Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 88
Altura


Notas iniciais do capítulo

OIIIII, todos! Eu sei, não digam que eu me atrasei. Também sinto muito pelo o atraso para responder os comentários, mas eu vou! Estou com muita coisa do colégio pra fazer, então... nÉ! Capítulo com final tenso, espero que entendam minha delicadeza com essa fic kkkkkk Lass se ferrando, Elesis também... Que delícia!
Capa: Sei lá, achei um pouco a ver com o final.
Boa Leitura!



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Arfava em exaustão. Passou o dia inteiro correndo atrás dela, a caçando ferozmente. Mas tudo isso que era para ser uma coisa fácil, se tornou muito difícil. Não era à toa que foi escolhida para testar seu irmão, porque ela tinha resistência e força. E quando falava de força, queria dizer de sua velocidade. Tão rápida que tinha que se esforçar para acompanha-la.

Agora, andando pelo o corredor e chamando a atenção de todos, Lass olhava para todos os cantos possíveis à procura de Edel. A ponta de sua katana arrastava pelo o chão, criando um ruído baixo. Sua aparência assustava a todos que viam. Algumas partes de sua roupa estavam rasgadas, manchada por sangue e algo azul, parecendo uma tinta. Seu rosto também se encontrava com leves hematomas, sobre seu olho tinha uma cachoeira vermelha de sangue, causada por um corte na testa. Muitas coisas tinham acontecido até chegar ali.

Entrou em um salão de aula. Vazio, como as outras. Olhou todos os cantos da sala, caso a encontra-se escondida. Nada.

– Lass!

Olha com tédio para a porta. Jin entra correndo, só parando para recuperar a respiração ofegante. O ruivo estava suado de tanto ter corrido atrás do ninja o dia todo.

– Grandiel já sabe! - Diz ele. - Ele não está nada feliz pelo o que você está tentando fazer. Pare antes que piore.

– Eu não vou parar até matar com ela. - Fala o ninja frio. Aponta a katana para o amigo. - Não se meta nisso.

– Já deu. Edel não fez nada para merecer isso. - Estica as mãos, como se tentasse o parar. - Olhe para você, olhe seu estado! Irá acabando se machucando mais ainda se continuar.

– Que bom. - Começa os passos lentos. - Se esse for o preço para mata-la, então estou de acordo.

O ruivo corre e para diante da porta, esticando os braços. Lass olha impaciente.

– Chega. - Repete Jin, mas sério dessa vez.

Lass aperta firme o cabo da katana em nervosismo. Foi dá um passo para frente, e não o completou. Seu pé recuou, logo seu corpo todo. Sua feição séria sumiu rapidamente. Jin fez o mesmo, olhando confuso para o amigo.

– Lass. - O chama preocupado.

O olho do ninja piscou quando o sangramento de sua testa aumentou. Passou o dedo no local, estranhando a ferida não ter se regenerado ainda. Sua respiração estava calma, pelo o que parecia, mas na verdade, estava fraca, diminuindo. Olha para o ruivo sem reação, como se quisesse dizer algo.

O salão silencioso foi tomado pelo o som da katana caindo no chão. Lass não conseguiu mais segurá-la de tão pesada que estava se tornando. Sua outra mão foi jogada rapidamente em seu peito. Fechou os olhos e deixou os dentes à mostra, tudo isso quando sentiu uma dor insuportável no peito.

– Dói. - Murmurou com a voz fraca.

– Lass. - Jin chama novamente.

O rapaz caiu de joelhos no chão. Começou a gritar, assim se contorcendo sobre o piso de madeira. Sua meia face foi enfiada contra o chão, arrastando-se a cada grito que dava.

– Ei! - O lutado corre em sua direção. Quando chegou perto do ninja, não o encostou. Lass gritou mais ainda. - O que foi?!

– Meu corpo... Dói! - Rosnou, não em raiva mas em dor. - Muito.

A mão do ninja apertou mais forte seu peito. Aquela sensação tinha voltado, porém pior. As chamas se contorciam em todo seu corpo, dando uma sensação de queimadura por dentro. Lass não aguentava, tudo que conseguia fazer era evitar de berrar. Sua respiração voltou a ficar ofegante, sua visão turva e suas feridas mais doloridas. Não via, mas suas pupilas se dilatavam freneticamente, com se seus sentidos estivessem em alerta. A sensação de tudo isso era horrível.

– Vou chamar o Grandiel. - Diz Jin em nervosismo. - Ele saberá o que fazer.

Quando o ruivo foi se virar para partir, seu pulso foi segurado. Olha rapidamente para Lass, ainda caído. O ninja levantou o rosto, deixando apenas a parte com sangue para fora.

– Elesis...

– Isso não é hora para isso. - Puxa o pulso de volta. - Já volto!

A mão esticada do ninja continuou de pé, até que Jin sumisse de sua vista e seus dedos encostassem o piso gelado. Como ele, também não tinha entendido por que disse aquilo. Em um momento de tanta dor, por que falar o nome da espadachim?

Antes de ter falado, tinha sentido suas chamas ganharem forma e ter debruçado sobre seu corpo caído. As mãos quentes do ser pousaram sobre seu rosto, aproximando sua boca do ouvido do rapaz. Sem presa, elas disseram:

– Morta.

***

Elesis sacudiu a cabeça e voltou sua atenção para Gaia. Teve que tirar os olhos da Soluna, a espada lendária nas mãos de Sieghart. Enquanto corria, quase caiu no chão com o tremor que o dragão fazia. Aquela enorme criatura só dava um passo e tudo balançava em sua volta. Elesis tinha uma razão para temê-lo.

– Tudo bem, Gaia? - Pergunta para a garota.

– Sim, estou bem. E você? Se machucou?

– Só foi um arranhão. - Põe a mão no rosto, sobre a o arranhão causado pela a queda, e sorriu. - Só quero saber como que você fez aquilo, com as raízes?

– Não fui eu. - Dizia com um pouco de receio. - Foi o continente.

Elesis assente, logo olha confusa. Não teve chance de perguntar pois o chão sob ela voltou a tremer novamente. Se vira já com a espada levantada, em ameaça. Fica um pouco tranquila ao ver que Sieghart dava conta sozinho.

O moreno esperou outro ataque e se esquivou para o lado, avançando ao subir sobre o braço do dragão. Enfiou a grande lâmina na carne, deixando as chamas roxas ajudarem. A criatura berrou em irritação, que se sacudiu ferozmente. Sieghart segurou firme no cabo da arma, indo de um lado para o outro.

– Ei, ei, calma! - Diz ele. - Ainda vai piorar!

A lâmina é enfiada mais ainda e o rugido do monstro também. Não era o bastante, Sieghart soltou uma risada e começou a correr, rasgando a pele do ser a cada passo. A enorme ferida foi aberta até o ombro, assim ele pulando o mais alto que pôde antes de ser quase acertado pela a pata do dragão. Girou no ar com graciosidade, deixando a Soluna ser iluminada pelo o sol que a batia.

– Seu amigo é incrível. - Comenta Gaia. - Não teria força para segurar aquela espada.

– Por favor, não deixe ele saber que você disse isso dele. - Elesis força uma risada.

As chamas roxas voltaram a aparecer, se transformando em um furacão em sua volta a cada giro. Sieghart chegou o mais alto que pôde, levantou sua espada e desceu com a lâmina apontada para ele. Um brilho escuro passou pelo o pescoço do ser, e então, uma onde vermelha de sangue para fora. Já no chão, Sieghart correu para não ser pego pelo o sangue.

– Dio, sua vez!

Como se tivesse previsto, as asas do dragão se moveram para voarem. A criatura até conseguiu sair do chão, mas rapidamente volta a cair quando suas asas são cortadas. Ele olhou furioso para o céu, até que achou o asmodiano voando com suas asas de morcego. Dio se afastou antes que fosse atingido pela a cauda.

– Atenção em mim, grandalhão! - Berra Sieghart.

O olhar do ser volta para o rapaz. Não tinha muita coisa que o restava, estava cheio de machucados por todo o corpo e o sangramento não o ajudava. Foi tentar acertar mais uma patada, mas Sieghart consegue se esquivar facilmente.

– É, já tá ficando chato. - Murmura. - Vamos acabar logo com isso.

Como se tivesse ouvido, o dragão deu outro giro com a cauda arrastando tudo pela frente. Elesis segurou Gaia e correu para escapar. Sieghart permaneceu no seu lugar, olhando entediado para o que vinha em sua direção. Soltou um suspiro e descansou a ponta da lâmina no chão. Se posicionou e segurou o cabo da Soluna com ambas as mãos. Ele esperou pacientemente.

Pôs um pé na frente, fez um movimento na vertical com sua espada e só. A cauda foi partida antes mesmo de atingi-lo. A parte cortada rolou pelo o chão, passando direto ao seu lado, quase o acertando.

– O quê?! - Elesis olha surpresa. A carne de um dragão era dura como pedra, seria muito difícil de ser partida daquele jeito. Mas a espadachim tinha esquecido que o rapaz tinha uma Soluna em mãos.

Outro rugido foi solto, porém maior. Sieghart não teve piedade, continuou a atacar. Jogou o braço de lado, esferas sendo criadas ao seu lado. Logo espadas são formadas, flutuando em sua volta. O rapaz avançou, em seguida as lâminas voaram mais rápido que ele, parando só quando acertaram na face da criatura. Ele rugiu.

Elesis ficou calada em seu canto, assistindo sem reação para o combate de Sieghart. Ele desviou de um ataque que o dragão tentou acerta e deslizou sobre o mesmo, atingido um ataque certeiro no peito do ser. Um "X" vermelho se formou onde foi atingido, liberando o sangue.

Não demorou para o dragão cambalear e cair de lado, fazendo a terra tremer com seu peso.

– E pronto! - Finaliza Sieghart, pondo a lâmina pesada sobre o ombro. Olhou para seus companheiros e fez um sinal positivo com a mão. - Seu herói salvou seu dia!

Gaia solta uma risada boba e bate leves palmas. Elesis a olha e abri um sorriso torto pela a atitude do rapaz. Se ela o conhecesse realmente saberia o quão idiota é Sieghart.

Dio passa por ela, chamando a atenção de ambas. Olhou para Sieghart, o chamando dessa forma.

– Vamos continuar o caminho. - Menciona o asmodiano. - Não podemos parar.

– Tem razão. - Fala Elesis. - Não é melhor perder tempo.

Seguiram em frente até se aproximarem de Sieghart. Agora de perto, Elesis via a beleza que a Soluna. Tudo que ouviu dessa eram poucas coisas, mas agora havia mudado de ideia. Queria ter uma arma daquelas, segurá-la e...

– Ei. - Sieghart acerta um tapa em sua mão. A garota recua, percebendo que estava quase tocando na lâmina. - Não toque no meu bebê.

– Como que você conseguiu essa espada? Logo a Soluna!

– Tenho meus contatos. - Diz em um tom misterioso, porém sorrindo.

– Isso não importa, principalmente quando se está falando desse idiota. - Dio interfere. Sieghart olha ofendido e diz algo, mas é ignorado da mesma forma. - Quero saber o que foi aquilo, Gaia? Você tem poderes, por acaso?

– Não fui eu que fiz aquilo! Foi o continente. - Como daquela vez, olham confusos para ela. A loira suspira e prossegue: - É difícil explicar, mas eu tenho uma certa proteção nesse continente. Minhas energias são puras, como tudo isso aqui em volta. - Estica os braços. - Eu sou parte de Xênia, e ele é como um guardião para mim.

– Mas isso não explica o porquê de você ter sido atacada pelos os próprios guardiões de Xênia? Eles acham que você é uma ameaça.

– Muitas coisas aqui são uma ameaça. Além do mais, ele são seres que seguem os instintos, não pensam no que é errado ou certo. - Olha solene para Dio. - Por favor, confie em mim.

O asmodiano a encarou por um tempo, logo fez um estalo com a língua. Seguiu na frente o caminho, todos o olhando à espera que dissesse algo.

– Estão esperando o quê?! - Olha um pouco nervoso. - Vamos, temos um longo caminho pela frente.

– Certo! - O trio falam juntos.

Estava claro quem era o líder do grupo, e a quem deveriam obedecer.

***

Não conseguia tirar o olho da katana pendurada no cinto do ninja. No dia anterior, ouviu Lass dizer que mataria uma certa capitã. Jin passou a noite rindo sozinho, sem Sieghart ou Elesis, pensando como aquilo parecia uma piada. O mesmo aconteceu quando acordou, deu uma risada boba ainda achando que aquilo era uma piada.

Mas mudou de ideia ao ver seu amigo com uma arma de lado. Ficou tenso imediatamente.

– Pra que isso? - Aponta.

– Para cortar. - Lass responde normalmente.

– Você tava falando sério? - Olha surpreso. - Achei que tivesse grogue por causa do remédio.

– Não, eu falei sério. - Apoia a mão sobre o cabo da espada. - Hoje eu vou matar a Edel. Nem tente me impedir.

– É claro que eu vou! Como você acha que o Conselho irá reagir a isso? - O ninja não responde, acelera os passos. Jin corre atrás dele. - Lass, pare!

– Me impeça.

Lass continuou seu caminho até que um peso incomum surge em sua perna. Olha para Jin deitado no chão, abraçando sua canela com toda força.

– Sério isso?

– Eu não vou deixar você matar uma pessoa inocente.

– Até o Lupus quer matar ela, então vá impedi-lo. - Sacode a mão para afasta-lo.

O ruivo nega.

– Não é a mesma coisa!

Lass bufa, virando o rosto para frente para ignora-lo. Felizmente, reconhece os cabelos prateados de Edel de longe. Pelo o visto, a garota tinha chegado a pouco tempo, e no momento, ela procurava por Lupus.

O ninja aperta o cabo da katana em seriedade. Jin nota isso.

– Lass. - O chama desesperado.

Então o rapaz começa a andar. Jin é arrastado a cada passo que o ninja faz. O ruivo se surpreende pela a força que Lass tinha para andar com ele em seu pé.

– Pare!

– Edel! - Berra o ninja.

Aquelas poucas pessoas que tinham no corredor se assustaram pelo o grito do rapaz. Ficaram assustados e saíram dali o mais rápido o possível. Edel não, ela olha em tédio para Lass, sem mover um sequer músculo.

– O que é? - Ela diz com ignorância visível.

Aquele jeito dela o irritava. Não aguentava mais ver a cara séria da garota, queria corta-la ao meio de uma vez por todas. Portanto, acertou Jin no nariz com a bainha da katana. Foi solto enquanto o ruivo soltava um grito de dor.

– Já estou cansado de você. - Dizia o ninja em passos lentos até ela. Sua expressão estava assustadora de tão séria. - Aposto que o Lupus também.

– Não me culpe por você não gostar de mim. Não fiz nada.

– Ah, você fez! Mas isso não importa mais, tudo acaba agora.

Os cabelos de Edel voaram quando Lass avançou contra ela, tirando a lâmina da bainha. Ela era rápida, conseguiu levantar seu florete a tempo de se defender. O barulho estridente das lâminas se chocando ecoaram pelo o corredor. Ambos ficaram se encarando enquanto isso.

– Você está cometendo um grande erro, sabe disso. - Comenta a capitã. - Sobrará para você e seu irmão.

– É mesmo? - Abri um sorriso. - Mas você não se importará quando estiver morta, não é?

Uma sobrancelha da jovem é erguida. Como Jin, ela sentiu a firmeza nas palavras do rapaz. Ficou séria após isso.

Então a sequencia de cortes começaram. Os dois eram rápidos demais para os olhos de Jin, que tentava acompanhar, mas não adiantava. Edel recuou, conseguindo escapar enquanto se defendia dos ataques de Lass.

– Parem com isso! - Grito o ruivo correndo atrás da dupla. - Vocês vão se matar desse jeito! Quer dizer, isso vai acontecer do mesmo jeito.

Edel girou pelo o chão ao ver um ataque pela a horizontal em sua direção. Parou dentro de uma sala vazia, assim correndo para o fundo da mesma. Lass foi atrás, pulando sobre as mesas e as retalhando quando ficava na sua frente. Tudo isso até alcançar a capitã e atacar com mais ferocidade.

Em um dos ataques, Edel não foi capaz de segurar seu florete, ele foi arremessado para o outro lado da sala. A garota rapidamente se esquivou, se jogando sobre uma das mesas para escapar. Foi assim que percebeu que sobre o móvel havia alguns vidros com líquidos. Não sabia o que era, mas não se importava, os chutou em direção ao ninja.

– Ora, sua! - Diz Lass irritado.

Partiu os copos com sua katana, menos um que voou em cheio ao seu peito. Fez uma careta de dor, quase se desequilibrando para trás. Nesse tempo de distração do rapaz, Edel pulou de volta para o chão e recuperou seu florete, aproveitando e saindo da sala. Lass olha nervoso, tanto para uma mancha azul em sua camisa quanto para a fuga da capitã. Ele não a deixaria fugir tão facilmente.

Voltou para o corredor, dando vista para Edel correndo. Disparou em sua direção, fazendo todos pelo o caminho saírem da frente pelo o olhar. Logo conseguiu alcançar a capitã e voltar a ataca-la novamente. Só não esperava que, de costas, ela se defenderia, pondo seu florete para trás. Com um rápido movimento para o lado, ela consegue quebrar o ataque do ninja.

De longe, Jin via toda a cena. Continuava a correr atrás da dupla, achando que poderia evitar a briga de algum jeito.

– Isso vai acabar sobrando para mim. - Reclama o ruivo. - Vamos, gente, parem com isso! Vamos ser amigos.

Ouviu barulho de disparo, fazendo suas orelhas se moverem levemente. Por sorte, conseguiu perceber a bala vindo em sua direção. Se jogou no chão com tudo, se salvando.

– Vou morrer até o final do dia, desse jeito. - Diz o lutador com o rosto no piso gelado.

Antes de Jin ter se jogado no chão, Edel tinha pego seu revólver e começado a disparar contra Lass. O rapaz foi ágil ao se defender com sua katana e se esquivar. Os disparos pararam e ele avançou, pulando contra a garota. Uma joelhada é acertada na bela face da capitã, a levando ao chão.

– Parece que você está determinado em fazer isso. - Comenta Edel. Ela se levanta de forma desajeitada, deixando uma de suas mãos na frente de seu nariz. - Vou entrar nessa brincadeira sem graça, se é isso que você quer.

Passou as costas da mão no sangue que escorria de seu nariz. Um mancha vermelha ficou em sua pele branca.

***

Enquanto escalava aquele grande paredão de pedra, Elesis suava frio. A cada rocha que segurava, uma dor em seu pulso era maior, sem falar de seu calcanhar. Estava tendo todo o cuidado do mundo naquele momento, não queria morrer por uma queda. Mas essa tarefa parecia ficar mais difícil com Gaia pendurada em suas costas, com os braços enrolados no pescoço da espadachim.

– Falta muito, Dio? - Pergunta Elesis, olhando para o alto e vendo o asmodiano bem adiante.

– Só mais um pouco e estaremos no topo. - Garante ele. Olha para baixo, ficando com uma expressão de decepção ao fazer isso. - Bem, se alguém colaborar, chegamos hoje.

Elesis olha para a mesma direção que o asmodiano olhava. Lá estava Sieghart, bem atrás deles em uma escalada lenta. A grande maleta nas suas costas não ajudava, e seu medo por altura também não. A espadachim não deixou de suspirar.

– Não é melhor ajudar seu amigo? - Pergunta Gaia.

– Ele vai ficar bem. Sieghart, anda! Não temos o dia todo!

– Não consigo! - Ele grita com a voz trêmula. - É muito alto!

– Alto vai ser a pancada que eu vou te dar se não subir logo! - Agora é Dio que berra, irritado.

– Por que você não vem com suas asas e me levanta? Seria muito bom.

O asmodiano solta um estalo com a língua.

– Você fala como se fosse o cara mais leve do mundo! E não, eu não posso. Usar as asas cansa, principalmente quando carrego alguém pesado como você.

– Eu não sou gordo! - Retruca indignado. - Só tenho uns quilinhos a mais. - Murmura.

– Não me importo! Suba a droga dessa parede sem reclamar!

Elesis soltou uma pequena risada pela a situação. Ignorou todo os insultos que um jogava para o outro e continuou a subir. Felizmente, Gaia era leve, lembrava até Arme por causa de sua altura.

Se passaram alguns minutos, então Elesis agarrou a beirada do topo. Seu pulso e tornozelo exclamavam de dor, junto com o resto de seus músculos. Gaia subiu primeiro, depois a ajudando a subir também. A espadachim rolou pelo o chão, ficando ali por um bom tempo.

– Força, Sieghart! - Ouve Gaia grita. Abri um dos olhos e ver a garota agachada na beirada, torcendo pelo o rapaz que ainda não tinha subido. - Você consegue!

– Sobe logo, desgraça! - Agora é Dio que "torce". Dava para se ver a diferença entre ambos.

Elesis girou o corpo pelo o chão, até parar de lado da beirada. Sieghart ainda estava longe e muito lento. Isso demoraria muito, ela percebe.

A atenção da espadachim é chamada quando ouve um pequeno grito vindo de Dio. Olha para o rapaz e ver sua expressão assustada. Ela e Gaia ficaram da mesma forma.

– Sieghart, eu vou te contar algo, mas você tem que ficar muito calmo. - Dizia Dio.

– O-O que é?! - Olha desesperado. Parou até de escalar.

– Tem uma coisa atrás de você. - Quando o moreno foi olhar, ele continua: - Mas não olhe! Você vai ficar mais assustado e cair desse jeito.

Elesis fica confusa com o que ouve. Não via nada atrás de Sieghart, então por que o asmodiano fazia aquilo?

– É verdade! - Grita Gaia. - Você tem que subir logo!

Depois de uma séria observação, a espadachim percebe o que acontecia. Abriu um pequeno sorriso para Dio. Ele era um gênio.

– Não olhe, Sieghart! - Agora era Elesis. - Suba o mais rápido que puder.

O rapaz começava a arfa em medo. Não bastava estar em um altura daquelas, agora tinha uma coisa vindo em sua direção. Sentiu seus olhos se molharem de tanto medo. Suas mãos e pernas ficavam mais trêmulas. Ele lentamente abaixou o rosto.

Ouviu os chamados do trio, o motivando para continuar. Mordeu seu lábio e apertou firme as rochas. Sem que percebesse, as chamas começavam a saírem de seu corpo, ficando alta e baixa em segundos.

– Malditas gorduras que eu não consegui perder! - Grita Sieghart.

Então seus pés afundaram contra a rocha e ele começou a correr sobre as mesmas. Suas mãos serviram de apoio, mas quem fazia o maior trabalho estava sendo seus pés e chamas. Graças a isso, Sieghart estava correndo mais rápido que podia, deixando rachaduras por onde passava. Em segundos, alcançou o topo.

– Me protege! - Disse quando pulou contra Dio, o abraçando com braços e pernas. O asmodiano foi jogado contra o chão pelo o impacto.

– Sai de cima de mim!

– Relaxa, Sieg. - Fala Elesis se levantando. - Tem nada o seguindo.

Em meio a tremedeira que sentia, levantou o rosto do peito de Dio e olhou para a espadachim.

– O quê?

– Não tinha monstro algum atrás de você. - Explica Dio. - Eu inventei isso para você subir rápido.

– Sério? - Funga e passa a mão em seus olhos. Secava as lágrimas que tinha soltado enquanto subia. - Nunca mais façam isso! Eu podia ter morrido!

– Você vai morrer se não sair de cima de mim. - Comenta o asmodiano, ainda sob ele. - Sai!

Sieghart se levantou em um pulo. Enquanto se afastava, olhou pela a beirada e viu que não tinha nada mesmo lá embaixo. Tinha sido enganado.

– Para onde vamos agora? - Elesis olha também para a beirada.

– Por aqui. Iremos subir mais um pouco. - Diz Gaia, indo na frente.

– Subir mais? - Sieghart sussurra sem animação.

Andaram mais um trilha, que não parecia ser tão longa assim. Nessa caminhada, Elesis se distraía com alguns animais que tinha naquela região. Toda vez que via um pequeno esquilo, ela queria correr atrás para fazer carinho. Ao seu lado, Sieghart parecia pensar da mesma forma, porém Dio o repreendia com o olhar.

Pararam de andar quando Sieghart diz algo.

– Nem pensar. - Nega o rapaz. - Não vou andar nesse treco aí!

Aponta para as duas pontes de madeira logo à frente. Sob elas, um grande vão, onde dava para se ver a outra parte do continente lá embaixo. A parte em que estavam flutuava mais que as outras, por isso de terem que subir todo aquele paredão de pedra. Elesis nota isso ao chegar perto da ponte, tomando cuidado para não cair dali.

– É bem alto daqui de cima. - Ela diz um pouco assustada. - Tão alto que dá para ver a névoa ali embaixo.

– Isso não ajuda muito, Eléo. - Fala Dio. - Só vai deixar o idiota mais assustado.

– Vão sem mim. - Sieghart se senta no chão, cruzando os braços em teimosia. - Olha o estado dessa ponte. Um pé ali e ela explode.

A ponte não estava nas melhores condições, mas era o bastante para poderem atravessar. Porém, Sieghart tinha razão em algumas partes, eles quatros não dariam certo atravessando ela.

– Falta muito para a gente chegar? - Dio questiona.

– É só atravessar essa ponte e mais uma pequena caminhada, então chegamos. - Gaia garante. - Não é muito longe.

– Mas não vamos nos arriscar desse jeito. - Diz a espadachim observando a ponte. - Podemos fazer alguma coisa para melhorar essa coisa, não podemos?

Dio e Gaia se entreolharam, pensativos. Deram de ombros, não se importando em fazerem isso. Talvez esse medo de Sieghart fosse um pressentimento.

– Posso fazer algo. - A loira dá alguns passo à frente. Põe a ponta do pé sobre a ponte, testando sua resistência. - Minhas raízes irão deixar essa ponte forte. Já a outra, vocês podem amarrar algumas cordas, que tal?

Elesis larga sua mochila no chão, arregaça as mangas da camisa e bota sua pequena franja para trás. Sentia trabalho grande vindo por aí, então já estava preparada para isso.

– Dio e eu ficamos com a do lado esquerdo, você com a da direita. Tudo certo? - Determina Elesis. Todos afirmam, menos Sieghart.

Antes de ir se juntar a Dio, olhou para o céu que começava a ficar nublado. Inspirou fundo, uma forma de achar coragem para seguir aquela missão.

***

Se passou boas horas desde que voltou a correr atrás da capitã. Ela era mesmo rápida, tendo a mesma velocidade que ele. Porém, sua rapidez se dava por seus movimentos leves, o que facilitava para a mesma. Isso deixava Lass furioso, era como tentar acertar uma pena caindo, sempre errando cada vez mais.

Com isso, o jogo tinha virado. Recebeu alguns furos pela a ponta do florete da jovem, o que fazia ele recuar em defesa. Todas as feridas localizadas em seus músculos, o deixando mais lento. Parecia que os ataques tinham vindo com algum tipo de magia que o deixava assim. Não ficava surpreso se fosse verdade.

Era sua vez de contra-atacar, precisava revidar. Esperou a capitã atacar, assim se esquivando para o lado, acertando um chute na barriga da garota. Ela deu alguns passos para trás após ser atingida. Não deu nem tempo para poder recuperar o fôlego, Lass avançava com a lâmina da katana arrastando pelo o chão. A capitã via que seria atingida, portanto, colocou os braços na frente ao recuar.

– Até quando vai ficar fugindo? - Pergunta Lass.

Edel abaixou os braços, onde havia um corte em seus dois antebraços. Não eram feridas tão profundas, mas acabaram manchando as mangas de vermelho.

Lass também tinha suas manchas pela a roupa, nada que fosse exagerado. Ele começava a ficar cansado de alguma forma, sem entender pelo o quê. A luta que teve com Gerard foi mais trabalhosa e nem por isso ficou exausto como estava agora. Edel não era melhor que ele, era visível. A única explicação para aquilo era a magia que ela usava nele ou...

Pôs a mão no peito, ainda sentindo as chamas agitadas dentro dele. Talvez elas estivessem consumindo suas energias, o que seria idiota da parte delas. Edel poderia matar Lass naquela luta, as chamas sabia disso.

Sua atenção volta para a capitã quando ela pega seu revólver novamente. Não mirou direto para ele, dessa vez. Encarava a arma, pensativa até demais. De repente, ela avança contra Lass. O rapaz se prepara, segurando firme o cabo da katana. Quando estava próxima para ser atingida, o ninja é surpreendido.

O ataque executado por ele é desviado quando a capitã pula, alto o suficiente para meter sua bota no meio da face do ninja. Aquilo não foi um ataque proposital, ela apenas usou a cara do rapaz em apoio para saltar outra vez, assim girando no ar e mirando enquanto isso. Disparou, atingindo Lass na parte detrás da coxa, o fazendo se ajoelhar em uma perna só. Ao pousar, disparou na outra perna. Agora o ninja caía de joelhos, virando-se à tempo de ver a capitã preparando o florete.

Edel não perdeu tempo, correu já com um ataque em mãos. Mas antes de chegar perto do ninja, algo a atingi pelo o lado. Seu corpo voou direto para a escada bem ao lado, girando sobre os duros degraus. Parou em uma parte da escada, vendo a pessoa pular em sua direção.

Foi levantar seu revólver e tomou um chute na mão por Lupus. A arma caiu para o lado, e Edel para o outro ao ver que o próximo chute seria novamente no seu nariz. Girou, salvando-se por pouco. Aproveitou e levou seu pé contra o caçador, que era ele que rolava a outra parte da escada agora.

– Que família bem unida. - Diz Edel ao se levantar com ajuda da parede.

– Unida? - Lupus rir. Também ficou de pé. - É cada um por si.

A capitã passou a mão pelos os ondulados cabelos, os colocando de lado. Pegou seu revólver e colocou no cinto, deixando apenas o florete em mãos. Como não tinha tanto tempo assim, deu uma rápida inspirada para poder acalmar os nervos.

Não tinha outra saída daquele lugar, se subisse, encararia Lass, se descesse, seria Lupus. Teve que tomar uma decisão rápida, sendo que nenhuma seria muito boa. Fez um estalo com a língua em irritação, em seguida pulando contra Lupus.

O caçador não se surpreende ao ver a capitã avançar contra ele. Aponta suas scarlets e dispara. Edel foi atingida por algumas, outras ela pôde se defender e esquivar. Chegou no chão já atacando o haro, que pegou sua faca e a usou para se defender. Lupus rolou pelo o chão ao recuar, aproveitando para disparar contra a capitã. Ela nota isso, abaixando-se rapidamente.

Ainda caído no chão, Lupus percebe as balas indo em direção à escadas, onde Lass descia no momento. O ninja ver as balas indo contra ele, não sabendo como reagir com o que acontecia. Usou sua katana, cortando algumas delas, porém outras ele foi obrigado a se esquivar. Azar dele ter percebido atrasado a bala que vinha em sua face. Jogou o rosto para trás, ainda batendo a cabeça na parede atrás.

Lupus e Edel olharam tensos para o ninja. Ele ajeitou a postura, assim mostrando o corte feito pela a bala em sua testa. O sangue derramou sobre seu olho, bochecha, até que começasse a pingar pelo o queixo. A capitã aproveitou aquele momento de seriedade e correu antes que fosse atacada novamente.

– Tá mirando pra onde, idiota?!- Grita o ninja furioso.

– Você que entrou na frente! - Rebate Lupus.

Os irmãos se encararam irritados. Notaram o sumiço de Edel depois de um tempo, ficando mais irritados ainda.

– Você não tava de olho nela? - Lass olha indignado.

– Era você!

– Não, eu estava ocupado demais levando uma bala perdida na testa! - Aponta para a mesma.

***

Amarrou firme o nó da corda com um forte puxão. Deu uma olhada e viu que estava tudo como planejado. A ponte estava firme, pelo visto. Passou as costas da mão pela a testa suada e soltando um suspiro de cansaço. Demorou quase uma hora naquele trabalho todo.

– Tudo pronto. - Fala Elesis, por fim. - Dio, tudo bem aí também?

O asmodiano pouso no gramado ao lado. Tinha ficado responsável de arrumar o outro lado. Todos acharam melhor conserta ambas pontes, caso precisasse de outra.

– Tudo certo. - Fala ele. - É melhor irmos logo, antes que comece a chover.

Elesis concorda enquanto olha para o céu. Tinha ficado mais nublado, as nuvens estavam cinzas, deixando o tempo depressivo.

Gaia aparece, também confirmando seu trabalho na outra ponte. Deram uma rápida olhada e viram algumas raízes em volta da mesma, parecendo bem resistente.

– Podemos ir? - Pergunta a loira. - Quero chegar ainda hoje.

– É claro. - Elesis diz. - Sieghart, temos que ir.

O rapaz estava ali ao lado, deitado sobre a grama de forma folgada. Quase dormia de tanto ter esperado, já que tinha feito nada por causa de seu medo de altura. Ao ouvir ser chamado, sua expressão de medo volta novamente.

– Podem ir sem mim, estou bem aqui. - Rir forçadamente.

– Levanta logo! - Dio berra enquanto pegava sua mochila.

– Hum... - Teve que fazer um grande esforço para ficar de pé e colocar sua grande maleta nas costas.

Elesis também foi pegar suas coisas. Quando pegou a mochila com o pulso torcido, fez uma careta discreta. Não queria ser um fardo para Dio ou Sieghart, se bem que, ela se sentia assim. Desde que começou a missão, não tem feito nada de importante para ajuda-los, apenas protegendo Gaia ou a carregando.

Seria mais útil a partir de agora. Seguiu todos até a ponte, tendo bastante cuidado, e medo, quando deu os primeiros passos sobre ela. Um rangido é ouvido, só ficando tranquila quando se acostumou com aquele barulho. Teve que olhar firme para frente, vendo as costas de Dio, e logo Gaia à frente. Lentamente, olha sobre o ombro.

– Sieghart, você tem que vim. - Comenta Elesis.

Os dois na frente pararam o caminho para olha-lo. O moreno conseguiu subir na ponte, mas não conseguia largar das cordas ao lado. Suas pernas tremiam como suas mãos.

– É só não olhar para baixo. - Elesis continua. - Relaxa, você e a ponte não vão cair. - Estica a mão. - Estou aqui para segurá-lo.

Sieghart olha ainda amedrontado. Engole seco e, com cuidado, estica a mão até a espadachim. Segurou com força as pontas dos dedos dela, assim dando uma rápida corrida até a mesma. Elesis soltou uma pequena risada em resposta.

– Vamos continuar. - Dio interrompe.

Sieghart solta a mão da garota, mas segura uma ponta de sua camisa em segurança. A espadachim não se importava, segue em frente com passos cuidados, muito mais com o rapaz atrás dela.

– Então, Gaia, que tal nos contar para onde estamos indo? - Dio volta ao assunto. - Já estamos quase chegando lá, então conte logo o que é.

– É pessoal, eu já tinha dito. - A garota parece nada contente pela a conversa. - Então segure sua ansiedade até lá, meu caro.

– Sabe, quando aceitamos a missão, tínhamos visto algumas informações em particular. - Seu tom de voz era calmo, sem importância. Mas ele fazia isso de propósito, justo para provoca-la. - Ultimamente, em Xênia, existe algo que está afetando a natureza do lugar. Como se quisesse roubar a magia do continente.

– E por que diz isso para mim? Nem ao menos tinha ouvido falar disso.

– Sério? - Fingi a surpresa. - Para quem vive aqui, deveria saber.

Elesis olhava para a situação em confusão. Dio voltava com aquelas perguntas provocantes novamente, e Gaia continuava a ignora-las. Ela ainda não entendia o que o asmodiano tanto pretendia com aquilo. Ela até perguntaria a Sieghart, porém o estado do rapaz não estava muito bom para receber perguntas.

– Onde pretende chegar com isso, Dio? - Gaia para de andar, o asmodiano alguns metros atrás.

– Ué, devo proteger minha cliente dessa perigosa pessoa. Não sabemos quem é, talvez deva ser eu, ou o Eléo. - Dá uma rápida apontada para a garota. - Ou o Sieghart.

Gaia olha sobre o ombro, deixando sua seriedade clara. Elesis sente-se intimidada pelo o clima em volta.

– Está dizendo que pode ser eu? - A garota fala. - O continente me protege por algum motivo, garanto que não seja para matar ele próprio.

– Isso não prova nada. Aliás, eu não estou a acusando! - Dar de ombros. - Só comentando esses fatos com você.

Elesis finalmente compreendia o que Dio tanto queria dizer. Era um pouco absurdo de se pensar, em achar que Gaia era ruim. Desde que a viu, tinha certeza que aquela garota era frágil e que não faria mal algum ao seres em sua volta. Porém, o asmodiano não fazia isso por incerteza, algo ele sabia.

– Gaia, - Diz Elesis, chamando a atenção da jovem pra ela. - por que você nos chamou? Se é tanto o continente que a protege, por que ele não a protegeu anteriormente?

– Talvez porque esse poder que ela tenha não seja do continente. - Fala Dio sério. - Esse poder vem mesmo do continente ou ele é seu, Gaia? Responda!

Ela fica quieta. A pequena garota que parecia um anjo, tinha uma aura de demônio. Era pesada, Elesis sentia e temia. Sua mão foi direcionada para sua espada, a segurando firme.

– Acham mesmo que eu sou uma ameaça? - Ela pergunta, tranquila. - De tantas coisas, eu que sou?

– Nesse momento, sim. - Dio afirma.

Gaia se virou de rosto abaixado. Sua expressão não estava séria, e sim quieta para a situação que passava. Sua mão foi erguida lentamente, assim ficando séria de vez.

As raízes presa a ponte voaram contra o trio. Elesis sentiu o ar escapar ao ver que seria atingida, assim fechando os olhos. Não sentiu mais nada sob seus pés, ficando mais desesperada. Ao abrir os olhos, estava voando.

– Se protejam! - Fala Dio, ainda a segurando pela a camisa enquanto planava com suas asas. Sieghart, assustado, estava ao lado.

Antes que ela pudesse questionar, foi solta, junto com um grito. Não tirou os olhos de Dio até que aterrissasse na ponte ao lado. Ela tremeu, principalmente quando Sieghart caiu atrás.

– Me tira daqui! - O moreno estremecia em medo. - Eu vou cair!

– Temos que ajudar o Dio. - Fica de pé e tira a espada da bainha. - Preciso de você, Sieg!

– Não, não consigo. - Balança a cabeça freneticamente. - É muito alto.

– Sieghart! - Grita indignada.

Ele não responde, sua respiração trêmula é a única coisa que sai de sua boca. Elesis o observa ainda sem acreditar. Era o mesmo Sieghart de horas atrás que derrotou aquele dragão? Esse, na sua frente, era medroso e chorão. A altura o alterava mesmo.

A espadachim vira o olhar para Dio. O asmodiano continuava a voar, avançando com sua foice contra Gaia. A garota continuava a usar suas raízes para atingi-lo, mas não fazia muito efeito.

– Você vai mesmo deixar seu amigo por um medo bobo? - Elesis comenta. - Achei que o Sieghart que eu conhecia era mais forte que isso.

Então a espadachim sobe sobre uma das cordas e pula para a outra ponte. Sieghart fica, ainda sentado no chão com o olhar para as mãos. Ele parecia não ter ouvido, mas isso não importava para a morena.

– Dio, a ponte não aguentará todo esse peso! - Elesis avisa. - Temos que sair daqui.

– Primeiro, não podemos deixa-la avançar! - Diz o asmodiano desviando dos ataques.

– Entendido.

Elesis viu outra parte de raízes ir em sua direção. Ela pulou em desviou, logo cortando aqueles que não conseguiria. Nem tinha se aproximado de Gaia e já estava cansada de tanto se defender. Sorte a dela ter Dio para ajuda-la. Ele era mais rápido no ar do que na terra, mas do mesmo jeito, ele também não chegava à garota.

Sem notar, o pé do asmodiano é agarrado por uma das raízes. Ele tanta a cortar antes que fosse jogado contra a ponte, mas ele falha. Por sorte, o impacto de seu corpo contra a madeira não a fez se partir.

– Sieghart, nos ajude! - Elesis grita novamente.

Foi se defender de outra raiz e acabou não conseguindo à tempo, perdeu sua espada além de levar um grande corte no braço. Recuou correndo, sentindo que outra raiz se aproximava. Achou que seria atingida, felizmente, estava enganada.

– Eu tenho que ser bem pago depois disso tudo. - Sieghart comenta.

A espadachim olha aliviada ao ver o rapaz na sua frente, erguendo sua simples espada. Sabia que se pegasse a Soluna, seria um peso maior sobre a ponte. Mas mesmo estando ali, Sieghart se segurava na corda com medo.

– Precisamos ajudar o Dio. - Fala Elesis. - Você consegue?

Olha através das violentas raízes, vendo Dio e Gaia lutarem, sendo que a garota só o encarava enquanto arremessava suas plantas contra ele. O asmodiano se saía bem.

– Consigo nem dar um passo à frente, imagina ajudar o chifrudo. - É a resposta de Sieghart. - Olha, posso dar um ataque certeiro na Gaia com as minhas chamas, mas com essas raízes na frente não vai rolar.

– Então deixe essa parte comigo. - Fica na frente. - Talvez eu...

Não termina a frase ao sentir uma forte balançada na ponte. Sieghart segura mais forte nas cordas, Elesis só as usa como apoio. Logo percebem Dio ser jogado contra eles, em seguida, uma das raízes bate forte contra a ponte.

Ela se parte.

Dio consegue ficar de pé rapidamente, antes da ponte ser partida.

– Segurem-se! - É tudo que ele diz antes de partir contra Gaia com suas asas. Ela pretendia fugir.

Elesis não faz isso, tudo pareceu ocorrer rápido demais para ela. Seu corpo rolou contra a madeira que lentamente caia. Sentia mais nada sob ela, apenas aquela queda que teria.

Então seu pulso torcido é segurado. Ela geme em dor. Olha para o alto e ver Sieghart a segurando com uma grande expressão de medo. Na outra mão do rapaz, a corda da ponte continuava sendo segurada fortemente.

– Idiota, é pra você me segurar. - Diz ele com a voz totalmente tremula. - Não eu!

– Desculpa. - Fala com dificuldade por causa da dor. - Temos que sair daqui.

– Concordo plenamente.

Por ter salvado a espadachim, Sieghart acabou perdendo sua espada. Ela caiu para além na névoa que cobria a floresta lá embaixo.

Dio não poderia vim até eles, o rapaz estava na ponte ao lado com Gaia, ainda tentando atingi-la. Os dois teriam que se virar sozinhos.

– Eu tenho uma ideia. - Menciona Elesis. Era a pior ideia que podia ter naquele momento. - Preciso que você confie em mim. Você vai segurar firme em mim e fechar os olhos.

– Ok, eu faço isso. Não quero ver minha queda do mesmo jeito.

O rapaz puxou o corpo da espada para perto, a fazendo sentir mais dor no pulso. Só foi solta quando se segurou nos ombros do mesmo.

– Sem contato gay. - Diz Sieghart.

– Como se tivesse algo gay aqui. - Pensa Elesis.

Com o braço livre, ele a segurou pela a cintura, enquanto ela sob os braços.

– Pode larga a corda. - Fala Elesis ao segurá-la. Garantiu que não usava a mão com o pulso ferido.

– Eu juro que se você me largar, eu volto dos mortos pra te matar. - Disse antes de se soltar e abraçar a espadachim com força.

Tinham trocados os papeis. Elesis esperou para Sieghart fechar os olhos, que fez isso sem que ela pedisse. A mesma soltou um suspiro pesado e iniciou seu plano. Seus olhos ficaram vermelhos, e quando empurrou a pedra na sua frente com ambos os pés, seus corpos voaram com toda leveza que sua força dava.

– O que tá acontecendo?! - Sieghart se desespera.

– Relaxa! - Ela rir.

Não chegou na distância que queria, então voltou em direção para pedra novamente. Se preparou para o impacto, já para dar outro empurrão novamente. Seus pés encostaram contra a rocha e ela a chutou, assim voou mais alto ainda.

Chegou no limite da altura, soltou a corda e torceu para que caísse sobre a ponte ao lado. Rezou e sentiu a madeira contra seu corpo.

– Estamos salvos? - Ouve Sieghart pergunta.

– Defina "salvos".

O rapaz abrir os olhos e se levanta, ajudando a espadachim no mesmo. Mal fica de pé e já volta a segurar as cordas ao lado novamente.

Então suas atenções são chamadas por um grito. Dio cai rolando na ponte, fazendo eles correrem em sua direção. Ao chegarem perto, o asmodiano sumia com suas asas tortas.

– Ela me atingiu. - Falava em um rosnado de irritação.

– É melhor eu terminar com isso. - A maleta de Sieghart cai sobre a ponte e é aberta. A Soluna é retirada.

O moreno avançou como se nunca tivesse medo de altura. As raízes avançam contra ele, mas o rapaz simplesmente pula sobre elas como degraus. Quando estava próximo de Gaia, iniciou as insanas sequencia de cortes. Pedaços de plantas voavam para todo canto, o que fazia a garota recuar cada vez mais.

– Devemos ajuda-lo? - Pergunta Elesis.

– Acho que não. - Dio se levanta, com a mão no ombro. Continuava a sentir dor das asas quebradas.

Sieghart não tinha problema para enfrentar a garota com sua Soluna. Toda raiz que vinha contra ele, era cortada rapidamente. Foi assim até tirar total defesa de Gaia.

– Sabia que por trás desse rostinho bonito tinha algo de errado. - Diz o rapaz.

– Não posso falar o mesmo. - Retruca sem entrar na brincadeira.

Sieghart solta uma rápida risada antes de invocar as chamas, que o contornaram. Depois da loira, alguns metros à frente, via Dio e Elesis esperando para ele finalizar aqui de vez. Abriu um sorriso confiante. As chamas foram parar na lâmina da Soluna.

– Desculpa, querida, mas tenho que acabar com isso aqui.

– Tem razão. Chega de brincadeiras!

Gaia avança determinada. Sieghart bota um pé na frente e faz um corte no ar, deixando aquela grande onda roxa de chamas ir contra ela. A ponte balançou fortemente, mas ele se manteve firme.

– Tolo. - Ela sussurra com um sorriso no rosto.

Gaia salta tão rápido que some antes mesmo das chamas passarem. Sieghart se surpreende, muito mais ao ver que seu ataque não acertaria, e sim continuaria.

– Cuidado! - Grita desesperado.

Elesis não teve tempo de reagir, a onda veio rápido até demais. Só percebeu Dio se pendurar na ponte, conseguindo escapar, algo que ela não fez. O roxo foi tudo que enxergou antes de tudo ficar quente em sua volta.

Uma explosão após a espadachim ser atingida, a mesma explosão que deveria ser feita ao acertar Gaia.

– Que pena. - Sieghart ouve a voz dela. Se vira e ver a loira andando tranquilamente para o fim da ponte. - Gostava muito do Eléo.

– Sua...!

A ponte balançou novamente. Ela iria se partir.

Dio, que continuava pendurado, percebeu isso. Quando ia subir, viu o estrago pelo o resto da ponte, que estava completamente queimada em algumas partes. Em meio a isso, Elesis caindo no buraco que se forma sob ela.

– Eléo!

Dio estica o máximo que pode. Sua mão demoníaca é preenchida pela pequena mão da espadachim. O corpo da garota balança ao ser pego, sendo segurado com força pelo o asmodiano.

– Eléo, tudo bem?! Ei!

Dio arregala os olhos quando o rosto de Elesis é erguido. A mancha roxa cobria a metade de sua face, braços e provavelmente todo o corpo. Até mesmo sua mão que era segurada estava manchada, o que o asmodiano nota. As chamas tinham feito um estrago maior que devia.

– Você vai ficar bem. - Dio tentava se manter tranquilo, mas não conseguia. Ele sabia o que acontecia quando alguém era acertado pelas as chamas roxas. - Só temos que...

Foi tentar subir a ponte, porém o rangido da mesma o impede. Ela iria se partir a qualquer momento. Volta o olhar para Elesis.

– Me solte. - Murmura. Outra vez, seu pulso torcido era segurado. Quanto azar tinha com ele.

– A gente vai conseguir. Sieghart! Sieghart, nos ajude! - Olha para o rapaz, o ver parado olhando para o nada, em transe. Gaia já tinha ido embora e ele continuava ali. - Ei!

O rosto do moreno se vira lentamente. Agora se via as lágrimas que preenchia seus olhos.

– Eléo, eu... Desculpa. - Continuava sem reação.

Elesis não ouviu o que foi dito. Tudo em sua volta estava quente, muito quente. Sua visão apagava constantemente, a audição nem funcionava mais, garganta seca o suficiente para ela não falar. Sua mente se ocupava com vozes, muitas vozes, desconhecidas e conhecidas. Tudo que ela queria era manter a atenção em Dio, porém era impossível.

Seu corpo balançou quando sua mão começa a escorregar. Dio olha desesperado, segurando com mais força a pequena mão da garota. Deve ter a quebrado, mas isso era o de menos no momento. As manchas aumentavam, tomavam conta de seu rosto. Tudo parecia piorar a cada segundo.

– Eléo, vai ficar tudo bem. - Dio repete. - Eu e o Sieghart vamos ajuda-lo, não se preocupe.

Ela não ouviu, mas sentiu que era algo positivo pela a expressão do rapaz, e pelo jeito que seus lábios se moveram. Entendeu algo, talvez seu nome, porém não se lembrava mais. Sua mão escorregou mais, ficando somente seus dedos.

Sentiu tudo ficar lento a partir daquele momento. Dio arregala os olhos; Um grito é ouvido no fundo; Seu corpo fica mais pesado; Tudo era tão estranho na mente da espadachim, desconhecido. Sem motivo algum, ela abriu um sorriso. Pensou que isso fosse os alegrar; Nunca esteve tão errada.

Então, tudo apaga.

***

Dor. Muita dor. Sentiu tudo isso antes da queda. Lembrava de ver Dio se distanciar, da voz de Sieghart também. Devia ter batido em muitas coisas antes de chegar ao solo. Agora, deitada com os olhos direto para o céu, ela não dizia uma única palavra. Não piscava. Não respirava.

Nada.

Os pingos de chuva começaram a cair. Seu rosto inexpressivo é molhado de gota a gota, sem pressa. As manchas roxas em sua pele não somem, nunca sumirão. Por fim, as gotas em seu rosto deslizam até o chão, o mesmo manchando por um vermelho intenso. Um vermelho que deixava a roupa da jovem totalmente diferente.

Mal sabia que sua dor não foi sentida somente por ela. Todos sentiram. Elas sentiram. Ele, principalmente, sentiu.


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Notas finais do capítulo

Review?
* Olha, se a Elesis morre ou não, não vou dizer! Imaginem! Só no próximo capítulo para saber o que acontece muahahahah
* O que aconteceu com o Lass? Hummm, talvez tenha a ver com a Elesis, ou não '-'
* Só pra deixar claro, Sieghart tem mesmo medo de altura. Isso foi revelado até em um missão de Talin, onde ele reclamava da altura que o avião tinha... É bem engraçado!



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