andavam por aquele silencioso corredor apreensivos, sendo a ruiva a mais assustada. Lass sabia que a qualquer momento iria aparecer algo para dar um pequeno susto, então nem parecia se importar.

Um grito é ouvido, fazendo a espadachim congela toda. Continuam a andar até que uma porta do lado é aberta, revelando uma caveira de mentira. Elesis é tola o suficiente para se jogar atrás do ninja em medo.

– Sério isso? - Pergunta Lass, sem acreditar.

O soco que recebeu nas costas serviu como resposta. Esse foi o caminho pelo o labirinto, tomando sustos bobos e Elesis se assustando por isso. Parece que a garota levava aquilo tão à sério que ficava mesmo assustada. Havia vezes que Lass gostaria de rir das expressões da ruiva, mas sabia que receberia outro soco mais forte se fizesse isso.

De repente, o rapaz para de andar, deixando a ruiva seguir em frente sem que percebesse. Sente algo de estranho, muito estranho naquele lugar. Olha para trás quando ouve uma voz:

Lass. - A voz desconhecida o chama como um sussurro.

O ninja fica apreensivo ao ouvir aquilo. Não sabia de onde vinha a voz que ecoava pelo o corredor. Tentava pensar que aquilo foi coisa de sua cabeça, assim se virando para continuar o caminho.

– O quê? - Sussurra sem reação.

Não se lembrava que o corredor à sua frente era cheio de espelhos. Ficou tenso quando não viu mais Elesis, ela havia sumido. O ninja deu alguns passos, logo a chamando.

– Cadê ela? - Pergunta-se.

Mais sussurros com seu nome o deixava paralisado no seu lugar. Aquilo devia ser alguma brincadeira, mas como sabiam seu nome? Não tinha falado para ninguém, isso era certo.

Os sussurros param quando uma gargalhada é ouvida. Lass sentiu o coração acelerar ao ouvir aquela risada, como se já tivesse ouvido em algum lugar. Nega com cabeça, não acreditava naquela bobagem, era imaginação sua.

– Meu caro Lass. - O sussurro volta, porém mais perto.

Não teve pressa ao virar o rosto para o espelho ao lado, notando que seu reflexo não correspondia a ele. Não reagiu ao ver um sorriso no seu outro rosto, só se sentiu incomodado por tudo que acontecia. Estava claro que aquilo não era da casa assombrada.

Seu reflexo disse nada, só olhava com aquele sorriso de deboche. Lass o ignorou, seguindo o longo corredor. A cada passo que dava, um reflexo parecido o olhava daquela forma. Sua respiração ficava ofegante pelo desespero que sentia ao ver que o corredor não tinha fim.

– Que droga é essa?! - Grita irritado.

Mais gargalhada para provoca-lo. Olha para o reflexo ao lado, o vendo rir do mesmo jeito. De uma coisa ele tinha certeza, aquelas não eram as chamas brincando com ele. Sempre que eram elas, seus olhos vermelhos ficam perceptivos, até mesmo a sensação ele sabia como era. Aquilo era outra coisa, quase do mesmo nível.

– Está com medo, meu caro Lass? - A voz parece maior.

Sentia que conhecia quem falava, tanto pela a voz quanto pela gargalhada. Fechou o punho e olhou para seu reflexo. Ele volta a gargalhar, irritando o ninja de vez. Avançou contra espelho e o socou com força, vários pedaços se espalhando após se rachar.

– Quem é você?!

A pessoa solta mais uma risada, então Lass a sente desaparecer. Olha em volta, percebendo que seus reflexos tinham voltado ao normal. Quando se preparava para sair dali, é surpreendido por Elesis vindo em sua direção. Ela parecia tanto confusa quanto assustada.

– Onde você tava?- Ela pergunta. - Achei que não era para se separar.

– Eu que digo. Onde...

É interrompido quando a ruiva o abraça, repentinamente. Ela tremia em medo, óbvio por ter passado por aquele lugar todo sozinha. Lass perguntava-se onde estava aquela coragem toda dela que sempre tem em uma luta.

O ninja deu uma leve batida em suas costas, falando para continuarem o caminho. Elesis se solta lentamente dele, erguendo um olhar quieto. Suas mãos soltaram as costas do rapaz e foram até seu rosto, segurando firme. Lass olha confuso para a ruiva, querendo entender o que ela fazia.

– Que foi? Parece...

O ninja é calado pela própria boca da ruiva. Arregala os olhos quando é beijado de surpresa, sem ter reação no momento. Elesis o segura firme, não o deixando ser solto tão facilmente. Lass a segura pelos os ombros e a empurra, finalmente podendo respirar.

– O que você tá fazendo? - Ele pergunta.

– Hã? - Ela parece não entender a pergunta.

– Elesis, para com a brincadeira. Você tem o Ronan. - Diz sério.

A ruiva abre um sorriso malicioso, aproximando-se do rapaz. Lass recua a cada passo que ela dava.

– Ronan? Não me importo com ele. - Lass bate com as costas em um espelho atrás, olhando assustado pois se lembrava que não havia nada em seu caminho. Elesis encosta suas delicadas mãos no peito do rapaz, que ainda tentava recuar de alguma forma. - Só com você, Lass.

A ruiva volta a aproximar o rosto novamente, mas o rapaz a empurra antes que chegasse perto. Algo não estava certo.

– Pare com isso. - Lass fala. - Elesis, você não está bem.

– Claro que não estou. - Consegue se solta do rapaz e encostar sua cabeça no peito do ninja. Estava praticamente deitada sobre o mesmo. - Você não me quer, Lass.

A mão da ruiva lentamente desce pela pele do rapaz, até que encostasse na sua cintura de sua calça. Seus dedos pretendiam entrar pela vestimenta, mas rapidamente se afastam quando Elesis é pega pelo o pescoço e erguida, sendo jogada contra um espelho ao lado. Lass a fitava sério, usando uma mão para ergue-la enquanto a outra segurava a mão da garota.

A mão do rapaz coçava para pegar sua katana e cortar aquela Elesis falsa em pedaços, mas ele não fez. Não conseguiria matar uma imagem da ruiva, mesmo que não fosse ela. Apertou dos dentes em irritação por si. Olhar aquela Elesis na sua frente o deixava furioso.

Rapidamente, joga a ruiva no chão e sai correndo. Não adiantaria ficar muito tempo naquele lugar que tanto estava o deixando louco. Nem se atreveu a olhar para trás, para ver aquela Elesis sorrindo para ele.

O corredor parece diminuir a cada curva que ele virava. Sentiu que se passou horas naquele lugar, mas fica aliviado quando ver uma luz no final do corredor. Correu sem parar até que atravessasse aquela porta para o lado de fora. Fechou os olhos pela iluminação e sentiu o corpo rolar pelo chão, sentindo o gramado sob suas mãos.

– Lass!

Abre os olhos, finalmente vendo o lado de fora do brinquedo. Consegue se manter sentado, abrindo um sorriso de alívio. Fica mais contente quando Elesis se aproxima dele, a mesma assustada.

– Seu idiota, você disse para não se separar e faz isso! - A ruiva gritava com ele. - Eu quase morri do coração lá dentro!

A espadachim o soca no braço, o fazendo rir por isso. Era a Elesis que ele conhecia.

– É bom te ver novamente, Elesis. - Lass fala com a respiração ofegante. Nunca correu tanto. - Quer dizer, ver você agora, não antes.

– Caramba, nunca mais faça isso comigo de novo! Coisas assustadoras apareceram lá dentro.

– O que você viu? - Pergunta preocupado.

– Tinha um zumbi lá que me perseguiu o caminho todo. Quase bati nele. - Estremecia só de lembrar.

A preocupação some do rosto do rapaz. Pelo visto, Elesis não tinha visto a mesma coisa que Lass, felizmente. Ainda não sabia como se separaram, na verdade, sabia nada do que aconteceu lá dentro.

– Tenho que dizer, essa casa é mesmo assustadora. - Dizia Lass ao se levantar. - Os espelhos foram uma boa ideia.

– Que espelhos?

– Tinha um corredor cheio de espelhos, você não viu?

Ela nega. Lass parece ficar mais assustado por tudo que aconteceu. Passou a mão no rosto, querendo esquecer o que viu lá.

– De qualquer jeito, vamos em outro brinquedo. - Diz Elesis, indo na frente. - Esse aqui eu não venho mais.

Nesse Lass teve que concordar.

***

Naquela pequena cabine, Elesis encostava o rosto na janela para ver a vista naquela altura. Agora estava na roda gigante, olhando como uma criança para o lado de fora, que parecia ficar pequeno quanto mais subia. Fui uma boa decisão ter escolhido aquele brinquedo por último, já de noite para ver o brilho da cidade.

– É tão bonito. - Fala a ruiva.

Sentado à sua frente, Lass ficava de braços cruzados. Ele não se sentia mal estando ali, era um dos poucos brinquedos que podia ir. Mas naquele, Elesis tinha o forçado a entrar.

– Por que está tão quieto, Lass? - Pergunta a ruiva, o olhando. - Ainda está assustado com a casa assombrada?

– Não é isso. - Era, sim. - Essa cidade não me faz bem. Quero logo ir embora.

– Mas ainda tem um último lugar que eu quero ir. - Fica triste, quase implorando para o rapaz. - Eu juro, só esse e a gente vai embora.

– Já não se cansou? Perdeu até seus balões.

Tinha perdido na casa assombrada, no meio do desespero deixou eles se soltarem e ficarem por lá. Está triste até agora por isso.

– Por favor, por favor, por favor! - Junta as mãos. - Você vai até gostar.

O espírito de criança de Elesis ainda não tinha se apagado, pelo o que parecia. Ela era a garota mais durona que conhecia, mas a mais infantil. No fundo, tudo que ela queria era se divertir sem ter que se preocupar com as coisas em sua volta. Não havia Gerard ou Cazeaje naquele momento que iria tirar sua felicidade.

Suspirou, olhando para o lado.

– É melhor não demorar.

A ruiva abre um longo sorriso e assente. Ela era mesmo uma criança.

Lass ainda ocupava a mente pelo o que aconteceu naquele brinquedo. Continuava sem saber de quem era aquela voz e gargalhada, mas no fundo ele tinha medo de quem poderia ser. Mas o que mais o deixava confuso era aquela Elesis que ele viu, a mesma que o beijou. Com certeza não é a mesma que está sentada à sua frente. Aquela agia totalmente diferente, dizendo coisas que a própria ruiva nunca diria.

Por que o beijo que recebeu tanto o incomodava? Talvez porque era a imagem de Elesis quem tinha feito, pois se fosse outra ele não se importaria tanto. A olha discretamente, lembrando que não sentia mais nada pela a mesma. As coisas estavam diferente agora... Ou era o que ele queria?

– Obrigada. - Elesis diz, sem o olhar. - Obrigada por estar comigo aqui. Sei que é difícil pra você ficar aqui, por ser o cara que não curte e animação e tal. - Olha e sorri. - Obrigada.

– Não precisa agradecer, Jin faria o mesmo. - Até se divertiria mais que o próprio ninja.

– Eu sei, mas as coisas ficam mais divertidas com você. - Ela ri. - Você é uma boa companhia.

A cabine balança quando para. Elesis se levanta, saindo do brinquedo quando a porta é aberta. Lass a segue para fora do lugar, pensando no que a espadachim tinha dito. Ele não se sente tão especial quanto ela falava.

Agora a seguia para o último lugar que ela queria ir, não sabendo onde. A ruiva estava mesmo animada, andava saltitando de tanta alegria. O que podia ser?

– Venha ver nosso espetáculo hoje. - Fala alguém, assim esticando um panfleto para Lass.

Pega o papel, logo olhando para a pessoa. O ninja rapidamente reage em ameaça ao ver aquele homem vestido de palhaço. Lass recua em passos apressados, tanto que tropeça no próprio pé e cai de costas no chão. Elesis o olha sem entender o que ele fazia, até mesmo o homem do panfleto.

– Tudo bem, garoto? - O homem pergunta. - Eu fiz algo?

O coração de Lass estava acelerado, suas mãos tremiam. Sentia medo ao ver aquele palhaço, sua mente chegava a se fechar por alguns momentos.

– Que foi, Lass? - Elesis entra na sua frente.

– Nada. - Responde, tentando se recuperar do que viu. - Eu tropecei sem querer.

– Então levanta. - Olha para o palhaço. - Me desculpe por ele.

Lass se levanta, evitando de olhar para o homem a sua frente. Limpou sua roupa e acelerou o passo para seguir Elesis, logo arrependendo-se ao ver para onde ia. Para bruscamente, segurando a ruiva pelo o braço.

– Não me diga que quer ir para esse circo.

– Eu quero, é o último lugar que quero ir.

– Elesis, não estou me sentindo bem, vamos embora. - Implorava para não ter que entrar naquele lugar. - Depois você vem nesse negócio, sem mim.

– Por que disso tão de repente? - Estranha. - Algo de errado?

Ele gostaria de gritar o que estava de errado, mas não queria alertar a espadachim disso. Soltou um suspiro pesado.

– E-Eu não gosto de circo. - Era uma verdade. - Agora vamos?

Elesis o encara até percebe o que tanto o incomodava. Puxa o braço, soltando-se do rapaz. Abre um largo sorriso.

– Tinha esquecido que você tem medo de palhaço. - Fala quase rindo.

– Você não entende.

– Tá, tá. - Sacode a mão, então indo para o circo. - Se quiser ficar aqui fora me esperando, tudo bem, mas eu vou no circo e nada vai me impedir.

Ficou para trás enquanto Elesis continuava seu caminho. Até ficaria melhor estando fora daquele lugar, mas não estava nada satisfeito em deixar a ruiva entrar sozinha no circo. Lass sentia-se mal, precisava estar do lado dela caso algo de ruim acontecesse.

Engoliu seco e correu atrás da espadachim. Quando chega ao lado dela, ela o olha e sorrir vitoriosa.

***

Não parava de balançar a perna desde que encontrou no circo e que achou um lugar para se sentar. Não conseguia controlar sua respiração ofegante, mas conseguia a esconder de Elesis. Sentia a ruiva o olhando séria, incomodada pelo o comportamento do rapaz.

– Quer se acalmar. - Fala Elesis. - É só um show.

– Diga isso pra você. - Até mesmo falar estava sendo difícil.

– É medo de cachorro, agora de palhaços. - Rir. - Você é único, Lass.

– Você nunca entenderia. - Ele não conseguia achar graça na situação.

A ruiva o observa em silêncio. Ela lembra que Loyal, a tia de Lass, havia dito que seu passado era um mistério. O medo que ele sentia dessas duas coisas devia ser por causa do passado, que ele nunca ousaria contar para ela.

O circo fica escuro e luzes de acendem no centro do lugar. Lass teve que respira fundo para que não desmaiasse. Ele não sentia, mas seu corpo estava gelado em medo. Precisava evitar aquilo, poderia acabar deixando as chamas escaparem por causa de uma bobeira.

De repente, um toque quente envolve sua mão. Olha para Elesis quando ela segura sua mão. Ela o olha, sorri para conforta-lo.

– Relaxa, nenhum palhaço assassino vai te matar. - Aproxima, falando baixo. - Eu estou aqui para impedir isso.

A ruiva se afasta um pouco, mas ficando perto o suficiente para que seus ombros encostassem. Elesis o deixava mais tranquilo, seu toque mais ainda. Se pudesse, a abraçava e escondia seu rosto no ombro dela.

– Bem vindo, respeitado público! - O apresentado aparece no centro e começa a falar sobre o show.

Era um senhor magro com um largo bigode. Parecia que todo apresentador de circo tinha que ser parecido. Ele pegou sua cartola e a tirou, fazendo uma rápida reverência, anunciando que o show iria começar.

Em todo o momento, Lass não conseguiu relaxar os músculos de tensão. Cada vez que alguém saía e entrava no palco, o ninja engolia seco. Sempre achava que iria entrar um rosto conhecido e olhar diretamente para ele. Elesis provavelmente já estava com a mão dolorida de tanto ele apertar, mas ela não reclamava, só continuava a olhar animada para o espetáculo.

Em um momento do show, uma moça entra no palco com seu enorme leão de estimação. O público todo aplaudia para ela quando mandava o leão passar pelo o círculo de fogo, menos Lass, que desviava o olhar. O som do chicote batendo contra o solo o congelava, como se fosse na pele dele que estivesse pegando.

Vários espetáculos passaram naquela noite, desde malabarismo de criatura fofinhas até carregamento de peso de um homem bem forte. Em todo momento, Elesis ficava surpresa com o que via, como se aquilo não fosse possível.

– Antes de terminamos a noite - O apresentador volta ao palco. - gostaria de fazer um truque de mágica. Algum voluntário da plateia para me ajudar nisso?

Lass sente ser puxado quando Elesis fica de pé, sacudindo a mão. Toda plateia fazia isso, mas mesmo assim o ninja ficava nervoso com a ruiva de pé.

Como se ele tivesse previsto, o holofote é dirigido sobre eles. O apresentador chama tanto Elesis quando Lass. A ruiva sai do seu lugar em pulos de alegria, logo tendo que puxar o Lass para vim junto.

– Para de ser medroso e vem logo. - Ela sussurra.

O ninja cede e a segue, ainda sendo puxado pela mão. Desceu os degraus até chegar no centro do palco, cumprimentando o apresentador. Lass apenas assente, continuando ao lado de Elesis em defesa.

– Pois bem, pedirei ao casal que se separe e fiquem bem distantes. - Pede o apresentador.

Elesis solta sua mão e se afastou, logo sentindo-se desprotegido o ninja. A moça dos leões aparece e guia Lass até uma certa distância. O rapaz fica tenso com o toque da mesma, ainda mais quando fica distante da espadachim.

– Pedirei para que escolha uma carta, minha dama. - O apresentar abre um barulho na frente de Elesis. - Quando a pegar, mostre para a plateia, certo?

– Ok.

A ruiva move a mão sobre as cartas, pega uma e dá uma rápida olhada. Vira-se para a plateia e mostra a carta que pegou.

– Devolva ao baralho.

A carta é devolvida. O apresentador começa a embaralhar todas, então começa a jogar para o alta. Em um certo momento, as cartas começam a pegar fogo, logo todas acontecem o mesmo até sobrar nada. A plateia aplaude.

– Que pena, eu queimei todas cartas e não vi qual era. - O apresentador fingi está triste. Aponta para Lass. - Garoto, você poderia pegar a carta em seu bolso e mostra à todos?

O ninja olha confusa, mas põe a mão no bolso assim mesmo. Fica surpreso ao se esquecer que colocou aquela carta de antes no bolso, a mesma que veio por engano para ele. A pega, ainda nervoso, então estica para o alto, mostrando à plateia.

– Era essa sua carta? - Pergunta o apresentador a Elesis.

A ruiva olha sem reação, em seguida afirma. Tinha pego uma carta coringa, a mesma que Lass esteve o tempo todo.

O público aplaude, o mesmo faria Elesis, mas ela ainda está surpresa. Ela também sabia que aquela carta Lass tinha pega antes mesmo de entrar ali.

No final das contas, a ruiva aplaude pela mágica. É assim que elas são, ela lembra.

O único sério com tudo aquilo era Lass. Ele fita a carta com seriedade, como se aquilo fosse mais do que um truque de mágica. Olha para o apresentador quando ele fala:

– Mas antes de terminamos, a carta tem de ter uma assinatura minha. - Do cinto da calça tira um revólver, em seguida mirando para Lass.

O ninja poderia ter desviado daquele tiro facilmente, mas seu corpo estava tão travado por tudo que acontecia que ele conseguiu nem se mover. Sentiu uma queimação no seu peito o jogar para trás, caindo no chão, ouvindo apenas a plateia em surpresa.

– Lass! - Elesis grita, correndo em sua direção.

Apoia a mão no peito, sentindo algo molhado e quente. Faz um esforço e ver o líquido vermelho escorrer, logo a carta que segurava ter um buraco no meio pelo o tiro. A espadachim se agacha ao seu lado, vendo se ele estava bem.

– Calma, calma. - O apresentador falou. - A bala não é de verdade, é de mentirinha.

Mira para a própria mão e atira, deixando o líquido vermelho escorrer por seus dedos. Passou a mão no local atingido, mostrando que aquilo era nada além de tinta vermelha.

Elesis passa a mão no local onde Lass foi atingido, vendo que não havia nenhuma ferida. O ninja faz o mesmo, apoia a mão na tinta vermelha. Solta uma bufada ao ver que estava sendo um idiota na frente de todos.

Olha para Elesis quando a ouve rir da cara dele. Fica emburrado, querendo ter morrido por aquele tiro em vez de vergonha.

***

Elesis não parou de rir mesmo quando saiu do circo. Ela se apoiava em Lass para não cair de tanto rir. O ninja continuava sério, querendo esconder a vergonha que passou. A ruiva não ajudava muito.

– Desculpa, foi muito engraçado a sua cara de medo quando tomou o tiro. - Ela dizia. - Não consigo me segurar.

– Tá bom, já veio no circo. Vamos embora.

– Espera! Eu tenho que ir no banheiro. - O ninja a olha em ódio. - É rapidinho, eu já volto. Não vai querer que eu me mije, né?

A ruiva sai apressada em direção ao banheiro. Lass ficou ali parado, olhando as pessoas indo embora. Como ele gostaria de estar indo junto para nunca mais ver aquele lugar novamente.

Lass olha para carta em sua mão. O tiro que tomou não foi algo comum, nenhum tiro daqueles faria um furo desse na carta. Seu peito já tinha parado de dor, mas ele tinha certeza que a dor de quando foi atingido era real.

– Devo estar imaginando coisas. - Pensa. - Muita coisa aconteceu hoje.

Levanta a carta até seu rosto, fechando um dos olhos para enxergar através do buraco. Vê algumas pessoas e até mesmo alguns brinquedos de longe. Tudo parecia tranquilo, até que enxergar algo se aproximando dele. Seu olhar se arregala em segundo, sua respiração para.

Amassa a carta quando fecha a mão, logo preparando para pegar sua katana. Foi lento demais. Aquele homem de mais de 2 metros de altura, coberto por músculo acerta Lass por um soco, onde sua mão cobria o corpo do rapaz todo. O ninja voa até acertar o chão e sair rolando.

Estremece para ficar de pé, sentindo seu corpo todo doer por aquele ataque. Ao levantar, olha para aquele homem que nunca viu na vida, mesmo assim o atacou. Lass tirou a katana da bainha, preparando para se defender.

Um barulho estridente e uma dor em sua mão que segurava a arma, a soltando. O corte é feito no local atingido. Lass se vira, vendo a moça dos leões com um chicote em mão, enquanto na outra ela segurava sua katana.

– Desculpa, mas sem brinquedinhos. - Ela disse.

O ninja fecha os punhos. Ele não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo, mas tinha que sair daquela situação. Perguntava-se como as pessoas não viam aquela situação, elas apenas continuavam seu caminho como se nada acontecesse.

O grandalhão avança outra vez, porém Lass está preparado desta vez. Ele atingi o chão quando o ninja se esquiva, pulando sobre ele e correndo para longe daqueles dois. Precisava encontra-la primeiro.

Passou pela multidão com olhar atento para cada pessoa que via. Avistou Elesis pelos os cabelos ruivos, logo bem à frente. Achou que ela estivesse no banheiro, mas isso pouco importava no momento.

– Elesis!

A segurou pelo o braço e a virou. A ruiva olhou confusa para o estado do rapaz, principalmente para o desespero dele.

– Tem uns caras me seguindo, eles me atacaram do nada. - Dizia Lass ofegante. - Pegaram também a minha katana.

– O quê?

– Eu não sei o que tá acontecendo! Desde que a gente chegou aqui, coisas de ruim tem acontecido. Primeiro foram as vozes, depois você querendo me assediar naquele corredor. - Sua cabeça começa a doer de tanta pressão. Elesis olhava ainda confusa, só reagindo envergonhada quando é mencionada. - Eu não sei o que mais fazer.

Espera que ela diga algo para relaxa-lo ou tomar alguma atitude, mas ela faz nada, só o olha. Tenta dizer algo, parando de vez em quando.

– Desculpa, do que você tá falando? - Pergunta.

– Elesis, esse não é momento para fingir que não sabe o que está acontecendo. - A segura pelo o pulso. - Agora vem me ajudar a buscar minha katana.

A ruiva puxa sua mão de volta. Lass olha sem entender para a expressão ofendida da mesma.

– Não toque em mim de novo. - Ela ameaça.

– Elesis. - Tenta se aproximar.

Lass recua quando a ruiva tira a espada da bainha. Ela aponta para ele, séria como fica em combate.

– Mais um passo e eu te parto no meio.

– O que você tá fazendo?!

– Eu que pergunto. - Vira a cabeça de lado, ainda séria. - Nem te conheço.

Lass fica sem falar. Aquela devia ser uma brincadeira da espadachim, mesmo que não seja do costume dela usar arma. Ele tenta dar mais um passo, Elesis ergue a lâmina mais ainda.

– Você deve tá de brincadeira! - Bate a mão no peito. Começava a ficar sério também. - Sou eu, Lass! Será que esqueceu disso?

– Me esqueci? Na verdade, nunca o conheci para esquecer. - Ela já estava ficando zangada, como de costume. Diz em desgosto: - Quem é Lass?

Ela não brincava, Lass percebe. Aquela era a Elesis que ele conhecia, porém que não o conhecia, não se lembrava. Não sabia o que fazer, não tinha ideia de como convencê-la, sabia que iria deixar a espadachim furiosa antes disso.

A olha ferido, sem reação para tudo que acontecia. Tenta se aproximar outra vez, mas ela volta a ameaça-lo com a espada. Estica a mão para toca-la, recuando quando a lâmina o corta na palma.

– Elesis...

– Eu não te conheço. - Ela já estava irritada pela persistência do rapaz. Seus cabelos se movem, ganhando uma tonalidade loira, despertando as chamas douradas. Seus olhos ficam mais vermelhos com o Berserk. - Então cai fora daqui.

Ela pretendia mesmo machuca-lo despertando aqueles dois poderes. Embora a ferida fosse em sua mão, a dor estava em seu peito. As palavras de Elesis pesavam para ele.

Lass sente um aperto no pescoço, então é puxado violentamente que o faz cair de costas no chão. Bota a mão no laço que apertava sua garganta, logo percebendo a moça dos leões se aproximando.

– Me desculpe, minha dama. - Ouve aquela voz novamente. Lass olha rapidamente quando ver o apresentador do circo se aproximar deles. - Nosso rapaz está a incomodando?

– É, ele tá. - Responde Elesis, abaixando a espada.

– Sinto muito. Ele teima em sair correndo do circo para mexer com as pessoas. É sempre isso. - Olha em reprovação para o ninja. - Se acha muito só porque é o nosso espetáculo favorito.

– Entendo. Bem, mantenha-o longe de mim, não quero ser incomodada outra vez. - Seus cabelos voltam ao tom natural, então guarda a espada. - Adeus.

– Garantirei que ele nunca mais chegue perto da senhorita.

Elesis se vira e vai embora. Lass olha desespero para a partida da ruiva, ficando de pé no mesmo instante. Tenta correr até ela, mas o chicote enrolado em seu pescoço não permite.

– Elesis! - Ele grita. Esticou a mão, uma tentativa tola de alcança-la. - Elesis! Volte, por favor!

Ela nem sequer dá o trabalho de se vira para olha-lo, simplesmente o ignora. Lass continua a chamar até que seus cabelos ruivos somem de sua visão. Sua mão esticada, e ferida, lentamente se abaixa.

– Que peninha. - O apresentador fala. - Só sobrou você, meu caro Lass.

O ninja é puxado de novo, caindo no chão. O apresentador para ao seu lado com um largo sorriso sádico.

– Bem vindo de volta, Lass. - Ele fala antes de apagar o ninja.

***

Cazeaje cruza suas pernas após ter desligado a chamada de Gerard. Ela não demonstrou isso na chamada, mas ela estava furiosa ao ter ouvido a voz do ruivo. A provocação dele a atingi do mesmo jeito.

Estava no Conselho, em sua sala. Tudo estava um completo silêncio, confortável por causa disso. Após alguns minutos pensando como estava indo o plano, um barulho a chama a atenção. Levanta da cadeira e sai da sala, como não havia nenhum funcionário para fazer isso.

Durante o caminho, lembrou da dor de cabeça que teve alguns minutos antes. Sentiu tudo em sua volta mudar, menos ela. Não sabia o que era, mas pretendia descobrir agora.

Para os passos no pé da escada, vendo o motivo do barulho ouvido. Lá embaixo estava Gerard a fitando seriamente. Ele entrou no Conselho à força, tendo facilmente derrotado os guardas com sua grande espada, que ainda estava em mãos, enquanto na outra...

– Vim entregar. - Fala o ruivo ao larga o corpo de Ronan de lado. Tinha trazido o garoto até ali, porém desacordado. - Isso te pertence.

– O que você fez, Gerard? - É direta.

– Eu que te pergunto, Cazeaje. - Sua seriedade some rapidamente para o deboche. - Creio que o negócio do Lass também está envolvido no seu plano.

– Lass? Do que você está falando agora?

– Ninguém se lembra dele, idiota. Nem mesmo seu querido sobrinho. O que você fez?

Então era isso que ela tinha sentido um momento atrás, mas que continuava sendo estranho. Ela não tinha feito isso, nem mesmo Gerard.

– Eu não fiz nada, Gerard. - Falava séria. - Sabe que não tenho poder tão grande para isso.

O rapaz começa a gargalhar de repente. Cazeaje não se altera, já estava acostumada com o jeito dele.

– Se não foi você, - Ele fica sério. - quem foi então?

– Já disse que não sei. Mas quando eu descobri, faço questão de resolver com as minhas próprias mãos. - Uma aura pesada a contorna, e Gerard sente. - Ninguém toca no que é meu; O mesmo vale para você, Gerard.

O ruivo revira os olhos em ignorância. Cazeaje sempre pôde controlar todo mundo, mas ele não, já teve seu tempo para isso. Tudo que o ruivo vê agora é uma mulher que se acha demais.

– Foi mal, não obedeço às suas ordens, Cazeaje. - Joga os braços de lado. - Sou um homem livre, faço o que quero.

– Só não te prendo agora porque você não é meu alvo no momento.

– Fico feliz por não ter trazido o Regis comigo. Se bem que, não adiantaria de nada, já que ele também não sabe quem é o Lass. - Sorri quando percebe o incomodo no rosto de Cazeaje. - Que peninha.

– Se for você quem está por trás disso tudo, irei destroça-lo. - Sai em um tom frio, fino como uma faca. - Agora saia daqui antes que eu mude de ideia.

Vira antes de ver a risada de Gerard. Afasta-se sem se importar com o cara mais procurado do mundo ali, na sua escada. Mas Cazeaje para seus preciosos passos ao ver o ruivo aparece no mesmo corredor que ela. Só alguns metros separavam eles.

– Só vou deixar um aviso, Cazeaje. Fique longe do que é meu, isso inclui minha ruivinha. Se eu vê-la morrer por sua causa... - As lâmpadas do corredor estouram de uma em uma, até o ruivo ser dificilmente visto naquela escuridão. - Você morre.

Um vento passa pelos os cabelos de Cazeaje antes de ela ver uma forte fonte de luz vindo em sua direção, que era uma grande bola de fogo. As chamas cobriram o corredor todo, não tinha como ela escapar. Porém, ela não moveu um dedo, ficou parada com seu olhar de tédio.

Nem sequer chegou perto dela, as chamas se apagaram como um sopro. Gerard aparece vindo em sua direção, passando direto por ela e descendo as escadas como se nada tivesse acontecido. O barulho da porta se fechando anuncia sua ida.

***

Sua cabeça doía, o que despertou de seu sono. Abrindo os olhos lentamente, Lass consegue ver o que tinha em sua volta. Demora para perceber que era o mesmo circo que esteve antes. Tenta mover suas mãos, impossível por elas estarem amarradas com força. Move-se pelo o chão que estava jogado, tentando algo para se soltar.

– Ora, olha quem acordou.

Para no mesmo instante ao ouvir aquela voz doce, delicada; Infelizmente, irritante para ele. Levanta o olhar, vendo a moça dos leões tirando uma peruca escura de sua cabeça, revelando seus cabelos ondulados e rosas. Ela havia trocado sua roupa para algo mais apertado e ousada, mostrando suas grandes curvas.

– Achei que o príncipe quisesse um beijo para despertar. - Fala ela.

Lass sente a respiração ficar pesada ao ver aquela garota conhecida. Se não a conhecesse, a julgava como uma menina inocente, mas como se lembrava da mesma.

– Você se lembra de mim, né? - Ela aponta para si. Ela convencia muito bem um jeito fofo. - Todos esses anos fora não fez se esquecer de mim.

– Ortina. - Lass sussurra o nome dela. Ela ouve, sorrindo e batendo palma alegremente.

– Veja, Halter, ele lembra de mim.

Faz um esforço para virar o rosto para o lado e conseguir ver aquele grande homem musculoso. Estava diferente de quando o viu antes, agora ele estava com maquiagem de palhaço, assustador, além de segurar um martelo em mãos. Se não fosse pela maquiagem, sua expressão séria assustaria mais ainda o ninja.

Como Ortina, Lass também se lembrava de Halter e sua grande força. Desejava muito poder ter esquecido sobre eles.

– Faz mais de dez anos desde que nos vimos pela a última vez, Lass. - Ortina fala, aproximando-se ele. Ajoelha na sua frente, o segurando pelo o rosto. O ninja sente uma vontade de cuspir nela. - Foi muito feio o que você fez com a gente. Mas tudo bem, eu posso te perdoar.

– Cadê a Elesis? - É a única coisa que ocupa sua mente no momento. Olha irritado. - Cadê ela?!

– Sua amiguinha está bem longe daqui. - Outra voz se intromete, dessa vez, congelando Lass. - Ortina, afaste-se dele.

A moça faz como mandado, larga o rosto de Lass e se afasta. O ninja vira o rosto, tentando esconder o medo e o suor que escorria por sua testa. Viu o apresentador do circo se aproximar, porém com uma aura diferente, conhecida.

O corpo do homem infla como um balão então explode, deixando vários confetes voar pelo o ar. Quando a chuva de papel sai de sua vista, Lass fica mais tenso ao ver aquele homem barrigudo, vestindo uma roupa parecido com a do apresentador, porém apertada. Ele fez um estalo com o dedo e fez uma cartola aparecer em sua mão, assim a colocando em sua cabeça. Seu nariz pontiagudo quase escondia o largo e grande sorriso do mesmo.

Ele deu alguns passos manco até ficar próximo de Lass, mostrando que um de seus pés ainda era uma perna de pau.

– Meu caro Lass, senti muito sua falta. Como Ortina falou, faz mais de dez anos. - Sua voz era grave e rouca, ecoando pela mente do ninja de forma perturbadora.

– Zidler. - Lass murmura seu nome com pesar. Por um momento, ele não consegue expressar mais nada além de tristeza, mas quando lembra de Elesis, fica sério. - O que você fez com a Elesis?

– Eu só fiz um favor pra ela. Estou mantendo você longe dela.

– Sabe muito bem do que eu tô falando! Ela não se lembra de mim.

– Não só ela, e sim todos que você conhece ou já se relacionou. - O ninja olha assustada. - Isso se chama mágica, caro Lass.

– Como...?

– Você realmente se esqueceu de quem eu sou, não é? O maior mago de todos. - Falava tudo como uma brincadeira, que era difícil de se ver pelo o ninja. - Penso em algo e faço, pronto. Assim que funciona.

Lass abaixa o olhar. Ele tinha mesmo esquecido do que Zidler era capaz, de tantas coisas que fariam até mesmo Gerard surpreso.

– Vocês tinham morrido, eu lembro. - Lass fala. - Todos...

Zidler gargalha, assustando o rapaz.

– Você acha mesmo que iríamos morrer tão facilmente? A resposta é não. - Sacode o dedo em negação. - O mais difícil foi acha-lo após todo esse tempo. Sabíamos que você não chegaria perto de um circo, mas parece que alguém o convenceu disso.

Elesis foi a única que conseguiu leva-lo até aquele lugar, que não foi uma boa decisão. Lass sentia que tinha algo de errado desde que entrou naquele lugar, mas a ruiva não sentia o mesmo, pois ela não conhecia o perigo que ele conhecia.

– Foi mesmo uma pena ela ter te deixado aqui sozinho, com a gente. Garota educada que você arranjou.

– Sim, muito educada. - Ortina diz, então rindo baixinho.

– O quê? - Lass estranha.

– Bem, para o Zidler completar essa mágica, ele precisaria das suas memórias primeiro. - Ela passo os dedos no lábio, sorrindo maliciosamente. - Obrigada pelas memórias, Lass. Vejo que passou muito bem essas anos por causa da garota ruiva, ou da Elesis, como você prefere.

– Não enche. - Rosna em irritação.

Lass fica de pé, olhando sério para ambos.

– Se vocês acham que ficarei para obedecer a vocês, é melhor mudarem de ideia. Não sou o mesmo de antes. - Lembra que no passado era uma criança frágil, porém agora é mais que isso, pode derrotar eles se quiser.

– Não, não, não. - Zidler nega. - Você ficará porque eu estou mandando. - Com um simples movimento com o dedo, Lass se ajoelha no chão. O ninja olha assustado. - Ninguém lá fora sabe quem é você, não tem lugar para ir; Segundo, se você colocar o pé fora daqui, sua amiga ruiva morre, junto com todos os outros.

– Você não é capaz disso.

– Sabe que eu sou. - Cruza os braços. - Além disso, minha mágica atingi tudo que eu quero. Com um estalar de dedos - Estala os dedos, então Lass sente uma força maior joga seu rosto contra o chão. Ele tenta escapar, mas a mão invisível é mais forte. - eu realizo o que eu quero. Quer continuar duvidando da minha mágica, caro Lass? Posso fazer uma demonstração.

– Não! - Grita desesperado. Sabia que sua demonstração era dolorosa em todos os sentidos, não queria que isso acontecesse. - Eu acredito em você, Zidler.

– Muito bem, tão bem educado. - Chega perto de Lass, tocando no cabelo do mesmo. O ninja desejava se encolher para evitar o toque, mas nem isso ele conseguia. - Você será obediente como sempre foi, caro Lass. Ficará aqui e viveremos como antigamente, você sendo o espetáculo principal, é claro. Ortina pegará seu uniforme e você vestirá, obedecerá a todas ordens como sempre fez. Caso vá contra elas ou faça algo de errado, receberá as consequências.

Lass não lutava mais para ir contra, seu olhar sem vida fitava o chão sujo que ele se apoiava. Quando ouve sobre as consequências, suas costas queimam, não pela cicatriz que Gerard fez, e sim pelas as milhares de outras.

– Sabe o que falar agora, caro Lass. Vamos, diga.

O lábios do rapaz tremem, talvez em tristeza ou em nervosismo. Ele fecha os olhos para evitar que algo saia, algo que ele achou que nunca mais veria.

– Sim, Mestre Zidler.

– Muito bem. - Desencosta do ninja, afastando-se um pouco. - Fico muito grato pela sua colaboração, caro Lass.

Lass continua daquele jeito mesmo quando o peso sai sobre ele. Queria que aquilo fosse um pesadelo qualquer, que logo ele fosse acordar e rir de si mesmo. Mas isso não aconteceu, ele estava mesmo ali em volta daqueles seres que tanto o atormentou por tanto tempo. Não tinha como fugir, estava preso de todo jeito.

Suas memórias ainda estavam marcadas pelas palavras de Elesis, ela se virando e indo embora. Não a veria mais, não veria mais ninguém enquanto estivesse ali. Por que se sentia vazio por dentro? Se importava tanto com os outros a ponto de querer esconder sua expressão chorosa no chão? Era isso que ele fazia. As esperanças de alguém vim e tira-lo dali sumiram.

Zidler deu alguns passos para ir, porém parando ao lado de Lass e soltando uma gargalhado após dizer:

It's show time.


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Notas finais do capítulo

Review?
*Sim, sim, Lass voltou para o circo e agora ele vai pegar fogo kekekek Tá isso não tem graça T-T
*Personagem novo no próximo capítulo
*Como Zidler disse, todos que Lass esqueceram ele, o que vocês viram no capítulo passado... Só que, Gerard e Cazeaje não foram afetados por isso... Hummmmm
*Estamos quase chegando ao capítulo 100. UHUUU!
*Ahãm, vejam essa imagem do GC e tentem me explicar o que acontece nela, porque até agora eu só consigo ri: https://41.media.tumblr.com/781ef2c3fdd7735503b5e041df25518d/tumblr_nxhpjdQfnR1ucawsro1_540.jpg
*Para as pessoas que leem minha fic e não conhecem GC, é melhor ficarem tensos com esse negócio do circo, porque muiitas coisas tensas estao para vim.
*Um FELIZ ANO NOVO PARA TODOS, um 2016 bom para todos vocês, meus queridos e queridas do kokoro ♥♥♥ Espero que 2016 seja um ano melhor, tanto para mim quando para vocês. 2015 foi um ano do milagre pra mim: Teve animes dos mangás que eu leio, One Punch Man se tornou famoso (Como eu pensava :3), Gangsta me tirou mais lágrimas, os livro que eu leio lançaram aqui no Brasil e... Remake do Final Fantasy 7 (Eu sei, vocês estão entendendo nada do que eu falo T-T) ENFIM, que venha Boku no Hero Academia pra divar como One Punch Man, filmes da Marvel e DC (DEADPOOL UOUU) e Sombra e Ossos, que vai ser um filme de um livro que eu curto muito :3 2016 promete (Principalmente por eu ter que esperar 10, literalmente, para Final Fantasy 15 lançar em 2016)
UM BOM ANO para todos! Vamos começar 2016 com novas fics, pessoal! Quero ver milhares de fic de GC por aqui, não tenha medo de postar a sua! Sinto falta daquelas fic dark de Gc, até mesmo das hentai... Tá, corta isso! Eu quero ver fic de romance longo, onde tenha mais de um casal para shippar! Por favor, vamos fazer isso galera ♥ Chame seu amiguinho que gosta de GC e faz uma fic junta com ele... Pode até ser interativa, ok? É GC, tá contando!