Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 89
Um pesadelo qualquer


Notas iniciais do capítulo

Oláhhh a todos! Muitos devem querer o que acontece nesse capítulo, né? Bem, não é muita coisa legal, isso eu garanto :3 Enfim, chegamos ao capítulo 90! Ebaaaaa! Só falta 10 capítulos para o 100, quer será legal... Eu acho hehe Então, pessoal, vamos chegar aos 700 capítulos! Também aos 100 favorites ou 20 recomendações. Bora levantar essa fic, certo? CERTO
Capa: Elesis e Sieghart (Dãh!)
Boa Leitura!



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Diante daquele tempo gelado, tudo que ela conseguia sentir era calor. Nem usava um agasalho tão quente assim para se sentir desse jeito. Ela não se importava, não queria saber de onde vinha aquilo. Ela temia.

Seu peito estava cheio de emoções pesadas, tão negativas que nem ela mesma aguentava. Queria se mover para os lados em agonia, mas não conseguia. Seu corpo não se move, ela fica mais desesperada. Tentava respirar calmamente para se acalmar, só que era impossível. Ela não respirava.

Então seu corpo esquentava cada vez mais, sentindo como se sua pele queimasse. Não conseguia gritar de dor. Tudo que conseguia era olhar para o céu nublado sobre ela. Os pingos de chuva batiam contra seu rosto, evaporando ao encostar na pele quente. E a cada momento que se passava naquela agonia, mais sentia os movimentos de seu corpo. Com isso, a dor veio. Sua perna estava quebrada, ela sentia, seu ombro deslocado, sem falar de todos os outros ferimentos graves.

Não queria sentir seu corpo mais.

Alguém chama seu nome. Suas lágrimas pararam de escorrer ao ouvir. Não reconhecia de quem era. A voz distorcida a chama novamente.

– eLeSIs. - A chama novamente.

Moveu sua cabeça para o lado, embora isso precisasse de esforço. A floresta estava quieta, silenciosa, com apenas o barulho da chuva bater contra as folhas. Percebeu também algo vermelho em volta de sua cabeça. Era seu cabelo ruivo, fica aliviada ao notar.

Precisava se mover, tinha que sair dali. Tomou fôlego antes de virar o corpo de lado, soltando um grito ao completar. Não soube de onde veio essa dor, apenas reagiu a ela. Seus olhos fecharam para recuperar a respiração ofegante. Seu ombro deslocado estava para o alto, ao menos isso.

O calor de seu corpo abaixa, sendo substituído por outro, mais confortável. Era agradável aquela temperatura ao seu lado, como se tivesse a abraçando. Seu queixo começa a tremer quando sentiu o frio da chuva sobre ela, mas não se preocupava, havia um calor para protegê-la.

– Elesis.

Então a voz se tornou agradável, delicada e gentil. Não sabia se tinha sorrido ao ouvir ser chamada, mas não ficaria surpresa se sim. Um braço pousou sobre seu corpo, a puxando para perto de seu peito. Estava sendo abraçada e ela não negou isso, estava gostando. Se acomodou contra o peito da pessoa, sentido-se mais aquecida. Suas dores não doíam tanto quanto agora.

– Tudo bem? - A pessoa pergunta.

Ela nega.

– Mas você não pode ficar aqui. Vai pegar um resfriado.

Como se esse fosse o maior problema.

– Levante e vá procurar seus amigos. Eles estão muito preocupados.

Queria dizer que não queria ir, preferia ficar ali, com ele. Sua presença a deixava melhor, fazendo suas feridas sumirem.

– Não vou ficar muito tempo. - A mão da pessoa que estava apoiada nas costas da garota se levanta e vai até seus cabelos ruivos. Acariciou gentilmente. - Só estou aqui para te deixar acordada.

Se encolheu em negação. Não queria ficar sozinha, não sabia o que fazer. Tudo em sua volta a assustava.

– Você não está sozinha. Eu vou embora, mas estarei do seu lado, entendeu? - Ela nega outra vez. - Não seja assim. Você vai ficar bem, irei a proteger se algo acontecer.

O calor começava a diminuir. Lentamente, abri os olhos, enxergando apenas o peito da pessoa. Ele estava calmo, sua respiração quase não dava para ser percebida. Mesmo exausta, ela levantou o rosto.

Ele sorria. Lass sorria gentilmente. Ele estava tão bonito, seus olhos azuis era o que mais chamava a atenção. Nunca tinha percebido tanta beleza no rapaz quanto agora, esteve tão distraída por todos esses anos para nunca tivesse visto? Seu rosto próximo com o dela a faria se envergonhar, mas não ficou, apenas sorriu agradecida.

Aproximou até sua ponta do nariz encostar no queixo do rapaz. Cheirava bem, era um aroma delicioso de se sentir. Podia estar chovendo, mas isso não impedia de continuar com aquele cheiro. Ela quis se aproximar mais, querendo encostar em seu pescoço.

Lass recua. Olha confusa para ele, que volta a se aproximar. Não voltou a cheira-lo, mas o olhava em silêncio. Era uma visão relaxada que estava tendo.

– Tenho que ir. Você vai ficar bem, tenho certeza.

O rapaz aproxima o rosto, dando um beijo delicado na testa da garota. Olha para ele um pouco sem jeito. Mas isso não impediu que suas mãos se movessem. Pousaram no rosto quente do rapaz, assim se aproximando dele.

Uma mão parou sobre seus lábios, impedindo que ela os tocassem nos de Lass. O rapaz abaixou a mão, sorrindo torto.

– Desculpa, não sou eu quem você deve fazer isso. - Ele disse.

Então ele sumiu. Suas dores voltaram como um soco. O sentimento de solidão a consumiu, sua visão foi se apagando aos poucos.

Logo ela voltava a ficar inconsciente.

***

Seu coração batia lentamente, tão tranquilo após uma situação daquelas. Seu corpo doía em alguns lugares, sentindo suas feridas latejarem, como sua cabeça. Aquela sensação de agitação dentro de si tinha parado, finalmente. Elas estão calmas agora.

Algo quente escorre por seu olho. Fez cócegas, assim o fazendo se virar para o lado. Passou a mão, sentido-a molhar um pouco. Seus olhos se abriram ao estranhar aquilo. A luz do cômodo invadiu sua visão, sendo fechada novamente por alguns segundos. Logo se acostumou.

Era uma quarto, estava em um, que nem ao menos reconhecia. Achou que tinha esquecido como era seu quarto, mas estava enganado, aquele lugar era desconhecido. A cama em que deitava era grande, tão confortável que fazia suas feridas relaxarem sobre ela. Tudo parecia calmo, até que algo o chamou a atenção.

Jin dormia em uma poltrona, tendo que encolher as pernas para couber ali. A mão do lutador estava apoiada no próprio ombro, o apertando e fazendo careta, como se sentisse dor ali. Não demora para perceber que era o mesmo ombro queimado pelas as chamas. Desviou o olhar, não querendo pensar nisso.

– Lass. - A voz sonolenta do ruivo o chama. Se vira para ele novamente, agora vendo o mesmo passar a mão nos olhos. - Já acordou?

O ninja permanece em silêncio. Quando a mão de Jin abaixa, mostra os olhos vermelhos do rapaz. Não parecia ter sido uma noite ruim de noite.

– Por que tá chorando? - Pergunta ao perceber as lágrimas secas nos olhos do mesmo.

– Hã? - Ele olha confuso. Passou a mão nos olhos, vendo que era verdade. Fica envergonhado e tira a expressão triste rapidamente. - Eu não tava chorando! Só dormindo. Aliás, - Olha bem para Lass. - você parecia agoniado enquanto dormia.

– Sério? - Fita o teto, juntando as sobrancelhas, pensativo. - Acho que tive um pesadelo. Mas não lembro.

Jin assente. Olha para o ombro ainda doendo, sem tirar a mão dele.

– Tudo bem com o ombro? - Lass pergunta sem o olhar. - Parece estar o incomodando.

– Tá doendo, nada de mais. - Tira a mão lentamente. - Quando fui buscar ajuda para você, meu ombro começou a queimar por dentro. Agora não doe tanto.

Lass enfia o rosto de lado no travesseiro fofinho. Segura a ponta do lençol e o cobre mais ainda, como se tivesse agoniado com tudo.

– O que aconteceu? - Pergunta, finalmente.

– Após você ter desmaiado? Bem, Grandiel e Astaroth chegaram e se assustaram com o seu estado. Grandiel o curou o mais rápido que podia, logo o tirando do colégio, para longe de todos. Eles achavam que você pudesse... Sabe, perder o controle das chamas. - Espera o ninja dizer algo, mas ele não fala. - Me pediram para vigiar você, caso volte a ter aquele ataque novamente.

– Onde estou?

– No apartamento do Astaroth. No quarto dele, na verdade. - Lass continua em silêncio, sem expressar nenhuma surpresa. Jin sente-se incomodado em perguntar. - O que foi que aconteceu com você? Foi a Edel que fez isso com você?

Ele nega.

– Acho que foram as chamas. - Jin olha assustado. - Mas elas não fizeram aquilo para me ferir, quer dizer, não foi proposital. Elas estavam sendo feridas.

– Como assim?

– Eu não sei. Era como um aviso. - Olha para o nada por um tempo. Se senta na cama bruscamente, assustando até o ruivo. - Algo aconteceu.

– É, você quase morreu.

– Não comigo! - Diz nervoso. - Aconteceu com outro pessoa.

Lass fica pensativo, ignorando o fato de seus machucados estarem doendo naquela posição.

– Lass. - Jin o chama. Ele atende com um resmungo. - Por que você falou da Elesis quando caiu no chão?

O ninja olha surpreso para ele. Tinha esquecido disso, de uma coisa tão incomum que aconteceu com ele naquele momento. Seus pelos arrepiaram ao sentir algo ruim passar por seu corpo.

Foi falar, mas é impedido. O barulho da porta se fecha no fundo do apartamento o chamando a atenção. Logo Astaroth entra no quarto, sem ter Grandiel como companhia. O diretor devia estar resolvendo algum problema.

– Astaroth, eu... - O ninja não completa a frase.

O professor aproxima violentamente. Lass é recebido por um soco no rosto, o jogando contra a cama. Jin se assusta, levantando da poltrona para fazer algo. Mas ele apenas olha a cena em silêncio.

– Você ficou maluco?! - Grita o professor. - É melhor dizer que sim, porque o que você fez, só maluco faz! Responda, Lass.

– Eu não sei o que dizer. - Diz com o rosto virado ainda de lado. Não olhava para o rapaz. - Só estava cansado.

– De quê? Da vida ou da Edel? O que você fez é burrice! Atacar aquela garota é o mesmo de fazer com Cazeaje. - Aperta o punho. - Torça para Cazeaje não ficar sabendo disso.

– Ela vai. Edel irá contar de um jeito ou de outro.

– Você tá contando com isso, não é? Está louco para ser um soldadinho de Cazeaje.

Lass o olha, mas não sério pela a ofensa. Perto de Astaroth ou Grandiel, ele age obediente. Nunca irá contra pelo o que eles dizem.

– Sem falar de você ter quase perdido o controle das chamas. Outra vez. Quer me explica isso?

– Não era nada, eu juro! - Põe a mão no peito, tendo certeza se elas estavam mesmo calmas. - Sempre ficaram assim, agitadas. E o que aconteceu, não foi minha culpa.

– Não? Você tem certeza? Deve ter batido com muita força a cabeça no chão ao cair! - Aperta forte o ombro do ninja, olhando seriamente para ele. - Você não é mais criança, Lass! Assuma suas responsabilidades, entendeu?

O ninja quis se encolher nos próprios ombros quando é tocado. Astaroth podia ser o mais idiota que conhecia, mas quando ele ficava sério, era assustador. Não tinha intenção de deixa-lo furioso, nunca teve. Portanto, assentiu de olhar baixo.

– Desculpa. - Pede. - Não vai acontecer novamente.

– É bom mesmo. Temos problemas maiores para resolver do que ficar tomando conta de você.

O professor se afastou, ainda pretendo dizer algo. É impedido quando ouve o barulho de seu celular tocar. Atendeu com nervosismo, mas logo se acalmando ao perceber quem era.

– Aconteceu algo? Diga logo, não estou com muito tempo.

Lass passa a mão em sua cabeça, notando uma faixa em volta dela. Estava daquele jeito por causa do raspão da bala que tomou na testa, graças ao seu irmão. O resto de seu corpo estava melhor, apenas alguns curativos em alguns lugares. Esperava que Edel estivesse pior.

– O quê? - A voz de Astaroth parece surpresa. Lass e Jin o olham. - Você tem certeza? Hum, entendo. - Aperta uma parte do nariz, pensativo. Suspira. - Não a deixem fugir, isso é mais importante. Vejam isso depois, entendeu? Que bom.

Astaroth diz mais uma coisa antes de desligar. Ele ficou em silêncio, de olhar abaixado. Suas mãos ficaram apoiada na cintura.

– O que foi, Astaroth? - Jin pergunta.

– Um imprevisto na missão. - Levanta o olhar. - Eléo sofreu um terrível acidente.

– O quê?! - Lass exclama com os olhos arregalados. Jin parece paralisado, sem conseguir respirar naturalmente. - Como assim?

– Eu não sei muito bem, mas parece que ele pode está... Morto. Dio não deu detalhes, disse apenas que ele foi atingido e separado dele. - Deu de ombros. - Tenho que ir falar isso para Grandiel. - Aponta para o ninja. - Fique aqui, ainda não terminei nossa conversa.

Ouve o barulho da porta sendo fechada outra vez. O silêncio do cômodo aparece novamente, agora o incomodando. Jin não fala nada, olhava fixamente para o nada. Lentamente, o ruivo se senta na poltrona.

– Elesis...

– Não, ela não está! - Lass grita em imediato. - Não é certeza, Astaroth disse. Ela está bem.

– E se não tiver?! - Se levanta novamente. - Você mesmo sentiu isso, Lass. E não diga que isso que você sentiu não foi por causa dela, porque foi sim!

– Não tem nada a ver! - Fala irritado. - Isso que eu senti foi... Não foi por causa dela!

– Então pelo o que foi? - Aperta o ombro ferido com força. Ainda continuava doer naquele local. - Até mesmo isso. Eu sinto que ela não está bem, mas quero acreditar que continua viva.

Lass mordeu o próprio lábio, sem saber no que dizer. Quase se deitou novamente e afundou o rosto contra o travesseiro, mas não fez isso, continuou a encarar Jin. O que ele falava era um absurdo, as dores que o ninja tinha sentido não podiam ser sido causadas pelo o acidente de Elesis. Mas fazia um certo sentido ao lembrar da espadachim antes de apagar.

Balançou a cabeça.

– Ela está bem. - Persisti. - Elesis não morreria por qualquer coisa. O que eu senti não tem ligação com ela, mesmo que tivesse, eu não poderia fazer nada.

O ruivo olha indignado. Sua expressão dizia raiva, mas ele só estava triste pela a notícia que recebeu.

– Não ache que serei eu quem dirá a verdade quando ela for descoberta morta. - O lutador fala áspero. - Porque isso não foi minha culpa! - Sai do quarto, mas parando na porta. - Vou buscar algo pra você comer. Já volto. - Era meio verdade. Porém, o ruivo só queria não ser visto chorando.

Lass volta para o silêncio. O quarto está vazio dessa vez. Era para se sentir contente pela a tranquilidade do local, mas não estava. Não conseguiria voltar a deitar ou dormir, sua mente está muito ocupada para isso. Queria achar que era outra brincadeira de Astaroth, só que não conseguia.

O sonho que teve é relembrado em partes. Lembra de ver os cabelos ruivos de Elesis espalhado pelo o chão, junto com seu sangue. Ela sofria, seus ferimentos eram muito graves. Depois, lembra de ser olhado por ela, assim a fazendo sorrir.

Tudo acaba aí.

Volta a apoiar a mão no peito, não sentindo nada como da outra vez. As chamas estavam quietas. Será que todas as vezes que sentiu elas agitas era por causa de Elesis, que ela estava em perigo ou algo do tipo? A garota é a dona das chamas, então há uma pequena ligação com ela. Todas as vezes que ela se sentiu nervosa, Lass estranhamente se sentia do mesmo jeito, ou quando ela estava muito irritada, o ninja também ficava. Tudo isso tem acontecido após a conhecer, como se tivesse engrossado esse fio de ligação mais ainda.

Agora que pensava assim, sentia-se agoniado no peito. Apertou a camisa, querendo que aquilo parasse. Será que Elesis se sentia do mesmo jeito?

***

Após terminar a ligação, soltou um suspiro pelo o nariz. O asmodiano olha para o céu nublado, ainda vendo a chuva cair. Seu arrepiados cabelos estavam para baixo, mesmo usando suas asas para o proteger da água. Olha para o ouro lado e ver Sieghart, sentado em meio a chuva. Sua Soluna estava entre suas pernas, com o cabo apoiado no ombro. Seu rosto, abaixado, deixando os pingos do cabelo molhado caírem.

– Eu já contei para o Astaroth. - Diz Dio. Estava quieto o rapaz, não parecia tão abalado quanto devia, mas por dentro, sentia tão culpado por tudo que aconteceu. - Ir atrás da Gaia é mais importante.

Sieghart permanece de rosto abaixado. Parecia que nem tinha ouvido.

Os dois tinham atravessado para o outro lado da ponte após a queda de Elesis. Dio foi rápido ao se levantar e puxar Sieghart para fora da queda, que teria se continuasse parado como tinha ficado. Desde então, o asmodiano ligou para o professor para informar o que tinha acontecido. Ele não sabia mais o que fazer dali em diante.

– Não podemos ir atrás dele, Sieghart. - Falava aquilo para tentar trazer o rapaz de volta. - É uma queda muito grande, não temos como irmos para lá. E mesmo que façamos um caminho seguro, deixaremos Gaia conseguir o que quer.

Mais silêncio. A chuva emitia mais som que o moreno.

– Sei que está se culpando, culpando à Gaia, mas isso não vai adiantar. Temos que continuar.

– Eu quero mata-la. - Sussurra. Dio ouve. - Foi minha culpa, eu matei Eléo por causa dela.

– Não é culpa de ninguém. Se quer fazer algo para se redimir, levanta a bunda daí e vamos. Temos que terminar essa missão ainda.

As chamas roxas aparecem em volta do corpo de Sieghart. Elas aumentam e abaixam, mas não por causa da chuva, e sim pelo o rapaz mesmo. As emoções interferem no formato das chamas, portanto, Sieghart está mais instável que qualquer coisa ali.

– Olha, se o Eléo está vivo ou não, não tem como saber. - Dizia Dio, ainda tentando convencer o amigo. - Se ele estiver vivo, ele será forte o suficiente para continuar assim até nós o acharmos. Confie nele ou mim, pelo menos, desta vez.

As chamas se abaixam. Sieghart concorda com um balançar de cabeça. Levanta com um pouco de dificuldade por causa da Soluna sobre seu ombro. Sai andando na frente, arrastando a grande espada pelo o chão.

Dio ver o olhar sem vida de Sieghart quando ele passa por ele. Seus olhos prateados estavam sem brilhos, se tornando um cinza como o céu nublado. Seus espetados cabelos cobriam sua testa, o deixando mais melancólico ainda.

– Vamos. - Agora é Sieghart que chama. Sua voz séria deixa o asmodiano surpreso. - Temos uma missão para terminar.

***

O frio começou a tomar conta de seu corpo. O calor que tanto queimava sua pele anteriormente, não existi mais. Não sabia se ficava feliz ou não por isso, mas a sensação do frio incomodava do mesmo jeito. E com o tempo foi assim, ficando sem calor a cada momento.

Seus olhos se mexeram, então, lentamente, piscaram. Sua boca fez o mesmo, porém, quando o ar passa por entre seus lábios, só faltou se engasgar com o próprio oxigênio. Respirou freneticamente, deixando seu corpo se mover a cada inspiração e expiração. Após isso, suas dores voltaram com tudo. Abraçou o próprio corpo, sentindo mais dor ainda ao seu mover.

Elesis se virou para o lado, tossindo a saliva engasgada. Ao abrir os olhos, não tinha nada em sua volta, além da floresta vazia e molhada.

– O que... - Não termina, rugi de dor.

Seu corpo todo era uma mistura de dores, algumas maiores que as outras. Sem notar, chorava baixinho por não está aguentando. Antes era só seu punho e tornozelo, mas agora era tudo. Se esforçou para olhar para o próprio corpo, tentando ver de onde vinha todas as dores.

Uma das suas pernas estava exposta, com um grande queimadura na lateral da coxa. Parecia que a calça tinha rasgado ao ter raspado em algum lugar, no que resultou naquela ferida. Sua outra perna só estava com um corte profundo por debaixo do tecido. Seu ombro torcido não foi preciso olhar, ela sentia mais que tudo. O dedo do meio de uma das mãos estava partido para trás. Sentia também as costelas quebradas dentro do corpo, o que a impedia de se mover. Sem mencionar do tornozelo e pulso torcido, que tinha piorado por causa da queda.

Fechou a expressão, sentindo os hematomas que tinha na face. Tinha uma bola ao lado de seu olho, e com certeza estava inchado. Mas isso não era o que mais a incomodava. Com a mão trêmula, a ergueu. Fica aliviada ao ver que sua pele estava normal, sem uma mancha roxa ou algo do tipo. Lembrava bem pouco do que aconteceu antes de chegar ali, mas sabia que tinha sido atingida pelas as chamas roxas, e que foi deixada em sua pele aquelas enormes marcas. Até mesmo calor que elas causavam, ela lembrava.

– Mova-se, Elesis! Você está bem, é só alguns machucados. - Pensava.

Passou minutos até que ela tomasse coragem. Engoliu seco e se preparou. Sentou em um rápido movimento, mordendo o próprio lábio para segurar o grito de dor. As lágrimas desceram, mas pararam após um tempo.

Apoiou a mão sobre as costelas fraturadas, uma tentativa de segurá-las de algum jeito. Esperaria mais um tempo até que pudesse ficar de pé. Aproveitou esse tempo para olhar em volta, e para o alto. Via somente a sombra das rochas flutuantes sobre ela, de onde tinha caído. Era muito alto, mais do que esperava.

– Como eu estou viva? - Se pergunta. - Eu era para estar morta...

Então se lembra do sonho que teve. Sente o coração bater mais forte, seu rosto esquentar. O que tinha sido aquilo? Sonhou uma coisa totalmente aleatória, e com alguém que nem deveria estar lá. Não sabia o que aquilo significava.

Começa a ficar nervosa com tudo. A queda que teve, as chamas que a atingiram era para deixa-la morta sem dúvida. Como estava ali, viva, embora quebrada. Nada fazia sentido. Sua respiração fica ofegante com os pensamentos. Pôs a mão no peito, querendo se acalmar.

– O que aconteceu? - Se pergunta assustada.

A chuva em sua volta não a ajudava. Seu pequeno cabelo pingava de fio a fio. Tudo era tão estranho para naquele momento. Tudo que conseguia se lembrar era da queda, do estranho sonho que teve e de seu corpo ficar quente. Olha para suas pernas, lembrando que naquele sonho a tinha visto quebrada; Mas ela não está mais.

O dia já tinha escurecido. Elesis, agora, estava debaixo de uma árvore. Depois de tanto esforço, a espadachim se arrastou até ali embaixo. Não tinha conseguido ficar de pé, suas feridas nas pernas não a permitiram. Se encolheu nos próprios joelhos, tentando se aquecer dessa forma. Não tinha nenhuma fogueira para iluminar aquela escuridão em sua volta, a deixando com mais medo ainda.

Olha para as próprias mãos, vendo seu dedo quebrado. O segurou, respirando fundo antes de o colocar no lugar. Não conseguiu evitar o grito. Mexe todos os dedos, vendo-os bem.

– Ainda falta o ombro. - Murmura triste.

Olha para seu membro deslocado. Toda a dor que sentia vinha dele. Apoiou as costas na árvores atrás e se levantou. Rugia de dor até ficar de pé, ainda usando o tronco como apoio. Posicionou seu ombro contra a árvore, tomando cuidado para não escorregar. Contou mentalmente, com calma.

Jogou todo o corpo contra o tronco. Ouviu um barulho, sentiu uma dor enorme quando o ombro volta para o lugar e, assim, cai no chão. Sua expressão continuava fechada mesmo após a dor do ombro ter passado. Abriu os olhos devagar, se assustando ao ver algo sobre sua mão esticada no solo.

– Não, não! - Se senta rapidamente, esquecendo das dores.

Uma pequena chama roxa se mexia sobre a pele da espadachim. Ela começou a bater sobre em desespero, tentando a apagar. Não adiantava, o pequeno fogo continuava aceso.

Elesis ergue as sobrancelhas, encarando a chama.

– Não está queimando.

***

Seus ombros relaxaram quando seus olhos encontram o brilho que aquela cachoeira fazia. Gaia tem andado pro todo aquele caminho sem pausa, a noite toda, tendo os pés feridos. A pequena estava sem fôlego, agora usava aquele pequeno tempo para recupera-lo. Mas não perdeu muito tempo nisso, temia que os rapazes a alcançassem do mesmo jeito.

Correu até a ponta do lago, ficando mais próxima da cachoeira. No meio da água que caía, uma luz dourada brilhava. Lá estava, uma das essências que Xênia possuía, um poder quase equivalente a de um Deus. Seus pés feridos entraram na água morna, deixando a loira na altura das coxas dentro d'água. Teve dificuldade para andar até a cachoeira, se molhando a cada passo.

– Deixe-me te proteger, essência. Nenhum mal te alcançará enquanto estiver em minha posse. - Disse as palavras com confiança.

As raízes entraram na água, se erguendo ao lado de Gaia. Elas subiram, alcançaram a essência e contornaram nela. Saiu de dentro d'água uma esfera dourada, brilhante tanto quanto o sol. As raízes deixaram a esfera nas pequenas mãos da garota.

– Ninguém terá você. - Sussurra.

A esfera se desmancha, entrando no corpo da jovem. Não sentiu nada de diferente, apenas seus machucados se curarem com isso. Sai da água, não se importando com seu vestido molhado. Tudo que precisava fazer agora era ir embora o mais rápido que pudesse.

As raízes formaram uma parede ao seu lado, em seguida, uma explosão contra elas. Gaia não se assusta, só olha quieta para suas raízes queimadas se desmancharem, ficando pretas a cada segundo. Esperou a fumaça sumir até ver o responsável daquilo.

– Então vocês vieram. - Comenta sem surpresa.

Dio vem andando dessa vez, carregando sua foice de lado. Ao contrário dele, Sieghart vem caindo em sua direção. Gaia salta para trás, jogando suas raízes para frente. As chamas roxas vieram como uma onda, queimando e cortando todas as raízes que tinha pela a frente. Nada conseguia parar Sieghart no momento, o rapaz estava tomado pelas as próprias chamas.

Então seu corpo cai, uma das raízes o segura pelo o calcanhar e o arremessa o mais longo o possível. A terra se levantou pelo o impacto.

– Gaia, não viemos para negociar. - Dio avisa de onde estava. - Você tirou algo de nós, iremos fazer o mesmo com você. Então, seja legal, e desista. - Abri um sorriso, que assusta mais que agrada.

– Desculpe, Dio. - Falava séria. - Não foi minha intenção ferir seu amigo, mas vocês não me deixaram escolha. Fiz o necessário.

– Entendo. - Balança a cabeça. - Bem, peço desculpas também. - Joga os braços de lado, sem se importa. - Não poderei impedir o Sieghart de te destroçar.

Ao levantar uma sobrancelha, outra rajada roxa vem contra ela. Consegue se esquivar com a raiz que a puxa dali. Agora conseguia ver claramente o rapaz. Ele estava sério, com os olhos sombrios.

Sieghart enfia a ponta da espada no chão, em apoio. Do lado da grande lâmina, uma outra é retirada, porém tendo a metade do tamanho da original, parecendo até mais uma faca ao lado da Soluna. Sieghart estico as duas para o lado, lembrando até os queridos sabres de Elesis.

Avança outra vez. As raízes fazem o mesmo, em dobro dessa vez. Sieghart pula, girando com as lâminas em mãos. Pedaços, milhares deles voam para todo canto, ao mesmo tempo são queimados pelas as chamas. Gaia perde a respiração, sentia o rapaz se aproximar cada vez mais.

– Vocês não entendem! - Grita irritada. - Estou fazendo isso pelo o bem de Xênia!

– Roubando uma das essências dela? É claro que está fazendo algo bom. - Fala Dio sarcástico.

A garota trinca os dentes em irritação. O asmodiano não se movia de onde estava, assistia tudo sem preocupação. Ele tinha muita confiança em Sieghart para deixa-lo fazer aquilo sozinho.

Falando no rapaz, ele avança mais e mais. Gaia não sente outra escolha a não ser lutar. Fechou os punhos e avançou contra o moreno. Deu um grande salto, parecendo voar por sua leveza. Ao pousar no chão, as raízes saíram dele com força total, indo direto contra Sieghart. Ele lutou contra, conseguindo no começo, mas depois é contornado por milhares delas. Os ataques cessam.

A grande bola de raízes explode. Gaia põe os braços na frente para se defender dos pedaços que voavam. Sorte a dela ter outra raiz que ficou na sua frente à tempo de protegê-la. Ao abaixar as mãos, ver primeiramente as chamas roxas em cotorno, logo Sieghart no meio delas. O rapaz respirava ofegante, o sangue das feridas abertas manchava sua roupa. Um fio vermelho descia por sua testa, dando uma curva ao passar pelo o nariz.

Nesse momento, Gaia ouve passos. Quando olha em volta, Dio não está mais em seu lugar. Vira o rosto para trás em desespero, conseguindo ver apenas o roxo dos cabelos do asmodiano antes da dor agonizante. A ponta da foice perfurou suas costas, quase na coluna, então ela saiu rasgando tudo para o lado.

Dio pretendia atacar outra vez, mas as raízes não permitiram, o jogaram para trás. Gaia foi retirada, ficando mais longe dos rapazes. Pousou no chão de pé, apenas tendo uma expressão fechada pela a dor que sentia.

– Acham mesmo que isso é o suficiente para me impedir. - Fala sem preocupação. Tira a mão da ferida, mostrando-a se curar. Dio olha surpreso. - Não sabem mesmo com quem estão se metendo.

– Uma nanica que se acha muito. - Responde o asmodiano. - Mas é claro, a essência deu esse tipo de poder para você. Parece que teremos problema, Sieghart. - O moreno parecia nem ouvir.

– Respeitem os mais velhos, garotos. É melhor consertar esse linguajar antes que eu arranque de você.

– Mais velhos?

– Deuses são velhos, normalmente. - Balança os ombros.

Dio não expressa surpresa. Gaia era uma deusa, tudo bem até aí. Pelo o que sabia sobre deuses, era que eles são praticamente imortais e impossíveis de se matar. Mas ela é diferente, parece não ser uma deusa completa. Precisa da essência para ter os poderes.

Sorri. Ela pode morrer.

– Sieghart, vá na frente. Logo me junto a você.

Precisava nem avisar, o rapaz já andava em direção à loira. Esferas são criadas em sua volta, então suas espadas ganham forma. Todas elas se voltam para Gaia, avançando quando Sieghart faz o mesmo. As raízes que avançaram contra eram atingidas pelas as lâminas, servindo como degraus para o rapaz. Desviou, atacou e pulou tudo sem ser atingido. Ao se aproxima de Gaia, sua Soluna entrou em ação.

Dio continuou no seu lugar. Via os dois sumirem de sua visão com a luta que tinha. Sieghart era rápido, mas Gaia não ficava para trás. As chamas roxas voavam para o lado, queimando as raízes e o terreno inteiro.

O asmodiano olha para o céu nublado, ficando grato pela a chuva ter parado. Passou a noite tremendo de frio, mas ainda seguindo o caminho atrás de Gaia. Sieghart não queria parar de jeito nenhum. Agora o tempo estava mais calmo, o cheiro da grama molhada era sentida por toda parte pelo o rapaz.

Apesar disso, outro cheiro é sentido. As narinas do asmodiano se mexem. Sabia de onde vinha todos os cheiros que tinha naquele lugar; Sieghart fedia a sangue e a queimado no momento; Gaia a planta. Mas um cheiro humano era sentido de longe.

– Não tem ninguém nesse continente além da gente. - Pensa sério.

Até chutaria, dizendo que é o cheiro da Elesis, mas não era. A espadachim cheirava agradavelmente para um garoto, na visão do rapaz. Mas aquele aroma não era o dela, ele era azedo, podre e... Agradável? Dio se assusta. Era um cheiro familiar ao de Elesis, ou Eléo.

Se assusta outra vez. Era seu celular tocando. Quem ligaria em um momento daqueles?

– Como assim o Eléo morreu?! - Grita a voz do outro lado.

– Eh, quem fala? E por quê?

– Jin! É o Jin. Dio, explica o que está acontecendo?!

– Como que você soube disso, Jin? - Se afasta, tentando não ser acertado pela a luta de algum jeito.

– Como eu soube? Do que isso importa?! Meu amigo tá vivo ou não?!

O asmodiano recua a resposta, fica em silêncio durante esse tempo.

– Eu não sei. - Sente a responsabilidade pesar. - Eléo foi atingido pelas as chamas do Sieghart. Não quero dar esperanças falsas, mas ninguém consegue sobreviver a um ataque desses, Jin.

O ruivo demora para responder. Tanto ele quanto Dio estavam tensos pelo o que aconteceu.

– Se... Se vocês o acharem, pode me avisar, por favor? Só quero ser o primeiro a saber disso.

– Entendo. - Preparava para desligar, mas não consegue. - Me desculpe, pelo o que aconteceu. Era a primeira missão desse tipo dele, eu devia ter o ajudado mais. Não importa qual seja o final disso tudo, eu quero me responsabilizar.

– Não se culpe, Dio. – Jin solta um risada forçada. - Você não fez nada além do necessário. Eléo só um cabeça dura, sabe?

O asmodiano sacode a cabeça, como se o lutador tivesse visto.

– Me desculpe. - Pede outra vez.

– Tá tudo bem, já disse. Vou desligar, não quero atrapalhar a missão de vocês. Até!

– Até. - Se despede sem ânimo.

Guarda o aparelho no bolso, porém permanecendo com o olhar no chão. Ouvia o barulho da luta bem no fundo, o som das raízes se partindo e da pele de Sieghart sendo cortada. Tudo que ouvia era um incomodo, o mesmo valendo para o cheiro.

De quem era aquele aroma?!

***

Engoliu a saliva que se acumulava na sua boca, sentindo o sangue ir junto. Sieghart não aguentava mais, a luta tinha que acabar de um jeito ou de outro. Se passou meia hora, ou mais. Perdeu o sentido das coisas, o tempo era um deles. As dores em seu corpo estava dormente, tudo que sentia era o poder das chamas diminuindo. Tinha as usado demais, devia parar se quisesse viver; Mas é de Sieghart de quem falamos.

Dio tinha entrado na luta também. O asmodiano não estava no mesmo estado que o moreno se encontrava, mas ele estava um pouco cansado. Tinha usado mais da magia do que da foice, por isso do cansaço sem feridas.

Gaia tinha recebido tantos ataques de Sieghart que era para está morta. Porém, lá estava ela, de pé, cansada, mas ainda podendo lutar. Suas raízes pareciam infinitas, morriam algumas e vinha o dobro em seguida. Uma luta que nunca parecia acabar.

– Querem mesmo continuar com isso?! - Diz a garota. - Alguém será morto no final disso, e não será eu.

– Tem certeza? - Dio provoca. - Então vamos continuar isso, veremos quem morrerá de verdade. Sieghart. - Sorri.

Gaia olha rapidamente para o mesmo. Aquele pouco tempo de conversa era o suficiente para ele recuperar a força. O rapaz permanece em seu lugar, de rosto abaixado. Ao ouvir o nome, levanta com um largo sorriso.

– O que é isso? - A garota olha assustada.

Um dos olhos de Sieghart estava preto onde era branco, e roxo onde era prata. Uma faísca pisca ao lado desse olhar, assim ele some da vista da jovem.

Gaia não teve tempo de se proteger, sentiu seu corpo voar contra o chão, rolando violentamente. Foi se levantar e Sieghart passa por ela. Seu braço é cortado. Seu olhar é de desespero, mas não consegue ser expressado melhor quando é atingida outra vez. Voa para o alto, recebe um chute, quebrando suas costelas, a levando contra o chão novamente. Mesmo nesse estado, continua sendo atacada.

Sem perceber, estava de pé. Espadas voam contra seu corpo, passando direto por sua pele. Algo a segura pela a perna, a arrastando contra o chão em alta velocidade. É arremessada contra as árvores, as destruindo pelo o impacto. Tentou chamar suas raízes, mas não eram rápidas o suficiente para o trovão roxo. É atacada outra vez, sendo levado para o céu. Viu o raio novamente, sentindo os cortes se abrirem em seu corpo.

Dio olhava tudo seriamente, calculista. Aquele era o desperta de Sieghart, parecido com o da Elesis. No entanto, esse durava apenas alguns segundo, e no estado que o rapaz se encontrava, 10 segundos no máximo. Todos aqueles ataques feitos em Gaia aconteceram em menos de 5, ainda restava.

– Rápido, faça logo!

Então se passam 2 segundos. Gaia sente um enorme peso contra as costa, a jogando violentamente contra o solo, o partindo ao se chocar. Sieghart pousa sobre ela, quebrando algo na aterrissagem. Suas chamas o contornaram rapidamente, se acumulando ao máximo.

Um raio roxo sobe para o alto e se engrossa. A gravidade parece mudar de repente. O chão em sua volta se racha mais ainda, as árvores caem para trás. A onda de chamas vem por último, dando som à explosão ao local inteiro. Tudo parece ficar clara por alguns segundos.

Dio abri os olhos ao ver que tudo volta ao normal. À tempo, usou uma barreira em sua volta, que conseguiu o proteger. Se não tivesse feito aquilo, teria sido levado facilmente. Seu olhar se volta para Sieghart ajoelhado, enquanto Gaia estava ao lado, caída. O moreno parecia exausto, suas costas subiam e desciam freneticamente.

De repente, Gaia se levanta também. O asmodiano esperava por aquilo. Segura firme sua foice e avança.

A loira fica de pé com dificuldade, tendo mais ainda para se virar. Quando seus olhos encontram o do asmodiano, a lâmina da foice está em volta de sua cintura. Dio fez um rápido ataque, sentindo algo no caminho no começo, mas logo se partindo. Para de correr alguns passos à frente.

– Disse que seria você que iria morrer. - Resmunga cansado.

Se vira para olhar o resultado, ficando surpreso. O corpo de Gaia estava ali partido, mas não tinha sangue saindo. Lentamente, o corpo se torna verde, logo em raízes. O asmodiano olha irritado, em seguida para Sieghart.

– Tem certeza?

Gaia avançava contra o moreno, próxima o suficiente para mata-lo. Dio não conseguiria impedi-la, mesmo que tentasse. Tudo pareceu lento para ele, sentindo o peso da responsabilidade outra vez.

– Você não vai levar outro!

Demorou até ele perceber alguém ao lado de Gaia, com o punho erguido contra ela. O soco a atingiu diretamente no rosto, então sumiu após isso. O chão ao lado abriu em uma rachadura reta, pelo o mesmo lugar em que o corpo da garota passou voando. Não soube onde parou, provavelmente na árvore que caiu ao ser atingida.

Dio relaxa os músculos, sem reação. Consegue tirar os olhos de onde Gaia foi parar para a pessoa que a atingiu.

– Desculpe o... Atraso! Me perdi no caminho! - Elesis fala o mais alto que pôde, embora sua respiração exausta tivesse a impedido.

A garota estava com os olhos fechados, escondendo o berserk que usava. Por isso conseguia ficar de pé, ter atacado ou não estar reclamando dos terríveis machucados, pois usava seu despertar para aguentar tudo isso.

– Eléo... - É tudo que Dio consegue dizer.

A espadachim diminui o berserk, assim podendo abrir os olhos sem que desconfiem. Olha para o asmodiano, abrindo um sorriso manchado de sangue. Sabia quantas dúvidas ele tinha no momento, e não estava com vontade de responder todas.

– Estou bem, se é isso que quer saber. - Diz Elesis. - Não sei como, mas estou. - Era verdade, uma parte disso.

– Eléo! - Dessa vez, é Sieghart que chama. Olha para o rapaz ajoelhado ao seu lado, que estava com a expressão de espanto ao vê-la. Ele também não sabia como reagir.

– Perguntas para mais tarde. - Sai andando na direção que Gaia foi arremessada. Mancava, mas o berserk a ajudava a impedir isso. - É minha vez de lidar com ela.

– Eléo! - Dio chama. Tarde demais.

A espadachim volta com o berserk, então sai correndo em uma boa velocidade para seu estado. O asmodiano tentou ir atrás, mas ficou a olhando se distanciar. Não acreditava no que via, queria, só que não conseguia. Eléo estava morto para ele, tinha certeza. Vê-lo ali era algo absurdo para o asmodiano.

Ouve uma risada. Sieghart ria, só não gargalhava por causa dos ferimentos. O moreno trazia vida para seus olhos outra vez.

– O que está acontecendo? - O asmodiano questiona confuso.

Elesis usaria aquele pouco tempo que a restava para acabar com Gaia de vez. Sabia que ela estava bem ferida após os ataque de Sieghart, então qualquer coisa que ela recebesse, a levaria ao chão. Não tinha espada, usaria seus próprios punhos.

A loira se levantava do chão, tonta pelo o ataque. Se vira para frente e ver a fúria de Elesis sobre ela. O pé da espadachim é jogado contra seu rosto, a afundando no solo novamente. Tentou se mover, mas Elesis parecia uma estátua.

– Como você está vivo?! - Pergunta furiosa. - Eu o vi morrer!

– Não, você não viu. - Dizia áspera. - O que é irônico, porque eu vou vê-la morrer. Agora!

Segurou Gaia pelos os cabelos e arremessou para o centro do lugar. A garota se machucou ao se chocar contra o chão. Qualquer coisa que Elesis fazia tinha o berserk no meio.

Avança rapidamente, conseguindo chegar à tempo de acertar a garota de pé. Gaia tenta a atingir com seu único punho que resta, porém a espadachim o rebate com um soco no antebraço. Se ouve algo partir, em seguida o grito de dor da loira. Não terminando, Elesis acerta um chute na costela da jovem. Ela volta a rolar pelo o chão.

– Desgraçado! - Berra Gaia.

As raízes saem do solo, indo contra a espadachim. Ela não se desespera, deixa todas vim de uma só vez para se esquivar em um salto. Usou as próprias chamas para dá impulso, o que funcionou. Aterrissou perto de Gaia, já se preparando para acerta-la. A loira continuava no chão, se arrastando com o braço que a restava. Ela estava desesperada, sem forças, é claro que agiria daquele jeito.

– Fique longe, seu monstro! Não se aproxime.

Elesis olha de relance para Dio e Sieghart. Eles continuam do mesmo jeito, sem reação para tudo que acontecia. Pelo visto, eles não iriam interferir. Só restava alguns minutos para o berserk acabar, tinha que acabar logo com aquilo.

– Foi mal, mas tenho que fazer isso. - Fala Elesis. - Você deve partir para sempre.

– Não estou falando de você! - Ela gritava, mas de onde Dio e Sieghart estavam não dava para ser ouvido. - Estou falando dessa coisa dentro de você! O que é?!

Elesis para de se aproximar. Olha confusa para a garota. Ela estava desesperada não pela a espadachim, e sim pelo o que tinha dentro dela. Mas nem ela mesmo sabia o que era.

– Do que você tá falando?

– Você não sabe? Tem um monstro dentro de você, meu caro.

Não sabe o que dizer. Gaia podia estar louca, mas pelo o jeito que falava, era sério. Olha para os rapazes novamente, vendo em seus olhares para que ela terminasse logo com aquilo. Volta para Gaia.

Ignora tudo que a loira grita e avança. Acerta a ponta do pé contra o estomago da jovem, a fazendo rolar mais uma vez. Ela tosse sangue dessa vez, está pronta para mais um ataque e ir embora.

Enquanto andava, nota a Soluna de Sieghart jogada ali ao lado. Ele deve ter perdido após aquele grande ataque. Elesis não tinha nenhuma arma em mão então aquela era mais que o bastante. Segurou o cabo da arma com ambas as mãos, com medo do peso que ela poderia ter. Ao tirar do chão, viu que era leve, talvez por causa do berserk ativo. A espada dava uma boa sensação em suas mãos.

Não tinha tempo para ficar admirando a Soluna, voltou a se focar em Gaia. Parou aos pés da garota, erguendo a espada em preparação. A loira estava com o braço na frente dos olhos, tentando controlar a mão trêmula. Após um tempo, Elesis nota que ela chorava.

– Vai, acaba logo com isso! - Ela grita, mostrando os olhos cheios de lágrimas.

De longe, Elesis sentia que Dio e Sieghart pensavam o mesmo. A pressão caía sobre a espadachim, fazendo suas mãos tremerem enquanto segurava a Soluna. Via nos olhos de Gaia a tristeza que ela sentia, e não raiva.

– Vamos!

Caiu a ficha que teria que mata-la. Nunca tinha matado ninguém, e se tentou, acabou não conseguindo. Não sabia como era tirar a vida de alguém, e isso a deixava mais nervosa que o normal. Lembrou do segundo teste que teve para se tornar SS, do sentido que aquilo fazia. Deixou Vegas viva, mas agora ela não tinha coragem para fazer isso com Gaia.

Nunca mais seria a mesma pessoa, não conseguiria continuar como se nada tivesse acontecido. Via tudo isso em Lass. Toda vez que o olhava nos olhos, via o peso que ele carregava pelas as vidas que tirou. Sabe que o rapaz já matou muitas pessoas, inocentes ou culpadas.

– Não.- Saiu como um sussurro.

A espada cai de lado. Elesis olha sem expressão.

– Não irei te matar. - Dizia séria. - Saia daqui antes que eu mude de ideia.

– O quê?

– Sai daqui! - Aponta para o lado. - Todos merecem uma segunda chance, até mesmo você. Não sei o que você pretende fazer daqui em diante, mas não me importo. Vá embora.

Gaia olha surpresa. Lentamente, ela se levanta do chão com dificuldade. Não saiu, olhava Elesis.

– Eu quero o bem de todos. - Diz ela. - Obrigada por entender.

– Não me importo. - Aperta os punhos. - Saia logo.

Abaixa o rosto e fecha os olhos, não querendo ver a garota indo embora. No fundo, ouve um barulho bem distante, provavelmente vindo de Dio e Sieghart. Eles gritavam, com certeza pelo o que ela fazia. Mas a espadachim ignorava, deixava seu berserk se esvaziar aos poucos. As dores volta aos poucos.

– Eléo, corre! - Ouve Dio gritar.

Ao abrir os olhos, só tem tempo de ver Gaia sendo arremessada outra vez. Elesis se vira rapidamente, mas não conseguindo. Algo a atingir pelas as costas, um choque muito forte. Aquilo anula o berserk por completo e traz todas suas dores de volta. A espadachim cai de cara no chão, sem poder se mover. Queria gritar em agonia, porém sua voz não saía.

– Com licença, rapazes! - Ouve alguém falar no fundo. - Estou passando.

Não conseguia ver, mas sentia que Dio e Sieghart estavam no mesmo estado que ela. Tudo estava em silêncio, apenas passos eram ouvidos, que não era de nenhum deles. Elesis fica apreensiva com a aproximação da pessoa.

Ver um par de botas passar por ela, indo diretamente à Gaia. A espadachim usou toda força que tinha para mover o rosto para frente. Foi difícil, mas conseguiu. Ao ver o responsável daquilo tudo, não soube como reagir.

– Não! - Gritava Gaia desesperada. - Por favor!

Seus cabelos ruivos se moveram a cada passo calmo. Gaia não tinha mais para onde ir, não restava mais forças para ela. O rapaz parou na sua frente, logo se virando para onde Elesis estava. Olha surpreso ao vê-la acordada.

– Ora, parece que alguém fico vivo! - Exclama Gerard com um largo sorriso. - Seus amigos não parecem ter levado a mesma sorte. Acho que peguei pesado com eles.

Os dentes se rangiam em ira, as lágrimas brotavam em seus olhos vermelhos. Elesis sentia o corpo explodir em dor e raiva, tudo por causa daquela pessoa na sua frente. Não se movia, era um pesadelo que vivia, só podia.

– Já irei cuidar de você, garoto. - Continua Gerard. Pelo visto, ele não sabia quem era. - Tenho algo mais importante para fazer aqui.

Se volta para Gaia. Ela volta a gritar desesperada. O ruivo agarra o braço dela, sorrindo vitorioso. A magia dentro dela sai lentamente, se transformando na mesma esfera na outra mão de Gerard. Tudo acontece calmamente, sem pressa. Após está concluído, ele a larga no chão.

– Que linda essência, Gaia. - Admite sorridente. - Obrigado pelo o presente. Estava louco para ter isso em mãos.

– Espero que morra, Gerard! Já tem o que quer, agora sai daqui! - Ela berra.

O ruivo joga a esfera para o alto, a pega e guarda no bolso a pequena esfera. Pendurado ao seu cinto, ele tira uma simples espada, que faz um barulho arrepiante ao ser tirada.

Elesis arregala os olhos para a cena. Não aguentou, fechou os olhos, deixando apenas o som dos gritos de Gaia para serem ouvidos. Então, tudo ficou em silêncio. Ela abre os olhos novamente, dando de cara com o corpo cheio de sangue de Gaia à frente.

Entrou em fúria, estava perdendo a sanidade de tudo. Tudo acontecia depressa demais. As lágrimas que caiam de seus olhos eram de raiva, principalmente por não conseguir fazer nada. Começou a se contorcer, mas nada adiantava. Tudo que conseguiu fazer foi dar um grito mal feito. Sua garganta doeu após isso.

– Ah, desculpa por fazer isso na sua frente. - Diz Gerard ao guarda a espada. - Devia ter te apagado antes, não é mesmo?

Elesis solta outro grito abafado, o que fez o ruivo rir. Era patético tudo que ela fazia naquela situação. Era uma piada para o rapaz.

– Vamos acabar logo com isso, cara. - Se aproxima de Elesis. - Tenho muitas coisas para fazer. Também gostaria de me encontrar com alguém depois disso.

Gerard se agacha perto dela, vendo melhor a fúria que ela expressava. Mal sabia ele o porquê de toda aquela raiva.

– Você me é familiar. - Comenta pensativo. - Acho que é por causa do jeito. Eu diria que sim se sua aura fosse igual a dela. A sua é estranha.

Sangue escorre pelo o canto da boca de Elesis. Ela mordeu o próprio lábio sem querer, o ferindo.

– Olha, tudo que você viu hoje aqui foi sua imaginação, ok? Fingi que é um pesadelo. - Pisca com um olho. - Bom garoto.

Gerard se levanta, esticando as pernas enquanto andava de um lado para o outro. Elesis continuava a se contorcer pelo o chão, sem poder fazer nada. Se ao menos alcançasse a Soluna.

– Bem, já vou indo. Lembra do que eu disse, né? Apenas um pesadelo qualquer.

Gerard correu em sua direção. Elesis consegue dizer algo, logo se preparando para gritar o nome do ruivo. Quando seus lábios se abrem, a última coisa que ela lembra é de sentir uma dor aguda em seu rosto, causado pelo o chute de Gerard.


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Notas finais do capítulo

Review?
* Gerard para nossa alegria! EEHEHEHEH Sentiram falta dele? Eu não senti!
* Falei que nada de bom iria acontecer >.< Elesis está f*dida.
* O próximo capítulo será mais calmo, mais fofo... De verdade.
* Era mesmo o Lass com quem Elesis sonhou? Hummmmm



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