Sentiu como se um suor gelado escorresse por seu rosto, parando somente em seu queixo. Parecia que sua coordenação tivesse desaparecido de tanta tensão que estava tendo naquele momento. Não sabia se falava com a pessoa do outro lado da linha ou se encarasse Cazeaje.

Após alguns segundos que percebeu a falta que um certo ruivo fazia naquele momento. Se perguntava se ele tinha achado mesmo o banheiro.

– Eh, Lass? - A voz da espadachim chamou sua atenção. - O que você faz o celular do Jin?

O albino tentou se explicar, mas foi interrompido antes mesmo de falar.

– Era você que estava me ligando?! - Gritou irritada.

– Era o Jin, não eu. Eu só estava segurando o celular dele, até você atender. - Levantou o olhar, lembrando que Cazeaje continuava ali. - Mas agora não é um bom tempo para a gente conversar, Elesis.

Ouviu a espadachim dizer algo enquanto ele afastava o aparelho de seu ouvido, preparando-se para desligar. Quando colocou o dedo sobre o botão, o celular foi arrancado de sua mão rapidamente. Ele olhou confuso para Cazeaje.

– Não diga isso, Lass. - Ela falou antes de colocar o aparelho no ouvindo. Abriu um largo sorriso ao ouvir a voz de Elesis do outro lado. - Olá, minha querida Elesis.

Não a via, mas sentiu a tensão da garota ao ouvir sua voz. A ruiva não esperava ouvir Cazeaje, o que a deixou bem confusa.

– Olá, Cazeaje. - Falava a espadachim em um tom sério. - O que está fazendo com o Lass? Espero que não esteja o mantendo como refém.

– É claro que não, querida. - Soltou uma pequena risada. - É só uma mera coincidência eu ter achado o meu pequeno ninja mexendo em coisas que não deve se mexer. E para ser mais engraçado, ele estava conversando com você enquanto isso.

– Elesis não tem nada com isso! - Fala Lass. - Ela atendeu agora que você chegou.

– Mesmo? - Olhou desconfiada. - Pois parece que ela está envolvida junto nisso.

– Envolvida em quê? - Questionou Elesis, parecendo bem confusa.

– Nada, é apenas uma certo alguém mexendo nos arquivos do Conselho. Achei que estivesse junto.

Sentiu a confusão da ruiva aumentar cada vez mais.

– Não sei o que o Lass está fazendo, mas não tenho nada a ver com isso. - Falou seca. - E no momento, estou muito ocupada para conversar com você, Cazeaje.

– Ah, me desculpe, minha pequena ruiva. - Disse em um tom dramático. Deu as costas para Lass e andou até a porta. - Se você não lembra, você fugiu para bem longe, então é impossível de eu manter contato com você. Mas isso não quer dizer que tenha fugido do castigo, Elesis. - Sua voz saiu séria, chegando a assustar até mesmo o ninja.

Antes que pudesse ouvir uma possível reclamação da espadachim, arremessou o celular para trás. Lass se levantou e pegou o aparelho, que quase se quebrou no chão.

– Meu querido Isolet, espero vê-lo na minha sala dessa vez. - Avisou Cazeaje de costas. - Não me faça voltar aqui.

O ninja não disse nada nem mesmo confirmou, somente a olhou sair da sala, sendo seguida por Vegas. Após a saída da líder, sentiu-se mais livre, como se as paredes que o prendiam tivesse sumido. Era coisa de Cazeaje, pensava.

Seus pensamentos foram interrompidos quando ouviu a voz da ruiva. Ela ainda estava n a chamada, e parecia um pouco zangada com o que ouviu de Cazeaje.

– Elesis, ela já se foi. - Disse Lass ao colocar o aparelho perto do rosto. - Ela não está ouvindo seus insultos.

– Então chama ela pra eu continuar os insultos!

– De qualquer jeito, - Ignorou o pedido da garota. - foi mal por te colocar no meio disso. Se quiser culpa alguém, culpe o Jin.

Ouviu Elesis soltar um suspiro, uma tentativa falha de tirar a raiva do peito. Apenas pela a voz conseguia perceber que ela estava bastante ocupada, o que resultava no cansaço.

– Relaxa, eu não estou brava com vocês. - Disse ela, porém parecendo ao contrário. - É que eu ando bem ocupada ultimamente, e o Jin não parava de me ligar. Aliás, é normal eu agir assim quando a Cazeaje está por perto.

Lass concorda. Sentia-se do mesmo jeito.

– Então, irei desligar. Vá descansar.

– Não, espera! - Disse, chamando a atenção do rapaz. - Poderia ao menos me falar o que o Jin queria comigo? Deve ser algo de importante.

Lass tinha até se esquecido dessa parte. Parece que Cazeaje tinha bloqueado seus pensamentos por completo, por isso esqueceu desse detalhe.

Soltou um pequeno suspiro e passou a mão no cabelo. Pensava em um jeito de contar para a ruiva sem deixa-la preocupada.

– Você será expulsa do colégio se não voltar logo. - Falou de uma vez. É, não conseguiu ser delicado com as palavras. - Grandiel estava reclamando das suas faltas excessivas, ou as do Eléo, então ele te expulsará de vez no final do mês. É por isso que o Jin estava te ligando, para te contar isso.

Não ouviu a voz da espadachim. Ela devia estar pensativa, ou até mesmo em choque. Era horrível não poder ver a expressão da garota, o que deixava um suspense no ar.

– Obrigada por avisar. - Elesis disse de repente. Pela a voz, não parecia preocupada. - Irei dar um jeito nisso, não se preocupe. Fale o mesmo para o Jin.

– Tem certeza? Você é uma SS agora, então o castigo que terá não será o mesmo. - Parecia um pouco preocupado pelo o jeito que a ruiva estava levando. - Saiba disso.

– Certo, lembrarei disso quando tomar um soco do Astaroth. Mais algum aviso?

Abriu a boca para falar. Não conseguiu dizer. Queria comentar par a ruiva sobre sua memória que voltava, principalmente do que Gerard o disse. Não tinha certeza do que ele havia falado, mas queria que Elesis soubesse, mesmo que pouco.

Apertou o aparelho com força e abaixou o olhar. Sentia algo o impedindo de dizer, e aquilo o incomodava bastante.

– Desculpa, eu tenho que ir. Depois você fala com o Jin. - Falou rapidamente. - Tchau.

***

– E-Ei, Lass! - Gritou.

Não ouviu mais a voz do rapaz, apenas o som sem fim da chamada terminada. Olhou para a tela do aparelho e viu a ligação encerrada. Ficou zangada com aquilo. Lass desligou na sua cara e ainda a deixou no suspense de ser expulsar.

Soltou um estalo com a língua e guardou seu celular no bolso. Antes que pudesse sair daquele lugar, um vento gelado passou por seu corpo. Abraçou o próprio tronco e continuou a andar seu caminho. Começava a se arrepender por ter esquecido o casaco. O que era engraçado, já que estava um dia ensolarado.

Por estar distraída, quase esbarrou em alguém que vinha na direção ao contrária. Pediu perdão do mesmo jeito.

– Está tudo bem. - Falou a pessoa, assim seguindo em frente.

Elesis ficou parada, olhando o rapaz ir embora. Achou estranho o fato de ele possuir um cabelo tão longo, mais que o antigo Ronan, o que cobria sua expressão. Mas o que mais chamou a atenção da ruiva foi o cheiro insuportável que ele exalava.

– Uma longa jornada deve ter tido para cheirar assim. - Comenta com os dedos no nariz.

Tirou o olhar de nojo e voltou para seu objetivo. Em pouco tempo chegou em casa, abrindo a porta e a fechando com força. Abriu um pequeno sorriso ao sentir-se confortável ali dentro. Porém, um certo cheiro chamou sua atenção.

Chegou na cozinha e viu Ladmir preparando o almoço. O loiro a olhou e deu um breve cumprimento.

– Esteve aonde, Elesis? - Perguntou autoritário.

– Treinando. - Desviou o olhar. Colocou os braços para trás e entrelaçou as próprias mãos. - O que mais eu estaria fazendo?

– Você não estava treinando. - Notou a mentira da espadachim de primeira.

– Ladmir...

O elfo se virou zangado, deixando a garota intimidada. Elesis pretendia dar um passo para trás, mas se manteve firme e o olhou.

Ladmir desligou o fogão e andou até a espadachim. Sem permissão, pegou um dos braços dela e esticou para frente. Sua pele estava cheia de machucados ainda não sarados, que pareciam ter sido feitos há pouco tempo atrás.

Soltou Elesis e a olhou, querendo uma explicação.

– É praticamente um treino. - Disse ela.

– Elesis, você não sabe o que é isso, só está abusando do desconhecido. - Falava bravo.

– Ladmir, qual é! - Esticou os braços para o lado e abriu um sorriso convencido. - Meu corpo está se regenerando sozinho, por maior que seja o machucado. Veja! - Segurou a fita em volta de seu olho e a puxou. Revelou seu olhou, agora não mais ferido. Tinha voltado ao normal. - Meu olho voltou a ser o que era antes.

Fez uma expressão de dor e colocou a mão sobre o olho.

– Bem, ainda tenho dor de cabeça por causa dele, mas isso vai passar. - Dizia positiva. - Posso não saber o que está acontecendo comigo, mas agradeço por estar me ajudando.

Na verdade, sabia muito bem do que se tratava. É claro, não iria dizer o que era.

– Não me importo. - Ladmir disse firme. - Pare de se machucar para testar a sua regeneração, isso pode mata-la. E se persistir, falarei para a Lothos.

– Ladmir!

– Vá tomar um banho, você está fedendo a sangue. - Apontou na direção da escada. Por mais que a ruiva não estivesse coberta por sangue, o cheiro estava grudado em sua pele. - E não quero ter essa conversa de novo com você.

O elfo deu as costas e voltou a fazer o almoço. Elesis ficou parada, tentando esconder seu olhar triste. Achava que o rapaz iria ver isso como algo positivo, como ela via, mas parece que foi totalmente o contrário.

Fazia um tempo desde que viu Eléo pela a última vez, ou as chamas azuis mesmo. Sua última vez foi alguns dias após a despedida dos rapazes, e depois disso, nunca mais o viu. Pensava que ele poderia estar brincando com ela, mas com o passar dos dias essa ideia parecia impossível.

Mas com o sumiço das chamas, a estranha regeneração de seu corpo surgiu. Todos os seus machucados se cicatrizavam quase por imediato. Com isso em mente, todo o dia Elesis ia em algum lugar perigoso e se arriscava ao máximo, testando até onde sua regeneração ia.

– Certo. - Confirmou quase como um arrependimento. - Vou ir pro meu quarto estudar.

– Bom. - Foi a última coisa que ouviu antes de subir os degraus.

Fechou a porta de seu quarto e encostou suas costas no mesmo. Jogou sua bolsa de lado, a mesma que carregava alguns equipamentos. Olhou em volta e percebeu que o lugar precisava de uma arrumação.

Lentamente, caiu sentada no chão quando suas costas escorregaram pela a porta. Soltou um suspiro cansado e colocou a cabeça de lado. Pretendia dormir ali mesmo, mas um dos livros jogados no chão chamou sua atenção. Era sobre as chamas azuis, o que teve muita dificuldade para achar esse tipo de livro.

Colocou a mão na testa ao sentir uma dor na cabeça. Sua visão começou a ficar embaçada, principalmente em seu olho curado. Não conseguia enxergar muita coisa daquele jeito.

Esticou sua mão e pegou sua bolsa, assim a puxando para perto. Se atrapalhou um pouco para achar o que procurava. Ao pegar, voltou a deixar sua bolsa jogada de lado.

– Até quando vou ter que ficar assim? - Murmurou um pouco irritada.

Sua visão melhorou, junto com sua dor de cabeça que sumiu. Usar aquele óculos facilitava tudo, graças às suas lentes mágicas. Porém, a ruiva se sentia estranha quando usava aquilo. Era isso ou permanecer com os olhos enfaixados, o que fazia a garota se atrapalhar em algumas coisas por causa disso.

– Até o final do mês, hum? - Bateu com a parte de trás da cabeça na porta. - Eu acho que dar tempo até lá.

***

Chegou na sala e sentiu a tensão que o lugar o esperava. A viu do outro lado da mesa, como sempre, trabalhando em milhares de papeis. Ela parecia ocupada, mas essa era a impressão que queria passar.

– Não seja tímido, Isolet. Se aproxime. - Disse Cazeaje, ainda com a atenção nos papeis.

– Não me chame desse jeito. - Disse irritado enquanto ia até perto da mesa. - Não gosto que me chamem pelo o sobrenome.

– Chamo-o do jeito que quiser. - Abaixa os papeis e abri um pequeno sorriso. - Diferente de você, tenho posição para isso.

Sentia o sangue ferver a cada palavra ouvida. Não deu uma resposta para a moça, também não tinha uma, e se tivesse, seria preso por isso.

– Pois bem, sobre o seu castigo. - Fala Cazeaje. - Espero que dessa vez faça nada de errado.

– Espero que você não minta dessa vez. - Murmurou.

– Nunca menti para vocês. - Sentiu um olhar furioso sobre ela. - Só não contei para vocês. Além dos mais, se vocês foram derrotados ou não por Gerard é problema seus, não meu.

– Entendi. - Arrastou a voz. - Agora diz logo o que eu devo fazer.

Cazeaje soltou uma pequena risada, mas acabando com ela ao pegar alguns papeis e esticar para o rapaz. Lass olhou confuso e pegou as folhas. Achou que seria um trabalho parecido o de Grandiel, felizmente estava errado.

– Era isso que procurava, não? - Comenta a moça, perturbando a sanidade de Lass com seu sorriso. - Espero que fique grato.

Seu olhar confuso permaneceu visível, até decidir ver o que segurava. Engoliu seco ao ver do que se tratava.

Amassou os papeis com raiva e colocou sobre a mesa em um tapa.

– O que é isso?! Por que acha que eu me interessaria por isso? - Pergunta furioso.

– Oh, não era isso que procurava? - Fingiu o olhar de inocente. - Achei que se interessaria pela a ficha dos Cavaleiros Vermelhos.

A mão de Lass saiu de cima dos papeis, revelando o nome da ruiva escrito ali. Não era somente a ficha dela que estava ali, e sim de outros integrantes da Guilda. Só em pensar olhar informações pessoais da ruiva o deixava furioso.

– Não quero isso! - Diz indignado. - E não era por isso que eu procurava.

– Tudo bem então, não olhe. - Jogou os braços de lado, numa intenção de "tanto faz". - Mas não fale comigo nesse tom de voz. Não se esqueça da sua barbaridade ao olhar os documentos sem permissão. - Apontou como um aviso.

Pretendia discutir, mas pensou antes. Desencostou da mesa lentamente e tentou acalmar a raiva que sentia. Ela tinha razão, não podia se esquecer do que fez. Tinha sorte de não ter tomado nenhuma consequência por isso... Era o que achava até o momento.

– Mas falando sobre o castigo... - Fala Cazeaje, voltando a ficar séria. - Será uma tarefa fácil, que dependendo de você, ficará difícil.

Lass engoliu o vestígio de sua raiva e olhou para a moça. Não entendeu o que ela quis dizer com aquilo, muito menos quando ela o esticava algo.

Uma carta. A pegou, tentando decifrar o que estava escrito ali dentro.

– Não abra, não é sua. - Avisou. - Quero que entregue para o Conselho de Serdin. Mas como você sabe, muitos adorariam tê-la em mãos.

– Meu trabalho é entrega isso em segurança. - Entende o ninja. Ergueu a carta com um olhar sério. - Virei correio, por acaso?

– E também tem uma lista de coisas que você deve fazer durante a viagem. - Esticou outro papel, fazendo Lass olhar cansado ao pegar. - Nada de tão trabalhoso assim. E pode ficar tranquilo que não terá nenhum Gerard dessa vez.

O ninja olhou para folha e viu tarefas simples a se fazer, porém que eram muitas. Aquilo daria um certo trabalho.

– Serão dois Gerard, então? - Disse sério, embora tivesse um tom de brincadeira na pergunta.

– Não seja bobo. - Sorriu, levando na brincadeira, o que irritou o rapaz. - Garanto que será só isso. Seria um desperdício te mandar para uma missão suicida. - Se ajeitou na cadeira. - Alguma dúvida?

– Sim. O que você está pretendendo fazer? - Olhou desconfiado. - Estava mexendo nos arquivos escondidos, está claro que você não vai deixar isso impune.

– É, você tem razão. - Deu uma leve concordada. De repente, uma feição sombria surgiu na face dela. - Se eu te pegar mexendo novamente nos arquivos do Conselho, garanto que não usará somente um gesso. Entendido?

Aquilo poderia ter deixado o ninja assustado, mas ele já tinha visto coisas que poderiam ser bem mais assustadores. Do mesmo jeito, afirmou. Não podia se esquecer que Cazeaje era capaz de tudo, sem ou com ameaça.

– Mais alguma dúvida? - Cazeaje voltou ao seu tom "meigo". Era surpreendente a facilidade que ela tinha para trocar de humor. Ela podia estar sempre fingindo, achava Lass. - Estou bastante ocupada, então se tiver algo para falar, fale.

O rapaz não tinha nada em mente para falar, além de insultos e ideias para matar uma certa pessoa. Olhou para os papeis em sua mão e os dobrou, guardando no bolso.

– E o castigo da Elesis? - Perguntou finalmente. - O que fará com ela?

– Sabia que iria parar nesse assunto. - Disse enquanto voltava a fazer seu trabalho. - Por que tanto interesse nela? O que acontecer com ela não terá nada a ver com você.

– O mundo vai fazer que sim.

– Hã? - Olhou confuso. - Deixa pra lá. O castigo da Elesis ainda não foi decidido, pelo o mesmo motivo de ela ainda estar se recuperando.

– Bancando uma boa pessoa? Não combina com você.

– De qualquer jeito, - Ignorou a ofensa e continuou a falar. - não adianta perguntar o que planejo para ela porque ainda não pensei. Se é tudo isso que você quer saber, pode ir.

Não ouviu uma resposta do ninja. Abaixou os papeis que segurava e o viu parado em seu lugar. Lass parecia bem séria, a encarando sem motivo algum. Isso fez Cazeaje ergue uma sobrancelha confusa.

– Pretendo fazer algo com ela. - Diz Lass. - Como sempre.

– Por que toda essa desconfiança? Só porque errei uma vez, não quer dizer que errarei outra vez.

– Você não errou, fez de propósito. - Rosnou.

– Certo, não farei de propósito novamente. - Balançou a mão, dizendo para o rapaz ir. - Agora vá.

A mesa deu uma leve balançada com a mão de Lass a batendo. Cazeaje ergueu o olhar preguiçoso.

– Não brinque, estou falando sério. - Disse do mesmo modo. - Você pode fingir estar deixando a Elesis descansar o suficiente, mas sei que pretende fazer algo contra ela quando o castigo chegar. - Apertou o olhar mais ainda. - É fácil prever o que você está pensando, se é bom ou mau. É claro, sempre será mau.

Até concordaria com o que ouviu, de sempre está planejando algo, mesmo que seja pequeno. O mundo devia girar em sua volta, e se não girasse, ele pagaria por isso; Todos que agissem assim pagariam. Suas ordens eram absolutas, seus planos inquebráveis e seu poder infinito. Isso definia Cazeaje, uma pessoa equivalente a uma divindade ou deus.

– Então você previu isso. - Disse ao se apoiar na mesa.

Com certeza ele não previa aquilo.

Os olhos do ninja se arregalaram em surpresa, seu corpo ficou imóvel naquele instante. Tentou dizer algo, mas parecia impossível em todas as maneiras. Não conseguiu se afastar, Cazeaje o segurava pelo o pulso.

Nunca esperou isso. Não dela. Nunca.

Cazeaje pressionava seus lábios contra os de Lass, o dando um simples beijo. Ela estava apoiada sobre a mesa, se esticando para perto do ninja desse jeito. E pelo visto, ela tinha jeito nisso como qualquer coisa que fazia.

Se afastou quase como um susto, com tropeços e tudo. Colocou as costas da mão na sua boca e olhou assustado para Cazeaje. A moça apenas voltou a se sentar e abriu um pequeno sorriso em resposta.

– O quê... - Murmurou Lass. - O que foi isso?

– Nada, meu querido Isolet. - Disse a moça. Passou a ponta dos dedos em seu lábio, assim esticando seu sorriso. - Só uma amostra de que você não sabe absolutamente nada sobre mim.

***

– Você sempre fará o que eu manda, certo? - Aquela doce voz veio em seus ouvidos. Era tão suave e confortadora.

Olhava para seus dedos entrelaçados, de cabeça abaixada. Por mais que gostasse daquela voz, não pareceu se animar ao ouvi-la. Continuou daquele jeito, sem expressão.

– Sim. - Balançou a cabeça.

– Nunca irá contra.

– Sim.

Sentiu a mão daquela pessoa em seu ombro. Permaneceu sem olha-la.

– Sua mãe iria adorar vê-lo agora. É um rapaz crescido e muito obediente. - Deu uma pequena pausa. - Uma pena ela não poder estar aqui com nós.

Não respondeu. Aquelas palavras o machucava fortemente.

Respirou fundo e tomou coragem para falar.

– Tia -- Foi interrompido.

– Não, não. Não me chame de tia. Eu pareço uma velha desse jeito. - Falou a pessoa dramaticamente. - De agora em diante, você não me chamará mais desse jeito. Certo?

Apertou suas pequenas mãos ao ouvir isso. Tinha um certo sentimento de querer negar aqui, mas não podia. Não para aquela pessoa.

– Sim. - Concordou outra vez.

– A partir de hoje, você me chamará como todos chamarão. - Não viu, mas aquela pessoa abriu um pequeno sorriso. - Dona Cazeaje.

Ergueu o olhar de sobrancelha juntas pela a confusão. Viu aquela bela moça na sua frente, tão jovem e perfeita. Estranho, não tinha puxado nada vindo dela, somente de seus pais. Embora ela não tivesse semelhança com a mesma, sempre a consideraria da família.

Por mais que fosse doloroso aceitar.

– Sim, - Afirmou com a voz trêmula. Voltou a ficar de rosto abaixado, achando estranho quando sentiu seus olhos se umedecerem. - Dona Cazeaje.

Ela sorriu mais ainda ao ser chamada dessa forma. Esticou sua mão e a pousou sobre o cabelo arrumado do garoto. O pequeno se encolheu sobre os ombros, mas aceitando o cafuné dela.

– Você é um bom garoto, - Elogiou ainda sorrindo. - Ronan.

Seus olhos se abriram lentamente. Fazia tempo desde que aquilo tinha acontecido, e desde que tudo em sua família havia mudado por causa dela. Mas não estava bravo, zangado, feliz nem mesmo triste; Não sabia como se expressar diante daquilo tudo.

Nasceu para ser um herdeiro do trono em completa perfeição. Esse era seu dever básico. Portanto, devia concorda com todas as ordens, sem deixar nenhuma passar. Porém, com o tempo, as ordens começaram a parecer cruéis para ele. Queria ter negado todas...

Mas ele não podia.

Levantou o rosto ao ouvir passos apressados ecoarem pelo o corredor. Tinha ficado sentado ali por um bom tempo, que até mesmo pegou no sono por isso. Ficou surpreso ao ver um rosto familiar passar por ali.

Se levantou e mal teve tempo para perguntar como foi a conversa, pois correu apressado atrás da pessoa. Só a parou quando ficou ao seu lado, chamando a atenção.

– Lass, você tá bem? - Perguntou Ronan um pouco preocupado. Percebeu a pele pálida do ninja, mais que o normal.

– H-Hã? - Seus passos finalmente diminuíram, facilitando para o azulado o acompanhar. Sem perceber, sua mão ainda estava sobre sua boca, do mesmo jeito que saiu da sala. - E-Eu tô bem.

– Parece assustado. - Olhou bem para ele. - Algum problema com a boca?

Finalmente notou que ainda cobria os lábios. Abaixou a mão e olhou para os lados com um certo pavor.

– Não, eu só estava pensando. - Inventou uma desculpa. - Nada de mais.

– Certo então. - Continuou o olhar desconfiado. - Então, como foi com a Dona Cazeaje?

– Bem, bem. Já resolvemos o negócio do castigo, então sem preocupações. - Falava tudo rapidamente, de uma forma frenética. - Só espero nunca mais vê-la.

– Por quê?

Seus passos diminuíram mais ainda. Olhou para Ronan e procurou uma resposta para dizer. Não conseguiu pensar em nada do tipo, o que fez acontecer um longo silêncio entre os dois.

Colocou as mãos no bolso, sentindo aqueles papeis tão importante para ele. Virou o rosto para o lado e soltou um rápido cuspido no piso do corredor. Sentiu o olhar de Ronan em reprovação sobre ele.

– Tenho medo do que acontecerá da próxima vez. - Falou enquanto passava as costas da mão sobre os lábios úmidos.

***

Não conseguiu segurar, solto um largo sorriso de alívio naquele momento. Nunca achou que esse momento iria chegar, como se fosse algo impossível. Mas chegou, e esse parecia ser um dos momentos mais felizes de sua vida.

Deu a descarga. Jin tinha conseguido achar o banheiro e ter o usado a tempo.

– Obrigado, Deusas de Ernas. - Murmurou grato. - Eu fico devendo uma para vocês.

Se afastou para poder ir lavar suas mãos, assim nem percebendo aquela pessoa o encarando de perto. Quando se virou só teve tempo de recuar, batendo as costas na parede, e agachar para se esquivar do golpe. Automaticamente tinha cruzados os braços na frente do rosto, uma forma de se defender assim, mas que não foi preciso.

Abaixou os braços e percebeu um pé ao lado de seu rosto, apoiado na parede atrás. Seguiu o olhar até o dono daquela bota que quase arrancou a cabeça do ruivo fora.

– O que você e seu amiguinho estavam olhando? - Questionar Vegas, ainda com o pé ao lado do lutador. Ela olhou seriamente, assustando o rapaz desse jeito.

– Do que você tá falando? - Perguntou sem entender o que acontecia. - E o que você faz no banheiro dos garotos?!

– Você e o Lass estavam mexendo nos documentos do Conselho. - Quase gritou de irritada. Ela lembrava Elesis em várias maneiras. - Por quê?! O que pretendiam fazer com aquilo?

– E-Eu não sei! - Realmente, Lass não tinha o contado exatamente o que ele queria com os arquivos. - Eu só vim aqui por causa de uma bebida de graça! Se quiser algo, vá tentar chutar o Lass por explicação.

O pé da garota se moveu com mais força contra a parede. Jin começou a ficar tenso.

– Você estava no meio, com certeza sabe de algo. - Insistiu a garota. - Não esconda. Saiba que olhar arquivos desse tipo é um crime.

– Eu já disse que não sei de nada! O Lass que teve a ideia de ir olhar os arquivos, não eu.

Vegas continuou a encarar o lutador com uma tremenda seriedade. Jin não fez nada durante esse olhar sobre ele, apenas engoliu seco e torceu para que desse certo o que falou.

– E o que o Lass queria com os arquivos? - Dessa vez, a garota parecia mais calma.

– Não sei exatamente, ele deu uma explicação vaga. Parece que era para saber sobre uma pessoa que ele está procurando, eu acho. - Deu de ombros. - E eu não sei quem é, antes que você me pergunte.

Jin se levantou do chão, não aguentando mais ficar naquela posição contra a parede. Automaticamente, o pé da garota se afastou, dando mais espaço para o rapaz.

– Saiba que Dona Cazeaje não gostou nada da atitude do seu amigo. - Avisou. - Ele provavelmente levou seu castigo devido. E você será o próximo.

– Já disse que não tenho nada a ver com isso. Quer que eu desenhe para você?!

Suas costas voltaram a bater contra a parede novamente, porém mais agressivo dessa vez. Vegas tinha o segura pela a gola da camisa e o empurrado violentamente. Jin não reagiu, só tentava não mostrar o medo que sentia daquela ruiva.

– Dona Cazeaje sabe que só o Lass estava naquela sala, mas eu sei que você estava junto. - Dizia Vegas em um tom de ameaça. - Se ela souber que você esteve olhando os arquivos, será morte certa sua.

– Engraçado, ela sabe do Lass mas ele não está morto.

Soltou um rugido quando recebeu um golpe na clavícula, bem no começo do pescoço, gerando uma marca mancha vermelha na pele ao ser atingido.

– É claro que ela não vai fazer nada com o bichinho de estimação dela, idiota. Lass possui um grande valor para ela, já você... - Olhou com nojo. - É apenas mais um inseto no meio de milhões.

– Todos nós somos meros insetos comparado ao Lass. Até mesmo você.

Achou que iria receber outro ataque no pescoço, mas estava errado. Vegas continuava o encarar, sem ter palavras para retrucar. Lentamente, ela o soltou, mas continuou a olha-lo seriamente.

Se jogou mais contra a parede quando a ruiva apontou em ameaça para ele. Por um momento, pensou que ela iria voltar a ataca-lo.

– Se eu te ver novamente naquela sala, você é um homem morto. - Rosnou Vegas. - Não importa se você é mais forte que eu, irei acabar com sua raça.

Jin tinha até esquecido que havia lutado com Vegas uma vez, no teste de SS. Ele conseguiu ganhar dela, mas graças à Elesis. Ele pode ter feito o maior estrago na ruiva, porém a espadachim que finalizou com ela, e não ele.

– E avise o mesmo para o seu amigo. - Foi a última coisa que a garota falou antes de sair do banheiro em passos furiosos.

Após ouvir a porta se fechando, Jin caiu no chão lentamente, até ficar sentado e soltou a respiração que segurava. Nunca achou que seria pego de surpresa daquele jeito, principalmente em um lugar daquele... E por uma garota.

Do lado de fora, Lass e Ronan tinham acabado de chegar perto do banheiro. O albino tinha lembrado que o ruivo tinha ido pra lá, por isso foi o buscar. Mas ao chegarem no lugar, ficaram confusos com a saída de Vegas do banheiro masculino. Perceberam o olhar nervoso que a garota tinha, o que deixavam mais sem explicação a cena.

Quando iam começar a questionar o que tinha acabado de acontecer, a porta do banheiro se abriu novamente. Não sabiam se olhavam mais confusos com a saída do lutador, principalmente pelo o estado do mesmo.

Jin estava com a camisa amassada pelo o ataque de Vegas, o cabelo um pouco bagunçado por ter sido jogado contra parede e, principalmente, o zíper da calça aberta, que logo foi fechado ao perceber isso. Ao tirar a expressão fechada, Jin notou os dois ali o olhando.

– Jin, o que aconteceu? - Perguntou Ronan, temendo a resposta.

O ruivo iria responder o que tinha realmente acontecido, mas havia esquecido que Ronan ficaria zangado se soubesse do que Lass fez. Olhou nervoso para o amigo, ficando em dúvida em que fazer.

– Nada de mais. - Disse em meio a uma risada sem jeito. - Só estava muito apertado mesmo.

– Sério? - Lass olhou de sobrancelha erguida. Se aproximou do ruivo e puxou um pouco da gola de sua camisa, assim vendo aquela marca vermelha. - Isso aqui não estava antes de vim para cá.

– E-Eu tropecei e bati na pia. - Seu rosto ficou vermelho quando viu a intenção daquela pergunta.

Parece que aquela desculpa não foi o bastante para convencer os dois. O rosto do rapaz ficou mais vermelho que o comum, assim tentando explicar, mas falhando nisso.

– Não se envergonhe por isso, Jin. - Disse Ronan, dando um leve tapa no ombro do lutador. - O entendemos.

– Nã-Não é isso! - Tentou se explicar enquanto os dois já seguiam o caminho. - Não aconteceu nada, é sério!

***

– Muito bom trabalho, rapazes. - Disse Grandiel deixando todas as pastas sobre a mesa. - Fizeram tudo certo, menos uma coisa.

Lass e Ronan soltaram um longo suspiro dramático. Tinham chegado na sala do loiro para entregar todos os deveres que fizeram, mesmo que não tivesse conseguido nada com o problema do Zero. Achavam que Grandiel iria deixar passar tranquilamente.

– Grandiel, demos duro em fazer todas as tarefas, então dar um desconto para nós. - Dizia Ronan. - A tarefa do Zero só depende dele, e não da gente. Se ele quiser voltar, que ele volte.

– E eu não vou atrás desse cara para trazê-lo à força. - Diz Lass.

– Entendo seus esforços. - Percebe a expressão de cansado de ambos, o que chegava a dar dó. - Deixarei passar só dessa vez. Não repitam isso novamente.

Não deixaram de abrir um sorriso de alívio com a resposta.

– Vocês devem saber por que fiz isso, certo? - Pergunta Grandiel, chamando a atenção de ambos.

– Para diminuir o trabalho do senhor, prevejo. - Fala Ronan.

– Não. - Negou com a cabeça. - Queria que vocês dois voltassem a serem como antes, e vejo que funcionou. Fazia bastante tempo desde que os vi se falando novamente.

– Bem, nada tinha acontecido entre nós. - Explicou o azulado. - Não havia necessidade desse trabalho.

– Garanto que precisava sim. - Abri um pequeno sorriso. - Vocês dois juntos são muito espertos e fortes, eu preciso da minha dupla nas missões SS. Como o problema entre o Sieghart e o Dio foi resolvido, o de vocês também. Espero que continue assim.

Lass não pareceu concorda com isso quando cruzou os braços e olhou para o lado. Seu relacionamento nunca foi bom com Ronan, sempre foi algo distante e provocativo. Resumindo, nunca se deram bem. Mas parece que o relacionamento com o azulado piorou com a chegada de Elesis, assim seus sentimentos ficando mais bagunçados do que o normal.

– De qualquer jeito, fico feliz pelo o resultado. - Diz Grandiel. - Agradeço a ajuda. Já podem ir.

Sentiram uma onde de alívio ao ter aquele trabalho terminado. Não teriam que andarem mais juntos ou se aturarem, apenas seguiram suas vidas tranquilamente.

– Menos você, Lass. - Falou o loiro, antes da saída dos dois. O ninja se virou sério, não querendo ser chamado. - Precisamos conversar.

– Sempre precisamos. - Resmunga emburrado.

Esperaram Ronan sair da sala para poderem começar a conversa, sendo que Lass já sabia sobre o que se tratava.

– Como foi a conversa com a Dona Cazeaje? - Perguntou Grandiel enquanto arrumava as pastas nas gavetas.

Não ouviu uma resposta, ficou um completo silêncio por longos segundos. O loiro levantou o olhar e estranhou o jeito quieto do ninja. Ele estava com o rosto virado, parecendo bastante pensativo.

– Lass! - O chamou.

– Não foi nada agradável. - O olhou. - Sabe, é a Cazeaje.

– E o seu castigo? Como ficou?

O ninja pôs a mão no bolso e retirou uma carta. Não deu nas mãos de Grandiel, apenas o mostrou o envelope.

– Tenho que entregar isso para o Conselho de Serdin. - Olhou para a carta, procurando algo escrito fora dela. Estava em branco. - Deve ser importante para ela me mandar.

– Sabe o que está escrito? - Olhou curioso.

– Não faço ideia. - Deu de ombros e voltou a guardar a carta no bolso. - Provavelmente seja sobre mim. Ou as chamas para ser mais exato.

– Entendo. - Apoiou o rosto sobre a mão, ficando pensativo dessa forma. Voltou o olhar para o ninja. - Elesis irá junto com você? Prevejo que ela tomará o castigo junto.

– Não, Cazeaje ainda não se decidiu o que fará com a Elesis. Ela disse que o caso dela é diferente do meu.

– Com certeza é. Elesis estava na missão apenas o ajudando, então o castigo dela será algo mais leve. - Explicou.

– Leve? - Olhou sério. - Estamos falando da Cazeaje, é claro que ela não pegará leve com a Elesis.

– Lass, já tivemos essa conversa antes e não quero tê-la outra vez. - Voltou a atenção aos trabalhos sobre a mesa. - E se quiser, já pode ir. Espero que tenha consciência da missão dessa vez.

O ninja apertou o punho irritado. Não gostava dessa atitude de Grandiel, como se nada estivesse acontecendo. Ele mesmo viu com os próprios olhos do que Cazeaje é capaz, mas parece que ele tinha esquecido.

Lass só queria que alguém o apoiasse nas suas decisões, e essa pessoa tinha que ser Grandiel. Sempre viu o loiro como um a espécie de pai ou algo do tipo, pois cresceu com ele e tudo mais. Quando pequeno, muita das vezes tentava chamar a atenção do loiro nos treinos, mas tudo que recebia eram palavras frias. Talvez seu jeito tenha vindo daí, se não fosse por seu passado doloroso.

Por mais que visse o rapaz de uma forma paterna, sempre teve vontade de conhecer o seu real pai. Regis, esse era o nome dele, e tudo que sabia do mesmo. Porém, às vezes sentia raiva dele por nunca ter o conhecido, outras, curiosidade em saber como ele é. Ficava com essa dúvida quando pensava na sua família, que nunca a conheceu bem.

– Entendido. - Afirmou, mesmo que quisesse negar. - Acho que demorarei para voltar da missão. Serdin é bem longe daqui.

– Leve o necessário e tome cuidado. - Avisou Grandie, ainda com a atenção no trabalho. - Você é bem crescido para se cuidar.

– Farei isso. - Olhou o loiro e esperou que ele dissesse mais algo, porém não ouviu nada.

Lass deu uma breve despedida e saiu da sala. Não queria mais continuar ali e ter esperança que Grandiel notasse o que estava acontecendo com ele.

***

Passou os olhos de um lado para o outro em uma velocidade impressionante. Fez um estalo com a língua e jogou o livro que lia para o lado, assim pegando outro e já começando a lê-lo. Precisava achar logo o que procurava.

– O que ela pretendia com aquilo?! - Gritou irritado.

Tinha passado o dia todo à procura de livros para entender o que tinha acontecido mais cedo. Lass tinha sido pego de surpresa por Cazeaje, que o beijou sem explicação alguma. É claro que aquilo não tinha acontecido sem ela estar pretendendo algo. E parecia que quanto mais procurava, mais desesperado ficava. Tinha até parado de ler o livro que Grandiel o deu para fazer essa pesquisa.

Jogou o corpo para trás, se deitando em sua cama e fitando o teto dessa forma. Sentiu o cansaço pesar sobre seus olhos e seu corpo. Mas não poderia simplesmente descansar agora, tinha muita coisa para descobrir ainda.

Levou suas mãos até o rosto e deu um grande tapa em cada bochecha. Aquilo foi o suficiente para deixa-lo acordado, e sua pele avermelhada.

– O que são os números onze? - Lembrou das cicatrizes em suas costas. - O que Cazeaje pretende fazer? Como que o Gerard está conseguindo tanto poder?! - Dessa vez, bagunçou seu cabelo com o passar da mão. Estava ficando agoniado de tanto pensamento sem resposta. - Por tudo está tão confuso?!

Começou a se incomodar com todos os papeis e livros sob o mesmo. Olhou para o teto por um tempo, até virar o rosto de lado e notar suas pesquisas coladas na parede. Até agora, tinha achado nada sobre que o ajudasse, nem que fosse por um pouco. Aquilo começava a deixa-lo irritado e com vontade de largar o que tanto procurava.

Às vezes achava que sua vida não teria como piorar, mas acaba lembrando de Elesis e vendo que é possível. Ficava satisfeito com a ruiva longe, assim as coisas em sua volta não ficariam mais difíceis. Porém, não importava o quão longe ela estivesse, de uma forma ou outra sua vida estaria sendo interferida pela a ruiva.

Seu braço engessado começou a coça, outra vez. Não via a hora de tirar aquela coisa de uma vez. Como se não fosse o suficiente, sua cabeça começou a doer. Já tinha perdido as contas de quantas dores tinha por dia, e que os remédios não tinham efeitos.

Pôs a mão na testa com os dente trincando de dor. A dor aumentava que chegava nem aguentar, fazendo seu corpo se cansar em segundos. Se moveu pela a cama, uma tentativa falha de se levantar. Olhou para os lados, tentando reconhecer o lugar que estava, porém sua visão começava a ficar escura aos poucos.

Sem conseguir evitar, apagou com a dor insana que sentia.

***

Não lembrava muito como aquela situação tinha acabado, mas sentia que saberia em breve. Tudo que se lembrava era de ter a pegado pela a mão e corrido, a puxando para longe daquele lugar que desmoronava. O grande buraco no final daquele salão iluminava sua saída. Sem pensar, correu naquela direção com as últimas forças que restava.

Sentiu algo correr em sua direção com uma aura ameaçadora. Não precisou olhar para trás para saber quem o perseguia. Não conseguiria fugir a tempo, portanto, precisava ao menos deixa-la longe daquele monstro.

Chegou na beirada da cratera, sentindo o enorme frio que fazia ali do lado de fora. Sem dizer nada, empurrou a jovem ferida garota dali, a mantendo longe o possível de todo o mal. Viu o olhar desesperado dela enquanto caía, com milhares de pensamentos confusos na mente da mesma. Ao mesmo tempo, uma mão o segurou em seu braço quebrado, o puxando brutalmente para longe da jovem que caía.

Seu corpo girou quando foi arremessado ao chão. Se tivesse voz, teria berrado em dor, mas como não tinha. Tudo que conseguia fazer naquele momento era olhar aquela rapaz se aproximar dele.

– Não pense que vá sair tão fácil assim. - Falou Gerard com um sorriso vitorioso. - Tenho coisas para te falar.

O ninja automaticamente achou aquilo como uma ameaça. Virou o corpo para baixo e começou a se arrastar com o único braço que o restava. Sabia que aquilo seria inútil, mas tinha que continuar a tentar até suas últimas forças.

– Deixarei para você um pequeno presente. - Menciona o ruivo enquanto dava pequeno passos até o rapaz. - Espero que seja esperto o suficiente para entender. Isso aqui te mostrará tudo que você deve saber.

O albino não entendeu uma sequer palavras vindo de Gerard. Sua mente estava ocupada demais com a tentativa tola de fugir. Mas uma onda de desespero passou por seu corpo quando sentiu algo encostar em suas costas. Era algo quente no começo, que logo se tornou uma dor insuportável, mesmo depois de tudo que passou.

Não sabia mas ainda conseguia soltar mais um berro com sua voz rouca. Tentou escapar daquele pesadelo, porém era impossível. Era como se toda sua infância estivesse sido revivida.

– Pronto, ficou melhor do que eu esperava. - Ouviu a voz debochada do ruivo. - Agora, levante e olhe para mim.

Não esperou que Lass fizesse isso, se aproximou dele e o pegou pela camisa. O colocou de pé, porém tendo que segurá-lo para que não voltasse a cair no chão. Com uma das mãos, segurou a face do ninja, a virando na direção do olhar do ruivo, assim vendo os olhos apagados que o albino tinha.

– Escute-me atentamente. - Avisou Gerard sério. - Elesis o ama, de verdade. Ela nunca diria isso para você, está óbvio, então seja o primeiro a dar o passo, idiota.

– O quê? - Foi tudo que conseguiu dizer com sua voz fraca. Achava que tudo que estava ouvindo era uma brincadeira, porém o tom sério do ruivo dizia o contrário.

– Você pode não mais vê-la desse jeito, mas deve ao menos entendê-la. Não é todo dia que você tem uma chance dessa. - Apertou um pouco mais forte o rosto do ninja, chamando sua atenção. - Pare de agir como um babaca. Agora, pense nisso e vá ajuda-la.

Lass começou a ser puxado pela a camisa, indo em direção à cratera no salão. O albino continuou confuso que tudo que ouviu, por isso tentava parar o ruivo para o chamar a atenção.

– Gerard... Por que diz isso para mim? - Perguntou em um tom fraco e cansativo.

– Um dia você entenderá. Elesis se importa com você, e você deve fazer o mesmo por ela.

Foi empurrado contra a ponta que separava o salão de uma enorme queda. Com bastante esforço, evitou de cair, porém ficando na ponta e conseguindo ver a paisagem daquela altura. Se virou lentamente e olhou para Gerard.

– Por que está dizendo tudo isso? - Perguntou. - E por que está fazendo isso por mim?

– Porque eu me importo com a minha pequena ruiva e nunca quero vê-la machucada. - Abriu um pequeno sorriso sereno. - Cuide dela por mim.

Sua boca se abriu para discutir outra vez, porém não conseguiu ao ser atingido pelo o ruivo. Aquele simples soco foi o suficiente para apagar sua mente de vez e fazer seu corpo desmoronar. Não sabia como, mas sentiu algo o empurrar e o fazer cair daquela enorme queda, que logo seria a última coisa que conseguiria se lembrar desde então.

***

Sua respiração ofegante era a única coisa que preenchia o silêncio de seu quarto. Seus olhos estavam abertos de surpresa, junto com os seus lábios. A dor que sentia antes tinha desaparecido magicamente, junto com o seu cansaço. Após aquilo, seu mundo estava de cabeça para baixo. Literalmente.

Antes de apagar, acabou deslizando da cama e caindo de costas no chão, porém suas penas permaneceram sobre o colchão. Sua franja que ficava sobre sua testa, agora estava espalhada sobre o piso gelado, como seus braços esticados. O suor que devia cair por suas bochechas, caía ao contrário. Sua pele ainda estava gelada pela a surpresa, que logo voltará ao normal ao perceber a situação que passava.

Sua expressão se amenizou com o passar das memórias que se organizavam em sua mente. Queria poder dizer milhares de palavras naquele momento, mas nenhuma saía de sua boca. Ficou um bom tempo daquele jeito, virado e pensativo.

Ficou incomodado rapidamente com a coceira em seu braço engessado. O ergueu e tentou coça-lo, mesmo sabendo que não teria como. Outra coisa que o incomodava, era as cicatrizes em suas costas. Achava que teria alguma solução ao lembrar de tudo, porém estava errado. Aquilo era realmente um mistério.

– Hã? - Fez ao perceber algo em seu gesso.

Tinha esquecido que Elesis havia escrito aquilo ali. Por mais que tivesse achado que tinha entendido o que aquilo queria dizer, continuou a olhar pensativo. As memórias que tinham recém chegado parecia incomoda-lo.

– Me desculpe, é? - Murmurou em um tom triste.

Aquilo não soava como arrependimento nem nada parecido, e sim algo lamentável. Não importa quanto ela o amasse, ele não iria retribuir aquele sentimento, e isso era doloroso para a mesma. Sabendo dessa dor que sentia, entendeu como Lass se sentia em relação a ela.

Elesis nunca quis fazer alguém sofrer desse jeito. E ela se sentia mal com isso.

***

Olhava cabisbaixo, mantendo a atenção no aparelho que segurava em suas mãos. Passou a noite toda pensando sobre isso, porém ficou em silêncio em todo o momento. Ainda achava que tinha batido a cabeça e achado que tinha tido um pesadelo. Mas não teve. Relembrou tudo que tinha acontecido até chegar ali, e essas memórias fazia sua consciência pesar.

Outra vez, sua atenção foi chamada pelo o gesso em seu braço. Aquelas duas palavras escritas ali o incomodava mais ainda. Felizmente, sua atenção foi chamada por alguns gritos que ecoaram no salão.

Tinha chegado na aula de SS fazia um tempo, porém preferiu não participar e ficar no canto olhando. Disse para Astaroth que não estava se sentindo bem, o que o mesmo não foi contra. Agora no momento, pelo o que percebeu, os rapazes estavam tomando um pouco de descanso.

– Jin! - Lass chamou o ruivo, que o olhou rapidamente. - Vem cá.

O ninja se levantou de seu lugar e guardou o celular em seu bolso. Achava que aquilo faria ele ter coragem de ligar para Elesis e dizer do que tinha lembrado, já que havia contado para ninguém. Após isso, pegou uma das suas kunais guardadas e se aproximou do ruivo.

Ao se aproximar, Jin ficou assustado quando Lass esticou a lâmina para ele.

– Quero que você me ajude a tirar esse gesso. - Menciona o ninja. - Não vou ter força para perfurar com a lâmina, então quero que você faça isso.

– O quê? Você não pode tirar ainda, ou pode?

– Não me importo! - Diz irritado. - Meu braço tá melhor e esse gesso está coçando muito. - Balança a kunai, mandando o lutador pegá-la. - Pega.

– Eu não sei se sou capaz disso. - Falava trêmulo. - E se eu acabar furando seu braço sem querer.

– Eu furo sua cara e ficamos quite. - Balançou a lâmina outra vez. - Vai!

Jin olhou nervoso para a pequena faca. Com o medo visível, pegou a kunai e esperou Lass se preparar. O ninja apenas ergueu o braço engessado e mandou o ruivo atacar no lugar apontado.

– Isso não vai dar certo. - Avisa ainda medroso.

– Olha, é melhor quebrar o gesso assim em vez de eu quebrar ele na sua cara. - Disse sério. - Agora, foca na ponta e perfura com força.

– Cer-Certo então.

Como esperado, Jin segurou a lâmina com as duas mãos e mirou bem no gesso, tomando cuidado para não atingir o amigo. Sentiu seu corpo tremer com aquilo, mas o olhar sério do ninja o deixa mais tenso ainda.

– Vai logo! - Grita Lass.

Por impulso, o ruivo atacou o lugar marcado. Fechou os olhos em medo e sentiu a ponta da lâmina bater contra algo duro. Sem querer saber o que tinha acontecido, o lutador abriu os olhos lentamente, ficando um pouco aliviado com o resultado.

A kunai não tinha nem perfurado o gesso, somente o tocava pela a ponta. Lass viu aquilo e ficou irritado. Achou que era causado pela a fraqueza de Jin, portanto pegou a lâmina das mãos do rapaz e se preparou para perfurar o próprio braço.

Colocou a kunai para baixo e desceu com toda força no gesso. Seu braço foi jogado para trás por causa do impacto entre a lâmina e a superfície dura. Como Jin, o ataque de Lass foi inútil.

– O quê? - Questionou assustado. - Por que isso não quebra?!

Outra vez, começou a bater no gesso com a kunai. Seus ataques só cessaram quando a lâmina se partiu em dois.

– Que Kunai vagabunda. - Menciona Jin. - Comprou aonde?

– Não é a kunai! - Diz irritado, em seguida jogando a arma no chão. - É o gesso.

– É claro que é o gesso! - Uma voz chama a atenção dos dois.

Olharam já sabendo o que viria. Astaroth vinha em suas direções, como sempre, sorrindo irritantemente.

– Isso é como se fosse um daqueles cones de cachorro, para eles não se morderem. - Diz o professor. - No seu caso, para não arruma encrenca.

– O quê? - Pergunta Lass confuso. - Desde quando eu arrumo encrenca?

– Desde sempre. Grandi só não quer você treine demais ou faça alguma missão, então isso de alguma forma vai te atrapalhar. - Sorri de forma superior. - E não, não tem como quebrar. Esse gesso possui um selo mágico, portanto, só é retirado por mim ou pelo o Grandi.

– E como vocês esperam que eu faça a missão da Cazeaje com isso? - Levanta o braço, mostrando o gesso.

– Dê seu jeito. - Deu de ombros. - Você é um ninja pra isso, para fazer coisas impossíveis. E não se esqueça que você irá amanhã, então planeje uma rota segura até Serdin.

Embora sua raiva pelo o professor falasse maior, Lass concordou. Devia achar um caminho seguro até lá, já que não estava em um estado para lutar no momento.

Felizmente, para acabar com a tensão entre os dois, a porta do lugar é aberta. A atenção de todos foi tomada naquela direção, achando que fosse Grandiel com alguma notícia; Mas não. Os olhares de todos ficaram surpresos, outros irritados.

A pessoa entrou timidamente no salão, como se nunca tivesse estado ali antes. Sem saber muito o que fazer, coçou a cabeça, bagunçando seus longos cabelos.

– Eh, com licença. Alguém sabe onde está o Grandiel? - Perguntou o garoto com os longos cabelos pálidos, em um tom esverdeado, que cobriam seus olhos. Em suas costas, tinha uma grande mochila e, pelo o que parecia, uma espada de tamanho maior.

Ficou em silêncio por um tempo o salão, até uma certa pessoa tomar a iniciativa.

Ronan correu disparado na direção do rapaz, assim o acertando com um chute ao se aproximar. O azulado parecia claramente irritado.

– Zero! - Gritou do mesmo modo. - Eu quase tomei uma suspensão por sua culpa!

E logo o silêncio do salão é tomado pelas as vozes dos rapazes se dirigindo para o tal de Zero. Somente Jin que ficava quieto, não entendendo o que acontecia ou até mesmo quem era aquele rapaz. Só obsevou as expressões surpresas de seus amigos.

– Parece que alguém, finalmente, voltou. - Menciona Astaroth. Após uma boa respirada, colocou os dedos no nariz, tampando qualquer cheiro que entrasse. - E que está precisando de um banho.

– Eh, desculpe. - Pediu Zero em volta dos rapazes enquanto os mesmos o cumprimentava.

***

Já tinha arrumado suas coisas e colocado nas costas. Não se esqueceu de pegar a carta que teria que entregar e colocar sua arma de lado, a katana. Ouviu os avisos de Grandiel por longos minutos, que pareceram horas. Teve que se despedir brevemente de Jin, o que acabou sendo um pouco difícil para o ninja, já que tinha tanto para comentar com o amigo.

Saiu do colégio quando era de noite, pois preferiu pegar a viagem nesse horário, assim chegaria no meio do caminho quando fosse de manhã. No momento, estava à espera do trem que teria que pegar. Esperou um bom tempo ali parado, até que um outro trem chegou. Olhou para os trilhos de trás e viu as pessoas desembarcando. Elas pareciam felizes com a viagem que fizeram.

Seus olhou se arregalaram ao verem algo de diferente naquela multidão, que logo desapareceu. Por um momento, achou ter visto o cabelo ruivo de uma certa pessoa.

Mas tinha sido sua imaginação.

Voltou a atenção para o seu objetivo quando o seu trem chegou na estação. Esperou os vagões pararem e as portas se abrirem, porém não entrando imediatamente. Viu todas as pessoas entrando e pegando seus devidos lugares, até finalmente tomar coragem e se dirigir até lá.

No entanto, seus passos pararam antes de entra no vagão. Ficou parado na porta, pensativo. Estar naquele lugar lembrava muitas coisas para ele, desde felicidades até tragédias. Agora entrar em um trem parecia ser uma tarefa difícil, achando que algo de ruim iria espera-lo do outro lado.

Olhou para seu gesso e viu novamente aquelas palavras. Não sabia como reagir a elas, e sentia que nunca saberia. Era como se tivesse escrito em outra língua, porém que ele entendesse de alguma forma.

Fechou o punho irritado.

Como deveria reagir à tudo de agora em diante?

– Buu!

Sentiu o peso de duas mãos encostarem em suas costas, assim o empurrando. Entrou no vagão quase em um tropeço, mas ficando de pé rapidamente. Virou lentamente, mantendo sua expressão confusa com a situação.

Realmente, como devia reagir de agora em diante?

Elesis estava do outro lado da porta, ainda com as mãos erguidas. A ruiva que tinha visto não era coisa de sua cabeça, era mesmo a espadachim saindo daquele outro trem. Ela era real, o seu toque em suas costas era real, e não uma imaginação. Lass simplesmente a olhava imóvel, sem saber o que dizer.

Mas o que deixou o rapaz sem palavras mesmo foi o óculos que a ruiva usava. Nem parecia a Elesis que já conheceu um tempo atrás. Na verdade, tudo nela parecia estar diferente, desde a aparência até ao jeito de levar as coisas.

– Elesis... - Finalmente, conseguiu falar.

Mas era tarde demais, a porta do trem se fechou antes mesmo que ele conseguisse terminar de chama-la. A olhou desesperado, lembrando de tudo que tinha que contar para ela, sabendo que não conseguiria. Sem perceber, começou a andar contra a direção do trem, assim podendo continuar a ver a ruiva do outro lado.

– Elesis! - A chamou.

Ficou perplexo ao ver aquilo na face da jovem. Seus passos pararam lentamente, desse jeito, deixando se levar e se distanciando aos poucos da espadachim. Fazia tempo desde que viu aquilo pela a última vez.

Elesis havia aberto um grande e largo sorriso, tão sereno que parecia que nada de ruim tinha acontecido com ela. Todos os machucados que ela possuía desapareceram com aquela simples expressão.

Nunca a tinha visto tão bonita quanto antes.

Sem perceber, abriu um pequeno sorriso em resposta. Podia estar feliz por vê-la novamente, mas seu olhar dizia outra coisa. Tinha se lembrado de tudo, de tudo que a ruiva sentiu e que não pode ser retribuído. Se perguntava se ela ainda estivesse assim ou que ela tinha feito o mesmo que ele, superado.

De qualquer jeito, eles estariam pegando caminhos diferentes dessa vez.