Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 94
Dias com culpa


Notas iniciais do capítulo

Olááá´hhhhh a todos! Tudo bão? Espero que xim! Já vou começar falando que o capítulo tá ENORME, quase 13k de palavras. Diculpa, não queria que fosse tão grande, mas você vão ver que o capítulo é pequeno quando chegar no final.
Também devo dizer que esse capítulo é diferente de todos que já teve aqui. Nesse capítulo não tem Elesis como protagonista! WAT? É isso mesmo, outro personagem vai tomar o brilho dela hoje, espero que todos gostem do lado desse personagem :3
Capa: Guts (Berserk. Leiam esse mangá, vejam o anime ou o filme! Mas só vou dizer algo: Prepare-se para muitas cenas pesadas, porque a história é mais trágica que Tokyo Ghoul)
Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/346733/chapter/94

O sono que tanto gostava parecia ficar distante a cada batida com a cabeça contra a janela ao lado. Seu corpo começava a ficar sonolento e aos poucos caía para o lado, voltando só quando batia com a cabeça no vidro. Depois de muito tempo tentando tirar uma soneca e falhando, desistiu dessa ideia; Principalmente pela a chamada do rapaz ao seu lado.

– Estamos chegando, é melhor parar de fingir que está dormindo. - Ouve ele falar. - Não vou te carregar para o lado de fora como da outra vez.

Permaneceu de olhos fechados, em seguida roncando como se tivesse em um sono profundo. Ouve outro chamado e ignora.

– Gerard! - Grita ao lado de seu ouvido.

O ruivo se debateu em susto e pôs a mão no peito. Quando fica calmo, olha irritado para Arthur, sentado ao seu lado enquanto ria. Nervoso, puxou o pequeno rabo de cavalo do loiro em vingança. O garoto soltou um grito em dor.

– Me dá um tempo. - Diz Gerard, passando a mão no rosto cansado. Tinha até umas pequenas olheiras sob os olhos. - Faz dois dias que não durmo, estou morrendo de cansaço.

– Tá bom, da próxima eu te deixo passar do ponto. - Passava a mão no cabelo, ainda sentindo dor. - Pare de reclamar, quando chegarmos na cidade, terá o tempo que quiser para dormir.

– Se você se esqueceu, tem alguém atrás de mim, pronto para me prender. Não tenho muito tempo para ficar de guarda baixa, muito menos dormindo.

– Quem mandou ir atrás da essência de Xênia? Sabia que isso revelaria o lugar por onde passou, mas preferiu ir do mesmo jeito.

– Eu não vou discutir com você. - Olha emburrado, como uma criança. - Precisava fazer aquilo. Era um favor, então eu não podia recusar.

– Desde de quando você virou um cara gentil? - O fita sério.

Gerard o encara e vira o rosto para o lado. Arthur se irrita ao perceber que estava sendo ignorado. Tinha esquecido que o homem mais procurado do mundo era infantil de vez em quando, agindo de forma irritante muitas vezes.

Desceram do trem ao parar em seu ponto. Gerard se espreguiçou por um bom tempo, tendo que correr atrás de Arthur, que estava bem à frente.

– Não saia apressado, sabe que eu tenho que carregar esse peso nas minhas costas. - Diz o ruivo, apontando para sua enorme espada nas costas. Para disfarçar, a enrolava em um pano, além de usar um capaz que escondia seu rosto. - Bem você podia fazer uma lâmina mais leve e resistente.

– Você disse para deixar a espada do jeito que estava, que só desse alguns ajustes nela. Eu fiz isso, então reclame.

– Estou um pouco arrependido por essa decisão. - Comenta baixo.

Pararam perto de uma loja de lanches. Gerard se sentou na calçada enquanto Arthur entrava no local para comprar alguma comida para eles. Suas barrigas roncavam em fome, estavam sem comer fazia alguns dias.

Durante isso, ficou pensando no que Lass tinha dito no dia do evento. Cazeaje pretendia prendê-lo em breve, não demoraria muito para ver soldados atrás dele com armas perigosas. Isso o fez soltar um suspiro de cansado. Não aguentava mais ser perseguido todos os dias, sem folga. Mas isso era de se esperar por tudo que já fez; Não se arrependia de nada.

– Mamãe, aquele moço está bêbado que nem nosso tio. - Diz um garotinho apontando para Gerard.

O rapaz olha irritado, sua aparência não estava tão ruim para ser comparado desse jeito. Talvez o fato de estar jogado na calçado, esperando por Arthur o fez ter essa aparência de sem teto.

– Não diga isso. Vamos. - Diz a mãe, puxando o filho pela a mão.

Gerard já estava acostumado a insultos. Depois de um tempo, acabou nem percebendo mais as pessoas o chamando de monstro e coisa do tipo. No começo era bem pior, arrumava brigas sem perceber por causa de provocações, mas ao longo do tempo, quando começou a ser uma pessoa perigosa para todos, os insultos foram diminuindo. Agora ninguém mais tem coragem de fazer isso.

– Comprei alguns sanduíches para você. - Fala Arthur ao chegar perto. Jogou uma sacola de papel no colo do rapaz, deixando a outra para si. - Acho que é o suficiente para você se recuperar.

– Melhor que nada. - Abre a sacola, olhando o lanche ali dentro. - Valeu.

O loiro se senta ao seu lado, pegando também seu lanche e começando a comer. Gerard fez o mesmo, comeu de forma lenta para aproveitar o sabor. Ficaram sentados naquela calçada enquanto assistia as pessoas passar por ali.

– Já pensou como revidar o ataque de Cazeaje? - Pergunta Arthur, de repente.

– Não tenho ideia, deixarei para fazer quando chegar o momento. Sempre foi assim. Improviso.

– Então pretende ir ver ele mesmo assim?

– É claro, estou aqui só para entregar essa droga pra ele. - Faz um aceno rápido com a cabeça na direção da mochila de Arthur. Algo de muito importante estava ali dentro. - Depois disso, podemos ir embora. Não quero ficar muito tempo em um lugar, é perigoso.

– Sim. - Levanta, dando leves batidas em sua roupa para tirar as migalhas do lanche. - Então vamos logo, estão confundindo a gente com os mendigos da rua.

Gerard já tinha percebido isso. Ficou de pé, acompanhando Arthur pelas as ruas da cidade. Nunca tinha visto tanto comércio quanto naquele lugar, que tinha tudo para se comprar. Se pudesse, comprava algumas coisas que estava precisando. Principalmente poções para cura.

Sua sobrancelha começou a coças. Ao passar o dedo, conseguiu sentir a linha fina da cicatriz que passava por sua sobrancelha, passava pelas pálpebras, e terminava no começo da bochecha. Não podia esquecer do ferimento que Elesis desferiu nele, que acabou se tornando uma pequena cicatriz.

– Que tal alugarmos uma casa para ficarmos essa noite? - A voz de Arthur o tira dos pensamentos. - Não seria bom ficar em um lugar com pessoas por todo canto te encarando como se o conhecesse.

– Pode ser. - Disse sem se importa. Continuava com a mão na cicatriz.

– Tudo bem com o olho? - Pergunta, estranhando o comportamento do ruivo.

– Estou bem, só tô pensando. - Inventa uma desculpa. - Vamos nos separar, essa cidade é muito grande. Você procura um lugar para alugar e eu dou uma olhada aqui em volta.

– Certo, então. Não vá se meter em confusão, ainda não está 100% para isso. - Dizia sério enquanto se afastava.

Gerard garantiu que faria nada para chamar a atenção. Pegou um caminho ao contrário de Arthur, sendo bem atento para todos os lugares por onde passava. Todas pessoas que o olhava por curiosidade ficavam intimidadas rapidamente pela a expressão séria que Gerard mandava. Não queria dar confiança para ninguém, precisava ficar longe de qualquer contato.

Para de andar em alerta. Sente algo de estranho acontecer próximo dele, o deixando tenso. Então consegue ver dois cavaleiros correndo em sua direção, junto com algumas pessoas ao lado. Não sabia como tinham o descoberto tão rápido, mas não importava, lentamente levava sua mão para o cabo da espada em suas costas.

Quando os cavaleiros passa correndo por ele, o ruivo larga o cabo da arma. Vira o rosto em confusão para a direção que as pessoas corriam. Ele não era o alvo, ficou claro.

– O que está acontecendo? - Se pergunta.

Não vendo muita escolha, vai na direção que as pessoas corriam. Logo chega perto de um prédio, onde as pessoas o rodeavam olhando para o alto. O ruivo leva o olhar para a mesma direção, entendendo o que estava acontecendo.

– Alguém tire ela dali, ela vai se matar! - Grita uma mulher assustada.

Uma garota na ponta do telhado chamava a atenção de todos. Não parecia estar presa em algum feitiço, estava ali porque queria. E como aquela mulher tinha gritado, a garota pretendia mesmo pular daquela altura, que a mataria sem dúvida.

– Conhece essa garota? - Pergunta Gerard ao chegar perto de alguém.

– Não, ninguém a conhece. Ela chegou do nada e disse que pularia do prédio. Faz um bom tempo que estamos tentando a impedir.

O ruivo volta a olha-la. Também não a conhecia, parecia ser uma simples garota com seus cabelos castanhos e olhos da mesma cor. Só não entendia o porquê de está querendo se matar, principalmente em público.

– Você não tem nada a ver com isso, né? - Arthur pergunta ao chegar ao seu lado.

– Por que você acha que todas tragédias tem relação comigo? - Sente-se ofendido.

Arthur dá de ombros. Gerard fica mais ofendido ainda.

– Não tenho nada a ver com isso, só para você ficar sabendo. - Responde.

– Que bom. Fique longe, não quero vê-lo chamando atenção. Enten... - Olha para o lado e Gerard já tinha sumido. Sente o desespero bater. - Ei!

O ruivo dava a volta no prédio, tentando achar um lugar para que pudesse subir sem que chamasse a atenção. Não deixaria ninguém morrer na sua frente sem sua permissão. Aliás, estava curioso em saber o que aquela garota tanto queria fazer.

Começou a escalar o prédio sem dificuldade alguma. Em segundos, estava no telhado e já conseguia ver a garota logo à frente. Ela nem havia notado Gerard ainda de tão distraída que estava.

– Ei! - A chama.

O corpo da jovem se estremece pelo o grito, então se virando para olhar o ruivo. Fica mais assustada ainda, sem saber o que fazer naquele momento. Tudo que fez foi sacudir os braços para que Gerard não se aproximasse.

– Fique aí, não chegue perto! - Grita ela.

– Pretendo fazer nada, relaxa. - Levanta os braços em inocência.

– Nem mais um passo!

Seus pés descalços tremiam na ponta do telhado, sem conseguir se manter firme naquela altura. Foi desse jeito que Gerard percebeu as intenções daquela garota. Ela não queria se matar, seus olhos pediam por ajuda, que alguém subisse ali em cima e a tirasse em segurança. Mas estava tão assustada que até mesmo a uma ajuda ela temia.

– Por que quer fazer isso? - Pergunta o ruivo. - Se matar, sério?

– Não fale o que não sabe. Já estou cansa disso tudo. Eu não aguento mais!

– Eu também não aguento mais, mas nem por isso eu vou me matar. - Murmura. - Pare de reclamar da vida, garota! As coisas nem começaram para você ainda.

Ela olha indignada, ofendida pelo o que ouve. Não sai da ponta do telhado, continua ali.

– Eu não pedi conselho para você, então saia daqui. Se acha que vai me ajudar falando essas coisas, está enganado.

Ele não dizia aquelas coisas para ajuda-la, só estava ali por curiosidade. Mas também não queria ver a garota se jogando daquela altura e morrendo, se sentiria culpado por isso. Não queria acrescentar mais um nome na lista de mortes causadas por ele.

– Eu só quero que me deixe... - Soluça. Seu delicado corpo começa a tremer em tristeza. - em paz. Entendeu?

Nos olhos de Gerard, aquela garota lembrava muitas vítimas dele do passado. Os gritos delas eram ouvidos no fundo de sua mente, porém não alterando sua expressão calma. Passou anos ouvindo essas vozes, já estava acostumado fazia tempo. Mas a voz daquela garota à sua frente era diferente, ela não implorava para viver, como sempre ouviu, e sim ao contrário.

– Quer tanto morrer assim? - Pergunta Gerard, sério dessa vez.

– Hã?

Anda até ela.

– Eu já vi pessoas implorarem por suas vidas, fazendo de tudo para continuar vivo, mas eu chego aqui e vejo uma mimada como você. - Dizia com a voz arrastada, com uma cara nada satisfeita. - Não quer viver mais? Certo, farei esse favor para você.

Antes que ela pudesse esquivar, Gerard a segura pelo o pulso e empurra a mesma pelo o peito. A garota solta um grito agudo quando fica apenas na ponta dos dedos enquanto seu corpo ficava jogado para trás. A única coisa que a impedia de cair era Gerard a segurando pelo o pulso, sem preocupação alguma com o estado da garota.

As pessoas que assistiam deram um grito, assustadas ao ver a garota quase se jogando. Entre todos aqueles, Arthur era o único que conseguia ver Gerard a empurrando para fora da beirada. O ruivo usava algum tipo de magia que ninguém conseguia o ver, somente a garota e Arthur.

– O que ele pensa que tá fazendo? - Pensa o loiro, suando frio com a situação.

A garota olhou de relance a queda que a esperava, ficando sem ar após isso. Quis se joga contra Gerard e o segurar com toda força que tinha, mas não conseguia, tinha nenhuma força para poder segurá-lo. Tudo que pensava era para ele não soltar.

– Ainda quer morrer? - Pergunta o ruivo, ainda sem alteração.

Ela não responde, fecha os olhos com força, fazendo as lágrimas escorrerem por seu rosto.

– Não queria tanto morrer assim? Diga! - A balança pelo o pulso, quase fazendo a mesma cair. Um grito é soltado pela a garota. - Agora sente medo de fazer isso?

– Po-Por favor, não me solte. - Sua voz sai fraca, trêmula. Lentamente, abre os olhos para enxergar Gerard. Ele continuava sério. - E-Eu não quero cair.

– Não quer? - Vira a cabeça de lado, como que quisesse uma resposta certa. - Então quer viver?

A garota fica sem uma resposta. Todas as dores que ela sentiam só podiam ser apagadas com o fim de tudo, a morte. Perdeu várias pessoas até ali, sua cabeça parecia que iria explodir de tanta pressão. Como dizia, não aguentava mais viver, não queria continuar sentindo aquelas coisas ruins, como julgava.

As lágrimas lentamente param de cair, deixando apenas seus olhos sem vida. Por que sentia tanta incerteza? A mão que o ruivo a segurava parecia a impedir de tomar uma decisão, que para ela, parecia clara. Mas não quis respondê-la, em vez de repetir o que tanto falava, disse outra coisa:

– Eu quero viver. - Fala trêmula, frágil como fosse se quebrar a qualquer momento. Soluça em desespero. - Eu quero viver! Por favor, não me solte!

Gerard assente, parecendo mais calmo dessa vez. O aperto no pulso da garota fica mais forte, o que a faz ficar aliviada. Porém, o sorriso sádico aberto na face de Gerard não diz o mesmo.

– Então lute por isso. - Disse antes de soltá-la.

Tudo pareceu ficar leve quando não sentiu mais o aperto do ruivo. Ele foi se distanciando quando seu corpo começou a cair. Tudo que ela conseguiu ver foi seu sorriso, que tanto a incomodou.

Gerard desceu do telhado após alguns minutos, quando a atenção de todos estavam no corpo caído às suas frentes. Uma gritaria foi ouvida enquanto se aproximava, algumas pessoas desesperadas pela aquela garota.

– Está satisfeito pelo o que acabou de fazer? - Ouve Arthur se aproximando, nada feliz. Cruza os braços, o reprovando. - Tem sorte por não ter chamado atenção para você.

– Qual é, Arthur. Acabei de salvar uma vida. - Faz um sinal positivo com a mão. - Não está orgulhoso?

– Salvar? - Pisca os olhos, confuso. - Como assim?

Os aplausos que ouve servem como resposta. O loiro olha em direção para a multidão, vendo as faces tristes sendo trocadas por felizes. Olha indignado para Gerard.

– Ela está viva! - Grita alguém no meio da multidão.

***

Seu corpo parecia pesado enquanto caía, agora ele estava leve. As dores que sentia sumiam aos poucos, porém ficando uma ferida dentro de seu coração que nunca poderia curar. Encolheu-se na cama que estava, tão quente que a deixava relaxada. Quase dormiu por aquela tranquilidade, mas as vozes ao fundo não a permitiram.

– É um bom lugar que você achou, Arthur.

– Seria melhor se ela não tivesse aqui. O que está pensando em fazer?

– Achar um amor para você. - Diz em tom brincalhão.

Um longo silêncio após isso. Ouve-se uma risada.

– Estou brincando, Arthur. Não me olhe com essa cara.

– Tch. É melhor se livrar dela antes que te arrume mais problema. Não vou ficar cobrindo seus erros, Gerard. - Deu alguns passos, afastando-se. - Vou pegar suas coisas lá embaixo, já que não consegue mais ser útil.

– Já disse meus motivos!

– Velho!

O rapaz rosna em irritação. Não se ouve mais nenhum barulho.

A garota lentamente abriu os olhos, se sentindo finalmente despertada. Antes que olhasse o que havia em sua volta, sentou na cama. Com a visão ainda embaçada, conseguiu enxergar a silhueta de alguém ao fundo. Passou a mão nos olhos.

– Finalmente você acordou. Como está se sentindo?

Tira as mãos dos olhos, os arregalando ao reconhecer a pessoa. Mesmo Gerard sorrindo de forma carinhosa, ele era assustador para ela. Soltou um grito abafado, então pulou da cama onde estava.

– Ei, calma. Não vou machuca-la. - Diz Gerard.

A garota olha para os lados, procurando algo para poder se defender. Rapidamente correu em direção a cadeira de madeira, a segurando como uma arma. O ruivo se aproximou, sem segundas intenções, mas logo teve que recuar quando a cadeira bate contra seu corpo, o atingindo no braço.

Gerard pôs a mão em seu ombro imediatamente, tentando esconder a expressão de dor.

– Fique longe de mim! - Grita a garota.

Ela corre em direção a porta, saindo do quarto em que Gerard gritava algo. Passou pelo o pequeno corredor em apressados passos, avistando a escada na sua frente. Antes que fosse descer, avistou um garoto a descendo também, que logo a olhou em confusão. Não o deixou falar, pulou os degraus na intenção de ultrapassa-lo sem ser pega; Se enganou.

Arthur esticou o braço a tempo se segurá-la pela a cintura, a puxando para si. A jovem se sacudiu em seus braços, gritando para que fosse solta.

– Só quero aju..

É acertado no rosto por uma cotovelada. A garota consegue se soltar um pouco, mas é agarrada outra vez enquanto descia. Quando vai soltar outro grito, seu corpo fica pesada com o do rapaz, em seguida rolam pela a escada.

Ao acertar as costas no chão, Arthur já não consegue segurar a jovem. Ela fica de pé em um pulo, assim correndo para a porta.

– Gerard! - Grita o loiro.

Precisava nem ter o chamado, o ruivo pulava a escada com uma cara séria. Fechou o punho e socou o ar, fazendo seus cabelos se moverem pelo o vento que passa por ele.

A garota chega na porta e consegue abri-la, porém a maçaneta escorrega de suas mãos. Seu cabelo cobre seu rosto quando uma ventania a ultrapassa, fazendo o mesmo com a porta, que se fecha em um estrondo. Outro barulho é ouvido, é Gerard pousando no chão. Ao se virar para vê-lo, o ruivo já avançava contra ela. A garota bate as costas na parede em medo, ficando encolhida quando as mãos de Gerard se apoiam ao seu lado, a encurralando dessa forma.

– Não me machuque! - Grita ela, pondo os braços na frente. A cara séria que o rapaz fazia a intimidava. - Por favor, me deixe ir. Eu não tenho nada de valor.

Gerard continua com as mãos apoiadas na parede, encarado a jovem se encolher até ficar sentada no chão, chorando em medo. Com uma certa dificuldade, desencosta da parede e recua alguns passos. Sente uma rápida tontura e tropeça nos próprios pés, não tendo força para evitar a queda.

– Gerard. - Diz Arthur em preocupação.

O ruivo cai sentado, rapidamente segurando seu mesmo ombro de antes. Aperta os dentes em dor, abaixando o rosto para esconder a agonia que sentia. Aquela dor estava de volta.

– Arthur, a seringa... - Sua voz sai bagunçada, difícil de entender. - Pega, rápido.

– Certo!

A garota continua encolhida em seu canto, vendo o loiro subir as escadas em pressa. Aquele era o momento certo para poder fugir, mas não fez, ficou olhando o ruivo em dor. Quando percebeu, o garoto já descia as escadas em pulos, segurando uma seringa nas mãos.

– Aqui, Gerard.

Pegou a seringa e a já preparou para enfiar no ombro. Arregaçou a manga da camisa, revelando uma cicatriz em forma de "X" no local. Injetou a agulha, apertando até que não sobrasse mais nenhum líquido na seringa. A tirou com a mão trêmula, entregando a Arthur.

– Está bem? - Pergunta o loiro, ainda preocupado.

Gerard abaixou o rosto, acalmando a respiração descontrolada. Balançou a cabeça em afirmação, sentindo que seu ombro não doía tanto no momento.

– Você tem que tomar mais cuidado com isso, não pode ficar usando muita magia desse jeito. - Diz Arthur. - Será que não aprendeu nada depois da luta contra a Elesis?

– Não vamos falar disso agora. - Fala com a voz abafada, quase sumindo em cansaço. - Não estou com humor.

Arthur pretendia dizer mais uma coisa, mas fica calado ao perceber que Gerard ainda não tinha se recuperado para poder estar falando. O deixou em paz, mas guardando suas palavras para depois.

Volta a olhar para a garota, que continuava sentada contra a parede, em medo. Algumas lágrimas ainda escorria de seus olhos chorosos, mas parecia que estava se recuperando do susto.

– O que querem comigo? - Ela pergunta, conseguindo juntar um pouco de coragem.

– Só queremos ajuda-la, nada de mais. - Garante Arthur. - Não vamos machuca-la.

– Então fale isso para o seu amigo, que me matou. - Para de falar ao arregalar os olhos. Olha para as próprias mãos, garantindo que estava viva. - Eu não morri... Como?

– Deixei seu corpo adormecido antes da queda. - Falava Gerard, ainda com o rosto abaixado. - Também coloquei uma magia de regeneração em seu corpo, que dura em torno de 5 segundos. Quando bateu contra o chão, seu corpo já se regenerava a tempo de salva. - Move o ombro machucado, notando que já estava melhor. Levanta o rosto, já melhor. - De nada, aliás.

– Você tentou me matar, não muda nada o que você fez.

– Eu mudei a ideia de você querer morrer para viver. Eu a salvei.

Não acha uma resposta para aquilo. Era verdade, a vontade de querer desistir tinha sumido, mas a imagem do ruivo a soltado a atormentava. Preferia não agradecer, continuava desconfiada sobre tudo aquilo.

– Aposto que quer algo em troca por isso. - Diz ela. - Já disse, não tenho nada que o interesse!

– É, eu a salvei e quero que você me faça um favor por isso. - Então volta a sorrir. - Não será nada de difícil, garanto.

Ela cerra os olhos, desconfiada a cada palavra que saía de sua boca. Arthur percebe a tensão da jovem, como se ela quisesse sair correndo pra longe deles. Soltou um suspiro, quebrando o momento sério que Gerard fazia. Aproxima-se um pouco, esticando a mão para a mesma, de forma gentil.

– Qual é o seu nome? - Pergunta. - Sou Arthur. Esse aqui é o meu amigo, Gerard. - Aponta para o ruivo, que acena.

Ela o encara, não apertando a mão do rapaz. Quando percebe que não aceitaria seu aperte de mão, Arthur recua, sem jeito.

– Anni. - Fala seca.

– Certo, Anni. - Diz Gerard. Faz um esforço e se levanta, sendo dolorido no meio do processo. - Eu e o Arthur ficaremos nesta cidade por dois dias. Durante esse período eu devo ser transparente para todos, ninguém pode saber que eu existo, muito menos me ver.

– Por quê?

– Sem questionar. Como eu não poderei sair desta casa, Arthur terá que ir sozinho comprar algumas coisas de importante. - Aponta pra mesma. - Aí que você entra. Você vai ajuda-lo no que ele precisar, sem reclamar. Fácil, não é?

Ela não diz nada. Não assente nem nega, continua a olha-lo séria.

– Quando esses dois dias acabarem, você estará livre. Pode fazer o que quiser, até mesmo tentar se matar de novo, não vou impedir, mas enquanto estiver me devendo o favor, me obedecerá. - O assustador Gerard volta, assustando a jovem. - Estamos entendido?

Não havia outra saída, se tentasse forçar, seria impedida outra vez. Não queria ver a expressão assustadora de Gerard novamente. Tudo que tinha fazer naquele momento era afirma sem discutir.

– Ótimo! Arthur, vá comprar algumas poções, as minhas estão acabando. - Dizia ao subir as escadas. - Aproveite e dê uma olhada pela a cidade. Não me sinto muito confortável nela.

– Use esse tempo para descansar, então. - Aconselha o loiro. - É bom recuperar as energias.

– Certo, mamãe!

Ouve a porta do quarto ser fechada pelo o mesmo ao entrar. Olha para Anni, que ficava de pé com a ida de Gerard. Foi até a porta, esperando que ela o acompanhasse sem ser chamada.

– Você vem comigo. - Diz ele. - Vai por mim, não vai gostar de ficar com o Gerard enquanto ele dorme. Ele costuma ter muitos pesadelos e ser sonâmbulo nesse meio tempo.

– Certo, certo, eu vou. - Resmunga.

***

Olhava as pessoas passar pelas as ruas sem a reconhecerem, como se o escândalo que tinha feito fosse apagado de suas mentes. Não se incomodou com isso, não gostaria de ver nenhum preocupado a perguntar se estava bem. Só poderia responder quando fosse solta das mãos de Gerard, que continua a ser um homem muito suspeito para ela.

Arthur sai da loja que tanto ela esperava do lado de fora. Ele segurava algumas bolsas pelas as compras, que não pareciam tão pesadas.

– Vamos precisar de mais algumas poucas poções. - Diz o rapaz continuando o caminho. Anni o acompanha. - Naturais de preferência.

– Alguém que vocês conhecem está ferido?

– Ah, não. São para o Gerard.

– Para ele? - Não entende. - Ele para ser tão saudável para quem precisa de tanta poção. É por causa do ombro?

– Também. Gerard passou por muitas até chegar aqui, digamos que ele esteja ferido por dentro de uma maneira incurável. - Coça a nuca. - Então ele precisa sempre estar tomando poções para não piorar.

Anni dá uma leve balançada de cabeça. Lembrava da cicatriz que o ruivo tinha no ombro, em forma de "X". Parecia ter sido feita por alguma lâmina quente, que penetrou sua carne bem fundo para ter o deixado daquele jeito. Mas não o conhecia muito bem, talvez tivesse outras feridas como aquela em outra parte de seu corpo. Se duvidasse, ele podia ser maluco de cabeça também.

Pararam em uma barraca, onde vendia poções naturais. Arthur segurava os vidros e os analisava, logo pondo no lugar e pegando outro. Não parecia, mas ele parecia um pouco confuso em qual escolher. Anni nota isso.

– As poções de colorações fortes são mais para curarem por dentro, já as claras são para feridas superficiais. Acho que para seu amigo devia ser os dois. - Diz Anni, ao seu lado. Arthur a olha surpreso. - Leve também aquela poção amarela, ele poderá tomar diariamente para que as dores no ombro diminua.

– Como sabe de tanta coisa sobre isso?

– Minha família - Parece ficar triste por um momento. - ela me ensinava sobre essas coisas. Gostava de aprender também.

– Certo, então. Levarei esses aqui.

Não fazia aquilo por estar preocupada com Gerard, só queria fazer logo sua parte e poder ser libertada logo; Caso a promessa fosse cumprida.

Andou mais um pouco com Arthur pela a cidade, parando de vez em quando em alguma loja para comprar algo. Anni logo nota que a maioria das coisas compradas eram para saúde de Gerard, poções e curativos. Vendo daquele jeito, o ruivo parecia estar morrendo.

Chegaram na casa quando estava escurecendo. Anni já estava exausta, Arthur a fez andar a cidade inteira, mesmo que não fosse fazer nada para aquela parte. Felizmente, o rapaz não a fez carregar as compras pesadas, ele mesmo as levava.

– Gerard? - Chama Arthur.

– Aqui em cima! - Grita o ruivo.

– Anni, leve isso para ele. - Entrega um pequeno frasco de poção para a garota. - Tenho que guardar essas coisas.

Não estava muito afim de ver Gerard, mas foi assim mesmo. Subiu as escadas e deu uma leve batida na porta, entrando em seguida. Deu uma rápida olhada pelo o cômodo até vê-lo sentado na cama, secando os cabelos com uma toalha enquanto usava apenas uma calça como vestimenta. Devia ter saído do banho e esquecido de ter colocado uma camiseta, deixando a garota sem jeito com a situação.

– Aqui. - Diz ela, esticando o frasco.

– Valeu.

Enquanto bebia a poção, pôde ver as outras cicatrizes que se encontravam em seu peito. Algumas eram bem vistas, outras quase sumindo em sua pele. Quando o rapaz levantou da cama, Anni ver mais cicatrizes nas costas, bem maiores que as anteriores. Isso a fazia se perguntar quem realmente era Gerard.

– Se divertiu andando pela a cidade? - A voz do mesmo a tira dos pensamentos.

– Estou cansada. - É sincera. - Arthur é uma boa companhia.

– Não é? Ele se dá bem com qualquer um.

– Ele comprou bastante coisa para você hoje. - Diz de repente. Sentia-se arrependida em falar aquilo. - Por acaso, você tem alguma doença? Para tantas poções e curativos é porque está precisando urgentemente.

– É, já fui melhor sobre minha saúde. - Solta uma risada que para aos poucos. Olha para o nada. - Mas acabei sendo muito descuidado e teimoso que hoje em dia eu não consigo subir uma escada sem ter tomado uma poção por dia. Que patético. - A olha, voltando a sorrir. - Mas essas poções e curativos não são para agora, sei que precisarei deles em breve.

Pela a quantidade de coisas que comprou, ele provavelmente enfrentaria um exercito, pensou Anni.

***

Teve uma noite de sono bem tranquila para quem dormiu no sofá. A única coisa que a incomodava era a ameaça de Gerard, que a perseguiria caso fugisse no meio da noite. Anni tentou nada, nem queria ter tentado para ver a fúria do rapaz. Mesmo o vendo naquele estado de saúde, ainda o temia, pois tinha o visto a perseguir. O ruivo era mesmo um mistério que ela não gostaria de saber.

Acordou de manhã com um cheiro bom vindo da cozinha. Ao chegar lá ainda com uma cara de sono, ver Arthur fazendo algo para o café. Vestindo um avental, ele a cumprimentou:

– Bom dia, Anni. Espero que tenha dormido bem no sofá. Até te deixaria ter dormido na cama, mas ela ficava no mesmo quarto que o Gerard, então você acabaria não ficando confortável com os pesadelos dele. - Rir sem jeito.

– Que tipo de pesadelo? - Senta à mesa, o vendo preparar a comida.

– São problemas do passado. Gerard não é um cara que fez muitas coisas boas antigamente, ele se queixa delas até hoje. - Seu sorriso diminui. - Então toda vez que ele vai dormir ou tirar uma soneca, essas lembranças voltam para atormenta-lo.

Ele parecia mesmo ser um cara desse tipo, de ser atormentado. Sempre está com um bom humor, sorrindo apenas para esconder as cicatrizes que tanto o incomoda. É tão ocupado com tudo que acaba tendo tempo nem de reclamar das coisas em sua volta, ele apenas as aceita.

Volta a atenção para a mesa quando Arthur coloca um prato sobre ela. Pela a aparência da comida, ele parecia ser um bom cozinheiro. Fazia tempo desde que comeu algo bom pela a última vez.

– Sirva-se. - Ele diz, se ajeitando numa cadeira ao lado com seu prato. - Terei que fazer mais compras hoje e espero que você me ajude nelas.

– É o meu dever mesmo, não se preocupe. - Quando se preparava para comer, estranha a falta de alguém. - Gerard não se juntará?

– Ele está dormindo, é melhor não acorda-lo. Hoje à noite ele terá algo muito importante para fazer e quer juntar energias para isso.

– Isso não me envolveria, certo?

Arthur a olha enquanto mastigava. Pela a promessa, hoje ela seria solta no final do dia, então estava contando com isso. Via a desconfiança que ela ainda tinha com eles, o que é natural.

– Não, será outra coisa. Nada com você. - Isso não a deixa mais tranquila.

Lancharam em silêncio, só o barulho dos talheres batendo no prato. Quando terminavam, os passos vindo da escada o chamaram a atenção. Gerard aparece com os cabelos bagunçados e sem vontade alguma de estar ali.

– Bom dia, Gerard. - Diz Arthur.

– É, é, tanto faz... - Sua voz arrastada não mostrava muito humor. Senta na cadeira, quase dormindo na mesma.

– Irei hoje comprar algumas ferramentas e matérias para ajeitar sua espada. Acho que tive alguma ideia para melhora-la. - Falava ao se levantar e tirar os pratos da mesa. - Se quiser algo, fala logo que eu já estou de saída.

– Doces.

– Os de sempre? - O ruivo balança a cabeça. - Certo. Volto mais tarde. Vamos, Anni.

A jovem não protestou, se levantou da cadeira e seguiu o rapaz. Seria um longo dia, mas valeria a pena quando fosse liberada de tudo aquilo. Mal podia esperar pelo o final do dia.

***

Passou a mão em sua testa suada e continuou seu trabalho. Já era de tarde, Arthur já tinha comprado tudo que precisava. Agora trabalhava duro em dar um jeito na espada de Gerard, quer era maior que o próprio rapaz. Lembrava da época em que consertava espadas pequenas e simples, diferente das que mexia agora, com o dobro de peso. Isso o deixava exausto.

– Como aprendeu a fazer isso? - Pergunta Anni, sentada em um canto do salão o assistindo. Quando precisava de alguma peça, a pedia para que buscasse. Até que sua ajuda estava sendo boa.

– Meu pai me ensinou quando eu era criança. Ele via que eu nunca seria capaz de ser um guerreiro como todos, então me botou em um cargo onde eu pudesse parecer másculo. - Dizia tudo como se tivesse ferido. - Não demorou muito para eu pegar o jeito.

– Ele não parecia ser um pai bom. - Nota pela a expressão de Arthur.

– Ele sempre foi duro com tudo que eu fazia, dizendo que eu fazia tudo errado. Mas quando eu consertava as espadas quebrada, ele ficava... Satisfeito.

– Ele deve está muito orgulhoso de o ver assim agora. Onde que ele está?

Arthur continua fazendo seu trabalho, com um silêncio profundo. Volta a tirar o suor de sua testa.

– Ele está morto.

Tocou em uma ferida do rapaz. Olha sem jeito para ele, não sabendo muito o que dizer para conforta-lo.

– Sinto muito. - É tudo que fala.

– Tudo bem. - Ela fica surpresa ao vê-lo sorrir. - Já superei isso há muito tempo.

Como Gerard, Arthur tinha seu jeito misterioso. Não via como ele e o ruivo podiam estar juntos ou ter uma relação como essa, queria entender como tudo isso aconteceu. Às vezes eles parecem como uma família e outras tão distantes quanto desconhecidos.

– Aqui, segure isso. - Pede Arthur.

Ele a entrega uma espada simples, mas fazendo a garota quase cair no chão pelo o peso. O loiro riu pelo o desajeito da mesma com uma arma.

– Você não é de lutar, né? - Pergunta o rapaz.

– Bem, nunca fui treinada para isso, mas meus pais planejavam me ajudar nisso... Antes que fossem mortos. - Sua voz pesa e Arthur percebe. Ela olhava para os próprios pés.

– Falando assim parece que eles morreram recentemente. O que aconteceu?

– Eu morava em uma vila, um pouco distante desta cidade. Um certo dia, um estranho chegou lá e matou todos, sem piedade alguma. Não soube exatamente o que ele queria, mas era algo comigo. Minha família me protegeu e me mandou para longe da vila. Passei dias sozinhas, sem ninguém para me ajudar. Eu sabia que todos estavam mortos, que eu não tinha mais lugar para voltar. - Para de falar ao soluçar. Sua visão fica embaçada quando as lágrimas começam a descer e pingar em suas mãos, logo caindo na lâmina da espada também. - Eu estava exausta, não queria mais continuar. Então eu decidi subir naquele prédio e me jogar... Mas seu amigo não deixou que eu fizesse.

Tira as lágrimas dos olhos ao passar as mãos. Estava sem jeito em ficar daquele jeito na frente de um desconhecido. Pediu desculpa, então o olha. Arthur tinha parado de fazer seu trabalho, no momento olhava para o chão com os olhos vazios. Ele parecia triste como ela, talvez até mais.

– Gerad é uma boa pessoa. - A olha, força um sorriso. - Ele só quer ver todos felizes.

– Acho que sim. - Murmura.

Do outro lado da porta, apoiado nela, Gerard ouvia a conversa claramente. Não reagia à conversa, mantinha uma expressão neutra. Estranho, era para se sentir culpado com o que ouviu, mas não, as palavras de Anni ou Arthur não o afetaram. Esteve tão acostumado em ouvir frases de ódio para ele que nem indiretas o atingia mais.

Desencostou da porta e saiu dali. O que mais o deixava incomodado não era a conversa dos dois, e sim dele mesmo. Tinha perdido algo que o fazia se importar com todas essas pequenas coisas:

Sua humanidade.

***

– Confortável com a roupa que eu comprei para você? - Pergunta Gerard.

Anni tinha trocado aquele velho vestido que usava por uma roupa mais limpa e adequada para ela. Até mesmo um banho tinha tomado, algo que fazia tempo desde a última vez. Para completar, ganhou um par de botas, tirando seus pequenos pés descalços do chão sujo. Nunca esteve tão confortável na vida.

Girou de frente para o espelho, vendo como estava naquela roupa.

– É, é bem legal. Mas eu não sou muito fã de shorts. - Passa a mão na vestimenta, deixando apenas suas pernas de fora. - Saia ou vestido é mais minha cara.

– Ficou maluca? Uma garota andando sozinha de vestido pelas as noites nunca daria certo. - Diz o ruivo como um pai. Deu um tapa em Arthur, ao seu lado. - Não é mesmo Arthur?

– Não fale como se eu fosse o pervertido daqui. - Fala nervoso.

– Mas eu sei me proteger. - Garante Anni. - Se algum cara vim para cima, eu dou um soco. - Mostra como faz.

Arthur nega com a cabeça enquanto Gerard gargalhava da fraqueza da garota. Ela fica sem jeito, se esquecendo que ambos eram homens e que podiam a derrubar com um tapa.

– É melhor assim. - Fala Arthur. - Pode ser perigoso para você, não se sabe quando alguém perigoso vai mexer com você. Essa roupa está boa.

Ela assente envergonhada.

A risada, que Gerard ainda dava, para. Isso chama a atenção de ambos. O ruivo vira o rosto para o lado como um cachorro em alerta. Anni estranha o comportamento repentino do rapaz, ao contrário de Arthur que olhava tenso.

– Algum problema com ele?

– Bem... - O loiro não sabe o que responder.

Os ombros de Gerard relaxam quando ele volta o olhar para frente. Sua expressão séria tinha sumido, voltando a sorrir como se nada tivesse acontecido.

– Arthur, você consertou a minha espada?

– É, eu dei um jeito. Espero que te agrade. Por quê?

– Estamos de partida! - Cantarola, afastando-se à procura da arma. - Anni, você vem junto. Não será bom você ficar nesta cidade por muito tempo.

– Espero que não seja para mais um trabalho. - O espera na saída.

Sem que fosse dita nenhuma palavra, Arthur foi pegar todas suas coisas e as botou na mochila. Gerard parece fazer o mesmo, mas jogando a sua para que o rapaz levasse. Olha indignado para o ruivo, porém não reclama quando o ver pegar a espada e pôr nas costas, com um olhar quieto. Começava a entender a situação.

Ao saírem da casa, perceberam que já estava de noite. Anni os seguiu pelas as tranquilas ruas da cidade. Ficava tensa ao ver aquela grande espada nas costas do rapaz, podendo usar nela a qualquer momento. No entanto, outra parte dela dizia que Gerard não faria isso a ela, era o que esperava.

– É para qual direção o bar, Arthur? - Pergunta Gerard de repente.

– Seguindo ao norte, é um pouco distante daqui.

– Entendi. - Para de andar, então se vira para Anni. Ver a tensão na expressão da garota. Aponta para o sul. - Você seguirá essa direção e encontrará uma estação de trem. Pegue o que estiver saindo, não importa para onde. Entendeu?

– Hã? Como assim, por quê?

– Eu prometi que te libertaria após o final dos dois dias, bem, estou te liberando mais cedo. Seja livre!

Olhou para a direção apontada, vendo que nada a prendia de sair correndo pra lá. Mas ela não fez, permaneceu no seu lugar, confusa.

– Vamos, Arthur. - Ouve o ruivo falar, em seguido se afastando.

Não achou que seria libertada dessa forma, como um passarinho sendo solto de uma gaiola. Só foi perceber que estava livre quando o sentimento de solidão voltou a abraçá-la. Não tinha ninguém ao seu lado para fazer companhia, era algo desesperador para a mesma.

Virou-se irritada, vendo os dois se afastando.

– Não vai se despedir?! - Grita ela.

Gerard e Arthur param, olhando a garota.

– Não acho que fará diferença. - Diz o ruivo, dando de ombros. - Você irá se matar de uma forma ou de outra, então não vale a pena se despedir.

– Eu... - Não consegue completar. Tinha esquecido que tudo aquilo tinha começado porque ela tinha tentado se matar. Mas agora era diferente. - Eu não vou me matar! Vou viver para poder ver sua cara idiota outra vez!

Gerard ri, embora ela estivesse falando a verdade. Anni não demonstra nenhum sinal de brincadeira, apenas de tristeza em seus olhos.

– Você também, Arthur! - O loiro olha surpreso. - Não morrerei até que possa ver vocês, idiotas, outra vez! É uma promessa!

Lá estava o que ele queria ver, um motivo para Anni continuar viva, mesmo que fizesse mal a ela. A ideia de se matar não estava mais com ela, isso era bom. Ao menos, tinha feito algo de bom para alguém.

– Adeus, Anni. - Despede-se Gerard, virando para ir embora.

Arthur se despede de forma mais gentil, assim correndo para seguir o ruivo à frente. Anni solta um suspiro, então um sorriso é aberto em seu rosto. Ver os dois sumirem de sua visão, assim podendo se vira e seguir seu caminho.

O sorriso não saiu de seu rosto. Pôs as mãos no bolso do short, estranhando rapidamente algo nele. Tirou alguns papeis dobrado e os abriu. Seus olhos brilharam ao verem o dourado daquelas notas. Suas mãos ficaram trêmulas, então se fecharam nas notas até que ficassem um pouco amassadas.

– Obrigada, Gerard. - Sussurrou.

***

– Achei que fosse mata-la. - Menciona Arthur.

Bem distante de onde deixaram Anni, o rapaz finalmente toca no assunto. Gerard parecia querer fugir do mesmo jeito.

– Por que eu faria isso?

– Você atacou a vila onde ela morava só para pegar o poder dela. - O fita sério. - Lembra, as escamas de Gorgon?

– Ah, é! - Bate na testa, fingindo ter esquecido. - Que descuido meu. Depois a gente mata aquela garota.

– Você está amolecendo, Gerard. - Rir.

O ruivo parou de andar, encarando Arthur que continuava a sorrir para ele. Pretendia dizer algo em sua defesa, mas desistiu. Voltou a ficar sério.

– Me passa logo o negócio. - Estica a mão em pressa. - Vou ir resolver logo isso.

– Cadê a gentileza? - Resmunga enquanto procurava algo na mochila. Tirou uma pequena bolsa e entregou a Gerard. - Tome cuidado.

– Eu sei como fazer meu trabalho. Agora, vá embora. - Arthur continua no lugar. - Não gosto de envolver você nisso. Vai!

Gerard não espera o loiro partir, ele mesmo faz isso, deixando o mesmo para trás. Ouve algum aviso de Arthur ao fundo, mas não para, continuou com passos apressados. Puxou seu capuz até que cobrisse bem seu rosto.

Como Arthur tinha dito, o bar ficava um pouco longe dali. Devia ser um dos poucos estabelecimentos que estavam funcionando naquela noite. Gerard entrou no local, cheio de homens de um lado para o outro. Enquanto passava pelo salão, teve que desviar de um bêbado que quase esbarrou nele. Nunca foi muito fã de bar, sempre preferia ficar do lado de fora bebendo com alguma companhia agradável ou sozinho.

Antes de chegar ao balcão, já abria um sorriso largo para aquela pessoa. O viu quando entrou no estabelecimento, mesmo que tivesse feito muito tempo desde seu último encontro.

– Como vai indo, - Pergunta Gerard. - Regis?

O haro, como sempre, o olha de forma cansada. Nunca foi de ter muito humor nem de se exaltar, sempre calmo. Seus cabelos castanhos tinham sinais de pequenos grisalhos, até mesmo sua barba que crescia possuía os fios brancos. A única coisa que não tinha mudado era seu olhar vermelho, em um tom rosado, que toda vez parecia estar furioso.

– Está atrasado, Gerard.

– Sempre estou, não é? - Rir. - Mas o importante é que eu estou aqui, e que eu trouxe o que você pediu.

Finalmente um sorriso é aberto no rosto de um dos melhores caçadores de recompensa. Regis esticou a mão rapidamente.

– Então me entregue.

– Nenhuma conversa primeiro? Oi, como vai? Tudo bem com você? Eu vou bem, tirando o fato de seu meio filho querer minha cabeça numa bandeja, eu vou bem. - Continua a sorrir serenamente.

– Meu meio filho? - Ergue uma sobrancelha.

– Não fale como se não soubesse!

Regis olhou pro lado, como que quisesse fugir do assunto. Mas o olhar do ruivo sobre ele não ajudava muito.

– Não posso fazer nada para ajuda-lo. - Diz a verdade. - Quer dizer, era para eu está orgulhoso do meu filho por isso.

Gerard rosna emburrado. O haro solta uma rápida risada em resposta.

– Estou falando sério, quer que eu faça o quê? Que puxe a orelha dele como castigo?

O ruivo bate de leve no balcão, então aponta para o rapaz.

– Resolvido. Um puxão de orelha está perfeito. - Regis não cai no seu pedido. - Eu também estou falando sério, alguém tem que parar aquele garoto.

– E essa pessoa não sou eu. - Toma um gole de sua bebida. - Nunca conheci o Lass nem ele me conheceu. É melhor deixar as coisas assim.

Do jeito que Lass é, poderia até tentar matar seu pai por ter o deixado antes mesmo de nascer. Gerard sabe da história toda, não culpava o haro por isso, mas também não ficava a favor. Preferia ficar fora dos assuntos de família dos outros, principalmente quando tinha o dele para resolver.

– Saberia dizer se as chamas ainda estão com ele? - Pergunta Regis.

– Sim, estão. Mas qualquer deslize e as chamas são da Cazeaje. - Seus braços deslizam até que seu rosto ficou apoiado no balcão. Jogou suas mãos sobre a cabeça, como uma proteção. - Se isso acontecer, do que adiantaria todo meu esforço? Ahhh.

– Se está falando da Pene...

– Não. - Uma estranha seriedade cai sobre Gerard, nota Regis. Precisou nem olhar para o haro para dizer que aquilo era uma ameaça. - Não fale dela.

Não disse mais nenhuma palavra, voltou a beber sua bebida. Gerard se levantou, pegando algo em seu grande casaco. Botou sobre o balcão, empurrando para frente de Regis.

– Como você havia pedido. - Abre a sacola de pano só um pouco, dando para ver a esfera dourada dentro dela. Volta a fechar. - Uma das essências de Xênia.

– Isso valerá muito lá embaixo. - Um sorriso estranho é aberto no rosto do mesmo. - Então, estou te devendo um favor. O que é?

– Fale com seu filho.

O haro o encara imediatamente, indignado. Gerard sorrir em provocação, sabendo muito bem que aquilo irritava o rapaz.

– Peça outra coisa.

– Não estou afim.

Agora era a vez de Regis rosnar, irritado. Sabia que aquele era um pedido quase impossível para que ele fizesse, ou que ele não queria.

Quando pretendia falar, para. Olha em volta do bar, notando que estava vazio. Gerard perceber o mesmo, sem reagir àquilo.

– Cadê todo mundo? - Questiona Regis.

Gerard se desencosta e vai até a saída. O ruivo parecia tenso, por isso de não dizer nada. O haro o seguiu, pegando a esfera antes e a amarrando no cinto da calça. Ao chegarem do lado de fora, também não havia ninguém nas ruas. Tudo estava silencioso e vazio.

– Gerard, se isso é uma brincadeira sua de mau gosto...

– Como eu faria isso? Estava do seu lado o tempo inteiro.

Olharam para a mesma direção. Não era coisa de suas cabeças, tinham ouvido mesmo som de milhares de passos vindo em sua direção. Gerard pôs a mão no cabo da espada e Regis deixou as mãos livres.

Mesmo longe de suas visões eles conseguiam enxergar o exercito se aproximando, de forma organizada. Pela quantidade de soldados que vinham era para deixa-los com medo, mas não, pareciam tranquilos.

– Dona Cazeaje quer me prender, sabia? - Menciona Gerard de repente. Rir em escárnio. - Que piada.

– Vejo que isso me envolve, pelo visto. Senti algumas pessoas me seguindo durante o caminho. - Olha para o ruivo. - Não tem nada a ver com você, certo?

Gerard fica sem resposta. Pensa no plano de Cazeaje em tentar prendê-lo e ser no justo dia em que encontraria Regis. Poderia parecer coincidência, mas o rapaz não achava isso. Algo estava errado.

– Ei. - Regis o chama, então aponta com a cabeça.

Olha para o céu estrelado, vendo nada de importante. Em meio a toda escuridão daquele azul, uma se destacava, até mesmo se movia. Gerard coça a cabeça, querendo não acreditar no que via.

– Aquilo é um dragão?

– De uma classe bem comum, é, é um dragão.

Não demorou para a enorme criatura se aproximar deles e preparar um ataque. Tudo que viram foram um brilho se acumulando na boca do mesmo, então sendo solta de forma violenta. Suas chamas eram mais quente que um fogo comum, se pegasse, a pessoa morreria no mesmo instante.

Regis precisou nem se mover quando Gerard se colocou na sua frente. A grande lâmina de sua espada saiu da bainha em suas costas, parecendo mais um escudo. Arrastou um pé para trás como apoio e jogou a lâmina na sua frente, o cobrindo como um guarda-chuva.

O dragão passou como um jato sobre eles, as chamas vindo atrás igual uma onda. Gerard segurou firme o cabo da espada quando sentiu o impacto do fogo bater contra a arma. Levou apenas segundos, mas que pareceram horas para o ruivo.

– Acho que ela não pretende só prendê-lo. - Diz Regis, agachado atrás do mesmo.

– Percebi. - Diz com a voz arrastada.

Com um simples empurro com o ombro na grande lâmina, fez ela voar para trás. Regis se afastou à tempo de não ser pego pela a pesada arma. Por fim, inclinou a lâmina e girou o corpo, criando uma ventania que apagou todas as chamas que persistiam acesas. Nesse movimento fez seu capuz cair, revelando melhor seu rosto sério.

– Se quiser fugir, fuja. Não vou te envolver nessa confusão. - Diz Gerard.

– E perder a chance de me divertir um pouco? Vai esperando. - Esfregava as próprias mãos.

Quando suas mãos foram para o lado, uma energia avermelhada se projetou entre elas. Antes mesmo de ter algo em mãos, Regis as posicionou como se segurasse uma arma. Em segundos, segurava um rifle com a mira já apontada para o dragão no céu, que ainda dava uma volta em sua direção. Prendeu a respiração por um momento e a mira ficou precisa.

Ao puxar o gatilho, a poeira em sua volta subiu. Gerard ver nada sair do cano da arma, mas quando olha em direção ao dragão, um enorme buraco era feito em um das suas asas. A criatura rugiu e logo caía sem controle. Mas antes que atingisse o solo ele sumiu em pedaços de energias.

– Como eu previa, não era um dragão de verdade, apenas de invocação. - Fala Regis, abaixando o rifle.

Quando voltam a atenção para os passos que eram ouvidos, se surpreendem com o exercito já próximo. Todos se posicionaram de forma sincronizada, os magos se colocando na frente e mirando seus cajados para o alto. Grandes bolas de fogo são disparadas e caindo como chuva em direção aos dois.

– Eu odeio magos. - Rosna Gerard.

Jogou a espada de lado e pulou contra as chamas. Antes de se aproximar, usou a larga lâmina da espada como um leque, que criou outra ventania e apagou as bolas. No entanto, uma sobrou de propósito. Quando ela chegou perto, rebateu com a espada, a jogando contra o exercito.

Recuaram imediatamente, mas sendo tarde quando alguns soldados são atingidos. Gerard pousa no chão, olhando faminto para o exercito. Seus pés arrastaram no chão quando corre disparado contra todos. O magos trocam de lugar com os cavaleiros, pegando espadas e lanças e avançando sem medo contra o ruivo.

Os soldados param de avançar quando Gerard some de suas visões. O mesmo era tão rápido que nem notaram quando chegou na ponta da formação e atacou o primeiro cavaleiro, o arremessando com força contra os demais. Todos voaram como papeis, só parando ao atingirem uma casa.

Seu olhar vai para o resto do exercito. Volta a desaparecer, deixando apenas a poeira do chão subir. Então o ruivo desce como um meteoro no meio do esquadrão, pessoas voando pelo o impacto. Segurou a espada com as duas mãos e avançou contra todos.

De longe, Regis sorria pela a cena que via. Tinha esquecido de quão perigoso Gerard era em combate, quase impossível de para-lo. Ele era um animal, uma besta sádica o dominava.

– Coitados. - Diz o haro. - Devem estar ganhando muito bem para lutarem contra ele.

Sem notar, algo frio encosta em seu pescoço.

– Regis Wild, abaixe a arma e ajoelhe-se lentamente. - A delicada voz o manda.

Sorrindo como se tudo aquilo fosse uma brincadeira, o haro se vira e ver a séria garota loira. Usava um uniforme branco do Conselho, a fazendo parecer um anjo. Sua espada estava apontada para o rapaz, a ponta da lâmina tocando em sua pele.

– Garota, você não me conhece para dar ordens.

– Sei muito bem quem é, Regis Wild. Nós, o Conselho, estamos o procurando a muito tempo. Sorte a nossa Gerard ter mostrado o caminho.

– Desculpa, não obedeço a pessoas mais novas que eu. - Segura a lâmina com a própria mão. Mary olha surpresa, principalmente quando o sangue começa a escorrer pela a palma. - No final das contas, quem se ajoelhará aqui será você.

A jovem puxa a lâmina ao sentir um arrepio pela a ameaça. O haro olhou para o corte feito em sua mão, que parecia nada demais. Estica os braços para os lados, então a mesma energia vermelha é formada em cada mão. Em vez de um rifle, revolves são feitos.

Mary recua e já se defendendo das balas com cortes rápidos. Quando os disparam param, é surpreendida pelo o haro na sua frente, com um largo sorriso. Foi lenta em tentar recuar outra vez, recebendo um chute na barriga que a arremessou longe. Rolou pelo o chão e preparou para levantar, mas Regis não daria essa folga tão facilmente.

Enquanto isso, do outro lado da luta, Gerard não se cansava em momento algum quando aparecia mais e mais soldados tentando o acertar tolamente. O ruivo não parava em um canto, arrastava milhares de pessoas com um ataque simples com sua espada, que parecia um pouco mais leve depois de Arthur a consertou. A cada ataque que dava, sentia que o cabo da arma estremecia como fosse se soltar a qualquer momento.

– Arthur, é melhor você dar um jeito nisso quando eu voltar, porque isso tá me incomodando demais!

Parou de atacar quando sua lâmina não atingia mais nada. Sua respiração estava bem calma para quem lutou contra mais de 300 pessoas ao mesmo tempo. O sangue que pingava de sua roupa não era dele, nada em seu corpo estava ferido. Nada.

– Vamos, Cazeaje! - Berra de repente. Um sorriso debochado se abre. - É tudo isso que tem para me impedir?! Você é mesmo ridícula!

O silêncio em sua volta parece incomodá-lo. Demora a notar uma grande sombra o cobrindo, assim olhando rapidamente para o alto. Tudo que ver antes de ficar escuro é a ponta de um grande martelo o cobrir. A terra se racha quando encosta no chão pelo o impacto.

– Homens. - Vegas fala como se cuspisse em nojo.

Segurando o cabo da arma, a ruiva olhava sério para onde tinha atingido Gerard. Esperou que ele gastasse suas energias para que no fim ela atacasse. Pelo visto, o plano tinha funcionado conforme ela planejou.

Erguendo uma mão enquanto a outra segurava o martelo, aproximou o bracelete em seu pulso perto de sua boca e disse:

– Os três esquadrões estão caído, Dona Cazeaje. Gerard foi capaz de derruba-los sem problema algum. - Olha em volta. - O alvo principal ainda não foi avistado por mim, mas creio que Mary está providenciando isso.

Quando vai ouvir a voz do outro lado da chamada, seu martelo começa a se mover. Ela segura o cabo com as duas mãos, assustada ao ver a marreta se levantando aos poucos. Faz força para que volte para o solo, mas não conseguia, algo a impedia.

– Quanta covardia. - A voz arrastada a congela. Impossível, era o que pensava freneticamente. - Ataques de surpresa são para crianças.

Sob a sombra do martelo, o olhar sério de Gerard a assustava. Uma mão segurava a espada e a outra ele erguia a marreta como se fosse uma folha de papel. Fez mais força para que ele voltasse a ser esmagado, mas nada adiantava.

– Vou mostrar como um adulto de verdade faz. - Foi a última coisa que disse antes de largar o martelo e sumir.

Vegas puxa o martelo de volta, o fazendo voltar ao seu tamanho real. Um pequeno ruído a alertar, olhando para o lado e vendo Gerard com a espada já preparada. Deu um salto para trás, deixando o chão ser atingido no seu lugar. Ela respira ofegante, com as pernas trêmulas.

O ruivo apoia um pé para o lado, preparando-se para avançar por aquela direção. Vegas nota e prepara o martelo a tempo.

Gerard avança em direção ao contrária. A ruiva tenta atingi-lo do mesmo jeito, errando quando o mesmo esquiva. Quase caindo ao desviar, Gerard abre a mão e a ergue para o alto rapidamente. Um forte vento é disparado contra a garota, uma brisa gelada que parecia que iria mata-la. Por fim, o ruivo gira pelo o chão para evita a queda.

– O quê? - Ela diz.

A metade de seu corpo é congelado, deixando-a paralisada naquela posição. Gerard não a ataca, como pensava, ele apenas a encara enquanto recuperava o fôlego.

– O que Cazeaje quer comigo? - Pergunta.

– Te prender, não está óbvio?!

– Claro que não. Ela não quer isso, não agora. - Estreita os olhos. - Diga a verdade.

– Não seja tolo. Tudo que ela quer é você, ninguém mais que isso.

O rapaz não volta a questiona, encarava a ruiva para ver se ela deixava algo deslizar. Nesse meio tempo, lembra que tinha se afastado de Regis no combate. Perguntava-se se ele está bem, se ninguém foi atrás dele.

Fica surpreso consigo mesmo. Por que alguém iria atacar o haro se ele era o principal alvo de Cazeaje. Como havia pensado, algo estava errado. Lembra que uma parte do exercito tentava avançar na direção em que Regis estava. Não teria sentido ataca-lo também, seria perda de tempo.

Fecha um dos punhos ao perceber tudo em sua volta. Aponta a espada para Vegas.

– O que querem com o Regis? - Pergunta como se fosse matar com as palavras.

– Dona Cazeaje não deu detalhes. Nossas ordens são prender ele, e se possível, você também.

Lembra de Regis falando que tinha algumas pessoas o seguindo ultimamente, o que não era coincidência. Tinha se esquecido que o haro conseguia se esconder melhor que o ruivo, nem mesmo o Conselho poderia acha-lo. Mas Gerard não, Gerard chamava atenção demais, falava demais. Deve ter sido descuidado ao ter marcado um encontro com Regis; Ou Cazeaje podia muito bem prever seus passos.

Tudo aquilo, todas aquelas pessoas mortas não foram para prendê-lo, apenas para Regis. As únicas questões que ficavam eram: Como ela soube de Regis e o que ela queria dele?

– Lass. - Murmura para si. - Provavelmente.

O trincado do gelo se quebrando o despertar. Vegas aproveita sua distração e quebra a camada gelada em seu corpo. Mira seu martelo no ruivo, mas ele consegue ser mais rápido mesmo atrasado. O rapaz se agachou e deixou a marreta passar reto, então avançou com a espada já preparada para atingi-la.

Foi tudo tão rápido que nem sentiu a dor da lâmina passando por seu braço e o decepando. O martelo voa e cai pesadamente no chão, com sua mão ainda o segurando. A ruiva vai tentar reagir mas uma força maior a dispara contra o solo. Seu corpo fica pesado de forma anormal, como se toda gravidade estivesse sobre ela. Tudo que conseguia era olhar para Gerard à sua frente.

– Pegarei isso emprestado. - Avisa ele ao se aproximar do martelo. - Com licença.

Enfiou a espada no chão, deixando de pé no lugar. Com cuidado, soltou a mão do cabo do martelo, erguendo o braço decepado. Tocou naquele bracelete preso ao pulso, ouvindo um fino chiado.

– Esperava mais de você, Cazeaje. - Diz, debochado. - Sinceramente, me usar dessa forma... Sinto como se tivesse sido abusado sexualmente, se bem que eu nunca fui. Ufa. Enfim, da próxima vez que tentar isso, será a cabeça da sua capitã que será decepada. - Um silêncio na chamada. Ele ri. - Pare de fingir que não está ouvindo, sua cretina. Diga algo.

Barulho de um suspiro baixo. Demora alguns minutos até que a chamada é respondida.

– Você sempre me surpreende, Gerard. - Cazeaje não parece abalada, pelo contrário, superior como sempre foi. - Nem irei perguntar como você soube, mesmo que me deixe um pouco curiosa.

– Sempre adorável, não é mesmo? Abra logo o jogo, mostre o que está sentindo.

– Ora, meu caro Gerard, estou sentindo nada. Se você acha que eu perdi o jogo, você está enganado. Eu tenho o Lass nas minhas mãos, diferente de você, que tem nada.

– Se você tem o Lass, o que quer com o Regis? - Fica sério. - E como descobriu que ele era o pai dele?

– Sua querida ruivinha me fez o favor de descobrir. - Ela rir graciosamente. - Uma pena não ter a deixado ir até aí, arranca sua cabeça fora.

– Cuidado, Cazeaje, você não sabe com o que está mexendo. Elesis ainda vai fazer você lamber o chão que anda.

– É o que veremos. - Um tom misterioso. - Bem, como nenhum dos meus cavaleiros te agradou, espero que me sobrinho o satisfaça.

Gerard ergue uma sobrancelha, ao mesmo tempo, pega no cabo da espada. Olha rapidamente para os lados, vendo nada além de corpos caídos.

Entre as pilhas dos soldados caídos, algo se move neles. Gerard percebe tarde demais alguém se levantando em meio aos corpos, dando tempo apenas de segurar a espada com firmeza. Sente um punho gingante o atingir, sorte usar a espada como escudo. Voou, mas caindo de pé, arrastando a sola do sapato até parar. Tirou a espada da frente, dando visto para o que o atingiu.

– Faz tempo desde que eu vi um desse. - Comenta baixo.

Durante o ataque, o braço que segurava foi largado. Tinha perdido o contato com Cazeaje, gostaria de falar para ela o quão impressionado estava ao ver aquela criatura. Um ser espiritual, o triplo do seu tamanho, usando uma armadura que parecia flutuar em seu corpo apagado. Em uma de suas mãos, uma grande espada era segurada. Todo o ser era azul, quase lembrando a cor das chamas de Lass, porém não tendo nem a metade do poder delas.

Embaixo do ser, Ronan também segurava uma espada em mãos. Sua roupa estava manchada pelo o sangue dos soldados mortos, onde esteve escondido o tempo todo.

– Finalmente nos conhecemos, - Levanta o rosto, mostrando seus olhos estranhamente azulados, como o ser. - Gerard.

– Você é... - Olha surpreso ao lembrar. - Era o pequeno príncipe que brincava com a Elesis quando pequenos. Nunca tive a chance de me apresentar a você, Ronan Erudon.

O rapaz parece se incomodar quando ouve o nome da ruiva ser dito pelo o ruivo. Aperta firme a espada, então estica a outra mão para frente. Um selo mágico é criando sob seus pés, chegando até onde Gerard estava.

– Não posso dizer que tenho o mesmo prazer de te conhecer, Gerard.

Fecha o punho. Espadas espirituais saem do chão, como uma enorme armadilha. Gerard consegue saltar a tempo de não ser pego. Só não contava pelo o grande espírito avançar contra ele, o acertando com o punho em cheio. O ruivo foi arremessado contra o solo, rolando até que finalmente parasse.

– Eu não esperava por essa. - Rir de si mesmo.

Apoia com a mão no chão, levantando-se sem pressa para a situação. Para no meio do processo, encarando o solo com um sorriso estranho no rosto, um sorriso forçado. Morde o próprio lábio, fechando os olhos por um momento. Volta a ficar sentado, dessa vez pondo a mão em seu ombro.

– Agora não, agora não. - Pensa enquanto sentia uma enorme dor no ombro ferido.

Volta a atenção para Ronan ao sentir o rapaz avançar contra ele. Levantou bruscamente, pegando a espada com apenas um braço. O azulado fez um corte no ar, arremessando sua mana azul contra o rapaz. Conseguiu se defender, porém com dificuldade quando se usar apenas uma mão para isso.

Outra vez, o ser mágico aparece ao seu lado sem ele notar. Em vez de um soco, usa sua espada contra o ruivo. Os pés de Gerard se arrastam no chão ao ser atingido daquela forma. Quando estava preparado para finalmente atacar, o ser não deixa. Uma sequência absurda de socos é feita sobre Gerard, afundando o chão onde era atingido, junto com o mesmo.

Quando para e a poeira se dissipa, o ruivo estava encolhido atrás da sua grande espada. Fica de pé, usando a lâmina como apoio. Seu ombro parecia piorar cada vez mais.

– A espada! - Grita Ronan.

A arma de Gerard é pega pela lâmina pelo o espírito. O ruivo não solta de jeito algum, mesmo quando não sente mais o chão sob seus pés ao ser erguido pela a espada. Daquele jeito, sente a criatura te encarar.

– Por que não está levando a sério essa luta, Gerard? - Questiona Ronan lá embaixo. - Vi os estragos que você fez no Lass e na Elesis, sei do que eles são capazes. Mas vendo agora, você não é tão forte quanto parece.

– Qual é, garoto! Manda seu bichinho solta minha espada e eu te mostro do que eu sou capaz. - Dizia sorridente, escondendo perfeitamente a dor em seu ombro. Azar o dele estar segurando o cabo da arma pelo o mesmo braço em que seu ombro está ruim. - Além do mais, se eu levar a sério essa luta, vou acabar te matando. Não será nada legal matar o amigo da minha ruivinha.

Ronan parece incomodado quando o ruivo diz isso. Gerard analisa sua expressão, percebendo que o incomodava era a palavra "amigo".

– Sinto como se tivesse errado em algo. Não são amigos? - Volta a analisar a expressão séria do azulado. Finalmente nota o que tanto Ronan queria esconder. - Ah, entendi. Eu apostava no Lass.

– Mate-o. - Ordena para o espírito.

A criatura o ergue mais ainda, enquanto a outra mão preparava para atingi-lo com a espada. Gerard não se desespera, olha para sua espada e tenta puxar a arma, uma tentativa tola de soltá-la da mão do espírito. Outra vez, sente o cabo parecer solto na lâmina. Porém, não reclamou como da outra vez, ergueu a sobrancelha ao notar algo.

Volta a sorrir.

– Arthur, eu te amo! - Exclama de repente.

Em um rápido movimento, faz o cabo girar como uma chave, então o corpo de Gerard cai no chão. O peso de sua espada diminui pela metade, ele percebe.

– Uma espada dentro de outra. Esse garoto se supera a cada dia. - Diz o ruivo.

Dentro da grande lâmina havia uma espada por dentro, como se ela tivesse dentro de um poderoso escudo. Quando o cabo da arma era girado, a espada mais leve era solta. Tudo que o espírito segurava agora era apenas a pesada lâmina solta.

Quando chegou no chão e murmurou aquilo, avançou contra Ronan em seguida. O azulado tenta acompanhar para se defender, mas Gerard era mais rápido, mesmo com um braço. Sua velocidade aumenta tanto sem o peso da outra lâmina que some diante dos olhos do rapaz.

Cortes são feitos em seu corpo sem que conseguisse acompanhar. Ronan tenta outra vez usar sua mana, mas é impedido quando as chamas vermelhas começam a queima-lo. Tinha se esquecido que o ruivo tinha as mesmas chamas que Elesis.

Antes que fosse jogado no chão, Gerard rebate em sua espada com tanta força que ela voa, então acerta um soco coberto por chamas na cara do garoto. Ronan caí ainda consciente.

– Agora só falta você. - Menciona Gerard ao se virar correndo para o espírito.

A criatura atacou com a espada, sendo apenas o chão acertando quando o ruivo se esquiva e dá um grande salto. Chegou na altura do ser, então ergueu sua espada e fez um corte até que voltasse ao chão. Por onde passou a lâmina um corte foi feito no corpo do espírito, o partindo em dois. Ele sumiu quando as duas partes se separaram.

Gerard consegue abrir um sorriso mesmo estando um pouco cansado. Apoiou sua mão no ombro, percebendo que ele piorava a cada esforço que fazia.

Quando recuperou sua respiração, virou-se para ir até Ronan. Recua um passo durante o caminho, fazendo de tudo para ficar de pé. Bate com a mão na cabeça quando uma dor insuportável o atingi naquele lugar. Sua visão estremece por alguns segundos, o suor gelado passa por sua testa. Que sensação era aquela? Parece que tudo em sua volta mudou drasticamente.

– O que foi isso? - Pensa quando a dor some repentinamente. - Será algum tipo de truque da Cazeaje?

O grito de Ronan o tira dos pensamentos. O rapaz põe a mão na cabeça, tendo a mesma dor que Gerard teve. Quando sua cabeça volta ao normal ele olha para a própria mão, então em volta um pouco confuso. O ruivo apenas o observava.

– É melhor explicar o que foi isso. - Exigi Gerard.

– O quê? - Ronan ainda está confuso. Fica de pé, um pouco tonto.

– Parece que você só fala com provocação, né? Então vamos lá! - Gerard anda até ele. - Que tal falar do Lass? Você não parece gostar muito dele.

– Lass? - A expressão não se altera, mas ergue uma sobrancelha ao ouvir o nome do ninja. - De quem você tá falando?

Os passos do ruivo param. Olha para o rapaz como se ele tivesse brincando com aquela pergunta. Gerard chega a revira os olhos.

– Você tá de brincadeira? Estava falando dele até agora!

Ronan balança a cabeça em negação. Andou até sua espada jogada no gramado, assim a pegando e voltando a olhar sério para o ruivo. Parece que ainda não tinha desistido de lutar contra o mesmo.

– Gerard, eu não sei do que você tá falando, mas se isso é algum truque para me derrotar, não vou cair. - Posiciona a arma em combate.

Sem perceber, soltou uma risada, sem conseguir acreditar no que ouvia. Não lembrava que Ronan tinha problema de memória ou algo do tipo. Mas não ficou pensando nisso, volta a segurar sua espada com firmeza.

Um grande selo é criado atrás de Ronan, da mesma cor de sempre, azul. Quando ele aponta sua espada para frente, lâmina espirituais saem voando na direção de Gerard. O ruivo esperou até uma certa distância e começou a se mover. Esquivou das espadas como uma dança, então usou uma delas para saltar contra Ronan. Como esperava, ele o recebe com um ataque com sua espada.

O garoto solta um estalo pela a língua quando sua lâmina passa direto, por Gerard ter sumido de sua frente. O azulado não para, se virou a tempo de ver a grande lâmina voar em direção ao seu pescoço. Só conseguiu arregalar os olhos antes de tudo ficar escuro.

***

Achou que sua luta seria apenas enfrentar aquela garota loira, porém foi pego de surpresa quando alguns soldados tentaram o prender, e não mata-lo. Regis deu um jeito em tudo, como sempre fez. Enfrentar Berkas era mais difícil, pensou ele.

Chegou no campo onde viu milhares de corpos jogados no chão. Enquanto passava por eles, notou que alguns estavam mortos, outros vivos. Parece que Gerard não conseguiu salvar todos.

– Você se supera cada vez mais. - Elogia Regis ao chegar perto do ruivo.

Gerard estava de pé enquanto sua expressão mostrava estar pensativo. Sua espada tinha voltado para dentro da outra grande lâmina, voltando a ficar pesada como sempre foi.

– Algo está errado. - Diz Gerard.

– É, eu sei. Cazeaje quer me prender, sei lá por qual motivo.

– É por causa do Lass. Ela quer te usar de alguma forma, com certeza.

O silêncio do haro o incomoda. Quando o olha, Regis parecia não entender o que ele acabou de dizer.

– Do que você tá falando?

– Do Lass! - Sacode os braços. - Vai dizer que não lembra dele também?

A seriedade na face do rapaz é quebrada por uma risada. Sentia como se Gerard estivesse contando uma piada.

– Gerard, de quem você tá falando? Lass? Quem é esse cara?

Não diz nada, fica congelado ao ouvir aquilo. Regis não brincava, ele nunca tem humor para brincar, e aquele momento não era diferente. Não fazia sentido, quanto mais pensava, mais estranho a situação ficava.

Seu olhar abaixa para o corpo jogado no chão. Ronan estava inconsciente pela magia que Gerard acertou nele. Não havia necessidade em matar aquele garoto. Lembra também do estado do mesmo, de quando falou do Lass para ele. Não se lembrava como Regis.

– É melhor você ir embora, Regis. - Sugere Gerard. - Fique escondido até lá.

– O que você vai fazer agora?

O ruivo se agacha e segura o pulso de Ronan, puxando o corpo do mesmo ao ficar de pé.

– Eu vou fazer uma visita a um certo alguém. - Sua voz fica pesada como seu olhar, afiado como uma faca. - Se encontrar um garoto loiro, diga a ele que eu volto em breve.

– Tá, mas e quanto a is... - Olha para o lado e ver a pilha de corpos. Quando volta a atenção para Gerard, ele tem sumido. - Odeio quando você faz isso.

O haro sai lentamente daquele campo, fazendo o que o ruivo o disse para fazer. Não tinha a mínima ideia do que Cazeaje queria com ele, tirando alguns crimes que ele cometeu. Mas ele era um haro, seres de Hades, seus crimes só deviam ser julgados pelos juízes de lá, não do povo de Ernas.

Apoia a mão na cabeça quando lembra de Gerard falando de Lass. Não sabia mesmo de quem ele falava, tudo que o mais incomodava era a dor de cabeça que sentiu alguns minutos atrás.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Review?
* Acho que com esse capítulo de hoje, muitos vão ficar em dúvida sobre o Gerard. Esse era o meu objetivo:
* Sei que vocês estão com uma cara de WTF com a cena do Regis e do Ronan perguntando quem era o Lass... Bem, isso será explicado no próximo capítulo, então prepara tudo porque vem treta forte por aí.
* Todos já perceberam o plano da Cazeaje, né? Espero que sim ^-^
* Próximo capítulo a Elesis volta como protagonista, relaxem. Ora, no Naruto, ele desaparece de vez em quando... Ai tinha que ser só Shippuden mesmo hehe
* Uma coisa que ficou bem presente nesse capítulo foi a relação do Arthur e do Gerard, que é algo muito importante pra mim. ELES NÃO SÃO GAY, para as fujoshi de plantão!
* Algo que pareceu bem visível foi o problema que o Gerard tem no ombro. Ele tem isso há muito tempo, quando a Elesis era criança ainda. Mas esse parece não ser o único problema dele, certo? Nosso querido vilão não está mais lutando no 100%, isso inclui desde a luta dele contra a Elesis e o Lass.