Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 62
Não foi sua culpa


Notas iniciais do capítulo

Yooo pessoal! Aqui estou eu de volta com essa linda fic :3 Hoje o capítulo vai começar light, e termina... Bem... Vocês vão querer me matar T-T Perdoem-me! Bem, nada de importante para falar, apenas sejam legais no final ^-^ Faltam 3 capítulos para a fic acabar!
Capa: Tokyo Ghoul: re (Kaneki Ken)
Boa Leitura!



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Sua consciência se despertou aos poucos, como se fosse de um sonho. Continuou com os olhos fechados mesmo depois de ter acordado. Enquanto isso, ouvia os incensáveis "bips", que pareciam ser eternos. Porém, aquelas sons como o irritar. Estava atrapalhando sua soneca.

Abriu os olhos lentamente, com uma certa dificuldade. Sentiu aos poucos a luz entrando em seu campo de visão. Demorou um pouco até se acostumar com a claridade. Foi mexer um pouco de sua face e se remoeu em dor. Só em está deitado era algo doloroso, imagina quando se mexe.

Em um rápido flash, se lembrou de tudo que tinha acontecido antes de adormecer. Seus olhos arregalaram com cada memória que voltava. E a cada memória retornada, mais ouvia os barulhos dos "bips" com mais frequência.

Em um rápido movimento, se sentou na cama, desse jeito viu onde estava com mais clareza, e mais dor. Era um quarto de hospital. Demorou um tempo para perceber que tinha uma máscara de ar em seu rosto, que logo foi retirada rapidamente e sendo jogada de lado. Também percebeu seus dedos e mãos todos enfaixados, o que dificultava os movimentos.

Abaixou a cabeça e pôs as mãos sobre os ouvidos. Queria apagar todas aquelas memórias, todas aquelas vozes e gritos em sua cabeça. A cada segundo, mais se sentia sem ar, como se sua sanidade tivesse sumindo.

– Minha vez. - Ouviu aquela voz em sua mente.

Fechou os olhos.

Ouviu alguém o chamar, mas ignorou. Ouviu passos, mas fingiu que era coisa de sua cabeça. Sentiu alguém se aproximar, porém não era sua imaginação, tinha mesmo alguém perto.

– Lass! - Gritou outra vez a pessoa.

De repente, algo o abraça com delicadeza. Abriu os olhos surpresos ao ver que aquilo era real. Gostava de sentir aquela calor, porém teve que recusar ao sentir cada parte de seu corpo gritar em dor. Fez o mesmo, gritou.

Ao ouvir o grito, a pessoa o soltou, o deixando mais aliviado. Se distanciou um pouco o olhou.

– Foi mal, eu não lembrava que você ainda estava assim. - Disse a pessoa.

Se concentrava para que a dor sumisse, porém não era tão simples assim. Olhava as mãos enfaixadas, que estavam fechadas no momento.

– Ei, olha pra mim.

Levantou o rosto lentamente, até mesmo aquilo era um duro trabalho. Quando olhou para a pessoa, quis se jogar embaixo do coberto e não vê-la mais. Mas não pode, pois aquela pessoa era a única que o deixava feliz naquele momento.

– Elesis. - Sussurrou com sua voz rouca.

A ruiva sorriu ao ouvir seu nome.

Elesis parecia melhor do que da última vez de quando foi no quarto de Lass. Tinha recuperado seu peso e suas feridas já tinham sarados. Apenas tinha alguns pequenos curativos no rosto e nas pernas, que pareciam não ter melhorado por completo. No entanto, no olhar de Lass, a espadachim parecia nada bem desde que a viu pela a última vez, que foi há um bom tempo.

– Finalmente você acordou. - Diz a ruiva se sentando numa poltrona ao lado da cama. Ela parecia está exausta. - Fiquei muito preocupada.

– Cadê o Grandiel?

Olhou confusa.

– Ele chegou no hospital faz um tempo e -- É interrompida.

– Chama ele! - Falou desesperado. - Por favor, chame ele.

Continuou a olhar confusa para o rapaz. Se levantou da poltrona e se dirigiu até a cama. Aproximou sua mão com a do albino, que estava toda enfaixada, porém ele recolheu antes que ela pudesse tocar. Ficou mais confusa ainda.

– Olha, eu sei como você está se sentindo agora. - Fala Elesis com a expressão triste. - Então não precisa -- É interrompida outra vez.

– Apenas chame o Grandiel. - Diz com o rosto abaixado.

Elesis não disse mais nada, apenas o olhou. Confirmou com a cabeça e andou na direção da saída. Antes de sair, parou na porta e olhou para o albino sobre o ombro. Ele permanecia com o olhar baixo, sem nenhuma olhar para a ruiva.

– Já voltou. - Falou antes de sair.

Ouviu os passos de Elesis fora do corredor, até sumirem de sua audição. Estava sozinho.

Desde que a ruiva chegou no quarto, não conseguiu olha-la nos olhos nenhuma vez sequer. Era difícil encara-la depois de tudo aquilo, ele simplesmente não conseguia. O mesmo valia para os outros, não conseguiria olhar para nenhum dos garotos, nenhum mesmo.

Continuava a olhar as mãos, as mesmas que tirou o sangue de todos. Fechou os punhos com força, ignorando a dor que começava a sentir.
Após alguns minutos, voltou a ouvir passos no corredor. Olhou em direção a porta e viu Grandiel ali, com uma expressão um pouco surpresa.

– Então você acordou. - Menciona o loiro entrando.

– Grandiel, eu... - Dizia o albino com o rosto em desespero. - Eu perdi o controle das chamas. E-Eu machuquei a todos. Desculpa, eu não queria.

– Tá tudo bem, Lass. - Disse calmo.

– Não está nada bem! Eu me descontrolei. - Pôs ambas as mãos na cabeça. - E se o Conselho descobrir.

O loiro ficou em pé na frente da cama, logo soltando um longo suspiro. Como Elesis, ele parecia bem cansado.

– O Conselho já sabe de tudo.

Olhou assustado para Grandiel. Pensou que tinha ouvido era coisa de sua cabeça, mas não era.

– Um julgamento foi marcado para ser feito depois que você acordasse e se recuperasse. - Continua o loiro. - O Conselho não decidiu nada ainda, então relaxe.

– Relaxa? Eu vou ser morto. - Dizia sério.

– Não, não vai. Eu e Astaroth estamos fazendo de tudo para mudarem a ideia que você seja algo perigoso para nós.

– E eu sou. - Desviou o olhar. - Você conhece o Conselho, eles não vão facilitar as coisas.

Grandiel soltou outro suspiro.

– Você tem um bom tempo até se recuperar e pensa sobre isso. Até lá, descanse.

Lass não respondeu, apenas olhava para suas mãos. Parece que aquilo o incomodava muito.

– Já vou indo. - Avisa Grandiel parando na porta. - O médico logo virá aqui pra te ver e explicar sua situação, então aguarde.

Outra vez, não respondeu.

– Melhoras. - Foi a última coisa que disse antes de sair do quarto.

Após alguns minutos ouvindo o completo sozinho, ouviu passos vindo em seu quarto. Levantou o olhar, vendo com dificuldade por causa da longa franja em seu rosto. Seu cabelo estava maior do que lembrava, dava até pra dar um pequeno rabo de cavalo.

Quando a pessoa chegou na porta, Lass voltou a deitar. Pegou o lençol e pôs sobre seu corpo, se cobrindo até na cabeça. Parecia até uma criança fazendo pirraça.

– Lass, apenas me escute. - Disse Elesis quando o albino se escondeu dela.

– Eu quero ficar sozinho. - Falou de forma fria.

A ruiva permaneceu em pé em frente a cama. Apertou o olhar de forma triste, logo os punhos se fecharam.

– Só escute o que eu tenho a dizer, tá bom? - Persistiu Elesis, dando nem tempo para o ninja responder. - Eu sei que está se sentindo muito culpado agora, mas não tem motivo para ficar assim. Você não fez de propósito e nunca faria, então pare de se culpar.

– Vai embora. - Fala Lass.

– Astaroth e Grandiel me contaram sobre o que você é o que você tem dentro do seu corpo. O Conselho pode achar o que eles quiserem, mas para mim você continua sendo o mesmo Lass de sempre. Não importa o que eles digam, Lass é Lass e nada disso vai mudar por causa de alguns detalhes há mais. - Parou de falar por um tempo, esperando uma resposta que não foi ouvida. - Ninguém o culpa! Todos estão preocupados com você, principalmente eu. Fui eu que fiz isso com você, tudo isso. Então... Me desculpe.

Lass não disse nada, o que incomodou a ruiva. Parece que tudo que tinha dito tinha sido em vão. Mas tudo que tinha falado era verdade, Elesis e os outros não se importavam se Lass era um híbrido, apenas que ele fosse ele mesmo.

– Se você sabe o que eu sou - Dizia Lass, ainda coberto. - Por que ainda fala comigo? Se tivesse noção do quão perigoso eu sou, ficaria longe pelo o resto da vida.

O albino não ouviu resposta, apenas um certo rangido. Se descobriu um pouco do coberto, vendo Elesis sentada na poltrona ao lado.

– E se você soubesse do quem eu sou verdadeiramente capaz, nem ao menos gostaria de me ver. - Disse séria.

Olhou sem expressão para a mesma. Continuou a olha-la.

– Eu sou o verdadeiro monstro dessa sala. - Diz Lass. - Naquele dia, você viu do que eu sou capaz de verdade.

Elesis dar de ombros, o que deixou o albino confuso.

– E daí? - Fala ela sem se importar. - Nesse mesmo dia, você viu do que eu sou capaz, quer dizer, sentiu do que eu sou capaz.

Não podia parecer, mas Lass se lembrava desse dia com cada detalhe, infelizmente. Viu do que Elesis era capaz, e muito mais. Se não fosse por ela, ninguém teria impedido Lass.

– Agora, que tal você parar de dar uma de criança e dizer como está se sentindo? - Diz Elesis com o seu típico humor brincalhão. - Passei esses meses à procura de uma solução para te livrar das garras do Conselho, mas agora que você acordou, decidiu me ignorar.

Lass não disse nada, apenas a olhou sem expressão. Depois de alguns segundos que percebeu algo estranho.

Se sentou na cama e olhou surpreso para a ruiva.

– Meses? - Pergunta Lass assustado. - Quanto tempo passou enquanto eu estava pagado?

– Hum, dois meses. - Mostra a quantidade com os dedos. - Na verdade, foram dois meses e meio.

– Eu passei tanto tempo apagado assim? - Passa a mão no cabelo, jogando a longa franja para trás. -E você com o negócio do Eléo?

– Eu já resolvi isso tudo, não se preocupe. - Mostrava a mão, mostrando para se acalmar. - As aulas foram suspensas até que o s eu julgamento seja resolvido.

Soltou um ar de cansaço, logo pondo ambas as mãos na cabeça. Tudo aquilo estava estressando o pobre ninja.

Seus pensamentos são interrompidos quando ouve alguém bater na porta. Dirige seu olhar para a pessoa.

– Então você acordou mesmo. - Fala Jin animado. - Pensei que fosse mentira.

O ruivo entra na sala, se aproximando da cama. Sua aparência parecia bem melhor desde que chegou no hospital. Seu braço já tinha melhorado, porém continuava enfaixado por recomendação médica. O doutor disse que aquilo poderia aliviar as dores que Jin sentia no ombro e braço.

– Bem, eu vou deixar vocês conversando. - Diz Elesis se levantando da poltrona. - Enquanto isso, vou comprar alguns lanches, tô morrendo de fome. - Passa a mão na barriga. - Já volto!

Sai da sala, deixando os dois sozinhos. Jin se sentou na mesma poltrona que a espadachim estava sentada antes.

– Você não parece muito bem. - Menciona Jin. - Como está se sentindo?

Lass o olha de forma vazia. Sua expressão não era as das melhores.

– Foi mal pelo o que eu fiz por você. - Dizia o albino. - Eu não queria machuca-lo e -- É interrompido.

– Sabia que você ia começar com essa bobagem toda. Olha, não tem com se desculpar. Não foi sua culpa.

– Sim, foi minha culpa. - Fala com o olhar baixo.

– Não importa. - Passa a mão nos cabelos ruivos. - Apenas para de se culpar, isso é chato. Já não basta a Elesis com meses falando que foi culpa dela e bla bla bla.

Olhou confuso para o ruivo.

– Culpa dela? - Perguntou Lass. - Por que ela disse isso?

– Ela disse que as chamas falou pra ela isso. - Deu de ombros. - Disse que ela era a responsável por ele ter sido solto, ou algo do tipo.

Ficou assustado. Pôs uma das mãos na cabeça, tentando se concentrar em lembrar disso. Era a única coisa que Lass não lembrava de ter acontecido.
Sentiu algo cutucar sua barriga. Olhou para Jin, que o cutucava com o dedo.

– E como isso funciona? É só ficar zangado e as chamas aparecem? - Pergunta o ruivo curioso. - Ou tem algum botão para ativar?

– Não é bem isso. - Suspira. - Nunca parei para tentar, então eu não sei. As chamas tem vida própria, é ela que decidi se vai aparecer ou não.

Jin parece olhar impressionado, o que era estranho para o albino.

– Então você fale com ele ou algo do tipo?

– Às vezes.

– E como ele tá agora? Sabe, depois daquele combate?

Lass pôs a mão sobre o peito. Era estranho, não sentia nada, nenhuma coisa vindo das chamas. Se lembrou que não teve mais nenhum pesadelo com elas, então parecia que tinha ficado quietas por um tempo.

– Acho que estão adormecidas. - Menciona.

– Então é por isso que você não está se curando como de costume? Os médicos disse que sua recuperação tá muito devagar, deve ser por causa disso.

Olhou para as próprias mãos. Agora que tinha percebido que estava tão quebrado assim, pois não tinha se curado como sempre acontece. Provavelmente as chamas estão adormecidas, assim não curaram seu corpo. Aquilo era bom e ruim ao mesmo tempo, pensava o ninja.

– Isso é uma coisa boa, já que o Conselho vai querer sabe como estão as chamas. - Diz Jin positivo, parecendo que tinha lido a mente do albino. - Um problema a menos.

– É, pelo menos isso. - Fala aliviado. - Como estão os outros?

– Já estão bem, não se preocupe. Até mesmo o Sieghart que tava bem ruim já saiu do hospital. - Percebeu a expressão de preocupado do ninja. - Não me olhe assim, já disse pra parar de se culpar.

– Pra você é fácil porque não quebro o osso de cada um. - Olhou de forma preguiçosa. - E também não foi você que bateu na pessoa que gosta. - Desvia o olhar.

– E falando na Elesis. - Menciona o ruivo sério. - Ela tem se esforçado muito nesses meses para te ajudar com o negócio do julgamento, então pega leve com ela, tá?

Olhou sem expressão para o lutador.

– Ela se importa de verdade com você. - Continua Jin. - Não seja um cara frio num momento desses.

Lass virou o rosto, querendo ignorar o que o ruivo disse.

– Vou tentar. - Respondeu baixo.

Jin achou que o albino queria negar o que ele tinha ouvido, mas sorrir ao ouvir o que Lass diz. Era bom saber que ele estava sendo compreensivo com ele.

– Eu já vou indo. - Menciona o ruivo. - Eu venho te ver mais tarde. Se quiser algo é só pedir.

Lass o olha e abri um pequeno sorriso. Fechou um dos punhos e deu um pequeno soco no ombro do ruivo, de forma brincalhona, porém olha preocupado quando Jin faz uma careta de dor.

– Foi mal. - Diz o ninja recolhendo a mão. - Eu não queria te machucar.

– Não foi nada. - Fala o lutador passando a mão onde foi atingido. - É que está muito sensível ainda. - Rir sem jeito.

Olhou para o rapaz sem expressão. Sabia o motivo de seu ombro está doendo, é claro, ele tinha sido o responsável. O ombro do ruivo tinha sido atingido pelas as chamas, e pelo visto não tinha se curado ainda.

Jin se levantou e andou em direção a porta, mas parando um pouco antes.

– Eu vou ficar bem, não se preocupe. - Fala o ruivo sorridente. - Você também. E pare de se culpar.

De repente Jin é esbarrado por alguém que entra de repente. Elesis chega um pouco ofegante, e em suas mãos alguns sacos de biscoito e refrigerantes. Parece que tinha corrido um pouco até chegar ali.

– Se cuida, Elesis. - Fala Jin já indo.

– Você já vai? - Olha confusa para o rapaz que já estava andando no corredor. - Mas eu comprei pra você também!

Nem deu tempo, o lutador já tinha ido embora. Elesis olhou emburrada e se sentou na poltrona, de forma folgada. Colocou as latas no chão e segurou os sacos de biscoito.

– Você vai ficar aqui? - Pergunta Lass, já se incomodando com aquilo.

A ruiva concordou com a cabeça, pois sua boca estava cheia de salgadinhos.

– Por que?

Engoliu os biscoitos para explicar.

– O Conselho acha que você ainda é muito perigoso, mesmo estando nesse estado, então eles iam manda alguém pra te vigiar. - Abri uma das latas e dar um pequeno gole. - Mas eu me elegi pra te vigiar, então eles acabaram deixando.

Olhou sorridente para o ninja, que a reprovou com um olhar.

– Não. - Responde Lass seco. - Eu tô bem sozinho.

– Tarde demais. - Diz Elesis colocando outra porção de biscoitos na boca. - Vai te que me aturar.

Olhou irritado para a garota, que continuava a comer seus salgadinhos. Virou o rosto para frente e se deitou na cama, logo se virando para o outro lado e se cobrindo com o lençol.

Elesis continuou a comer, porém com um olhar triste.

– Não quero que você me trate como uma pessoa que precisa ser salva toda hora. - Menciona a ruiva. - Sou forte o suficiente para poder cuidar de mim mesma.

– Mas parece que não é tão esperta quanto parece. - Diz Lass por debaixo da coberta. - Sabe o que eu sou, então se afaste de mim.

– Não quero. Você é meu amigo. - Falou de forma paciente. - Apenas isso.

– Sou um monstro.

– Não, não é. Por quê fica se castigando tanto?

Se levantou da cama em um rápido movimento, assim pegando no pulso da ruiva com força e a olhando com raiva. Elesis ficou assustada com o olhar do rapaz para ela.

– Você não sabe o que é passa a vida com as pessoas te chamando disso! Não tem nem ideia de como é! - Gritou irritado. - Todos me olhavam com nojo porque eu não era uma pessoa comum como eles. Sabe por quê? Porque eu era um monstro que tinha um monstro maior dentro de mim!

Elesis o olhou com uma expressão séria, em seguida para o seu pulso. Lass percebeu que tinha passado dos limites, pois seus ferimentos exclamavam em dor por causa do rápido movimento.

Soltou a ruiva lentamente. Arrependido, abaixou o rosto. Não queria ver a expressão de Elesis para ele.

– Olha pra mim. - Disse a espadachim.

Com um pouco de receio, levantou o rosto. Mas antes mesmo de olhar para a ruiva, recebeu um tapa na cara, o que doeu muito.

– Você não é um monstro. - Repetiu Elesis. - Você é meu amigo.

O albino olhou com um pouco de dificuldade, já que estava se contorcendo em dor por causa do tapa.

– Agora para de falar isso que já está me irritando. - Diz a ruiva irritada. - Não esperei você acorda pra ficar com esse papinho chato.

Ainda com a mão na bochecha, concordou com a cabeça.

***

– Não saia da cama de forma alguma, Lass. - Dizia o doutor. - Você passou um bom tempo apagado, então tentar levantar agora seria perigoso. Suas pernas não estão boas para você andar, entende?

– Sim. - Falou enquanto batia nas próprias pernas. Sentia elas um pouco dormentes.

– Parece que você está se recuperando melhor agora que acordou. Isso é bom. Em poucas semanas você vai poder sair daqui novinho em folha.

– Semanas?

– É, você ainda tem muitas fraturas para serem saradas, então tenha paciência até lá.

Com desanimo visível, disso um "tá bom" bem seco.

– Melhoras. - Disse o médico antes de sair da sala.

O albino se encostou na cabeceira da cama, olhando para cada canto da sala. Era bom ficar sozinho, está no absoluto silêncio. Sem Elesis.

A ruiva disse que tinha que ir em um lugar e depois voltava, mas isso foi há horas atrás. Bem, o ninja não se importava muito, já que gostava de ficar sozinho.

Pôs a mão no peito, depois de um tempo apertando a camisa.

– Ei, o que aconteceu com você? - Perguntava o albino sozinho. - Não vai mais despertar ou me perturbar?

É, não ouviu resposta como esperava. Fechou o punho e deu pequenos socos em seu peito, como se tivesse batendo em uma porta.

– Será que aconteceu algo com você? - Se perguntou outra vez.

De repente algo cai sobre sua cama, em cima de suas pernas. Olhou confuso, mas logo reconhecendo sua katana. A pegou e sentiu que estava um pouco pesada do que se lembrava, ou estava mais fraco.

– Acho que isso deve ficar com você.

Olhou na direção da voz com seriedade. Reconhecia o tom de voz.

– O que você quer, Lupus? - Perguntou Lass ainda sério.

O caçador estava na porta, encostado na parede enquanto o olha sem expressão. Tinha chegado e o ninja nem tinha percebido.

– Soube que você acordou, então vim devolver o que é seu. Acho que você vai precisar pra depois que perde o controle de novo e matar seus amigos com a katana dessa vez.

Olhou irritado para o haro.

– Não fiz de propósito. - Fala Lass. - Sabe disso.

– Você sabe do perigo que tem dentro de você, como que acabou deixando isso escapar?

– Eu não sei. - Coça a cabeça impaciente. - Ele só escapou. Deve ter achado alguma brecha.

– Alguma brecha? - Olhou mais sério. - E quem seria essa brecha?

Sabia do que o Lupus estava querendo dizer. As chamas se alimentam dos sentimentos, e o maior sentimento que Lass tem é pela à Elesis. Como as chamas tinham dito naquele dia, a ruiva era culpada por sua libertação, mas é claro que ninguém a culpou disso.

– Se veio me perturbar, pode ir embora, já me irritou o bastante. - Diz o albino frio.

– Eu vi ela lutando. - Fala o caçador de repente. - Se não fosse por ela, provavelmente as chamas tinha conseguido o que queria.

– Está falando da Elesis?

– Ela é mais forte que eu imaginava. - Dizia pensativo. - O Berserk muda as pessoas.

Lass sabia disso mais que ninguém. Já viu como Elesis fica no modo Berserk, e já sentiu como ela fica forte quando está assim. Seu estado atual era causado mais pela a ruiva do que os outros.

– Onde você quer chegar com isso? - Perguntou o albino.

– Estou falando pra tomar cuidado. Ela não é a última Cavaleira Vermelha viva à toa. - Cruzou os braços. - Foi deixada viva por um motivo

– Como assim?

– Elesis já conheceu o cara mais procurado de Ernas, o tal de Gerard. Esse cara a deixou viva com algum propósito em mente, que talvez esteja relaciona com você.

– Você com isso também. - Olhou irritado. Já era a segunda pessoa que falava aquilo para Lass.

– Não estou dizendo que ela está te usando, estou apenas dizendo pra você tomar cuidado.

– Estou tomando.

Lupus o olhou sem expressão. Fez um pequeno impulso e se desencostou da parede, andando em direção a saída. Mas acabou parando antes.

– Elesis é a única que consegue te deter naquele estado. - Persistiu o caçador. - É por isso que eu tô falando pra tomar cuidado. Ela é forte e tem muitas surpresas a cada momento.

– Eu vou ficar bem.

Com uma cara de não se importar muito, Lupus deu de ombros. Iria embora, porém se lembrou de algo, fazendo um pequeno "ah".

– O velhote veio te visitar.

Lass o olhou frio. Parecia o que Lupus tinha dito o incomodou bastante.

– Ele mandou te entregar um recado. - Continuou o haro. - É sobre -- É interrompido.

– Eu não quero saber. - Abaixa o olhar. - Não quero saber dele e nem da droga de seu recado. Por que ele veio me visitar?

– Ele disse que viu o sinal das chamas quando elas se despertaram, então ele veio ver como você estava. - Passou a mão atrás da nuca. - Já que você não quer ouvir o recado dele, quer mandar um pra ele?

Levantou o rosto e olhou seriamente para o caçador. Respirou fundo antes de dizer.

– Manda ele se ferrar. - Dizia o albino sincero. - E se eu ver ele não vai ser pra conversar.

Lupus ouviu atentamente a mensagem. Assentiu com a cabeça, como se fosse uma mensagem boa mesma.

– Ok. - Dar as costas e sai do quarto acenando. - Até mais.

Quando o caçador foi embora, Lass se deitou de volta a cama. Olhou para o teto sem expressão. Ficava imaginando como era seu pai, isso quando ele era criança. Agora sua imaginação era como matar seu pai ou tornar sua vida um inferno.

Sua vida era assim por causa dele, então nunca seria perdoado facilmente.

***

Olhava para a comida a sua frente. Tinha uma bandeja sobre seu colo, apoiadas por umas pernas de pau em cada lado. O prato parecia ser delicioso, o que deixava o albino mais faminto ainda. Foi tentar pegar um dos talheres mas não conseguiu, suas mãos enfaixadas o incomodava muito.

Elesis estava na poltrona novamente, enquanto isso, estava com um prato de comida na mão. Comia em grandes porções,já que tinha sido ela que fez a comida. Como sabia que a comida do hospital não era das melhores, preferiu fazer ela mesma. Mas parou de comer quando percebeu que o albino não tinha tocado nenhuma vez na comida, o que era estranho.

– Algum problema? - Pergunta a ruiva.

– Hã?! - Olha assustado para a mesma. Estava tão distraído em como comer que nem percebeu a ruiva o olhando. - Não é nada demais, é só minhas mãos que estão doendo.

– Consegue comer assim mesmo?

– Acho que sim. - Diz confiante.

Pegou o garfo com dificuldade e tentou pegar uma porção da comida, porém era difícil demais. Cada movimento que fazia com o músculo era doloroso, isso o médico chegou a avisar que seria assim.

Soltou o talher.

– Você parece uma criança. - Rir Elesis, deixando o ninja irritado. - Deixa eu te ajudar.

Colocou o prato de lado, sobre uma mesinha que tinha perto.

– Nã-Não, eu não quero sua ajuda. - Diz o rapaz já até prevendo. - Eu posso fazer -- É interrompido.

Tomou uma garfada direto na boca, cheio de comida. Ficou de boca cheia enquanto olhava nervoso para a ruiva, que segurava seu prato em uma das mãos. Mastigou a comida e logo a engoliu.

– Viu, não é difícil. - Fala Elesis.

– Quase perdi um dente com isso, sabia?!

– Um dente não é nada para o estado que você estava. - Isso era verdade.

– Eu só não quero que você me trate como uma criança. - Esticou uma das mãos. - Devolve o prato.

– Não. - Dar um pequeno tapa na mão do albino, o que doeu muito. - Você tem que se alimentar direito, e do jeito que você está não vai ajudar muito. Agora, abre a boca.

Lass a olhou mais nervoso ainda. Se sentia uma criança perto da ruiva o tratando daquele jeito. Não queria aquilo, principalmente por ser vergonhoso.

Seu estômago roncou, o deixando com mais fome ainda. Com o rosto um pouco corado, abriu a boca, aceitando a ajuda da ruiva.

– Bom garoto. - Disse Elesis ao pôr a comida em sua boca.

Parou de mastigar e a fitou emburrado, logo a fazendo rir. Voltou a mastigar, mas dessa vez desviando o olhar.

– O que aconteceu enquanto eu estava apagado? - Perguntou Lass enquanto aceitava outra porção.

– Hum, acho que nada demais. - Dizia pensativa. - Só os meus treinamentos atrasados, o colégio está sem aula e eu conheci a líder do Conselho de Canaban.

– Que pena. Eu já conheci ela uma vez, foi há muito tempo. Ela não é muito simpática como eu esperava.

– É, nada de simpatia. - Fala séria só em lembrar do rosto dela.

Lass percebeu a irritação no rosto da garota, mostrando que nada ocorreu bem quando conheceu a líder. Bem, o albino sabia mais que qualquer um que Cazeaje era a pior pessoa de se encontrar em qualquer lugar.

– Ah, eu tinha até esquecido. - Menciona o ninja. - Valeu por ter me salvado das chamas. Se não fosse por você, todos estariam mortos por minha culpa.

– Não foi nada, você teria feito o mesmo por mim. - Abri um meio sorriso.

– Mas eu pensei que você não gostasse de usar o Berserk.

O meio sorriso some de seu rosto, ficando sem expressão.

– Temos que fazer algumas excessos nesses momentos. Sei que não devia ter usado o Berserk, mas era o único jeito de te deter.

Estava tão distraída lembrando de usar o Berserk que nem percebeu um peteleco acertando sua testa. Olhou confusa para o albino.

– Acho que eu fico te devendo uma depois dessa. - Diz ele. - Obrigado.

A ruiva desviou o olhar de vergonha. O que tinha feito era de demais, pensava ela.

– Posso te fazer uma pergunta? - Fala Lass.

– Claro.

– Antes de eu apagar, quando estava tomando o controle do meu corpo, você acabou dizendo algo que me deixou confuso. - Olhou curioso para a ruiva. - O que você quis dizer com "Deixa o meu ninja em paz".

Elesis olhou rapidamente para o albino. Tinha se esquecido completamente disso, mas agora que ele havia menciona, veio em sua mente esse momento.

– Com certeza você tava vendo coisas. - Diz Elesis forçando uma risada. - Deve ter batido com muita força a cabeça, só isso.

– Não, eu me lembro muito bem de isso ter acontecido.

– Devia ser um sonho.

– Elesis, não minta pra mim. Eu sei o que eu vi.

Tentava explicar o motivo de ter dito aquilo, mas Lass parecia não ajudar muito. A olhava com muita curiosidade, com os seus olhos famintos pela a resposta. Parecia até um filhote de cachorrinho.

Não deixou de ficar corada com a situação.

– É-É que eu acabei me empolgando com a situação.

– Hã? - Olha confuso. - Como assim?

– Eu queria falar uma coisa maneira, tipo como naqueles filmes de ação. - Dizia animada, mas logo voltando a ficar envergonhada. - Mas acabou saindo isso sem querer.

– Sem querer? Não parecia ter sido isso.

Olhou irritada e envergonhada ao mesmo tempo. Encheu o garfo de comida e enfiou na boca do albino, assim pegando mais e colocando em sua boca, sem parar nenhum momento.

– Para de pergunta e coma sua comida! - Falava Elesis.

Lass tentou segurar a ruiva para que ela parasse de o encher de comida, mas parecia impossível em seu estado atual. Em menos de um minuto já tinha acabado com a comida do prato todo.

***

Olhava pela janela, vendo o céu estrelado da noite. Aquilo deixava o albino tranquilo, esquecendo de todos seus machucados que doía de vez em quando. Mas algo continuava o incomodar mesmo olhando para as estrelas.

– O que você faz ainda aqui?! - Perguntou irritado para a ruiva.

Elesis estava deitada na mesma poltrona de antes, só de lado. Infelizmente, suas pernas acabaram ficando para fora, por causa da ruiva ser maior que a poltrona. E em seu rosto estava um livro aberto, que estava sendo lido algumas horas atrás.

Pegou o livro e tirou do rosto, olhando para o rapaz.

– Dormindo, e você? Não tinha que tá dormindo também?

– Eu estaria dormindo se não tivesse uma estranha aqui! Por que não vai dormir em outro lugar?

– Porque eu tenho que ficar de olho em você, o tempo todo. Regras do Conselho.

Lass afundou no travesseiro, colocando ambas as mãos em seu rosto. Soltou um ar abafado, como se tivesse cansado de ter feito algo.

– Agora dorme que eu quero dormir também. - Diz Elesis colocando o livro no rosto novamente.

Olhou nervoso para a garota. Queria ter um momento de tranquilidade e silêncio, sem Elesis ou alguém para perturba-lo. Mas parecia que não era bem isso que acontecia.

A espadachim finalmente estava quase pegando no sono, até algo ser arremessado nela. Era leve, o que não a incomodou.

Tirou o livro do rosto lentamente, até ver um lençol sobre ela. Olhou para o lado, vendo Lass virado de costas para ela. Percebeu que estava faltando uma coberta de sua cama, que era a que estava com Elesis.

Sorriu. Pegou o simples lençol e se cobriu com ele, assim conseguindo dormir quentinha, porém naquela minúscula poltrona.

***

Sentiu sua cabeça caiu pra um lado, mas logo voltando ao lugar. Caiu para o lado outra vez, dessa vez a acordando. Abriu os olhos lentamente, assim os coçando em seguida. Se sentou na poltrona, olhando o quarto melhor.

Bocejou, pondo a mão na frente da boca.

Já era de manhã. Sabendo disso, olhou na direção de Lass, que permanecia a dormir mesmo já sendo um pouco tarde. Era incomum do albino acordar tarde. Talvez estivesse muito cansado mesmo.

– Elesis. Ei, Elesis. - Sussurrava alguém.

Olhou na direção da porta, que era de onde vinha a voz. Viu a enfermeira ali parada, a olhando.

– O que foi, Beth? - Perguntou Elesis no mesmo tem de voz, baixo.

– Chegou uma coisa para você, então eu vim entregar.

– Hum, tá bom. - Disse sonolenta.

Se levantou da poltrona e pôs o lençol de lado. Se dirigiu até a moça, porém mantendo sua expressão de sono ainda.

– Aqui. - Falou Beth ao entregar.

Pegou o presente e olhou confusa para ele. Talvez ter acordado quase agora não ajudava muito entender o que era aquilo. Bem, sabia o que era, mas não o porquê.

Era um buquê de rosas vermelhas.

– Eh, quem mandou isso? - Perguntou a ruiva confusa.

– Eu não sei, apenas estava para entregar para você. - Mostrava o papel com o nome de Elesis. - Deve ser de algum admirador secreto.

– Provavelmente não. - Diz a espadachim séria. - Tem certeza que não viu de quem era?

– Deixe-me ver. - Disse pensativa. - Ah, deve ser do mesmo homem que te entregou isso.

Beth esticou um envelope para Elesis. Pegou e olhou mais confusa ainda.

– Como ele era? - Perguntou, ainda olhando para a carta.

– Alto e usava algumas roupas escuras. - Mostrava o tamanho, que era bem maior que ela.

– E o que mais? Algo que o defina melhor.

Pôs a mão debaixo do queixo, tentando se lembrar de algo. Soltou um pequeno "ah" quando algo veio em sua mente.

– Ele tinha cabelos ruivos, como o seu. - Diz um pouco alegre. - Era partido de no meio, e atrás era um pouco arrepiado. Só isso que eu consegui ver. Alguém familiar para você?

Estranhou a expressão de Elesis. Ela parecia ter visto um fantasma, assustada e perplexa. Não disse nada, apenas olhava para a enfermeira.

– Elesis? - Perguntou Beth. - Você conhece ele?

– Não. - Foram uma das poucas palavras que saiu de sua boca. Abaixou o olhar. - Não, eu não conheço ele.

– Quer que eu devolva as flores?

– Não precisa, eu fico com elas. - Falou se dirigindo para a poltrona. - Obrigada, Beth.

Um pouco ainda confusa pela a reação da espadachim, assentiu com a cabeça e saiu do quarto.

Elesis voltou a se sentar na poltrona, em seguida colocando as flores de lado. Segurou a carta com ambas as mãos, assim a fitando sem expressão.
Pensava se abria ou não.

Percebeu Lass se mexer na cama, mostrando que o rapaz estava acordando. Antes que ele se virasse em sua direção, mudou sua expressão, voltando a ficar alegre.

– Bom dia, dorminhoco. - Começava Elesis com o seu tom brincalhão.

O albino a olhou com um dos olhos abertos. Fez um estalo com a boca ao ver Elesis sorrindo para o mesmo. Não estava com humor para aturar a ruiva, não de manhã.

– O que você ainda faz aqui? - Murmurou o ninja.

– Te vigiando. - Respondeu séria, de forma brincalhona. - E não reclame, não é você que tem que acordar cedo pra ficar te encarando até acordar.

– Então não me encare.

Elesis soltou uma pequena risada de deboche.

O albino se sentou na cama, mostrando seu cabelo bagunçado. Um lado estava em pé e outro baixo, o que chegava a ser cômico.Logo olhou nervoso para a ruiva quando ela começou a gargalhar sem motivo.

– O que foi? - Perguntou irritado.

– Nada. - Falava em meio aos risos. - É que eu lembrei de uma coisa engraçada, só isso.

Continuou a olhar emburrado para a mesma. Rir daquele jeito não era por se lembrar de algo. Mas logo sua atenção é chamada pela a carta que Elesis segurava, além do buquê de flores em cima da mesinha.

– De quem é isso? - Apontou o albino.

– Ah, é que me entregaram. - Para de rir, voltando ao normal. - Não é nada de mais.

– E quem te entregou?

Voltou o olhar para a carta, mantendo um meio sorriso no rosto.

– Eu não sei. - Responde Elesis. - E também prefiro não saber.

– Tá, faço o que quiser. - Falava enquanto se espreguiçada. Soltou algumas caretas de dor durante isso.

Continuou a encarar a carta em sua mão. Não fazia sentido ficar apenas olhando, devia abri-la. Então foi o que a ruiva fez, abriu ela e tirou um papel dobrado de dentro do envelope.

O desdobrou e respirou fundo antes que lesse.

Olá. Estava escrito bem grande e no meio da folha, porém algo chamou mais atenção. No canto da folha estava um pequeno desenho de um garota dando a língua, e ao lado escrito "melhoras".

Aquela única palavra deixou a ruiva confusa, mas aquele desenho a deixou furiosa. Sabia de quem era, infelizmente. Fechou os olhos de raiva, e medo.

– Tá tudo bem? - Perguntou Lass.

Em um simples movimento, rasgou o papel em dois, logo em vários pedaços. Abriu os olhos só quando o papel estava em picadinho.

– Eu tô bem. - Fala sorrindo. - É só bobagem.

Se levantou da poltrona, levando o buquê junto, e foi até a lixeira. A abriu e jogou os papeis nela, logo o buquê.
Lass estranhou o que a ruiva tinha feito.

– Por que jogou fora?

– Não gosto de flores. - Deu de ombros. - Não teria sentido eu guardar elas.

Como o albino, soltou um bocejo, em seguida se espreguiçou. Levantou os braços bem alto, até mesmo ficando nas pontas dos pés. É, aquilo era uma boa sensação.

Lass não quis questiona-la, apenas a olhou em silêncio. Porém, começou a sentir o rosto esquentar quando viu a camisa da ruiva levantar quando seus braços se ergueram. Tentou desviar o olhar, mas algo o fez continuar a olhar.

Como Elesis estava de costas, conseguia ver perfeitamente suas costas. Sua camisa se levantou apenas por um pouco, mostrando uma parte de sua cicatriz. Mesmo vendo só um pouco da cicatriz, dava para ver que ela eram bem funda por causa da grossura que tinha.

Abaixou o rosto, olhando para as suas mãos novamente. Sabia que tinha sido ele o causador daquela cicatriz, pois se lembrava do sangue de Elesis em suas mãos.

– Ei!

Voltou o olhar para a ruiva.

– Tá com fome? Que tal um lanche? - Perguntava animada.

Sem dizer nada, tirou os fios de seu corpo, até mesmo o soro em seu braço. Não doeu muito, foi apenas uma rápida dorzinha. Triou o lençol sobre o corpo e colocou os pés para fora da cama.

– O que você tá fazendo? - Pergunta Elesis. - Não pode se levantar.

Continuou sem dizer nada. Se levantou da cama, usando ela como apoio, e deu pequenos passos adiantes. Suas pernas estavam fracas, até demais, porém Lass continua a andar.

– Você vai cair desse jeito! - Alertava Elesis. Sabia muito bem como era isso. - Volta pra cama.

Cada passo era doloroso para o ninja. Suas pernas estão enfaixadas como as de Elesis estavam. No entanto, mesmo sentindo dores e dificuldade para andar, ele continuou o caminho até a ruiva.

– O que você pretende -- A ruiva para de falar.

Ficou surpresa quando sentiu sendo abraçada. Lass tinha se aproximada da mesma, assim a envolvendo com seus braços. A abraçou sobre seus braços, a impedindo que se soltasse. Elesis tentou dizer alguma coisa, mas ficou em silêncio.

– Desculpa. - Falou Lass com a sua voz calma. - Me desculpe.

O albino apoiou seu queixo sobre o ombro da ruiva, assim podendo falar baixo e claro para ela.

– Pelo o que? - Perguntou Elesis.

– Por tudo.

– Já disse que não tem pelo o que se desculpar. - Disse envergonhada.

Tentou se soltar, mas Lass a segurou com mais força. Apertou com delicadeza a camisa da espadachim atrás. Era uma boa sensação ter a ruiva entre seus braços, podia sentir seu calor e o cheiro de seus cabelos.

De repente, suas pernas começaram a ficar fracas, o que era ruim. E Elesis percebeu isso quando sentiu o peso do corpo do albino aumentar contra o seu.

– E-Ei, você tá caindo! - Diz Elesis desesperada.

– Não é minha culpa.

– Bem, é sim! - Grita nervosa. - Você que levantou da cama!

Para que não caísse, Lass se segurou com força em Elesis, a abraçando mais forte ainda. A ruiva teve que inclinar um pouco o corpo para trás para poder aguentar o peso do rapaz. Para alguém magro como ele, era bem pesado.

– Você podia pelo menos ajudar, né. - Pedia Elesis irritada.

Lass tirou o rosto do ombro da garota, assim a olhando mais de perto. Com aquela pequena distância entre ambos, Elesis acabou se sentindo envergonhada, assim virando o rosto para o lado.

– Não é você que tá sentindo dor. - Menciona Lass. - Então não reclame.

– E não é você que tá sendo esmagado por não sei quantas toneladas!
Elesis tentou levar Lass até a cama, o arrastando, porém acabou não dando muito certo. Tentou recuar, mas o peso do ninja era tanto que fez a ruiva cair para trás, e levando o albino junto desse jeito.

Bateu com as costas contra o chão, além do corpo do albino bater contra o seu, a deixando sem ar por um tempo. Lass se levantou um pouco com dificuldade, assim dado espaço para Elesis se levantar, e ficar apoiada nos cotovelos.

– Foi mal. - Disse Lass.

Quando a ruiva se manteve erguida, percebeu que estava outra vez próxima ao albino. Ficou corada com a situação que estava. Desviou o olhar.

– Ta-Tá tudo bem. - Disse Elesis. - Agora saí de cima de mim!

Enfiou a mão na cara do ninja e o empurrou para o lado, o tirando sobre ela. Ignorou o grito de dor que o rapaz soltou enquanto era empurrado, apenas queria fica distante do mesmo.

Se sentou no chão e encostou as costas na parede atrás. Pôs a mão na metade de seu rosto, escondendo sua face rubra.

– O que está acontecendo comigo? - Pensava a ruiva.

***

Tinha se passado algumas semanas, no máximo duas. O julgamento do Lass ainda estava para ser marcado, o que era bom para todos. E durante esses dias que se passaram, Lass teve uma grande melhora. Já podia se levantar da cama e andar tranquilamente, porém com algumas tropeçadas de vez em quando. Mas o médico disse que ele deveria permanecer em descanso enquanto não se recuperava por completo.

Nesse momento, os olhos da ruiva brilhava com o texto que via em sua frente. Estava na lanchonete do hospital, sentada em uma das mesas. Do outro lado, também sentado, estava Ronan. Como a ruiva, ele tinha melhorado bastante, sem nenhum curativo há mais.

– Eu consegui fazer o relatório todo da batalha que tivemos naquele dia. - Dizia o azulado com uma cara de cansaço. - Não é nada demais.

– É sim! - Fala a ruiva olhando para as papeladas impressionada. - Tá tudo bem detalhado aqui. Bom trabalho, Rabo de cavalo!

Deu alguns tapinhas no ombro do rapaz, que pareceu está mais ofendido com o que Elesis disse.

– E como ele está indo? - Perguntou Ronan tomando um gole da xícara de café.

A espadachim tirou os olhos da papelada e olhou para o azulado.

– O Lass?

Afirmou com a cabeça.

– Está melhor, muito melhor. Suas fraturas já sararam, bem, algumas, e ele já tá podendo andar, o que é bom. - Falava pensativa. - Acho que até o final da semana ele pode ser liberado.

– Dona Cazeaje está louca para que ele se recupere de uma vez. - Disse sério. - Parece que ela quer muito fazer esse julgamento do Lass.

Elesis olhou neutra para Ronan. Não tinha se esquecido da última vez que a viu, o que foi muito doloroso. Não era à toa que estava com esse curativos no rosto. E o de pior, o nome dela ser o mesmo de Ronan.

– O que você é da senhorita Cazeaje? - Perguntou Elesis com receio.

– Como assim?

– Ela tem o mesmo sobrenome que o seu. Deve ser alguma coisa sua, certo?

Tomou mais um gole do café.

– Sim, ela é uma coisa minha. - Deu de ombros, sem muita importância. - Ela é minha tia.

– Tia? - Olha surpresa. Elesis pensou que fosse algo mais distante.

– Mas ela não me trata como um sobrinho, ou alguém da família. Cazeaje é assim, não liga muito para sua família, apenas para esse negócio de Conselho. - Apoia o rosto sobre uma das mãos. - Ela por acaso te tratou mal?

– Eh, não! - Preferia que Ronan não soubesse do que aconteceu. -Não, ela não me tratou mal.

– É que ela é meio rude com algumas pessoas. Não quero que ela seja assim com você.

– Tá tudo bem. - Passou a mão atrás da nuca. - Eu só fiquei curiosa em saber se ela era algo de você.

Olhou para o relógio que ficava na lanchonete, vendo as horas que tinham. A ruiva se levantou da cadeira, chamando a atenção do azulado.

– O vou ir ver o Lass, ele deve ter acordado. - Diz a espadachim. - Depois a gente se fala.

– Tudo bem. - Desencostou o rosto da mão. - Tente descansar um pouco, você parece cansada.

– Vou tentar. - Disse em meio ao bocejo. - Até mais.

O azulado deu uma rápida acenada. Ficou sentada, olhando Elesis ir embora. De alguma forma, aquilo o incomodava.

Antes que fosse embora, Elesis comprou uma caixa de rosquinhas para Lass, algo para o albino comer agora de manhã.

Não sabia por quê, mas gostava de visitar Lass. Desde de que tudo aquilo aconteceu, sentia-se preocupada com o albino a todo momento. Sabia que ele estava bem, mas só sentia aliviada quando o via toda a manhã. Continuava a dormir naquela pequena poltrona, porém não se importava, contanto estivesse ao lado do ninja.

Lass, estranhamente, chamava mais sua atenção. E Elesis gostava disso.

– Hey, Lass, olha o que eu trou -- Para de falar quando chega na porta.

Olhou surpresa para a cena. Lass estava fazendo flexões, porém de uma forma diferente.

O albino estava de cabeça para baixo, apoiado em apenas um braço, o outro estava encolhido atrás das costas. Seus cabelos estava sobre seu rosto, mas não parecia o incomodar tanto. Já a camisa ele teve que tirar, pois o incomodava. Seu peito estava enrolado por milhares de curativos, parecendo até outra pele sobre a dele.

Desceu o corpo com um pouco de dificuldade, logo subindo do mesmo jeito. Parecia ser um árduo treinamento para se fazer, muito mais em seu estado atual.

– Lass, não é pra você fazer exercício. - Reclama Elesis. - Ainda tem que descansar, se lembra?

Parou o treinamento e olhou para a ruiva, mesmo estando de cabeça para baixo. Em um brusco movimento, usou a mão para saltar, assim parando em pé novamente. Elesis ficou outra vez surpresa pela a agilidade do rapaz.

Quando ficou de pé, a ruiva conseguiu perceber o suor passando pela a testa do rapaz, além da sua respiração ofegante.

– Trouxe um lanche para você. - Mostra a caixa.

– Valeu. - Falou enquanto passava a mão no cabelo.

Entrou no quarto, se aproximando da mesinha e colocando a caixa sobre a mesma. Se virou para o albino, mas se assustando quando ver o rapaz próximo dela. Se afastou, dando espaço para ele abrir a caixa e pegar uma rosquinha.

Não entendeu o motivo de se sentir envergonhada.

– Ah, essa manhã eu me encontrei com o seu médico. - Menciona a ruiva.

– É mesmo? - Diz Lass com a boca cheio. - O que ele disse?

– Disse que você já vai poder tirar esses curativos. Menos o da costelas, porque ainda não está sarada por completo. - Deu de ombros. - E mais uma coisa, só que não era tão importante assim.

Fez um "hum" enquanto mastigava. Comeu o último pedaço que restava em sua mão e foi se sentar na cama. Deu uma grande engolida antes de falar com Elesis.

– Me ajuda a tirar essas coisas da minha mão. - Pede Lass. - Elas ainda estão doendo.

– Tá bom.

Se aproximou do rapaz, assim ele mostrando um dos braços enfaixados. Pegou a fita e tentou arrebenta-las nas mãos, já que não tinha nada que cortasse aquilo. Infelizmente, eram resistentes, o deixa a ruiva estressada.

Sem muita escolha, usou os dentes para morder as fitas. Lass olhou confuso para ruiva mordendo os curativos em sua mão, mas acabou nem questionando.

– Como estão suas costas? - Perguntou o ninja de repente.

Enquanto mordia, Elesis olhou para o albino.

– Como assim? - Perguntou com dificuldade, pois sua boca estava ocupada tentando roer algo.

– Olha, eu lembre de tudo que aconteceu naquele dia. - Dizia triste. - Eu sei o que eu fiz nas suas costas, e eu vi como elas ficaram depois disso.

Finalmente consegue romper a fita.

– Então você percebeu. - Fala Elesis não muito contente.

Pegou a ponta da fita e começou a desenrolar no braço do albino.

– Não foi nada grave. - Continua a ruiva. - E não foi sua culpa.

– Mas ficou uma grande cicatriz. - Persistiu. - E não vai sair tão facilmente assim.

Tirou todo o curativo do braço. Segurou o braço do albino pelo pulso, vendo as pequenas cicatrizes que tinha no local.

– E essas também não. - Falou Elesis.

Com a ponta do dedo, passou pelo o braço do rapaz, mostrando as cicatrizes que tinha feito nele quando estava no Berserk. Lass apenas ficou envergonhado pelo o toque da ruiva.

– Estamos quites. - Diz a espadachim positiva. - Você fez isso em mim e eu quebrei a metade do seu corpo.

Soltou o braço e pegou o outro, que estava enfaixado. Outra vez, começou a morder as fitas para poder arrebenta-las.

– Mas você deve ter sofrido para derrotar as chamas. - Diz Lass. - Vi o quanto a fiz sofrer.

Elesis solta uma risada de deboche enquanto mordia os curativos.

– Que nada, foi fácil acabar com elas.Tá bem que eu sofri bastante para derrota-las, mas até que ela não é tudo que dizia.

Conseguiu romper outra fita. Começou a tira-las de seu braço.

– É, mas as chamas não estava levando à sério a luta. - Disse enquanto apertava uma das mão para ver se estava boa. Infelizmente, continuavam doloridas.

Segurou as fitas com ambas as mãos e olhou confusa para o albino.

– Como assim ela não estava levando à sério?

– Como o Grandiel tinha enfraquecido elas com uma das suas magias, ela não estava com toda potência. - Dizia pensativo. - Bem, ele fez um monte de ritual de selamento, o que a enfraqueceu bastante.

– Então ela estava fraca? - Perguntou Elesis um pouco incomodada.

– Bastante fraca. - Confirmou com a cabeça.

– Quer define melhor!

Pôs uma das mãos sob o queixo, pensando em uma resposta.

– Digamos que ele estava usando apenas 10% de seu poder. - Disse sem importância.

A ruiva olhou sem palavra para o albino. Como assim apenas aquela pequena porcentagem estava sendo usada pelas as chamas? Elesis simplesmente não conseguia engolir aquilo. Era como se fosse uma piada.

Tudo que tinha passado para derrotar as chamas, ela e os SS. Tudo tinha sido apenas uma brincadeira, nada sério.

– Hã? - Foi a única coisa que saiu de sua boca.

***

Se ajeitou em sua poltrona, se preparando para dormir. Já estava de noite e Elesis precisava de uma boa noite de sono, já que não estava tendo uma boa quando dormia naquela poltrona.

Colocou as pernas sobre o braço da poltrona e se enrolou com o seu lençol, o mesmo que Lass tinha dado pra ela naquele dia.

– Como você consegue dormir aí? - Perguntou o albino já deitado.

– Bem, é melhor que o chão. Não tenho muita escolha. - Deu de ombros.

O albino ficou a olhando enquanto tentava achar uma posição confortável.

– Por que não deita aqui comigo? - Perguntou normalmente.

Elesis quase cai da poltrona quando ouve o albino dizer isso. Olhou um pouco vermelha para o rapaz.

– Ora, porque não! Eu que não quero dormir aí com você.

– E qual é o problema?

– Eh, bem... - Olha para um lado e para o outro, a procura de uma resposta. - Eu tô bem aqui! Muito obrigada!

Se deitou e fechou os olhos, voltando a ignorar o rapaz.

– Mas não parece. - Diz o ninja.

Irritada, se sentou na poltrona e olhou para o albino. Levantou-se dela e andou até a cama, assim dando leves empurrões em Lass.

– Vai, chega para o lado! - Dizia Elesis ainda o empurrando.

Lass foi para o lado, mesmo soltando algum resmungo pela a ruiva ter o empurrado. Quando deu espaço, a ruiva se deitou na cama, assim fitando teto sem expressão.

– Satisfeito? - Pergunta Elesis sem olha-lo.

– Não sei. - Olha para ela. - Você está?

– Até que essa cama é boa. - Suspira. - Não vejo a hora de voltar pro colégio e dormir na minha própria cama.

– Então por quê não volta? Você devia está lá há muito tempo.

A ruiva fechou os punhos. Lass tinha razão.

– Mas isso não deixaria minha consciência leve. - Menciona Elesis. - Se não fosse por mim, você não estaria assim. Eu exagerei, sem querer.

– Então, isso é um tipo de perdão?

Elesis se senta na cama e suspira. Se virou para poder olhar o albino melhor, assim cruzando as próprias pernas.

– Eu sei do que as chamas falaram pra mim, ok. - Falava séria. - Elas se alimentam de sentimento e magoas, tudo que um ser humano tem.

Lass virou o rosto para cima, fitando o teto enquanto soltou um suspiro. Estava com a clássica expressão "isso de novo não". E Elesis percebeu que ele não tinha gostado do que ouviu.

– Isso é verdade, não vou mentir. - Falou o ninja ainda olhando para cima. - Mas só quero que entenda que não foi sua culpa.

– Pode até ser, mas eu tive uma parte disso e não vou mentir. - Abaixou o olhar.

O albino não disse nada, nem a ruiva depois. Ficaram em silêncio por um tempo.

– Mas há uma coisa que me deixou em dúvida. - Menciona a espadachim, assim olhando para o rapaz. - Elas disseram que você tinha um certo interesse em mim.

Lass parou de fitar o teto e olhou a ruiva surpreso. O que ela tinha dito era algo que ele não se lembrava.

– Que tipo de interesse você tem em mim? - Perguntou Elesis.

Ficou com um olhar tenso para a mesma. Não sabia o que responder, e nem pensar em algo para dizer. Apenas sentia seu coração bater rapidamente.

– É que, eu gosto de você. - Falou como desabafo, mas um pouco envergonhado.

Ergueu uma sobrancelha e olhou confusa para o albino. Não tinha compreendido a mensagem, o que deixou o rapaz mais nervoso ainda.

Se levantou um pouco, ficando apoiado em seus cotovelos. Doía ficar naquela posição.

– Eu gosto do seu jeito, é isso! - Dizia Lass tentando conserta o que tinha dito. - Sabe, escolhendo entre você e o Jin, eu escolheria você! Sua companhia me faz ficar mais aberto com as pessoas, o que eu não consigo normalmente.

Elesis continuava a olhar do mesmo jeito.

– Você é a melhor amiga que alguém poderia ter. - Continuava o ninja. - E é isso que me faz ficar interessado em você. Às vezes, você é bruta e irritada, e outras é calma e delicada. Nunca sei como agir com você, porque você está sempre mudando. O seu jeito, de algum modo, me interessa... E eu gosto disso. - Por fim, termina.

A ruiva o olhou sem expressão dessa vez. Mas aos poucos um pequeno sorriso aparece em seu rosto, que logo se abre por completo. Isso deixou o albino aliviado.

– Gosto de você também, Lass. Tanto você quanto o Jin são amigos muito preciosos para mim. Sua companhia pode parecer fria, mas isso sempre me deixa alegre. - Solta uma pequena risada. - Seu jeito é bastante interessante, como o meu.

Lass soltou um pequeno "ah", como se tivesse entendido, porém não era isso. Percebeu que Elesis tinha entendido errado o que ele tinha dito. Ela pensava que o albino gostasse dela como amiga, mas não era isso que ele queria.

Voltou a se deitar na cama.

– Gosto sempre de está com você. - Continua Elesis. Passou a mão no cabelo, tentando achar as palavras certas. - Todos podem achar que você é um cara sem coração ou sem emoções, mas eu não acho isso. Você é um enigma, o que é interessante. Sempre acho que estou prestes a te decifrar, só que eu sempre estou errada. - Solta uma risada, mas ainda passando a mão no cabelo.

– Você gosta do meu jeito frio? - Pergunta o ninja, estranhando o que a ruiva dizia.

Ela olhou para ele e afirmou com a cabeça.

– Sim, eu amo. - Sorrir.

Se passou alguns segundos quando Elesis percebeu o que tinha dito. Aquilo a deixou envergonha, e um pouco corada. Isso foi como uma confissão indireta, pensa a espadachim.

– Tem certeza? Parece que você e o Lass são mais que uma amizade. - Veio em sua mente a vez que conversou com Jin, e que ele tinha dito isso.

Elesis abaixou o olhar, desviando a vista de Lass. Estava corada, por causa dos pensamentos que tinha. Sua cabeça estava uma confusão no momento. Desde que o ruivo disse aquilo, tudo em sua volta tinha se tornado estranho. Parecia que estava vendo as coisas com mais clareza.

– Eu não gosto do Lass... Ou gosto? - Pensava nervosa. - Ele é meu amigo, só isso! Não posso gosta dele do mesmo jeito que gosto do Ronan! Se bem que, Ronan é meu amigo também, e eu gosto dele assim mesmo... Ah, Elesis! O que você tá pensando? Ele é seu amigo! AMIGO!

Parou de ficar mordendo a unha, de forma nervosa, e voltou o olhar para o albino. Ele estava deitado, continuando a olha-la, esperando que dissesse algo.
Ficou mais nervosa ainda.

– Você gosta mesmo do meu jeito chata de ser? - Pergunta Elesis. - Às vezes, penso que você me odeia.

– Sim, às vezes você é irritante, mas outras é legal. - Voltou o olhar para o teto. - Eu consigo aguentar. Acaba virando costume.

Ouvir aquilo do albino a deixava contente. Sempre pensou que Lass quisesse se livrar dela ou algo do tipo, mas estava errada. Como ela, ele gostava de sua companhia. Ora, ele é só um garoto que não gosta de admitir certas coisas! Como Elesis.

Mas parece que está ao lado de Lass não era o bastante para a ruiva. Ultimamente quer ficar perto dele cada vez mais, porém acaba ignorando esse sentimento. E olha-lo agora dali, perto do mesmo, a deixava nervosa. Sentia que precisava ficar mais perto.

– Acho que andar com o Jin me fez aturar muitas coisas irritantes. - Continua o ninja. - Até mesmo Sieghart eu comecei a tolerar, o que é muito bom.

Estranhou que a ruiva estava falando nada, que era bem incomum de acontecer. Levantou um pouco o rosto para vê-la, mas acabou nem precisando.

Ficou um pouco confuso quando viu a ruiva na frente de sua visão. Ela estava com o corpo ao lado do seu, mas o tronco sobre o seu. Ela o olhava, sem dizer nada ou expressar.

– O que foi? - Estranhou Lass.

Continuando a dizer nada, a ruiva começou a abaixar o rosto na direção do rapaz. Lass não disse nada, apenas sentia a garota se aproximando cada vez mais. Seu coração batia forte a cada segundo.

– Elesis... - Falou o albino bem baixo.

Sentiu a respiração da garota chegar perto. Talvez ela pretendia fazer aquilo, ou talvez não. Lass apenas a olhou, esperando que algo acontecesse.

Quando estava se aproximando do ninja, apoiou sua mão sobre o ombro do mesmo, de forma delicada. Quanto mais descia em direção ao seu rosto, mais se apoiava em seu ombro.

Lentamente, aproximou seus lábios com os do albino. Queria poder apenas toca-los, nada há mais. Era tudo isso que se passava em sua mente. Quando sentiu o ar quente da boca de Lass, aproximou mais ainda, porém...

Ouviu o rapaz solta um gemido de dor. Parou de se aproximar e o olhou no rosto, vendo sua expressão de dor. Tinha esquecido completamente que estava apoiada em um dos ombros machucado do mesmo.

– Foi mal! - Pede Elesis, assim se afastando do mesmo. - E-Eu que não queria fazer isso. Desculpa.

Lass pôs uma das mãos no ombros, enquanto a dor começava a sumir. Voltou a olhar para Elesis, percebendo sua expressão de preocupada.

– Desculpa. - Falou outra vez a ruiva.

Elesis desviou o olhar e se levantou da cama. Quando ficou em pé, começou a dar grandes passos até a portar, até sair correndo pela a mesma.

– Elesis, espera! - Gritou Lass, logo se levantando também.

Rugiu de dor quando tocou os pés no chão. Aquilo tinha doído. Porém aquilo era o de menos, tinha que ir atrás da ruiva. Se recuperou no mesmo instante e voltou a correr na direção que Elesis tinha ido.

Saiu do quarto, vendo o corredor vazia e escuro. Sentiu uma estranha sensação, as teve que ignorar quando viu a ruiva correndo no final do lugar. Correu também, mesmo sendo difícil em seu estado. Precisava dizer algo para ela, precisava explicar tudo que sentia no momento. Precisava.

Quando estava chegando próximo dela, tentou segurá-la pela a mão, porém falhando. Elesis desviou rapidamente, assim descendo as escadas logo a frente em grandes pulos. Lass não era capaz de fazer aquilo em seu estado atual. Tentou chama-la, mas foi impedido quando algo o acertar pelo o lado.

Caiu direto no chão, assim escorrendo por ele por um tempo. Pôs a mão em sua costela, onde tinha sido atingido por um chute. Levantou o olhar para a pessoa que o tinha acertado. Era um desconhecido.

– Está na hora de leva-lo, Lass. - Falou alguém.

Enquanto se levantava, olhou para trás e viu um rosto conhecido. Mary.

– Dona Cazeaje pediu -- É interrompida.

– Não vou a lugar algum. - Disse frio. - Pode mandar ela fazer o julgamento sem mim.

– Então teremos que leva-lo à força. - Falou calma. - Me desculpe.

Quando foi se aproximar da mesma, sentiu uma picada em seu pescoço. Colocou a mão no local, assim tirando uma coisa. Olhou e viu que era um dardo.

Voltou o olhar para Mary, dessa vez um pouco tonto. Em pequeno passos começou a se aproximar dela, o que era difícil. Sentia que estava sendo puxado contra o chão a cada passo. Sua cabeça começava a rodar, chegando a ser insuportável.

De repente, alguém chega por trás e o agarra pelo o pescoço. Começou a ser sufocado por aquilo. Tentou resistir, mas suas forças começam a esvaziar quando sua consciência. Seus braços caíram dormentes. E seus olhos se fecharam lentamente.

Jogou o corpo apagado do albino no chão. Vegas apenas bateu suas mãos, como se tivesse tirando poeira delas.

Elesis parou de correr quando estava ofegante. Se apoiou em seus próprios joelhos para tomar fôlego. Olhou para trás e não viu nenhum sinal de Lass, o que era bom para ela.

Apoiou as costas na parede e suspirou. Seu rosto estava corado, cheia de vergonha. Logo pôs sua mão no rosto, escondendo sua face rubra.

– O que eu estava fazendo? - Murmurou para si.

Ouviu um som incomum em todo aquele silêncio. Era algo que tinha caído, o que deixou a ruiva alerta. Tinha esquecido que Lass estava machucado, então podia muito bem cair das escadas quando desceu.

Se desencostou e correu na direção que tinha vindo, porém parando quando algo a pega por trás. Não pôde falar nada, pois havia uma mão em sua boca. Apenas pode olhar para cima, vendo a pessoa que a segurava.

– Precisamos conversar. - Falou Astaroth.

***

Não parava de mexer o pé descontroladamente. Estava nervosa demais para ficar parada, principalmente naquele lugar. Seu pé batia no chão, depois parava, e em poucos segundo depois voltava a mexer outra vez. Era um ciclo eterno.

Estava em um corredor muito bem elegante. Com um tapete vermelho sob seus pés e algumas luminárias de cair o queixo. Era realmente lindo. Mantinha-se encostada na parede com os braços cruzados, além dos olhos fechados com a expressão séria.

Bem, era assim quando estava no castelo do Conselho de Canaban.

– Desculpe por a deixar esperando.

Abriu os olhos e virou o rosto para o lado, vendo Ronan se aproximar. Porém, continua encostada na parede.

– O que eles disseram? - Perguntou Elesis.

– Como Lass já está recuperado, preferiram manter ele aqui em vez do hospital. Acham que ele pode fugir ou algo do tipo. - Falou ao colocar as mãos no bolso. - Disseram também que o julgamento irá acontecer daqui há alguns dias, que será bem breve.

– Não podemos nem visita-lo? - Olha indignada.

– Ninguém além do Conselho. Sinto muito.

A ruiva soltou um rugido de raiva.

– Ela está passando dos limites com isso. - Menciona Elesis. - Já não basta a idiotice desse julgamento, agora manter Lass preso até que esse dia chegue.

Ronan suspirou. Compreendia a ruiva.

– Eu sei que está zangada com ela, mas não vai adiantar de nada ficar reclamando. A única coisa que você pode fazer é achar alguma maneira de não se meter em encrenca, tá bom?

Descruzou os braços e suavizou a expressão. Ronan tinha razão. Se Elesis fizesse alguma besteira, só estaria piorando para o lado do ninja, e principalmente do dela. Não tinha se esquecido do que Lothos tinha falado para ela. Não podia se meter em encrenca.

Afirmou com a cabeça.

– Pode relaxar, vou tentar nada. - Diz Elesis. - É melhor resolver as coisas no dia do julgamento, de forma limpa.

– Isso mesmo. - Abriu um pequeno sorriso. Estava feliz pela a resposta da espadachim. - Agora vamos embora. Você parece não ter descansado muito.

Era verdade, Elesis estava com uma cara de sono. Desde que Astaroth explicou sobre Lass ficar preso no Conselho, a ruiva não conseguiu dormir direito. Tinha pesadelos só lembrar da face de Cazeaje.

Fechou o punho e olhou para baixo. Mordeu o lábio inferior, contendo qualquer emoção que vinha.

– Tenho medo que ela possa fazer alguma coisa de ruim com o Lass. - Menciona a ruiva. - Talvez ela o mate, até mesmo possa o usar por causa das chamas.

– Ela não faria isso.

– Talvez não, mas há uma possibilidade. Eu vi nos olhos dela algo que me dar medo. - Apertou os punhos com mais força. - Algo familiar.

Ronan a olhou sem expressão. Sem dizer nada, se aproximou da mesma, assim ficando na sua frente.

– Olhe pra mim. - Pediu o azulado gentilmente.

Não olhou imediatamente, deixou passar alguns segundos. Quando o rapaz segurou seu queixo, Elesis ergue o rosto. Olhou para ele sem algum animo visível.

Foi tentar dizer algo, mas foi impedida. Arregalou os olhos no mesmo instante. Aquela sensação que sentia era diferente de qualquer sensação que teve. Era boa e quente. Seus punhos se abriram lentamente, até ficar calma por completo.

Foi bem inesperado quando Ronan a beijou. A ruiva não tentou nada contra, apenas olhava o azulado com os olhos fechados. Queria que aquilo não acabasse nunca, queria está com Ronan daquele jeito para sempre. Todos os problemas que passava em sua cabeça tinha sumido com o calor do rapaz. Aquilo a deixava feliz.

Ronan se separou lentamente da mesma, assim abrindo os olhos e a olhando. O rapaz encostou sua testa com a da ruiva, logo abrindo um pequeno sorriso.

– Vai ficar tudo bem. - Falou ele. - Não tem com que se preocupar. Agora vamos sair daqui, esse lugar me dar arrepios.

Sem dizer uma única palavra, Elesis faz um pequeno aceno com a cabeça, confirmando.

– Ótimo. - Disse contente. - Vamos.

Se desencostou da espadachim, em seguida a pegando pela a mão. A puxou, guiando ela pelo o corredor. Elesis apenas olhava para o azulado a sua frente com a sua expressão corada.

Com a mão livre, a ruiva pôs em seus lábios. Tinha sido beijada, e por ele! Não conseguia acreditar.

Abaixou o olhar para a mão do azulado, que segurava a sua.

– A mão do Ronan é estranhamente confortável. - Pensava Elesis. - Ela é quente e confortável. Me sinto mais forte quando a seguro. É diferente as de Lass, que são geladas e grandes. Porém, elas me deixam seguras. É como se eles fossem totalmente o oposto de cada um.

No entanto, os sentimentos de Elesis por ambos não eram diferentes, e sim iguais. E aquilo deixava a ruiva louca.

Será que estava gostando de outra pessoa ao mesmo tempo?


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Notas finais do capítulo

Review?
*Ronan beijo a Elesis... Não o Lass... Mals ae!
* Próximo capítulo é do julgamento, então se preparem para tretas... Não será muitas, mas vai ter!
* Sim, a Elesis ia beijar o Lass naquela hora, e eu estraguei tuto! Mals de novo hehe