Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 63
Julgamento


Notas iniciais do capítulo

Oláaaaaahhhhhhhh!!! Hoje eu trago um capítulo mais calmo que o anterior, tirando a parte que vocês queriam me matar hehe Bem, faltam 2 capítulos para a fic acabar! Os próximos vão ser mais empolgantes, isso eu posso garantir... Principalmente o ultimo!
Capa: Sei lá! (Imagem legal que eu acho que combino com o capítulo)
Boa Leitura.



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Não se lembrava de quanto tempo estava ali parado, sentado no chão frio. A última coisa que se lembrava era de alguém o agarra no pescoço, em seguida acordar naquele local com pouca luz. Bem, pelo menos estava acostumado a está em lugar desse jeito.

Se encostou no fundo da cela, na parede fria como o chão. Olhou em volta e viu nada, não tinha ninguém ali. Tudo em completo silêncio.

Pôs a mão em seu pescoço, onde foi atingido pelo o dardo. Quando acordou estava dolorido, mas agora tinha passado. Porém seus braços continuavam doendo, como o seu ombro...

Seu ombro.

– O que ela... - Pensava. - O que ela pretendia fazer?

Colocou uma das suas mãos em seu ombro, o mesmo que a ruiva tinha se apoiado. Quando tocou, não doeu. Fez um pouco de força e fez uma careta de dor no mesmo instante. Sim, agora tinha doído. No entanto, era diferente. Quando Elesis o tocou, sentiu dor, mas não que o incomodasse. Mas agora o incomodava.

Ouviu passos se aproximando. Ficou em alerta, porém mantendo os olhos fechados. Quando sentiu a pessoa chegar perto das grades, abriu os olhos, ficando com a expressão séria. Não importava quem fosse, qualquer um que aparecesse o deixaria furioso por o ter jogado naquela cela.

– Então finalmente nos conhecemos. - Falava Cazeaje enquanto sorria. - Prazer em conhecê-lo, Lass Isolet.

– Deixe-me adivinhar. - Disse o albino revirando os olhos. - Vai me manter preso aqui até o dia do julgamento, correto?

Viu ela confirma com a cabeça.

– E minha chance fugir daqui são menos que 1%?

Confirmou outra vez.

– E você vai ser a cretina que vai decidir se eu fico vivo ou não?

Não confirmou e nem negou. Cazeaje continua com o seu pequeno sorriso no rosto, mesmo após o comentário do rapaz.

– Falando desse jeito, suas chances de sair vivo desse julgamento vão diminuir. - Menciona a moça. - Sabe que posso usar qualquer palavra que você disse no julgamento, e tornar sua vida mais que um inferno.

O albino riu em deboche. Abaixou o rosto enquanto segurava sua barriga de tanto rir. Cazeaje o olhou sem expressão.

– Pelo visto, você não sabe o que é viver em um inferno. - Disse Lass ao parar de rir. Levantou o rosto e a olhou ainda com seu sorriso de deboche. - Já passei por muitas coisas que ninguém acreditaria, diferente de você, que nasceu em berço de ouro e com tudo disponível.

– Acha mesmo que minha vida foi fácil? - Retrucou ela. - Vivi em um tempo que se baseava só em sobrevivência, Lass. Sei muito bem como é viver numa vida cheia de dificuldades.

– É, estou vendo suas dificuldades. - Desvia o olhar, de forma preguiçosa. - Que tal trocar de lugar comigo? Acho que você vai ver quem está com mais dificuldade aqui. - A olhou sério.

Soltou uma pequena risada disfarçada. Pôs sua mão na boca, controlando o riso. Aos poucos, seu olhar voltar a ficar como antes. Era uma surpresa ver a ela rindo.

– Como haviam me dito, você é adorável. - Falava Cazeaje. - Fiquei impressionada ao saber que possuía as chamas azuis, uma coisa muito difícil de se achar hoje em dia. - Falava como se as chamas fossem algo mesmo difícil, mas não era bem isso. – E muita mais quando soube que você era um híbrido. Que garoto extraordinário você é, Lass.

Tudo que Cazeaje havia dito seria levado como elogio, mas o albino não levou como um. Sabia que ela estava dizendo aquilo por algum motivo, e que não era dos bons.

Deu de ombros, como se tudo que ela havia dito era nada demais.

– É, alguns acham que sou incrível, outros não. - Falava sem importância. - Faço o meu melhor.

Ouviu a moça rir outra vez.

– Mal posso esperar para o julgamento. - Dizia ela. - Mas não se preocupe, não vai demorar muito. Não quero deixa-lo esperando nesse lugar sujo.

– Nossa, valeu. - Falava apenas por falar. - Também mal posso esperar pelo o dia da minha morte.

Cazeaje deu alguns passos para trás, se afastando das grades.

– Bem, espero no dia do julgamento. É melhor estar preparado quando chegar. - Com os dedos, os moveu, dando um sinal de despedida. - Bye. - Falou em inglês.

Continuou a olhar a moça indo embora, com os seus saltos barulhentos. Ouviu uma porta, aparentemente ser pesada, se abrindo e logo se fechando. Outra vez, ficava no silêncio.

Voltou a se encostar na parede gelada e fechando os olhos. Não sabia se estava de manhã ou de dia, bem, isso não importava. Mas desde a noite passada não tinha dormido, se bem que ser apagado à força não pode ser chamado de sono.

– Tenho que descansar. - Pensava. - O julgamento pode acontecer agora mesmo se eu duvidar. Essa tal de Cazeaje não é confiável.

Abaixou o rosto, logo encolhendo o corpo. Estava sentido bastante frio, precisava de calor. Mas aos poucos começava a cair no sono, o que era bom.

***

– Lass! - Ouvia alguém o chamar.

Não era uma única voz, e sim várias. Ouviu a voz de Elesis, parecia está preocupada, o que tornava seu tom calmo. Jin o chamava, parecia está desesperado ou animado, ele estava gritando praticamente. Também ouviu outros tipos de vozes, uma de cada pessoa.

– Lass. - Outra vez, alguém o chamava.

Aquela voz era familiar, bastante familiar. Era de uma mulher, tinha um tom delicado e gentil. Era adorável de se ouvir, principalmente para o albino. Porém, de repente essa voz ficou agressiva, mudou completamente. O rapaz começou a ficar assustado e com medo.

– Lass...

Abriu os olhos no mesmo instante. Não queria ouvir aquela voz, não esperava ouvi-la. Não vinha de nenhuma pessoa, bem, nem pessoa era. Aquilo vinha de dentro de seu corpo... Bem do fundo de sua mente.

Estava mais escuro que lembrava. A cela continuava vazia, tendo apenas ele ali. Nenhum guarda do lado de fora, muito menos um prisioneiro nas celas ao lado. Somente ele.

Passou a mão na testa, que estava suada e gelada ao mesmo tempo. Não sentia aquela sensação fazia um bom tempo. Quando limpou sua testa, olhou para as suas mãos. Sangue.

Seus dedos tremiam, sem motivo algum. O sangue que estava em suas mãos era familiar, pois sabia de quem era. Não queria mais ver, então fechou os punhos juntos com os olhos.

– Eu não quero te machucar mais. - Sussurrou.

Ter o sangue de alguém que amava nas próprias mãos é algo doloroso. Era como se tivesse machucado a si mesmo.

Abriu os olhos novamente quando ouviu passos. Levantou o rosto, vendo alguém parado na frente do portão de sua cela. Não fez usa expressão séria pois sabia quem era.

– Achei que precisasse. - Falou Mary com um lençol esticado através das grades.

O albino a olhou por um tempo, logo se levantou do chão e foi até ela. Enquanto andava até a loira, se espreguiçava.

– É alguma coisa da senhorita Cazeaje? - Destacou o nome dela com deboche.

– Não, eu achei que você precisasse. Não acho que a senhorita Cazeaje faria isso por você. - Diferente de Lass, Mary chamou a moça com respeito.

Olhou para a mão da mesma, encarando o lençol que ela esticava. Sem muita escolha, deu de ombros e pegou o cobertor branco.

– Valeu, mas não precisava. Talvez Cazeaje não goste que você faça isso.

– Talvez ela não goste de ver seu prisioneiro favorito quase morrendo de frio. - Cruzou os braços. - Ela gostou de você.

– Se gostar é sinônimo de odiar, é acho que ela me adora. - Deu as costas e voltou para o seu lugar de antes, o chão. - Ela deve adorar muitas pessoas também.

– Dona Cazeaje não é tão ruim assim. Ela pode parecer uma pessoa desse tipo, mas ela não é. É só o jeito dela tratar as pessoas.

Lass colocou o lençol sobre o seu corpo, assim se cobrindo. Se encolheu, se preparando para dormir.

– Não importa. - Falou o albino. - Espero nunca mais ver ela.

– Creio que não será tão fácil assim. - Disse antes de partir.

Ouviu outra vez a portar se abrir e fechar, em seguida o silêncio profundo. Bem, pelo menos dessa vez estava coberto por algo quentinho.

***

– Pra que essa coisa? - Perguntou o albino.

Estava no portão da cela, olhando dois guardas do outro lado das barras. Na mãos de um deles estava corrente, parecida com as que prendia cachorro, tinha até a coleira de couro na ponta. Aquilo incomodava o albino.

– Ordens da dona Cazeaje. - Falou um deles.

– Não esperem que eu coloque isso, ou esperam?

Não disseram nada. Um deles abriu o portão de ferro, assim dando espaço para o ninja passar. Com um pouco de receio, saiu da cela.

– Estique as mãos. - Disso guarda.

Com o seu olhar sério, esticou os pulsos. Sem delicadeza alguma, eles colocaram algemas de ferro em seus pulsos. Ficaram apertadas, chegando a doer.

– Não podiam chamar alguém mais delicado? - Mencionou Lass.

Alguém se aproximava, o que fez o rapaz olhar para frente. Quando foi ver, recebeu um chute na costela, o levando contra a parede. Aquele golpe foi o bastante para tirar o ar de seus pulmões e fazer o albino soltar um grito de dor. Tinha se esquecido que ainda estava com alguma fraturas.

Quando levantou o rosto após retomar o fôlego, recebeu um soco no meio da face, isso é, no nariz. Bateu com a cabeça contra a parede, doendo mais ainda. Parecia que gritar mais não adiantava.

– Serei sua pessoa delicada que você tanto deseja.

Abriu os olhos, se deparando com alguém familiar. Cabelos ruivos, olhos verdes e seu uniforme escuro. Vegas, a mesma da prova de SS.

Viu a garota pegar a coleira do guarda e se aproximar do albino. Passou pelo o seu pescoço e apertou, não o bastante para ficar sem ar, mas que incomodava. Ela segurou a corrente e puxou, deixando Lass com um olhar furioso para a mesma.

– Vamos, tá na hora do seu julgamento. - Falou ela.

O ninja abaixou o olhar, vendo suas mãos acorrentadas. De repente, algo começou a pingar em uma das suas mãos. Reconheceu logo que era o sangue escorrendo de seu nariz. Tinha sido acertado com tanta força que havia sangrado.

Mas sua atenção é chamada quando sua coleira é puxada. Olhou para frente e viu a ruiva já seguido o caminho. Ela segurava sua corrente sobre um dos ombros, parecendo que estava levando um pequeno cachorro para passear. Sem questionar muito, seguiu a mesma, porém dando alguns tropeços por está tonto, causado pelo o soco que recebeu.

– A cada tropeço que você der, eu vou quebrar um dedo seu. - Avisou Vegas, parando e olhando para o mesmo. - Se cair no chão, vai ser seu braço. Então é bom andar direito.

Olhou sério para a garota. Ela sorriu e deu as costas, continuando o caminho. Outra vez, seguia ela, só que dessa vez nada de tropeços. Sua mente já estava em ordem.

Seu caminho se resumia em corredores e escadas, muitas escadas. Pelo que percebeu, estava no subsolo do lugar. Porém, quando saiu do subsolo, teve que andar mais por corredores pois sua guia se perdia de vez em quando. Lass viu que ela não era muito boa com o senso de direção.

– Acho que é por aqui... - Dizia ela para em um dos corredores. Olhou de um lado para o outro. - Ou ali?

O corredor onde ambos estavam era um lugar muito bonito e decorado. Digno de ser da realeza.

– Lass?

Ouviu ser chamado. Reconheceu a voz, assim se virando no mesmo instante. Se sentiu muito feliz ao ver Elesis do outro lado do corredor. A ruiva parecia surpresa ao vê-lo.

Abriu a boca para dizer algo, mas é impedido quando é puxado pela garganta.

– É por aqui! - Diz Vegas já seguindo o caminho outra vez. - Venha.

Olhou para trás enquanto era puxado. Elesis iria dizer algo, porém algo a impediu também, ou uma pessoa a chamou atenção. O olhar do albino ficou neutro ao vê-lo.

–Elesis, não é por aí. - Disse Ronan a puxando pelo braço.

Ficou olhando a espadachim sumindo em outro corredor. Parece que seus caminhos seriam diferentes a partir dali.

Virou o rosto para frente, logo percebendo a corrente em volta de seu pescoço. Ficou com um olhar triste. Naquele momento, Lass viu que ele e Elesis eram diferente, totalmente. Seu estado estava um lixo, parecendo um prisioneiro de verdade, enquanto a ruiva estava bem arrumada e muito bonita. Não conseguiu tirar os olhos de Elesis quando a viu daquele jeito.

Fechou os olhos, querendo desligar todos os pensamentos que passavam em sua cabeça.

– Quando encontrar com a senhorita Cazeaje é melhor você se dirigir à ela com respeito, entendeu? - Dizia Vegas, mas sem olhar para o mesmo. - Se você quiser sair vivo dessa, a trate bem.

– Não espere que eu faça isso. - Olha para o lado.

Olhou para o albino sobre o ombro. Virou o rosto para frente quando parou de andar. O mesmo fez Lass, parou de andar.

– Chegamos. - Avisa a ruiva. - É melhor colocar um sorriso nesse rosto.

Abriu um largo sorriso sereno. Estaria fazendo certo se não tivesse dando do dedo do meio para a garota.

– Assim está bom? - Perguntou Lass, ainda sorrindo.

Se ajoelhou no chão, como foi mandado. Suas algemas foram retiradas, mas deixando uma marca em seu pulso. No entanto, teve que colocar suas mãos em um espécie de cristal azul, um em cada lado onde estava. Quando tocou, o cristal congelou sua mão até o pulso, o deixando preso. Aquilo o incomodava.

– Quanto mais você fizer força para sair, mais o cristal crescerá. - Disse a ruiva de pé ao seu lado. - Boa sorte!

A ruiva deu as costas e saiu do lugar por uma porta lateral. Quando a viu sumir de sua visão, deu uma fungada pelo nariz. Ele estava sangrando mais, por causa do soco que tinha recebido alguns segundos atrás. Talvez não tivesse sido uma boa ideia ter feito aquilo

Olhou em volta, vendo um grande salão em sua volta. Tinha alguns bancos logo atrás pelo o corredor que passou. Tinha entrado por uma enorme porta de madeira com elegantes decorações nelas. Virou o rosto para frente e viu uma grade dividindo onde ele estava e uma mesa grande do outro lado. Atrás dessa mesma mesa havia uma cadeira muito bonita, parecendo que era feita de ouro.

– Quanta bobagem. - Murmurou o albino.

Não demorou muito para que aparecesse algumas pessoas. Pelo o que o albino percebeu, eram pessoas de alta realeza, e não pessoas comuns. Talvez fosse um caso sério mesmo o seu julgamento.

Viu que o lugar tinha um segundo andar, com uma arquibancada para que assistissem o julgamento lá de cima. O albino conseguiu ver Jin no meio das pessoas, até mesmo os outros SS. Porém, nenhum sinal de Grandiel ou Astaroth. Achava que eles dois eram importantes para esse julgamento, até mesmo Lothos era.

Olhou de um lado e para outro. Começava a ficar com um olhar preocupado. Não tinha visto Elesis em lugar algum. Pensou que a garota iria aparecer no julgamento, já que o papel dela foi importante.

De repente algo cai ao seu lado, chamando sua atenção. Como Lass, o rapaz também estava ajoelhado ao seu lado, e sem esquecer dos cristais em suas mãos. Nem precisava olhar para seu rosto para ver que era Lupus ao seu lado.

Olhou para trás e viu um dos guardas indo embora, provavelmente o mesmo que trouxe o caçador ali.

– O que você tá fazendo aqui? - Perguntou Lass.

O haro levantou o rosto, mostrando um dos seus olhos avermelhados. Parece que ele tinha levado um soco também.

– Eu vou ser julgado junto com você. - Fez um estalo com a boca. - Eles devem achar que eu sou uma ameaça como você.

– Mas você nem tem as chamas direito.

– Fala isso para eles. - Suspirou. - E essa era a mensagem do velho para você. Devia tomar cuidado com o Conselho.

– É meio tarde demais para falar isso agora. - Olha nervoso.

Virou o rosto para frente. A única coisa que pensava era ir embora daquele lugar. Sabia que não tinha muitas chances de sair vivo, muito mais com a sua "educação" à Cazeaje. Precisava pensar em algo que o ajudasse.

De repente, o salão ficou em um grande silêncio. Olhou para frente e viu Cazeaje aparecer em uma das grandes portas no fundo. Ela se dirigiu calmamente até seu lugar no grande trono atrás da mesa. Atrás dela, vinha a capitã do Guardiões de Canaban, Vegas, e sua parceira, Mary. Cada uma ficou ao lado de Cazeaje.

– Começaremos o julgamentos, todo sentem-se. - Falou ela com sua voz calma. - Creio que todos saibam o motivo de estarem aqui. - Olhou para cada canto do salão. - Decidirei hoje o rumo de vida de Lass Isolet.

O albino permaneceu com a expressão neutra, mesmo quando ela abriu um pequeno sorriso em sua direção. Ah, como ela irritava ele!

– E também de seu meio-irmão, Lupus Wild. Ambos possuem a essência das chamas azuis em seus corpos, principalmente o senhor Isolet, a qual tem elas por completo. - Tomou um pouco de fôlego. - Vamos, me surpreendam!

Ouviu alguns passos se aproximando. Olhou para trás e viu Lothos, porém parando alguns metros de distância. Não lembra de ter visto a loira no salão.

– Senhorita Cazeaje, creio que matar uma criação das Três Deusas não seja o certo. - Dizia Lothos. - As chamas azuis foram criadas para um propósito, então extermina-las não seriam o certo.

– Mas as Três Deusas foram as próprias que aprisionaram as chamas, fora de alcance de qualquer um. - Falava Mary. A garota estava com alguns papeis em mãos, assim lendo o que havia nele. - Elas sabiam que correriam o risco se deixasse as chamas nas mãos de alguém.

– Sim, mas aquele tempo era outro. As chamas deviam ser presas, só que agora é diferente. Temos um grande poder em mãos e não podemos desperdiçá-los

– Está querendo dizer que vamos usa-lo? - Perguntou Cazeaje. - Poderia ser uma boa ideia, mas e quanto ao senhor Wild? Vejo que ele não pode usar as chamas.

– E não pode, senhorita Cazeaje. - Falou Grandiel. O rapaz ficou ao lado da loira. - Lupus possui apenas a essência das chamas, nada além disso. Ele é inofensivo se formos pelo o lado das chamas.

Karina ficou pensativa. Soube que Lass possuía um meio-irmão e que ele tinha apenas herdado as chamas pelo o pai. Quando as chamas se despertaram, soube também que Lupus foi atingido por elas, porém não se feriu. Aquilo deixou Cazeaje curiosa.

– Então é verdade que você é imune as chamas, senhor Wild? Não foi afetado de forma alguma quando foi atingido.

Lupus a olhou sem expressão, o que percebeu Lass. Talvez ele não tivesse tanta raiva dela quanto o albino tinha.

– Sim, por causa da pequena taxa de chamas que eu tenho em meu sangue, é o suficiente para me proteger delas. - Dizia sincero. - E não, não consigo controla-las.

Olhou neutra para o caçador. Parecia que ela analisava cada parte da face de Lupus, tudo para ver se ele está mentindo ou não.

Soltou um pequeno "hunf", assim virando o rosto para o lado.

– Vejo que ele não possui ameaça alguma. - Menciona Cazeaje.

– Está querendo dizer que ele é inocente, senhorita Cazeaje? - Pergunta Mary a olhando.

Apoio ambos os braços sobre a mesa, logo sua cabeça na mão. Ela fitava o haro.

– Com licença, senhorita Cazeaje. - Falou Astaroth, aparecendo ao lado dos loiros. - Mas eu tenho que te lembrar sobre a lei que não permite ter poderes que podem prejudicar a vida humana? Sabe, Lupus não possui poder algum sobre as chamas, é apenas imune a elas. Acho que essa lei não se aplica a ele.

Desencostou o rosto da mão, olhando um pouco impressionada para Astaroth.

– Isso é verdade, senhorita Cazeaje. - Concordou Mary olhando para os papeis. - Além do mais, em todo momento do combate contra as chamas azuis, Lupus não se uniu a ela em hipótese alguma.

– Hum. - Falou bem baixo Cazeaje. - Não faria sentido algum as chamas atacarem outra parte sua, a não ser que ela fosse inútil para elas. É, acho que não há sentido em julgar Lupus como culpado.

O caçador a olhou com o seu olhar furioso. Não tinha gostado nada de ser chamada de inútil. Mas teve que conter sua raiva, pelo menos naquele momento.

– Mas ainda. - Chamou a atenção de todos. Karina levantou o seu dedo indicador, mostrando que ainda tinha o que falar. - Há chances de as chamas despertarem dentro de Lupus, de qualquer jeito. Por isso, de mês em mês, mandarei alguém para olha-lo, garantido assim que as chamas não despertem dentro dele. - Olhou para Astaroth e Grandiel. - Vocês também devem ficar de olho nele, entenderam?

– Sim, senhorita. - Falaram ambos.

Sem dizer nada, Vegas entendeu o recado apenas pelo o olhar da moça. Se dirigiu até onde os dois estavam presos e se aproximou do caçador. Abaixou-se perto do mesmo e tirou suas mãos do cristal.

– Levanta. - Falou a ruiva, tendo delicadeza alguma no tom de voz.

Como foi mandado, Lupus se levantou. Olhou para Lass por um momento, mas o albino fitava o chão sem expressão. Queria poder falar algo para ele, porém não conseguia.

Vegas o segurou pela o braço e começou a puxa-lo para fora do salão. Não seria mais necessário ele está ali.

– E quanto a você? - Perguntou Cazeaje olhando para Lass. - O que eu devo fazer?

– Você só estará matando alguém por medo. - Dizia o albino a olhando sério. - Sabe que não pode me segurar, então vai fazer o que? Me matar. Você é fraca, como todos essas pessoas daqui, que temem o que eu posso me tornar.

– Ei! - Gritou Vegas, já voltando e indo em direção ao albino. - Não fale assim com a senhorita de Cazeaje.

A capitã já preparava os punhos para corrigir Lass, porém é chamada a atenção antes que chegasse perto do mesmo.

– Vegas. - Falou Cazeaje, mas sem olha-la. - Deixe o garoto falar.

Com um pouco de receio, afirmou com a cabeça. Logo voltou para o seu lugar, que era ao lado de Cazeaje.

– Então está dizendo que se eu te matar, é porque eu tenho medo de você? - Perguntou Karina.

– Sabem que eu sou mais forte por causa das chamas. Se eu perder o controle das chamas, ninguém poderá me segurar, nem mesmo você. - Abriu um sorriso de deboche. - Então se me matarem não estariam arriscando tanto assim.

– Isso pode ser verdade. Mas no que isso vai te ajudar em sair daqui como inocente?

– É isso que eu tô querendo dizer. Vocês acham que eu vou perder o controle das chamas porque eu sou fraco. - Deu de ombros. - Mas vocês estão enganados. Posso provar que sou forte o suficiente para ter as chamas dentro de mim.

– Oh, é mesmo? - Fingiu o olhar de surpresa. - Então o que aconteceu no dia que as chamas se despertaram? Se você é forte o suficiente para aguentar as chamas, por quê nesse dia você não conseguiu segurá-las?

Se pudesse, apertaria os punhos, porém estavam presos naquele cristal.

– Não perdi o controle das chamas por causa da minha fraqueza, e sim porque foi um acidente. Eu me descuidei, só isso.

– E um descuido foi por causa da sua fraqueza. - Retrucou Cazeaje. - Admita isso.

Não disse mais nada, apenas a encarou com o seu olhar sério. Talvez ela tivesse razão, Lass foi fraco sobre as chamas, as deixando serem despertadas. Não tinha como negar.

– Senhorita Cazeaje, sei que foi um enorme erro não contar sobre as chamas para você. - Dizia Grandiel. - Muito mais sobre Lass ser um híbrido, mas posso garantir que esse erro não acontecerá novamente.

– E com o você pretende conserta esse erro? As chamas nunca saíram de seu corpo e ele continuará sendo um híbrido. Não tem conserto para isso.

– Podemos manter em segredo sobre sua existência. - Sugere Lothos. - Apenas as pessoas que estão aqui sabem que Lass é um híbrido e que possui as chamas azuis. Além do mais, ele tem uma aparência humana, ninguém nunca perceberá.

– Está querendo dizer que devemos deixar as chamas azuis livres por aí? - Falou um pouco nervosa. - Prontinhas para alguém pegá-las e usa-las como pretende?

– Vamos treina-lo. - Disse Astaroth, parecendo não se preocupar muito. - Eu e Grandiel podemos garantir que Lass vai se tornar forte o suficiente para aguentar as chamas. E não se esqueça, senhorita Cazeaje, Lass é o único que pode usar as chamas, então se alguém quiser usa-las, vai te que convencê-lo primeiro.

Cazeaje o olhava com o olhar de tédio. Olhou para Mary, esperando que ela dissesse algo para retrucar, mas ela apenas negou com a cabeça. Soltou um pequeno "hunf" e virou o rosto para frente.

– Vocês dizem que podem treina-lo... - Falava Karina. - Mas quem pode garantir que ele não vai perder o controle novamente?

– Não vou. - Disse Lass. - Não vai acontecer outra vez

– Mas digamos que você perca o controle. - Olhou séria. - Quem vai conseguir trazê-lo de volta ao controle?

Lass não sabia a resposta, e ninguém também. Aquela era uma pergunta muito difícil de se responder. Porém seus pensamentos são interrompidos quando ouve um barulho.

Ouviu um barulho de passos, que pareciam está correndo. Percebeu que todos estavam olhando para trás, o que chamou a atenção do albino. Quando foi se virar para olhar o que era, recebeu um grande chute nas costas. Afundou o rosto no chão, e ficando desse jeito com o pé sobre sua cabeça.

– Eu me responsabilizo!

Com a cara enfiada no chão, percebeu de quem pertencia a voz. Virou o rosto de lado, assim conseguindo ver quem era. Não sabia se ficava aliviado ou zangado ao vê-la falar aquilo.

– Elesis, o que você tá fazendo? - Falou Lass, com a voz fraca.

Foi ignorado por completo pelo o olhar sério da ruiva.

Cazeaje a olhou um pouco impressionada.

– O que você, uma Cavaleira Vermelha, poderia fazer em relação a isso? - Perguntou Karina. - Não consegue nem se defender.

– Olha, senhorita Cazeaje, - Falou com desgosto o nome dela. - Fui eu quem salvou Lass uma vez, então posso muito bem fazer isso novamente.

– É verdade. - Disse Mary olhando para os papeis. - Foi Elesis quem derrotou as chamas naquele dia, senhorita Cazeaje.

Olhou calculista para a ruiva. Desviou o olhar para Lothos.

– Lothos, Elesis já foi uma aluna sua, certo?

– Sim, senhorita Cazeaje.

– Você garante que ela pode ser capaz de derrotar as chamas azuis outra vez?

– Bem, Elesis sempre foi uma das melhores em meu colégio. Creio que ela possa derrotar as chamas novamente, já que ela as enfrentou mais uma vez. E também, ela possui o raro Berserk, que pode ser usado contra as chamas.

– Ah, é mesmo. Mas ainda acho muito pouco uma garota qualquer lutar contra as chamas. É muita responsabilidade.

Sentiu Elesis tirar o pé de suas costas. Ergue novamente, assim a olhando. Ela parecia bastante zangada.

– Posso treina-la! - Disse Lothos. - Garanto que não irá se arrepender dos resultados, senhorita Cazeaje.

– Tem certeza?

– Se ela falhar, serei a responsável por isso.

Ficou a olhando por alguns segundos, logo abrindo um sorriso. Se levantou de sua cadeira e se dirigiu até a cerca de mármore, que separava Cazeaje com os demais.

Ela apoio as mãos sobre a cerca, assim olhando melhor todos.

– Certo então. - Disse ela, ainda sorrindo. - Faremos um acordo. Astaroth e Grandiel ficarão responsáveis de treinar Lass, enquanto Lothos treina a Elesis. Se um deles dois falharem em cumprir o que eu pedi, vocês serão os responsáveis. - Se referia ao trio. - E para deixar as coisas mais interessantes. - Olhou para o albino, alargando o sorriso mais ainda. - Se suas chamas despertarem novamente, você não será morto ou nada do tipo, e sim vai ser meu.

Todos olharam confusos para Cazeaje, até mesmo Lass.

– Como assim? - Perguntou o albino.

– Você será um dos meus soldadinhos. - Dizia enquanto olhava para as unhas. - Vai fazer o que eu mando, sem desobedecer qualquer ordem. Essa é minha proposta.

– Nunca. - Respondeu Lass frio. - Prefiro morrer mesmo.

– Então tá. - Deu de ombros.

– Lass! - Gritou Elesis. Segurou o albino pelos os cabelos e se aproxima de seu rosto. - O que você pensa que tá fazendo? Aceite logo isso!

– Já disse que não. - Olha sério para a ruiva. - Não vou servir a ela.

Elesis percebeu Cazeaje olhando com tédio para a cena, logo voltando para o seu lugar. Soltou o rapaz e a chamou.

– Es-Espere, senhorita Cazeaje. - Pediu Elesis. - Ele não decidiu ainda.

– Eu já decidi, sim. - Fala Lass. - A resposta é não.

A espadachim se vira para o mesmo e se aproxima, se abaixando quando chega perto.

– Olha, você não quer provar que é forte? - Sussurrava.

– Eu sou forte. - Falou o albino sério.

– Então prove. Você fala como se fosse perder o controle outra vez. Aceite logo isso.

Olhou para o lado, pensativo. Não sabia qual escolha tomar. Não queria de forma alguma servir Cazeaje, mas isso só aconteceria se ele perdesse.

Fez um estalo com a boca.

– Tá bom! - Gritou o ninja, chamando a atenção de Karina. - Eu aceito essa merda.

Cazeaje voltou a sorrir, assim voltando a cerca e se apoiando na mesma.

– Foi uma ótima escolha. - Junta as palmas da mão. - Mal posso esperar pra ver você falhando novamente, e você, querida Elesis, falhando junto.

– Ah, cala a boca. - Disse Lass.

Em um simples movimento, os cristais que estavam em suas mãos se quebram. Deu um pequeno impulso para avança na direção de Cazeaje. Fechou um dos punhos e mirou no rosto da mesma. Quando iria acerta-la, algo o acertou primeiro.

Voou para bem longe, até bater com as costas contra as portas de entrada. Se partiram quando o corpo do albino se chocou contra elas. Após o silêncio, o albino ficou ali caído. Não tinha mais forças para levantar.

Elesis até que tentaria impedi-lo, mas apenas deu tempo ver um rápido vento passar pelos os seus cabelos.

– Não toque na senhorita Cazeaje. - Disse Vegas. A ruiva estava sobre a cerca de mármore, e em uma das suas mãos, estava o grande martelo.

– Muito obrigada, Vegas. - Falou Cazeaje, assim se voltando a sentar. - Bem, acho que isso tudo. Tem algo para deixar claro?

– Não. - Disseram os três.

– Então está tudo acabado. - Deu uma única palma. - Estão todos dispensados.

***

Já fazia um tempo desde que o julgamento havia acabado. Grandiel, Astaroth e Lothos tiveram que ir na sala de Cazeaje, pois ela tinha algumas palavras ainda com eles. Sem questionarem muito, foram até o local.

No momento, os três estavam de frente a mesa dela, onde a mesma estava presente.

– Espero mesmo que vocês cumpram com o que disseram. É melhor treina-los bem. - Dizia Cazeaje.

– Iremos fazer isso. - Confirma Grandiel. - Não irá precisar se preocupar.

– Quero que fiquem de olho no Lass. Qualquer fraqueza que ele tiver com as chamas eu gostaria de ficar sabendo. Entendido?

– Sim, senhorita Cazeaje.

Antes que pudesse dizer algo, alguém entra na sala. Era Vegas trazendo Lass, ainda pela a coleira. Leva o rapaz até perto da mesa, assim largando a corrente.

– Como está se sentido, Lass? - Perguntou Cazeaje, sorrindo para ele.

– Dolorido. - Falava ao passar a mão na nuca. - Já me senti melhor.

– Oh, sinto muito, querido. Isso não vai acontecer mais.

Se aproximou do albino, assim segurando a corrente e a puxando. Se partiu, porém a coleira permaneceu em seu pescoço. Era melhor que nada.

Mas foi surpreendido de surpreso pela a moça. Cazeaje o segurou pelo o pulso e apertou bem. Sentia sua pele queimar onde ela segurava, o que deixava desesperado. Tentava puxar a mão novamente, mas ela era mais forte.

– E-Ei! - Gritava o ninja.

De repente foi solto. Deu alguns tropeços para trás, quase caiu por causa disso.

– Isso é para eu saber onde você está, entendeu? - Falava Karina voltando a se sentar. - Nem tente tirar, é praticamente impossível.

Olhou para o braço onde ela tinha o segurado. Pareciam ser raízes pretas passando por seu braço. Lembrava até mesmo uma tribal por todo o braço, que chamava bastante atenção. Começava no pulso, chegando um pouco na mão, e terminava no ombro.

Aquilo o incomodava, portanto, escondendo o braço pela a manga do casaco que tinha ganhado. Pelo menos escondeu uma boa parte.

– Todos vocês já podem ir. Estão dispensados.

Lass foi o primeiro a sair da sala. Já não aguentava mais ficar olhando para a cara de Cazeaje. Ela o irritava de mais. O mesmo fez o trio, seguiram em direção à saída, porém Lothos sendo chamada.

– Algum problema, senhorita Cazeaje? - Perguntou ao se aproximar.

– Lothos, eu espero está errada sobre o que eu penso de você. - A olhou sério. - Sinto que você esteja escondendo algo de mim. Já não basta isso das chamas, tem outra coisa para me contar?

– Não estou escondendo nada de você, senhorita Cazeaje. - Mentia. - Por que acha isso?

– Não sei. - Deu de ombros. - Só sinto que está escondendo algo. Tem alguma coisa que eu precisa saber sobre a Elesis?

– Elesis? Hum, acho que nada. O que você tem a saber sobre ela, você já sabe.

Cazeaje virou o rosto de lado, ficando pensativa. Depois de um tempo, voltou a olhar para Lothos.

– Deve ser coisa da minha cabeça. - Solta um suspiro. - Enfim, quero que tome conta dos meus dois queridos, ok?

– Elesis e o Lass?

– Sim. - Sorri. - Eles dois possuem um grande potencial, então seria um desperdício se algo de ruim acontecesse com eles.

– Nada de ruim acontecerá com eles, senhorita Cazeaje.

Soltou uma pequena risada abafada.

– Bem, garanta que meu príncipe branco e minha princesa vermelha fiquem bem. Não quero nenhum arranhão neles.

Lothos olhou confusa. Cazeaje não era de agir dessa forma. Mas não era momento para questionar, por isso apenas concordou com a cabeça.

***

Após ter saído da sala de Cazeaje, ficou louco em tirar aquela coleira em seu pescoço. Tentava puxar mas aquilo apenas fazia seus dedos roerem de dor. Nem ao menos conseguia ver onde que tirava aquela coisa. No final das contas, acabou apenas bufando em raiva.

– Lass. - Alguém o chamou.

Olhou para trás com o seu olhar sério, mas logo mudando a expressão quando ver a ruiva se aproximando.

– Foi mal por lá. - Dizia Elesis, passando a mão na nuca. - Tinha que fazer aquilo para Cazeaje me levar a sério.

– Era isso ou ser decapitado. - Deu de ombros. - Acho que prefiro isso.

Elesis deu uma pequena risada. Foi tentar dizer algo, mas acaba sendo interrompida.

– Lass, precisamos conversar. - Falou Grandiel.

Quando o albino iria responder, é interrompido também.

– Ah, deixem eles em paz. - Dizia Astaroth. O rapaz empurrava Lothos e Grandiel pelas as costas para bem longe, assim indo junto. - Não atrapalhem o momento. - Sussurrou.

Os dois ficaram olhando o trio indo embora. Logo Elesis percebe a coleira que Lass continuava a usar no pescoço. Aquilo parecia ser desconfortável.

– Deixa eu tirar isso. - Disse a ruiva.

Diferente do albino, Elesis conseguiu tirar a coleira facilmente. Talvez porque ela estivesse vendo com mais clareza que o ninja.

Puxou a coleira de seu pescoço, assim Lass passando a mão no local. Era um grande alívio.

– Valeu, é bem melhor assim. - Falava o ninja ainda passando a mão na nuca. - E parece que você terá bastante trabalho daqui em diante comigo.

– Pode ficar tranquilo, não vou deixar você incorporar o capiroto outra vez. - Dizia confiante.

– Por favor. Não quero ir trabalhar para aquela mulher. - Se referia a Cazeaje.

Riu outra vez. Porém, ficando em silêncio por alguns segundos.

– Ah, sobre aquela noite. - Falou o albino, mas sendo interrompido pela a ruiva.

– Eu tinha tomado remédio naquela noite. - Falava sem expressão. - Então o que eu ia fazer ou pretendia fazer, não era de propósito. Me desculpe por aquilo.

Lass a olhou um pouco surpreso. Não esperava que ela dissesse algo daquele tipo. Podia ser mentira, ou verdade, mas isso não importava, tinha que aceita o que a espadachim tinha dito.

Concordou com a cabeça.

– Tá tudo bem. - Suspirou. - Não foi nada de mais.

A ruiva sorriu aliviada.

– Elesis! - Ouviu ser chamada.

Se virou para trás e viu Ronan.

– Ah, você tá aí. - Disse o azulado. - Temos que ir.

– Já vou. Pode ir na frente.

Afirmou e seguiu o caminho sem a ruiva.

Lass continuava com o olhar sério, mesmo depois que Ronan foi embora. Mas sua atenção é chamada pela a ruiva, que esticava a coleira para ele.

– Aqui. - Dizia Elesis. - Acho que isso deve ficar com você.

Concordou. Segurou a outra ponta da coleira, assim fitando a mão da ruiva do outro lado.

– Elesis, por favor, toma conta de mim. - Pediu Lass, sem a olhar.

– Hã? - Olhou confusa.

– Faça de tudo para que eu não perca o controle outra vez. Então, - A olhou. - Tome conta de mim.

Percebeu que o albino estava falando aquilo sério, não de brincadeira. Via em seus olhos o medo de ter que ser um soldado de Cazeaje. Elesis o entendia.

Soltou a coleira e sorriu para o mesmo.

– Pode deixar. - Disse a ruiva. - Nada de ruim vi acontecer com você.

Ficou surpresa ao ver o ninja sorrir pelo o que ela disse. Ele estava realmente contente pelo o que ouviu.

– A gente se ver depois. - Fala Elesis se despedindo. - Tchau.

– Tchau. -Acenou enquanto a ruiva ia embora.

Quando Elesis sumiu de sua visão, olhou para a coleira em suas mãos. Ela era pesada e resistente. Não era à toa que seu pescoço estava marcado por ela.

Suspirou. Queria poder te ficado mais tempo com Elesis, mas com a chegada de Ronan, acabou não sendo possível. Mas agora não era momento de ficar pensando nisso, e sim em sair daquele lugar que dava arrepios.

***

– O que? - Perguntou Lothos.

Tinha se passado alguns dias depois do julgamento. Como previsto, as aulas continuariam suspensas, já que Grandiel e Astaroth continuavam ocupados com algumas papeladas. Porém, após tudo isso, uma certa pessoa teve uma ideia incomum.

Astaroth acordou cedo naquele dia, o mesmo com Grandiel, o acordando à força. Ambos foram na escola das garotas, visitar Lothos. Mas não tendo muita paciência, foram até o quarto dela e bateram na porta. Logo explicando o que queriam.

– Entendeu? - Perguntou Astaroth após termina.

Como tinha acordado faz alguns segundos, o cabelo da loira estava todo bagunçado. Usava um simples pijama e sua face continuava de sonolenta.

– Hã? - Falou Lothos, ainda confusa. - O que vocês querem fazer?

– Tipo um baile. Eu e Grandiel conhecemos um palácio que fica nas redondezas de Canaban, que podemos alugar. Aí eu pensei: Por que não juntar os garotos do meu colégio com as garotas do seu?

– Vocês querem fazer um baile com o meu colégio? - Seu olhar sonolento começava a sumir, e um sério aparecer.

– Isso. - Diz Astaroth aliviado.

A loira continua a fita-lo com o olhar sério, logo para Grandiel. O loiro apenas apontou para Astaroth.

– Foi ideia dele.

Voltou o olhar para Astaroth.

– Acabamos de sair de um julgamento, agora vem você com essa ideia ridícula.

– Olha, o ano já tá acabando, então por quê não terminamos com estilo? Algo divertido.

– Lothos, sei que pode parecer uma ideia maluca. - Dizia Grandiel. - Muito mais vindo do Astaroth. Mas devíamos fazer algo pelo os nossos alunos. Acho que as suas garotas adorariam um baile.

Lothos se encostou na lateral da porta. Ficou com um olhar pensativo.

– Eu não sei. Parece ser trabalhoso.

– Pode deixar que eu tomo conta de tudo. - Garantiu Astaroth. - Apenas leve suas garotas com a gente.

Lothos fez um pequeno "hum". Passou a mão no cabelo, ainda pensando sobre a resposta.

– Tá bom. - Deu de ombros. - Acho que seria bom para acabar com essa tensão.

Mas se algo acontecer, vocês dois serão os responsáveis, ouviram? - Olhou de forma ameaçadora.

Astaroth afirmou sorridente, enquanto Grandiel assustado. Ver Lothos zangada era algo terrível.

– Ah, e garanta de levar a sua ruivinha junto. - Diz Astaroth. - Soube que ela estava aqui, então seria chato se ela não participasse.

– Ela só está aqui porque ainda não se recuperou por completo. Além do mais, tenho que treina-la, não tenho? - Falava com as mãos na cintura.

– E falando nela, onde ela está? - Perguntou Grandiel.

– Sei lá. - Deu de ombros. - Só espero que não esteja arrumando confusão.

Enquanto isso, no telhado do colégio. Fazia um tempo desde que Elesis tinha chegado ali em cima. Gostava de ficar ali, olhando o céu azul com algumas nuvens. Talvez fosse chover, ou não. Mas isso não importava, contanto estivesse em completa tranquilidade ali em cima.

– O que eu devo fazer? - Pensou Elesis. - Acho que o Ronan gosta de mim...

Depois que Ronan a beijou, Elesis tem agido estranha. Ele não tinha dito nada após aquilo, e nem mesmo ela. Era um tipo de enigma. Não sabia como falar com o azulado quando o via, nem como agir com ele. Portanto, está em um lugar silencioso faria bem para ela coloca sua mente em ordem.

Sentiu um vento gelado passa em seu corpo. Se estremeceu, mas isso não a impediria de se levantar de seu lugar, queria ficar deitada. Mas algo maior que um vento chega para atrapalhar seu momento de descanso.

Estranhou uma sombra cobrir seu corpo. Olhou para cima, dando de cara com a cara felina daquela fantasia.

– Eh, você de novo? - Perguntou Elesis surpresa.

Se sentou no mesmo instante, assim olhando para o lado e vendo aquela pessoa fantasiada de gato. Era a mesma que tinha visto na rua quando ia para o colégio.

Ele acenou para a ruiva, porém se mantendo de pé.

– O que faz aqui? - Pergunta a espadachim. - Em cima do telhado...

Percebeu que ele carregava um celular consigo dessa vez, que logo começou a se digitado. Em poucos segundos ele mostra a tela do aparelho para Elesis.

– Vim para te ver. Percebi que estava estranha ultimamente.

– Espera ae! - Mostrou a palma da mão, fazendo um sinal de "pare". - Como que você me viu se eu nunca te vi antes?

– Eu te sigo.

– Você é algum tipo de pervertido? - Estranhou Elesis.

Negou com a cabeça.

A ruiva suspirou.

– Então, você está bem?

– Eu não sei. - Olhava para os seus pés sobre as telhas. - Algumas coisas aconteceram ultimamente, e eu não sei como reagir a isso.

– O que aconteceu?

– Pra começar, meu amigo sofreu bastante porque ele é diferente da gente, aí teve alguns probleminhas com o Conselho de Canaban. Então eu tive que tira-lo dessa, já que se não fosse por mim nada disso teria acontecido.

– Como assim diferente? - Virou a cabeça de lado, confuso.

– Bem, ele... - Olhou para o gato, logo de volta para o chão. - Não posso te contar, é secreto.

– Por que não?

– Como eu disse, é algo que ninguém pode ficar sabendo. Além do mais, você é um estranho vestido de gato, é claro que eu não vou te contar!

Ficou olhando a pessoa com um olhar sério. Somente após alguns segundos que ele concordou com o que a ruiva disse. Elesis suspirou e virou o rosto para frente.

Ouviu as teclas do celular serem usada novamente. Voltou a olha-lo.

– Foi mal. Mas por que não esquece isso? Acho que o seu amigo não te culpa por isso.

– É, ele disse que não é minha culpa, e os outros também. - Coça a cabeça. - Eu já tô superando isso, aos poucos. Mas esse não é o real incomodo que eu estou tendo.

– Então o que é?

Elesis negou com a cabeça. Não estava com vontade de falar com Ronan, principalmente para alguém que ela nem conhecia.

– Nada de importante. - Sorriu. - Obrigada por se importa.

O gato deu de ombros e se sentou ao lado da ruiva, o que a incomodou um pouco. Aquela roupa era bem grande, deixando Elesis se sentido minúscula perto dele.

– Quem você é de verdade? - Perguntou a espadachim, o encarando. - Ou o que é?

– Por que se interessa tanto?

– Só estou interessada.

A pessoa deu alguns tapinhas na cabeça da ruiva, a deixando confusa. Se levantou e pegou o celular, começando a digitar algo.

– Nos vemos depois. Só vim para ver se você estava bem.

– Ah, valeu. Então nos vemos depois.

O gato confirmou com a cabeça. Deu uma rápida acenada e foi embora.

– E-Ei, você não vai -- Gritou Elesis, porém nem dando tempo.

A pessoa pulou do telhado, sem se importa da grande queda que teria lá embaixo. A ruiva se levantou e foi até a ponta do telhado, olhando para baixo.

– Hã?

Não viu no andar de baixo. Tinha algumas garotas passando por lá, mas sinal algum de uma pessoa fantasiada de gato. Aquilo deixou Elesis mais confusa do que frustrada.

***

Nunca tinha visto o colégio tão movimentado quanto no dia do segundo teste para se transformar em um SS. Porém, nesse dia era diferente, havia mais pessoas. Bem, é um dia diferente quando se têm garotas no colégio.

Lass tinha recebido uma notícia de que todos iriam para um passei, e que devia arrumar sua mochila para ir, mas ninguém tinha falado que ia com as garotas de outro colégio.

– Vamos fazer um passei com as garotas. - Dizia Jin, ao seu lado. O ruivo parecia bem animado naquela manhã. - O mesmo colégio em que a Amy estuda. Isso vai ser muito legal.

Todos estavam na quadra do colégio dos garotos. Um lado estavam os meninos e o outro as meninas. Bem na frente, estavam Grandiel, Astaroth e Lothos. Já faziam um tempo desde que a loira chegou com as suas garotas e explicou o que iria acontecer. Felizmente, todos ficaram felizes pela a ideia.

– Não se empolga muito. - Diz o albino com sua expressão neutra. - Talvez ela esqueça de você outra vez.

– Não diga isso. - Fala Jin emburrado. - Dessa vez eu tô confiante.

O albino não disse nada, apenas continua de braços cruzados e olhando para pessoas aleatórias na multidão. Seus braços continuavam a doer, junto com o resto do corpo. Isso deixava seu mau humor pior que já estava. Tinha que continuar a usar alguns curativos no rosto e nas costelas, já que aquilo aliviava a dor.

– Não é a Elesis ali? - Falou o lutador de repente.

O albino olhou na direção que o ruivo apontava. Reconheceu a ruiva pelos os cabelos vermelhos. Ela estava conversando com algumas pessoas, nem tinha percebido a presença dele ainda.

– Parece que ela vai com a gente. - Menciona Jin. - Como sempre.

– E aquele não é o Sieghart dando em cima de uma garota? - Falou Lass, apontando para outra direção.

– O que?!

O ruivo olhou na direção que era apontada. Como previa, o moreno estava mesmo dando em cima das garotas. Aquilo deixou o lutador furioso. Jin sabia o quanto Sieghart incomodava as meninas com as suas "cantadas".

Sem dizer nada, o ruivo foi até o moreno, deixando o ninja sozinho.

Lass voltou o olhar para Elesis, porém dessa vez ela estava acompanhada por outra pessoa. A expressão do albino ficou sério. Parece que ver Ronan não o deixava muito contente, muito menos quando ele estava próximo da "sua" ruiva.

– Você não parece muito feliz.

Olhou para o lado, vendo Lire encostada na parede, ao seu lado. Ela olhava na direção da ruiva, logo para ele.

– Qual é o problema? - Pergunto Lire.

– Você sabe muito bem qual é o problema. - Olhou para frente. - Aí você vem até mim para me infernizar mais ainda.

– Elesis não fica segura quando está com você. Acho que você já percebeu isso no último "passeio" que vocês tiveram.

– É, e o Ronan também estava lá.

– Essa não é a questão. - Ela olhou séria. - Já disse uma vez e duas, e não quero dizer pela terceira. Por que não deixa Elesis viver em paz com o Ronan? Eles estão até se dando bem agora.

O albino a olhou sem expressão.

– Você deixaria o Ryan em paz, mesmo sabendo que ele gosta de outra pessoa?

A elfa não disse nada, apenas o olhava. Parece que ela tinha ficado sem resposta. Mas após alguns segundos, ela ia dizer algo, porém é impedida no justo momento.

– Ok, que bom que todos estão se dando bem e tal. - Gritava Astaroth. - Mas agora quero que cada um vá para o ônibus.

Os dois continuaram a se encarar, mesmo com todos saindo do local. Lire se desencostou da parede, pronta para ir embora.

– Vejo que você está se dando bem com alguém, Lass. - Falou Astaroth ao se aproximar.

O albino chegou tomar um susto com a chegada do professor. Não tinha o visto se aproximando.

– Bem, acho que já tenho um lugar para vocês dois. - Continuo o rapaz sorridente.

Não entenderam muito bem o que eles queriam dizer. O olharam confusos.

***

– Não posso acreditar. - Disseram ambos.

Todos já tinham entrado nos ônibus, cada um em seus respectivos lugares. No entanto, tinha uma certa dupla que não estava muito à vontade com isso.

Lass cruzou os braços e olhou para o lado, vendo a vista pela a janela. Enquanto isso, Lire virava o rosto para o outro lado. Nenhum dos dois se olhavam desde que se sentaram juntos.

– Logo com você. - Disse o albino.

– Eu que digo. - Respondeu a loira com raiva.

Se encararam por alguns segundos, logo virando os rostos. Parece que aquilo poderia ser uma longa viagem, tanto para a elfa quanto para o ninja.


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Notas finais do capítulo

Review?
* Olha, no próximo não vai ter tanta treta assim do Lass e da Lire, só aquela típica conversa mal educada :3
* Desculpem por alguns erros que estão tendo no texto, ok? Eu tô postando os capítulos pelo o Mozila, e não pelo o Chrome. O meu Chrome tá com problema, então... Já viu, né!