Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 80
Como ganhar um aprendiz


Notas iniciais do capítulo

Oláaahhhhh! Tudo bem a todos?! Espero que sim! Capítulo pequeno, para mim, com nada de tão importante assim. Será mais para descontrair mesmo, para fugir das coisas sérias por um momento :3
Capa: Gekkan Shoujo Nozaki-kun (Kashima e Mikorin) (Acho eles bem parecidos com a Elesis e Jin, principalmente pela a Kashima ser uma garota que parece um garoto e o Mokorin um garoto que lembra uma garota kkkkkk)
Boa Leitura!



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Sentia-se tão exausta que podia deitar naquele chão gelado e dormir. Já não bastava ter passado a noite anterior tendo se arrumado como um garoto, agora tinha uma conversa com um. Mas aquilo não parecia tão importante quando chegou na porta de seu quarto e o abriu.

Ao fechar a porta ao entrar, se encostou nela e fechou os olhos. Deu um longo suspiro de cansaço e relaxou os ombros.

– Finalmente, tranquilidade. - Sussurrou para si.

Abriu os olhos e viu seu antigo quarto. Continuava o mesmo desde que o viu pela a última vez. Se desencostou da porta, em seguida caindo de lado no chão. Algo tinha a acertado rapidamente em uma das bochechas, a arremessando contra o piso.

Pôs a mão onde foi acertada e olhou para a pessoa parada ao seu lado. Ela parecia furiosa com os punhos erguidos.

– Eléo, seu idiota! - Disse Sieghart, ainda furioso com a espadachim.

– Hã? - Olhou confusa. Não entendia nada que estava acontecendo.

– Quando parou para pensar em nós? Sabe, existimos.

– Do que você tá falando?

Sieghart avançou contra ela. Elesis tentou se afastar, mas foi pega pela a gola da camisa e erguida. Se encolheu nos próprios ombros temida pela a raiva do rapaz.

– Eu fiquei preocupado, tá bom?! - Gritou na face da garota. - Achei que tivesse morrido.

– Ficou preocupado comigo?

– Todo mundo ficou. Você sumiu sem dar explicações, e só volta agora com um sorriso idiota no rosto. - Sacudiu Elesis. - O que tava pensando para fazer isso?

– Des-Desculpa. - Levanta as mãos. - Eu tinha algumas coisas para fazer, então eu não pude voltar tão cedo.

Sieghart a olhou em analise, como se tivesse decidindo entre acreditar ou não. Sem perceber, tinha virado a cabeça de lado, lembrando até um gato confuso. Mas não demorou muito para que tivesse uma decisão.

A morena caiu de costas no chão ao ser largada. Quando se apoiou em seus cotovelos para se levantar, percebeu o sorriso gentil de Sieghart.

– Você dá muito trabalho para alguém tão pequeno! - Comentava o rapaz enquanto andava pelo o quarto. Elesis se sentou ao perceber o tom brincalhão vindo dele. - Da próxima vez, afundo você no chão por ter me feito ficar preocupado.

– Certo, desculpe. - Passa a mão na cabeça. - Não farei mais isso.

Olhou em volta ainda com um sorriso bobo no rosto. Estranhou quando não conseguiu achar Jin.

– Cadê o Jin?

Sieghart aponta.

– Banheiro. Provavelmente, se pegando para demorar tanto assim! - Gritou para que o ruivo ouvisse.

Após terminar de falar, a porta do banheiro se abriu. Jin saiu com os fios espetados abaixados. Passava uma toalha para seca-los, até perceber Elesis caída no chão.

– Pensei que seu castigo fosse demorar mais. - Comentou. - Por que tá no chão?

– Passei o dia todo limpando chão, deixe-me ao menos me degustar dele por alguns minutos. - Passou a mão no piso com um sorriso brincalhão.

– Entendi. - Deu uma cutucada na garota com a ponta do pé, quase a derrubando de volta para o chão. - Mas é isso que você merece por ter faltado as aulas, idiota.

– Parece que todos me chamam de idiota agora. - Murmura.

Se levantou do chão e foi mandada para um banho ao sentirem seu cheiro. Bem, tinha passado o dia todo limpando chão e equipamentos, é claro que teria suado e ficando com o cheiro dos produtos de limpeza. Sem reclamar, entrou no banheiro para uma longa ducha.

– Uno? - Perguntou Jin.

– Nunca o viu no colégio? Ele é novo. - Protestou Elesis.

A espadachim já tinha terminado de ter tomado seu banho, agora vestida com seu pijama, ficava deitada sobre sua cama. Ao lado dela, Jin estava sentado na dele, tendo uma conversa com Elesis.

De início, a garota explicou o castigo que teve que fazer por hoje, logo contou sobre ter encontrado com o novo aluno e sua impressionante magia de sangue.

– Desculpa, não o vi ainda. Deve ser do tipo quieto. - Deu de ombros o ruivo.

– É, ele é. Grandiel pediu para que o acompanhasse durante essa semana, talvez o ajude.

– Ajudar em quê?

– Ele tem uma técnica super incrível! - Se animou ao falar. - Ele pode mover o sangue, usa-lo como lâminas ou alguma arma parecida. Isso não é incrível?! Uma pena ele ser assustador com aquele jeito silencioso. - Riu forçadamente ao se lembrar de quando ele disse o nome a ela, depois voltou ao treino, a ignorando totalmente. Por isso voltou para o quarto, teve medo de irrita-lo.

– Ele parece ser interessante. Mas falando desse jeito, não parece que ele precise de ajuda.

– Também acho. - Pôs as mãos atrás da nuca e fitou o teto pensativa. - Mas foram ordens de Grandiel, devo obedecê-las sem questionamento.

Quando ia dizer mais alguma coisa, uma coisa fofa voou contra sua face. Seu cabelo se jogou todo para o lado e sua expressão era de susto. Levantou o cabeça para o lado ao ouvir um rugido.

– Cala a boca! - Grita Sieghart com o rosto afundado no travesseiro e mão erguida. - Eu quero dormir!

– Desculpa. - Pediu de voz baixa.

Pegou o travesseiro que foi arremessado contra ela e colocou sob sua cabeça. Percebeu que Jin já tinha deitado também, se preparando para dormir. O rapaz teve um dia longo e trabalhoso como ela, queria dormir tanto quanto Elesis.

– É bom está de volta. - Comentou sorridente.

– Já falei para calar a boca!

***

Como era de se esperar, ficou no canto da sala, sentada enquanto fazia seu trabalho. Hoje era mais limpeza, só que dessa vez eram as pequenas laminas das facas que começavam a ficarem cegas. Mais trabalho a se fazer além de limpar, pelo visto.

– Por quanto mais tempo iremos servir de empregadas? - Perguntou irritada. E parecendo como uma, Elesis tinha prendido um pano em sua cabeça para que a franja não atrapalhasse. - Isso aqui nem parece um castigo.

Zero, ao seu lado, tentou dizer algo, mas deixou pra lá ao perceber o nervosismo da mesma. Tinha medo de piorar a situação.

– Enquanto ficamos aqui limpando essas coisas, - Levanta uma das facas para olhar bem, logo para o treino dos rapaz. - eles se divertem.

– Não chamaria aquilo de divertimento. - Comenta Zero. - Astaroth está pegando pesado com eles hoje.

– He he, pelo menos ele não veio nos perturbar hoje. - Riu com um largo sorriso satisfatório.

Como se o professor tivesse ouvido isso, apareceu atrás de Elesis. Deu uma assobiada em atenção, que assustou a morena.

– Como está com o trabalho com as lâminas? - Perguntou simpático, o que chegava a ser assustador.

– Quase acabando. - Falou com um suor passando por sua testa.

– Já amolaram?

Tinham esquecido dessa parte. Elesis e Zero se entreolharam.

– Não, vamos fazer isso depois que as limparmos. - Garantiu a morena.

– Ah, não precisa. - Balançou a mão como se fosse tolice. - Devem estar bem afiadas.

– Acho que não. - Disse ao entregar uma faca para o professor.

Astaroth examinou com o olhar. Deu alguns leves cortes no ar em teste. Como se ainda tivesse a testando, deu um corte no braço de Elesis. A espadachim rugiu de dor e pôs a mão sobre o corte.

– É, ainda precisam ficarem mais afiadas. - Falou Astaroth ainda olhando a lâmina. - Terminem isso para mim. - Jogou a faca no colo de Zero, que a pegou com medo de se ferir.

Elesis ficou olhando o professor se afastar, voltando para onde os rapazes treinavam. Fez um estalo com a língua e virou o rosto para frente.

– Tá doendo? - Perguntou Zero.

Parou de se corroer de dor para olhar séria para o rapaz. Achou que estava óbvio demais.

– Esse idiota. - Murmurou Elesis sobre Astaroth. - Por que ele fez isso? Estava fazendo o trabalho direito.

– Astaroth sempre foi assim, mas nunca soube por quê. - Voltou ao trabalho. - Ele age desse jeito somente com nós, SS's.

– É, ele é um pouco mais rude com a gente.

Olhou para sua ferida e tirou a mão lentamente. Começava a sangrar um pouco, sujando sua camisa do uniforme. Já tinha nem trazido seu casaco para não sentir calor durante o trabalho, agora havia sujado e rasgado a manga.

Mal tinha começado as aulas e tudo isso já tinha acontecido com a espadachim.

– Até quando vamos ter ficar assim? - Perguntou novamente, à espera de uma resposta divina a libertando. - Não aguento mais.

– Por uma semana.

– Eu sei. - Disse chorosa. - Só quero poder voltar aos treinos.

– Você deve ser algum tipo de masoquista para querer tanto treinar assim. - Comentou, porém Elesis não o ouviu.

Enquanto voltava ao trabalho, manteve a atenção no treino dos rapazes. Tinha voltado após um longo tempo só para poder treina novamente, mas agora tinha que ficar ao lado de uma porta, como julgava, e limpando facas. Queria ao menos sentir a sensação de ter uma aula como SS.

Ao pensar nisso, olhou para Zero.

– Me pergunto como você se tornou um SS.

– Fazendo a prova, como todo mundo. - Disse como se estivesse óbvio.

– É, disso eu sei. Mas como te aceitaram? Você é tão irritante.

– Falam o mesmo do Sieghart. - Olha para o mesmo treinando. - Mas nem por isso se livraram dele ainda.

– É, mas o Sieghart é forte. - Coça a cabeça ao se lembrar de sua luta com ele. - Muito mesmo. Mas você é também? - Fez aquela pergunta pois sabia que Zero nunca foi um bom aluno quando pequeno, então continuava a desconfiar depois de muitos anos.

– Duel sorriu uma vez quando eu consegui fazer uma técnica durante o treino. - Dizia pensativo. - Ele disse que eu era forte. Acho que sou.

– Duel já sorriu uma vez? - Olhou surpresa. - Caramba, não consigo nem imaginar!

Elesis ficou o trabalho inteiro imaginando como seria o asmodiano sorrindo. Ele sempre tinha uma expressão fechada, não era o tipo de cara que fica feliz facilmente. Mas Dio tinha seu mesmo jeito, sério e não sorrir com nada, além de viver irritado com Sieghart. O mesmo parecia valer para Rey, que raramente sorria com alguma coisa.

Asmodianos pareciam ser uma raça infeliz, pensou.

– As duas moças já terminaram o trabalho? - Perguntou Astaroth ao chegar perto.

– Lâminas limpas e afiadas. - Diz Elesis de costas para o mesmo, erguendo uma das facas. - Trabalho feito.

– Hum. - Deu uma rápida olhada e afirmou. - Certo. Muito bom trabalho.

Elesis e Zero soltam suspiradas de alívio.

– Próxima tarefa: - Resmungaram um "ah" triste. - Limpeza na biblioteca. Os livros andam com muita poeira ultimamente, quero que os deixem limpinhos. Têm 5 minuto de descanso.

Isso foi tudo que ouviram antes do professor voltar a dar sua aula. 5 minutos não compensaria o trabalho que tiveram, mesmo que sentados.

– Vamos tomar um ar. - Menciona Elesis se levantando.

Olhou para Zero e o viu dormir sentado. Tinha apagado após o sinal de descanso de Astaroth. Ele não perdia tempo mesmo.

***

Sentiu como se fosse cair de uma longa queda, gerando um frio em sua barriga. Se agarrou fortemente nas prateleiras da estante, quase a derrubando junto, e ficou desse jeito por um bom tempo. Não queria olhar para baixo, temia que pudesse escorregar e cair.

– Sabe que não está tão alto assim, não é? - Ouviu aquela voz em brincadeira.

Realmente. Estava só três prateleiras do chão, o que chegava a nem ser o seu tamanho. Percebeu aquilo e ficou mais aliviada. Olhou para baixo, notando Jin pelo o cabelo vermelho. Provavelmente ele devia ter acabado a aula.

– Não enche, cabeça de fósforo!

Ele riu em resposta.

– Cadê o Zero? Achei que estivesse junto com você. - Olhava em volta.

– Astaroth deu outro trabalho a ele. Disse que era para eu limpar a biblioteca sozinha enquanto o Zero terminava o trabalho no jardim.

– Provavelmente para te irritar. Então, quando irá terminar?

– Olha aqui, senhor SS. - Olhou irritada para ele. - Estou quase acabando, para ficar sabendo.

– Sério? - Olhou impressionado. - Você tá aqui quase meia hora, como que conseguiu limpar tudo em tão pouco tempo?

– Não, - Mostrou um livro. - Estou quase acabando de limpar esse livro para limpar os restos.

Jin olhou decepcionado. É, tinha previsto isso vindo de Elesis.

– Temos que conversar sobre algumas coisas. - Anuncia mudando de expressão. Se encostou na mesma estante que Elesis estava. - Você ter aparecido assim de repente foi uma surpresa. E também, ainda não explicou muitas coisas.

– Como assim não expliquei? Expliquei muita coisa.

O ruivo negou com a cabeça.

– Como conseguiu curar o machucado do seu olho? - Aponta. - Que eu saiba, devia tá uma cicatriz.

– Existe uma magia que cura feridas muito graves, porém ela acaba sendo um pouco arriscada de se fazer. - Explicava com a atenção nos livros que limpava. - Ladmir sabia e fez em mim. Deu certo, pelo o que pode ver.

– Parece ser muito bom para ser verdade. - Desconfia.

– Às vezes dói. Minha visão fica turva também, mas depois de um tempo passa.

– E a sua cabeça? Ainda tá meio louca? - Podia parecer uma pergunta engraçada, mas Jin perguntou sério.

– Eu estou bem. Aquilo era algo temporário, nada que fosse para se preocupar. - Soltou um suspiro. - Podemos mudar de assunto?

Jin não perguntou mais nada, somente a fitou em silêncio. Viu a espadachim se atrapalhando por completo para limpar os livros. Nem parecia a mesma pessoa de alguns meses atrás, a mesma com um olho enfaixado e com uma expressão morta. Tão assustadora foi ela naquela época.

Olhou mais atentamente para Elesis ao perceber algo.

– Seu braço tá cortado.

– Foi o Astaroth. Ele me cortou com uma das facas que eu limpava. - Ficou zangada novamente ao se lembrar. - Idiota.

– Não deixe ele te ouvir. - Falou desencostando da estante. - Vai ganhar mais uma semana de castigo.

Resmungou emburrada. Percebeu que o ruivo já ia embora, a deixando sozinha.

– Vai aonde?

– Almoçar! Estou morrendo de fome. Iria te esperar, mas parece que vai demorar bastante tempo aí. - Já de costas, acenou com a mão. - Até mais tarde.

– Certo. Até.

Ficou um completo silêncio após a saída do rapaz da sala. Poucos alunos vinham ali para estudar, mas somente aqueles que eram esforçados. Elesis nunca faria dessa parte, mas agora que era uma SS, tinha um pressentimento que precisaria.

Voltou a limpar os livros, um por um, com um pano. Seria um longo trabalho, mas conseguiria termina-lo antes do final do dia. Esperava ter ao menos um tempo para descansar e comer.

Após algum tempo de limpeza, ouviu uma batida na estante. Olhou para baixo e reconheceu-o.

Continuava o mesmo com seu cabelo preto abaixado, seus olhos azuis em um tom depressivo e triste. Sua pele tão branca quanto uma folha de papel era o que chamava a atenção. Depois achava que Lass era branco.

– Oi, Uno. - Disse com um sorriso simpático.

O rapaz levantou a mão e a acenou, em cumprimento.

***

Deu uma grande mordida na maçã e a engoliu. Já tinha chegado na cidade fazia um tempo, aproveitou e comprou algo para se alimentar. Tudo que tinha que fazer agora era entregar a maldita da carta.

Serdin era uma cidade animada como Canaban, porém com algumas coisas diferentes. Magos para todos os cantos. Era a cidade da magia, onde você não precisaria empunhar uma espada se quisesse lutar. No entanto, havia seus guerreiros por alguns cantos, que eram bem raros de se ver.

Estava de frente para o portão do grande palácio de Serdin. Preferia ter ido logo no castelo real para entregar a carta nas mãos da rainha, porém Cazeaje deixou claro que era para deixar no Conselho de Serdin. Não discutiu, fez como mandado. Agora esperava os portões abrirem para ele.

– Sou Lass Isolet, venho aqui para entregar uma carta do Conselho de Canaban. - Disse a um dos guardas.

Poucas palavras foram o suficiente para entrar no pátio do grande conselho. Porém, parou ao ouvir uma confusa no portão.

– Você não pode entrar! - Gritou um dos guardas, apontando uma lança para o gato preto. Ele continuava a seguir o ninja. - Saia daqui, seu estranho.

– Tudo bem! - Falou Lass, chamando suas atenções. - Ele... Ela... Essa coisa está comigo!

Os guardas se entreolharam e deram espaços para a criatura. Ela passou saltitante em direção ao ninja, que já estava bem adiante. Quando subiu o topo da escada, foi parado por Lass.

– Você fica aqui. - Disse apontando para o chão.

Virou a cabeça de lado, como se perguntasse "por quê''.

– Não quero um estranho vestido de gato lá dentro. - Dizia sério. - Já é perigoso demais você está aqui , não quero que entre lá. - Apontou de novo. - Fica.

Deu as costas e deu alguns passos à frente. Parou e se virou irritado. O gato tinha andado junto.

– Fica!

Finalmente, entrou no palácio correndo para que o gato não o seguisse. Sentiu-se aliviado ao saber que aquela coisa estava lá fora, infelizmente o esperando.

Pediu para que um dos guardas que tinha do lado de dentro para que chamasse o líder do Conselho, ou qualquer um que recebesse a carta. Teve que esperar ali um bom tempo, parado enquanto voltava a comer sua maçã.

– Me desculpe, querido Lass! Não queria deixa-lo na espera. - Falou a voz de um homem.

As orelhas do ninja se mexeram como as de gato. Reconhecia aquela voz, mas queria não ter reconhecido. Parou de comer sua maçã em tensão. Lentamente, andava em ré até a porta, na esperança de sair dali antes que aquela pessoa chegasse.

Ao se virar para tocar na maçaneta, a voz outra vez se ouviu.

– Não ache que eu não o vejo tentar ir embora.

Um frio se passou por sua espinha ao ouvir isso. Se conformou e virou-se em direção à escada em meio ao enorme salão. Se contorceu ao ver ele descendo as escadas.

– Não esperava vê-lo aqui. - Dizia Lass com a voz trêmula. - O que faz aqui, Adel?

O alto rapaz belo alargou o sorriso ao ouvir seu nome vindo do ninja. Enquanto descia, seus longos cabelos prateados balançavam por seus ombros. Seus graciosos olhos azuis se dirigiam apenas para Lass. Sua pele, como sempre, tão branca e macia, mas que não chegava a cor do ninja.

– Por que não? Achei que minha humilde presença o agradasse. - Sua voz saía com calma, o que chegava irritar Lass. - Além do mais, estou no comando do Conselho de Serdin. Era de se esperar que iríamos nos encontrar em breve.

– Líder? Não era para você estar liderando sua família. - O observou de sobrancelha erguida. - A Família Frost não é de se importar muito com o Conselho.

– Os tempos mudaram. - Gesticulou com a mão. - Minha família não foi diferente.

– Fico feliz por você. Bom saber que o Conselho está em boas mãos.

Os passos de Adel pararam no meio do salão. O líder não tirou o sorriso convencido do rosto, que irritava o ninja cada vez mais. Outra vez, voltou a andar na direção do mesmo.

– Por que está tão distante de mim, Lass? Medo?

– Nada, que isso. - Quando percebeu, já estava encostado na porta sem ter para onde recuar.

Virou o rosto de lado quando a mão de Adel se apoiou na porta atrás dele. Por mais que fosse o mais alto das pessoas que conhecia, Lass era um pouco menor perto do rapaz. Mas aquilo nunca foi motivo de reclamar, só quando ele se aproximava daquela forma perto do ninja. Sentia-se pouco intimidado.

– Não seja tímido! - Disse sorridente. - Sempre agiu tão distante comigo. Isso me ofende, sabe?

– Esse é o objetivo. - Foi sincero.

– Então, ao menos me diga por que veio aqui. - Olhou curioso. - Recebi notícias da Dona Cazeaje, e que a maioria não são boas.

– Nunca são mesmo. - Pôs a mão no bolso, retirando a carta. Esticou para Adel. - Ela pediu para que entregasse para você. Diz que é importante, mas não vejo nada de mais.

– Você leu?

– Claro que não!

– Hum.

Deu de ombros e tirou a carta da mão do ninja. Se afastou, finalmente deixando Lass aliviado. Soltou até mesmo a respiração que tanto prendia perto de Adel.

– Não aja como se eu não soubesse o que você é. - Disse Adel andando de volta para a escada. - Soube desde o primeiro dia de quando elas se liberaram.

Lass fechou os punhos em irritação. Como tinha previsto, Cazeaje tinha contado para ele. Era de se esperar que o líder do Conselho de Serdin soubesse sobre ele.

– Não me culpe, tinha que manter como segredo. - Deu uma desculpa.

– Eu sei, eu sei. - Balançou a mão, em sinal de" tanto faz". - Mas parece que Dona Cazeaje não pareceu muito satisfeita quando soube sobre você. Quer dizer, ela ficou feliz, mas ao mesmo tempo não.

Lass pretendia já ir embora. Pôs a mão na maçaneta, porém não a girou.

– Adel, de que lado você está? - Perguntou sério. - Meu ou da Cazeaje?

Parou ao subir alguns degraus. Pareceu pensativo. Virou apenas os ombros, mostrando sua face com um sorriso sereno. Adel sempre foi um cara de belas feições, mesmo quando eram assustadoras. Então, quando sorria, tirava suspiro de todas moças por perto.

– Estou do meu lado, meu caro Lass. - Falou por fim, antes de voltar a subir a escada.

Neutro, como sempre foi.

Saiu do salão sem despedidas e coisas do tipo. Sua missão já estava feita, só precisava voltar em segurança. Achou que seria algo mais difícil, somente encontrou alguns bandidos que tentaram o assaltar. Nada que pudesse dar um jeito. Mas o que deu mais trabalho foi um certo gato que o perseguia desde que se encontraram. Ainda achava que aquilo era algo de sua cabeça.

– Já acabei, podemos ir agora. - Anunciou ao sair.

Olhou em volta ao perceber que o gato não estava mais ali. Desceu os degraus atentos, na espera de ver aquela criatura escura.

Ele tinha ido embora, concluiu.

***

Agarrou o pano em sua cabeça e o retirou. Passou as costas da mão na testa para tirar o suor que escorria. Nunca tinha tido tanto trabalho para limpar algo na vida. Bem, nunca foi de limpar muito mesmo, então por isso da surpresa de estar cansada.

– Valeu, Uno. - Agradece Elesis. - Se não fosse por você, não teria acabado.

O garoto ao seu lado apenas acenou. Desde que tinha chegado, não tinha falado com a espadachim. Ela havia pedido sua ajuda depois de um rápido cumprimento, e Uno aceitou.

– Ainda sem falar? - Olhou-o em um tom de brincadeira. - Por acaso, não gosta da sua voz?

Ele negou.

– Bem, você tinha falado ontem. Não deve ser mudo. - O examinou. - É tímido?

Negou outra vez.

– Então por que não fala? Não gosta de mim? - Apontou para si. - Sou chato?! Pode falar.

Uno soltou um suspiro pelas narinas. Olhou para o lado rapidamente, como se tivesse irritado. Seus lábios se abriram com grande preguiça.

– Não gosto de falar muito. - Dizia ele em voz baixa. - É cansativo.

– Então é isso. - Abriu um sorriso torto, sem graça. - Então desculpa por fazê-lo falar.

O olhar triste do rapaz dizia por tudo que não precisava se irritar com aquilo. Elesis afirmou sorridente, mas fazendo o sorriso diminuir ao perceber algo em Uno. Sob seus olhos, havia um risco escuro que ia até metade de sua bochecha. Dava impressão de lágrimas escorrendo.

– Aproveitando que você está aqui! - Fala Elesis, acabando com o silêncio. - Grandiel pediu para que eu te olhasse por alguns dias. Ele diz que você tem alguns probleminhas durante os treinos, então eu estou aqui para ajuda-lo!

Ele afirmou. Realmente, ele não gostava de falar.

– Você deve ter uma aula agora, não é? - Perguntou enquanto olhava para o relógio na parede. - Irei ficar com você até que outras ordens venham para mim.

Uno se virou e acenou com a mão. Elesis entendeu aquele sinal, que era para ir junto. Se animou rapidamente ao saber que não teria nada para limpar. Até que começava a gostar de Uno, ele não era de falar e muito menos de ir contra as coisas que ela falava, era como se sua presença fosse tão transparente quanto a de Zero.

Eles eram parecidos até. Porém, Uno não tinha respostas irritantes como Zero tinha.

Chegaram na sala onde teria a aula daquele tempo. Elesis tinha passado tanto tempo no salão dos SS's que estranhou os dos normais. Era menor e mais simples, totalmente diferente de como estava acostumada. Mas sabia que tinha que tirar aquela comparação boba da cabeça, pois teria aulas de vez em quando naquelas salas.

Se sentou ao lado de Uno na arquibancada, como sempre fazia no ano retrasado. Total nostalgia.

– Eléo, o que faz aqui? - Gritou Talin ao chegar na sala e ver a garota presente. Talin era um senhor bem velho de corcunda visível, além de ser muito baixo. Sempre usava um capacete marrom, deixando à mostra apenas sua longa barba branca. Era de se esperar de uma pessoa vindo da raça dos anões, que se localizava em Arquimidia. - Astaroth avisou que você estava suspenso das aulas, além de essa nem ser mais sua aula, garoto.

– Não estou aqui para assistir! Estou como Grandiel pediu: Acompanhando o Uno. - Disse se gabando. Não poderia ser expulsa se tivesse aquela desculpa. - Ordens dele.

– Hunf, espero que não atrapalhe a aula. - Ficou nervoso.

Elesis abriu um sorriso vitorioso. Uno a olhou confuso, sem entender aquele comportamento infantil da mesma.

Após alguns longos minutos de introdução da aula e do que teria que ser feito, todos saíram da arquibancada e foram para as mesas espalhadas pelo o salão. No máximo, duas pessoas ficavam em uma mesa para se ajudarem, algo opcional. Mas Uno preferiu ficar sozinho, com Elesis apoiada na mesa enquanto o observava. Ela estava claramente entediada.

– Como você consegue ter paciência com isso? - Perguntou ela, com a voz do mesmo jeito.

A tarefa era montar uma arma com as peças que tinham sobre a mesa. Elesis já tinha feito aquilo no passado, o que foi nada bem quando montou. Nunca foi boa nas partes técnicas mesmo.

Em resposta, Uno começou a sacudir as mãos. A espadachim olhou cansada com aquilo.

– Eu não entendo isso. - Disse Elesis. - Use a boca.

– A tarefa é essa, então tenho que fazê-la. - Respondeu por fim.

– Então você é um bom aluno, pelo visto.

Nem percebeu quando Talin passou por ela e acertou um tapa em sua cabeça. A garota passou a mão onde foi atingida.

– Eléo, não o atrapalhe. - Dizia o professor. - Não quero um aluno péssimo, como você, o interrompa.

– Aluno ruim? - Olhou surpresa, apontando para si. - Eu? Impossível!

– Possível! Nunca conseguia montar uma arma direto sem que disparasse antes. - Bufou. - Me pergunto como se tornou um SS. Astaroth devia estar louco quando te aceitou!

– Me tornei um SS com muito esforço, velhote. - Já estava acostumada de chama-lo daquele jeito.

– Esforço? - Ele gargalhou. - Garoto, você chegou nem a completar o segundo teste por completo. Era para ter matado aquela garota, mas você não matou.

– Já dei meus motivos para não fazer aquilo. - Falava séria. - Não sou como os outros.

– Exato, você não é. Cada um possui uma particularidade impressionante, enquanto você não demonstra nada disso. - Deu de ombros. - Talvez Astaroth estivesse enganado sobre você.

Elesis estalou com a língua e revirou os olhos.

Para sua felicidade, Uno balançou a mão para chamar a atenção de Talin.

– Já acabou, Uno? - Perguntou o professor. O rapaz confirmou. - Como sempre, um bom aluno. Diferente de um certo alguém.

Elesis virou a cabeça de lado. Tentaria ignorar o professor, embora fosse impossível. Enquanto isso, Talin analisava a arma montada por Uno, apenas com um olhar. Ele sorriu satisfeito.

– Ficou perfeito, Uno. Muito bom. - Elogiou.

O garoto não pareceu feliz pelo o elogio, só deu uma leve acenada. Era como se aquilo fosse nada além de seu dever.

Talin se afastou para poder ir ver o trabalho dos outros alunos. Elesis não tirou os olhos de Uno, impressionada pela a agilidade que o mesmo teve para montar a arma.

– Como você fez isso? - Perguntou curiosa. - Deve ter algum truque.

Uno levantou um dos braços, assim Elesis percebia o corte em sua carne. O sangue do rapaz saiu como na noite passada, ganhando forma aleatórias. Aquilo ganhava vida com a cada segundo que se passava. Era impressionante.

– Uso para juntar as pequenas peças. - Comentou como um sussurro. - É bem útil.

– Você usa seu sangue para todas as tarefas do colégio?

– Quando necessário. Não posso usa-lo muito, senão perco a força rapidamente.

– Entendi. - Olhava um pouco assustada, mas admirada ao mesmo tempo. - Então, como que você faz isso?

Uno não entendeu o motivo da pergunta.

– É meu tipo de magia. Algumas pessoas controlam o fogo ou a água, eu controlo meu sangue.

Elesis disse nada, voltou a observar o sangue tomar forma. É como se aquilo tivesse própria vida. Mas seu olhar hipnotizado sumiu quando Uno o fez retornar para dentro do braço, sarando a ferida em segundos.

– Por que Grandiel quer que eu o observe? - Pensava Elesis confusa. - Uno parece normal, e até com médias melhores que muitos alunos aqui. Se há algo de errado nele, não vi ainda.

***

Sentou-se no chão de pernas cruzadas. Aproveitou que Astaroth não tinha aparecido ainda para dizer a próxima tarefa e usou esse tempo para comer algo. Tinha ficado sem almoço, sua barriga roncava sem parar, é claro que precisava de algo para enchê-la. Nada melhor que um sanduíche.

Todas as aulas do dia tinha acabado, da parte de Uno. Mas não faria diferença para Elesis, não poderia assisti-las do mesmo jeito. Portanto, o rapaz disse que ia treinar um pouco e a espadachim se ofereceu a ir junto. Lanchava enquanto esperava Uno fazer algum truque a mais com seu sangue.

– Você usa algum tipo de arma para lutar? - Pergunta Elesis de boca cheia.

– Uma espada. Mas a uso só quando necessário.

– Hum. - Afirmo enquanto mastigava.

Uno se virou para um boneco de palha que tinha ali no salão. Esfregou as mãos em preparação. Quando se sentiu preparado, esticou uma das mãos e deixou o sangue sair do braço. O líquido ganhou forma rapidamente, em seguida indo em direção ao boneco de palha. Se transformaram em lâmina antes de cortarem o boneco pela metade.

– Uau! - Disse Elesis impressionada.

Como se não fosse o suficiente, o sangue foi em direção aos outros bonecos. Os fatiaram em segundos. A morena olhou mais surpreendida ainda.

Quando ia se levantar para ir até Uno, ficou congelada ao ver o sangue voar em sua direção. Colocou um dos pés no chão e se jogou para o lado, quase sendo perfurada como aconteceu com a parede onde se apoiava.

– Uno! - Gritou indignada.

Ele a olhou sobre o ombro, tão quieto que a assustava. Não disse nada para a garota, talvez tivesse com preguiça de dizer.

Outra vez, o sangue avançou contra ela. Elesis teve que ficar de pé dessa vez para poder escapar. Correu em direção a Uno, na intenção de acabar com aquilo diretamente na fonte. Mas era de se esperar que não seria fácil. Outra parte do sangue apareceu na frente do rapaz e voou contra a garota.

– O você tá fazendo?! - Esperou uma resposta, mas nada veio.

Pulou para o lado, escapando por pouco de ser atingida. Rolou pelo o chão e notou algumas armas que tinha naquela salão. Sem pensar duas vezes, correu na direção das espadas. Pegou uma e deu um rápido giro em sua mão. Aquela seria o bastante para poder para-lo.

Esperou o sangue tentar ataca-la para poder se esquivar para o lado, assim correndo em direção a Uno. Teria que ser rápida se quisesse o alcançar. Mas para seu azar, a outra parte do sangue vinha na mesma direção dela, indo atingi-la de frente.

Seu pé foi posicionado no chão até dar um grande salto. A morena passou facilmente sobre o sangue, enquanto girava como uma bailarina. Voltou ao chão já preparando para atingi-lo com sua espada. Uma outra onda de sangue se colocou na frente de Uno, o protegendo.

Elesis ignorou aquilo e arremessou a espada como se fosse uma lança. Uno não saiu do lugar, deixou a arma passar como um raio sobre seu ombro. Ela tinha errado. Quando sua atenção voltou para a garota, ela não estava mais correndo na sua frente.

Virou o corpo rapidamente quando notou Elesis dando um salto sobre ele. A espadachim rolou pelo o chão bem a tempo de pegar sua espada novamente e dar um giro em sua direção, avançando rapidamente até ele.

– É melhor recolher seu sangue antes que o faça jorra para fora. - Disse Elesis em um tom assustador.

Um pedaço da lâmina encostava na garganta de Uno. Enquanto isso, seu sangue estava em volta deles, todos apontados para Elesis. Lentamente, ele levantou o braço e todo o sangue voltava para seu braço até que a ferida fosse cicatrizada.

– Por que fez isso? - Perguntou Elesis, ainda com a espada colada na garganta do rapaz. - E é melhor falar.

– Não fiz porque quis. Não tive controle dele.

– Não teve controle? - Ergueu uma sobrancelha.

– Treino todos os dias para poder controlar meu sangue direito, mas algumas vezes perco o controle. Talvez seja disse que Grandiel tenha falado.

– Agora que você falou. - Amenizou a expressão. Finalmente tinha percebido o problema que Grandiel tinha falado. Uno não tinha controle pelo o próprio poder.

A espada desceu em um leve movimento. Elesis ajeitou a postura, passou a mão na nuca sem jeito. Quase tinha matado o rapaz por causa de um mal entendido.

– Foi mal por isso. - Pede sem jeito. - Achei mesmo que você estava tentando me matar.

– Como você reagiu, parece saber lidar com isso.

– É, mais ou menos. - Desvia o olhar. Tantas pessoas que a queria morta, poderia fazer uma pequena lista. - Enfim, serei seu mestre por um tempo! - Coloca as mãos na cintura.

– Não entendi. - Sua expressão sonolenta mostrava tudo.

– Grandiel falou para eu te ajudar no seu problema. - Apontou no meio da cara do rapaz. Uno não pareceu incomodado. - Te ajudarei. Serei seu mestre durante os treinos.

– Você sabe lidar com isso? - Perguntou esperançoso.

Elesis balançou a cabeça em negação.

– Mas eu já enfrentei coisa pior que isso. - Abri um sorriso confiante. - E eu soube como lidar com ela.

***

Coçou o olho em sono. Achou que suas tarefas do dia tinha acabado ao limpar a biblioteca, mas estava errada. Tudo que tinha que fazer agora era limpar as janelas de algumas salas, e só depois de tudo isso feito podia ir para seu quarto dormir.

Felizmente, ou não, Zero a fazia companhia na ajuda.

– Astaroth pegou pesado com você hoje? - Perguntou Elesis. Mantinha a atenção na limpeza.

– Acho que sim. Ele ficou me encarando o dia todo.

– É bem a cara dele.

Não se falaram mais durante a tarefa. O único som emitido por eles era do pano contra o vidro. Aquilo demoraria um certo tempo até todas as janelas estarem completamente limpas, como Astaroth havia dito.

Enquanto limpava seu pano em um balde, Elesis olhou para Zero discretamente. Era estranho ter passado o dia sem ter ele atrás dela a perseguindo, como no passado. Quando crianças, para onde ela ia, Zero ia atrás. Era algo totalmente irritante com o passar do tempo, mas que ficou estranho quando o rapaz foi embora.

Se lembrava até hoje de quando Zero foi apresentado a sua vida.

– Esse aqui é Zero. - Disse aquela pessoa. - Ele ficará na Guilda por um tempo. Espero que vocês possam se dar bem. - Então, a pessoa sorriu.

Elesis tinha ficado encarregada de ficar com Zero até que ele se acostumasse com a Guilda. Treinava junto com ele, ajudava a Guilda junta com ele e outras coisas. Por causa disso, ele sempre a seguia para todos os cantos. Era um habito do mesmo.

Depois de quase meio ano com o garoto, ele foi embora. Nunca entendeu o porquê, mas teve que se despedir de Zero com sua partida. Não sabia para onde ele foi, se ele estava bem, nem nada do tipo. Qualquer notícia que tinha sobre Zero, não existia mais.

E naquele mesmo ano, aconteceu a tragédia que marcou a vida de Elesis. Ninguém tinha sobrevivido além dela e Gerard... E Zero.

– Eléo.

Olhou para Zero assustada. Tinha totalmente se desligado do mundo.

– Tudo bem? - Perguntou ele.

– Estou, por quê?

Zero a olhou bem, como se estivesse preocupado.

– Você está chorando.

Ficou surpresa. Iria negar, mas parou ao sentir algo molhado desceu por sua bochecha. Pôs as mãos rapidamente, tirando as lágrimas. Ao terminar, notou que apenas um de seus olhos escorria lágrimas, enquanto o outro nada acontecia. O mesmo que foi ferido algum tempo atrás.

– Eu... - Colocou uma das mãos sobre os olhos. Sentia-se tão estranha. Nem percebeu quando um sorriso se formou em seu rosto. - Eu estou bem. - Tirou a mão do rosto, alargando um grande sorriso. - Só estou feliz.

***

Acordou naquela manhã com um sentimento estranho. Devia ficar na cama e não sair do quarto. Mas ignorou isso e foi se arrumar antes que pudesse se atrasar para mais um dia de castigo.

Enquanto penteava seu curto cabelo, lembrou do sonho que teve noite passada. Foi de um dos dias que teve com Zero quando pequena. Nada parecia diferente, ele a seguia e fazia perguntas bobas; Por fim, Elesis se irritava. Deu até uma pequena risada ao se lembrar disso.

– Bem, ele está diferente agora. Está crescido. - Pensava. - Não irá mais me seguir como antigamente. Sem mais stalkers!

– Você vai vim ou vai ficar se olhando no espelho como uma garota? - Perguntou Jin prestes a sair. Sieghart já tinha ido na frente.

– Sabe que isso me ofende de diversas maneiras, não é?

– Sei. - Riu.

Elesis revirou os olhos e acompanhou o rapaz. Ao sair do quarto, deu de cara com alguém parado ali a esperando. No começo, olhou confusa, mas logo irritada sem motivo algum.

– Bom dia, mestre. - Disse Uno com uma grande determinação visível.

Jin, bem ao lado, se segurou para não rir. Tinha percebido que aquele era o tal de Uno, como Elesis tinha descrito.

– Ah, bom dia. - Disse de expressão fechada.

A espadachim saiu na frente de passos furiosos. Jin não entendia nada, mas a seguiu com um largo sorriso na face. E logo atrás deles, Uno vinha junto também.

Aquela sensação de perseguição tinha voltado. E parecia nada diferente de como era.


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Notas finais do capítulo

Review?
*Uno lembrará o Zero um pouco, mas ele terá seu jeito em particular, ok?!
*Próximo capítulo, a volta do nosso querido ninja :3
*É, eu botei o Adel! E sim, ele tem uma personalidade meio estranha. Olha, ele nunca apareceu no jogo além de ter uma imagem e o nome citado, então nunca foi dito como era sua personalidade. Nessa fic, ele será um pouco irritante hehe
*Fiquei meio triste no capítulo passado, vocês deram pouco review T-T Por favor, se animem! A história irá melhorar, tenho certeza.
*E olha, chegamos ao capítulo 80!!! Yeeeeee! E em breve o 100 com um acontecimento muito tretoso muahahahahah Não, nada de Gerard! Vai ser outra coisa tretosa!