Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 129
Confronto (Parte 1)


Notas iniciais do capítulo

OLááááá´hhh! Tudo bão? Espero que sim! Cap de hoje pode não estar grande, mas garanto que muita coisa acontece nessas "poucas" palavras. Decidi dividir em duas partes porque ficaria ENORME um capítulo da luta do começo ao fim. Enfim, não se irritem comigo :3
Já estarei avisando que, talvez, o último cap só lance na primeira semana de 2017. Eu ainda to vendo, mas avisarei se isso for acontecer mesmo.
Capa: Tsubaki chou Lonely Planet (Feita pelo Paarthurnax)
Boa Leitura!



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Ao reconhecer a pessoa parada no pátio, os olhos de Elesis arregalaram. Não era uma alucinação das chamas, todos reagiam da mesma forma. Seu sangue ferve após entender o que acontecia. Fecha os punhos, contendo a raiva enquanto observava Gerard gritar. Não foi preciso muito esforço para que o destino levasse ele até ela, para finalmente pôr um fim.

Vira e corre em direção às escadas. Pularia todos os degraus, chegaria no quarto e pegaria seus sabres, então assim poderia enfrentar Gerard. Não iria perder tempo olhando o ruivo sem fazer nada. Estava cansada de ficar na defensiva, enfrentaria seu problema não importasse o quê.

Faria, se não fosse impedida. É agarrada por trás, caindo no chão com o peso.

— Elesis, acalme-se. – Pedia Zero. – Ele não fez nada ainda.

— E nem vai fazer. – Rosna, tentando se soltar do rapaz. – Me larga, Zero!

— Você precisa ficar calma. Escute o que ele tem a dizer, pelo menos.

— Não!

Consegue acerta com o cotovelo no rapaz. O aperto diminui, soltando-se. Levanta de forma atrapalhada, voltando a correr. Seus pés deslizam pelo chão ao parar de correr, quase sendo acertada pelos espinhos que saem do chão.

Olha sobre o ombro, encarando Zero.

— Você não está em condições para isso. – Ele explica. – Só irá piorar.

— Você não entende, Zero. Eu preciso fazer isso.

— Você não precisa, mas acha que sim. Gerard nem veio por você, veja o que ele fará.

Elesis balança a cabeça. Quanto mais tempo ficava parada sem tomar uma atitude, mais furiosa ficava de si. Continua a negar, colocando as mãos na cabeça.

Escute o garoto, ele tem razão. — Fala as chamas. – Se tentar algo agora, será inútil.

— Cala a boca!

Pense um pouco, Elesis. Acha mesmo que tem condições contra o Gerard? No estado atual?

Suas mãos abaixam, uma estranha sensação sentida sob as luvas. Não estava bem para se manter de pé, muito menos para enfrentar Gerard. E como Zero tinha falado, o ruivo estava ali por outro motivo que não era ela.

Engole todo orgulho que fervia seu sangue e olha para Zero. É difícil ir até o mesmo sem dar meia volta e correr para pegar seus sabres. Quando está próxima, recebe um sorriso calmo do rapaz. Tenta fazer o mesmo, falhando.

Volta para a janela. Não gosta do lugar que se colocava, como telespectadora. Gerard continuava a chamar por Grandiel. Não sabia qual era a relação que tinham em comum, o ruivo vim até o colégio para chamar o diretor era estranho. O que ele tanto queria para chamar a atenção de todos?

— Qualquer passo errado – Elesis fala quando Zero chega ao seu lado. – e eu vou lá.

***

Grandiel não conseguia desviar a atenção da caneta que brincava sobre a mesa. Girava e esperava parar, então voltava a fazer o mesmo por diversas vezes. O barulho que a caneta provocava era bom para evitar o silêncio da sala, sem as piadas infames.

Desperta com a batida na porta. Sem querer, deixa a caneta cair no chão.

— Entre. – Fala enquanto esticava a mão para pega-la.

Ao entrar, Ronan estranha o silêncio de Grandiel. Era acostumado com a seriedade do mesmo, mas após tudo que aconteceu, o diretor tem estado quieto até demais. Ficava preocupado, mas não sabia como lidar com isso.

— Você ainda não ouviu? – Pergunta Ronan.

— O quê? – Volta a olhar a caneta.

— É melhor você olhar pela janela. – Aponta. – É importante.

Grandiel não entende seu comportamento tenso. Afasta a cadeira e se dirige para as cortinas, afastando-as. Entra em alerta ao não ver nenhum aluno no pátio, logo apenas uma pessoa parada. Demora a reconhece-lo, já que o viu pela última vez há anos.

— O que ele faz aqui? – Pergunta, as mãos se fechando na cortina.

— Não sabemos. Aparentemente, o assunto é com você.

Pela distância, ouve Gerard chamar por seu nome. Não se move, pensativo se iria ou não até o ruivo. Ele parecia vim em paz, suas mãos esticadas para o alto demonstram isso; ou pensava assim.

— Ronan, peça para os professores tirarem os alunos daqui. – Fala sem tirar os olhos do ruivo. – O mais rápido o possível, por favor.

— O que você fará, Grandiel? Tirar todos do colégio...

— Enquanto isso, ligue para a Lothos e peça que ela ceda o colégio dela para os meus alunos.

O jeito silencioso de Grandiel some quando a barulhenta aura invade o cômodo. Ronan se surpreende com tanto poder que o loiro possuía. Nunca viu o mesmo se irritar, aparentemente, apenas Gerard e Astaroth tinham esse dom.

— Não faça nada que se arrependa, Grandiel. – Pede, preocupado.

Sem o barulho da caneta ou a voz de Ronan, a sala volta a ficar silenciosa. Não gosta. Fecha os olhos por um instante e decidi. Tira os óculos e coloca sobre a mesa, percebendo que sua vista não mudava tanto quando não usava as lentes. Nunca entendeu por qual motivo escolheu os óculos como um amuleto para conter seus poderes, sempre foram um incomodo para ele.

Amarra o longo cabelo em um rabo de cavalo. Antes de sair da sala, olha para o sofá vazio.

Continuou vazio após sua saída. E nada mudaria isso.

***

Suas mãos já cansavam por continuarem erguidas sem um propósito. Quando pretende abaixa-las, seu objetivo surge. O sorriso falso que usava se torna verdadeiro, largo e sádico.

— Grandi, você veio mesmo! – Fala Gerard. – Achei que ficaria plantado o dia inteiro aqui.

Deveria se calar ao notar a seriedade no rosto do rapaz. Ele não usava os óculos, o que não era bom sinal, principalmente para seu lado.

— Não me chame assim. – Diz Grandiel. Levanta o queixo. – O que faz aqui?

Vendo que era inútil, abaixa os braços. O sorriso permanece.

— Queria conversar com você, é claro. – Não funciona. - Um velho amigo veio te ver, cumprimente ele, ao menos!

— Eu nunca o entendi exatamente. – Menciona Grandiel. – Quando o conheci, era um rapaz comum. Eu gostava de você. Mas após um tempo, após aquilo, você se tornou mais um verme da humanidade. Por quê?

Chutava as pedrinhas do chão, parecendo distraído. Olha quando o loiro termina. Entendia sua seriedade, enganado por ter achado que ele tinha esquecido tudo aquilo que disse anos atrás.

— Engraçado, você pergunta, mesmo sabendo a resposta. – Ele fala. – Ou acha que sabe.

— Você sempre foi ambicioso! – A postura se quebra por um pouco. – Exatamente como Astaroth. A única diferença é que você deixou isso o levar, já Astaroth, não.

— Astaroth era fraco, covarde. Eu queria as chamas e fui atrás, e o que ele fez? Nada!

Seguia o papel que Grandiel achava dele. Anos atrás, após a destruição da sua guilda, Gerard precisou inventar uma desculpa ao se encontrar com Grandiel e Lothos. Foi preciso falar sobre seu desejo com as chamas, fingir ser um vilão para eles. Tinha sido difícil, Astaroth estava presente e não pôde fazer nada além de fazer seu papel como inimigo. Ele era seu amigo e o único que o entendia, Grandiel e Lothos nunca seriam capazes de entende-lo.

Portanto, que continuassem desentendidos.

— É por isso que está aqui. – Fala Grandiel, as mãos fechando. – Veio pelo Lass.

— Ah, você me conhece melhor que isso. – Provoca. – Tente mais uma vez.

Estreita os olhos. O que o ruivo queria dizer com isso? O que mais importava para ele eram as chamas, mesmo que não tivessem presente no momento.

Aos poucos, entende a intenção de Gerard ali. Além das chamas, existia outro interesse que o levava ali.

— Você não passará daqui. – Ameaça Grandiel.

— Sei que ela está por perto. – Anda para o lado, voltando. Isso incomoda o loiro. – Deixe-me vê-la.

— Elesis já sofreu demais por sua causa. – Rebate, impaciente com a movimentação do ruivo. – Deixa-a em paz, Gerard.

— Vocês são muito chatos! Acham mesmo que estão protegendo a Elesis assim? Ela precisa ser livre, voar como um passarinho. – Suas mãos formam as asas. – Então a deixem voar!

— Voar até você? Acho que não.

— Sou mesmo um cara ruim? – Não há resposta. Olha em volta, os alunos se afastando com seu olhar. – Nunca fiz nada a você, Grandiel. E também, você nunca foi ligado ao Elscud para se importar com a morte dele. Agora me diga, o que te faz me odiar? A maioria das pessoas não sabem.

— A partir do momento que você invade minha escola é um motivo que eu tenho para não gostar de você. – Estala os dedos da mão, cada som um tremor no ruivo. – Pensei que fosse mais esperto que isso, Gerard.

— E sou. – Diz convencido.

O brilho surge sob seu corpo. Salta para trás, escapando do selo mágico de Grandiel. Não foi preciso um manejar com as mãos para que criasse a magia, uma surpresa para Gerard. Percebe a seriedade do mesmo, entrando no seu ritmo.

— Não quero machuca-lo, Grandiel. – Leva a mão para o peso nas costas. – Muito menos mata-lo.

Segura o cabo da espada e gira. Ao ouvir o barulho, puxa a espada e sente a leveza da lâmina sair da pesada que permanecia nas costas. Enfrentar Grandiel era preciso muita agilidade, então uma espada comum, mas resistente, era necessária naquele instante.

A ponta da arma encosta no chão. Gerard permanece parado à espera de algum movimento vindo do loiro. Trocavam olhares sem mais o que terem para conversar. Gerard não quebra a confiança que demonstrava, nervoso por isso não estar nos seus planos.

— Eu quero vê-la, Grandiel. – Fala o ruivo. – É sua última chance.

As mãos do rapaz ganham um brilho azul com os selos que invoca. Grandiel se coloca em modo de combate, reunindo mana enquanto encarava Gerard. O ruivo faz um vago movimento em impaciência.

Os pés de Grandiel se movem junto com suas mãos erguidas. Esferas de energia são disparadas como balas, dificultando para Gerard se esquivar, principalmente com o peso que carregava nas costas. Continua a avançar em poucos passos, invocando selos que conseguem pegar o ruivo pelo pé. Outro selo é formado sobre ele e logo nas laterais, uma caixa prendendo o mesmo em pouco tempo.

Gerard quebra os selos com um corte da espada, rolando para fora antes que fosse pego novamente. Só conseguiu quebrar pela mana que gastou nisso. Grandiel era forte por ser um bom estrategista, sua magia era perigosa se usada com sabedoria. Era como um mago, porém com uma habilidade tão precisa que muitas que a usavam, precisavam de livros para entender com faze-las.

Gerard avança, não na mesma velocidade que gostaria. Estica a mão livre e a fecha, puxando Grandiel com a gravidade contra ele. O loiro tenta se manter no lugar, porém é levado pela força. Sua espada se move rapidamente em um corte quando próximo, seus olhos se fechando em seguida pelo brilho do selo na frente. Fez o corte e para alguns passos após, não tendo sentido algo passar por sua lâmina.

Grandiel sai do selo alguns metros adiante. Vira-se para Gerard e continua os ataques, intensificando para cansar o rapaz. O ruivo consegue desviar, correndo em sua direção com uma aura intensa.

O ataque de Gerard é bloqueado pela barreira do rapaz. Mais dois ataques e ela se quebra como vidro. Tenta atingi-lo, escapando com outro selo. Olha irritado para onde o loiro saía.

— Certo, já vi que você não sabe brincar direito. – Com a lâmina da espada apoiada no ombro, deixa as descargas de eletricidade sair de seu corpo. Grandiel parece surpreso sob a seriedade. – Eu também não.

***

Elesis estava imóvel no seu canto enquanto observava Gerard no pátio. Ele continuava a gritar, a única forma de chamar a atenção. Os alunos já tinham o reconhecido, alguns partiam antes que se arrependessem. Elesis não os culpava, se fosse uma covarde faria o mesmo.

— Os professores estão tirando os alunos do colégio. – Comenta Zero. – Devemos ir também.

— Vá se quiser, eu não vou a lugar algum. – Disse, ríspida.

Zero continua, junto com a espadachim. Queria dizer sobre o perigo que corria continuando ali, porém se cala. Sente a surpresa de Elesis, como a sua.

Grandiel aparece no pátio, embora distantes, consegue ver o sorriso vitorioso de Gerard. Eles começam a conversar, porém não é ouvido uma sequer palavra. Elesis se encosta no vidro, uma tentativa falha para ouvi-los. Pelas expressões, Grandiel não estava contente, ao contrário de Gerard.

— Grandiel é forte, mas o Gerard... – Dizia Zero.

— Eu nunca vi o Grandiel lutar. – Fala Elesis, sem saber o resultado definido. – Ele é bom?

— Ele é esperto, mas não será o bastante para a variedade de habilidades que o Gerard tem. – Olha para Elesis, lamentando. – Nem mesmo você seria capaz.

— Você já viu o Grandiel lutar, mas não eu. Eu tenho algo de diferente, somente eu, e é o que vai me manter de pé durante a luta.

Zero não sabia do que ela falava, porém soube que havia determinação nas suas atitudes. Elesis queria sair dali, correr para o pátio e atacar Gerard com seu melhor ataque. Ela não fez, pois ele a segurava ali.

O combate começa lá embaixo, o foco da espadachim sendo único ali. Fica imóvel, seus olhos movendo a cada movimento da luta. Elesis parece fascinada, ou irritada, em alguns momentos.

— O que eles estão fazendo? – Questiona Elesis. – Conversando de novo?

— Acho que não.

Gerard fala algo antes de um brilho passar por todo seu corpo. Elesis demora a identificar os raios, que aumentam quando o ruivo some. Sua velocidade aumenta como um disparo, avançando contra Grandiel e usando a simples espada para quebrar as barreiras e selos criados.

— Cuidado! – Grita Zero.

Puxa Elesis pela camisa, as janelas explodindo pela eletricidade que passa. Quase são atingidos pelos cacos de vidro, que batem contra seus sapatos. A espadachim volta para o que restou da janela, recuando rapidamente.

Pega Zero pelo braço e o puxa para o chão, ambos caindo sem jeito antes que o raio passar destruindo o corredor. Seu descontrole faz a descarga atingir as paredes, destruindo-as, e terminar o que sobrou das janelas. O poder de Gerard era tanto que ele mesmo esquecia de conter a eletricidade disparada.

Elesis tira as mãos da cabeça, derrubando alguns pequenos pedaços da parede sobre ela. Olha para a janela, um pouco da parede sobrando após o ataque. Levantava para continuar a assistir ao combate, parando com uma voz no fundo. Era familiar, mas difícil de lembrar de quem pertencia.

Mas Zero sabia.

— Duel. – Fala o rapaz, surpreso.

O asmodiano olha para a destruição, então para Elesis, com um rápido relance para Zero antes. A ruiva demora a reconhece-lo, já que o viu poucas vezes. Ele se aproxima, sem parecer abalado com a presença de Gerard no pátio.

— Não deveriam estar aqui. – Menciona o asmodiano. Sua voz é grave, assustadora para Elesis. – Tem um ser perigoso lá embaixo.

— Sabemos. – Diz Zero.

Apenas com o olhar, o rapaz se cala. Esquecia de como Duel era uma criatura difícil de lidar.

— Elesis, é melhor você ir logo. – Continua. – Gerard irá atrás de você ao saber que está aqui.

— Que ele venha. – Sem temer o mesmo, falava emburrada. – Estou esperando.

— Não se deixe levar por esse sentimento. – Não se altera pela raiva da mesma. – Não será bom para você.

— Todos falam isso, e te garanto que é uma grande perda de tempo.

Duel para na ponta, vendo a luta continuar lá embaixo. Perde o interesse rapidamente, virando-se para Zero.

— Desce. – Ordena.

— Por quê? Elesis precisa de alguém.

— Apenas faça isso. Ou eu mesmo faço.

Tenta evitar o olhar para os punhos do asmodiano, não conseguindo. Confirma e se vai com um olhar triste para Elesis.

— Por que o mandou descer? – Pergunta a ruiva a sós.

— Verá logo. – Encara a espadachim, o que não é de propósito. – E por que você continua aqui? Já disse que não é bom para você continuar.

— E eu já dei minha resposta.

Duel volta a atenção para a luta. Não gostava da atitude da ruiva, tão teimosa como todo ser humano. Se tivesse senso de humor, riria por sua atitude fútil.

— Arrependimento.

— Hã? – Olha confusa.

— Arrependimento dói mais que a vingança. Quando perceber, será tarde demais. Por isso te aviso, não se deixe levar pelos sentimentos, vocês humanos se tornam fracos por isso.

Elesis tenta falar, parando ao ser ignorada pelo asmodiano. Duel pula da beirada da janela, a ruiva se assustada. Ela corre para ver o rapaz pousar no chão do pátio, andando sem pressa para onde a briga ocorria.

— Ai ai. – Elesis não se sente bem o intrometimento do asmodiano no combate.

***

Grandiel se movimentava como se estivesse em uma dança, saltando com ajuda dos selos. Gerard não parava no lugar, conseguia vê-lo um segundo antes de sumir como um raio. As barreiras que criava eram quebradas facilmente. Não se surpreendia, a força do ruivo aumentava de forma diferente por magia. Gerard se habituava rapidamente com as magias roubadas.

Acerta o ruivo pela coxa, atrasando o mesmo. Grandiel invoca um selo maior, os olhos com um brilho como sua magia. Correntes magicas saem do selo criado, agarrando os pulsos de Gerard. Ele tenta escapar, tarde quando era erguido e jogado contra o chão. Não o solta, puxa a mana do rapaz através das correntes.

— Não é melhor fazer isso. – Debocha Gerard. Sorri como um sádico.

Levanta os braços e leva toda sua magia para as mãos. Desce as correntes, sua magia vermelha passando por elas. Grandiel tenta se afastar do selo, porém é acertado com a explosão que a magia causa contra a dele.

Após ser acertado, continua de pé, apesar do calor que sentia onde foi ferido. Gerard balançava os braços, soltando-se das correntes mágicas que desaparecem.

— Como consegue tanta mana? – Questiona Grandiel, escondendo a surpresa. Sentia, mesmo distante, a quantidade enorme de mana que o ruivo ainda possuía. – Que tipo de magia é essa?

— Eu não dependo só de magia, Grandiel. – Pega a espada que tinha derrubado. – Essa é a minha magia.

Avança com um salto. Descendo, leva a ponta da espada em direção ao rapaz. Grandiel move as mãos e uma barreira é criada sobre ele. Gerard cai sobre a parede invisível, perfurando com a espada. Faíscas saíam da barreira com a força que o ruivo exercia.

— Não ache que pode me ganhar assim! – Provocava Gerard. – Pare de guardar caixão!

Recua a espada e a mana passa por seu corpo, a eletricidade voltando com mais intensidade. Ao fundo, Gerard ouve as janelas do prédio se quebrarem por sua magia. Joga a lâmina para o alto e desce o corte na horizontal.

Grandiel usa um selo sob si e escapa quando a barreira se quebra e Gerard desce. Ao sair do selo, percebe a força do ataque de Gerard ao ver seus raios descontrolados contra o prédio, as paredes se destruindo com esse simples golpe.

Distraído, não percebe o ruivo à frente com seu olhar de predador. Levanta a mão e cria uma pequena barreira para a espada que descia. Fica surpreso. Gerard fingi um ataque com a espada, enquanto a mão livre se fechava contra seu estômago e o impulsionava para longe. Seus olhos arregalam, sua boca se abrindo para cuspir a saliva. Ao voar, encontra-se no chão e rola.

Gerard sorri. Pretende dar um passo à frente, mas para quando sente outra mana no local. Sentia de todos os alunos, mas aquela era tão grande que poderia ser confundida com a de Cazeaje.

Olha para Duel ao lado. O asmodiano nunca demonstrou uma expressão além da seriedade. Gerard faz o mesmo, evita mostrar algum sentimento.

— Veio para me enfrentar? Se sim, entre na fila. – Disse o ruivo.

— Está enganado, Gerard. Nessa luta, eu não tenho lado.

— Veio só olhar, então?

— Basicamente. – Olha para Grandiel. Ele levantava, desnorteado pelo soco recebido antes. – Mas não ficarei, sei que acabarei interferindo de algum modo.

Gostaria de se sentir aliviado com isso, mas Duel permanece no lugar. Conhecia pouco o asmodiano, nunca foram amigos, de qualquer jeito. Apesar da distância, eles eram parecidos, já perderam alguém importante e viveu o suficiente para várias vidas. Gerard sabe como ele se sente, o vazio dentro do peito, porém nunca ousaram falar sobre essa semelhança; evitavam.

Grandiel fica de pé, quase voltando ao chão. Essa era sua fraqueza, golpes físicos. Gerard o atingiu com um soco, que deveria conter mais que força física para deixa-lo assim. Havia uma queimação, uma dor, onde atingido.

— Grandiel, é melhor sair. – Fala Duel. – Não está em condições e sua mana está no limite. Se persistir, desmaiará por exaustão.

— Alguém precisa parar esse cara, e só tem a mim aqui. – Passa as costas da mão na testa. Odiava ver Gerard normal, sem cansaço como ele sentia. – Deixe-me, Duel.

— Não tem só você aqui. – Menciona.

— Os professores estão fora do colégio para protegerem os alunos. Não há ninguém aqui.

Lothos demoraria para chegar, e não queria incluir a comandante nisso. Se Gerard vencesse, Elesis e Lass estariam em perigo. Não podia deixar isso acontecer.

Gerard olha Duel se afastar, estranhando. A sensação de mana aumentava enquanto o rapaz partia. Vinha de todos os lados, demorando até demais para perceber que eram mais de uma pessoa.

Gira e joga a espada na frente, um corte perfeito contra as chamas roxas. Atrasado por um segundo, um pouco das chamas pega de raspão no braço. Não gera tanta dor, mas uma queimadura do lugar.

— Grandiel, é uma grande ofensa você achar que não tem ninguém para ficar no seu lugar! – Grita Sieghart, a soluna sobre o ombro.

Todos alunos tinham ido embora, menos os seus favoritos.

Gerard olha surpreso para cada um, reconhecendo de onde vinha tanta mana: deles, os SSs.

***

Aquele era o último lugar, e chance, que Lass tinha. Passou o dia anterior perguntando às demais guildas sobre os Cavaleiros Vermelhos. Queria saber se tinha mais um lugar além daquele, as pessoas falam que tinha umas menores na cidade vizinha. Lass foi em todas e não achou o que procurava. Foi tolo em achar que estaria em outro lugar que não fosse tão óbvio.

Estava cansado, sentindo uma dor de cabeça que não parecia ser dele. Ela vinha forte depois sumia aos poucos. Pretendia tomar uma poção para passar, mas desistiu quando chegou onde queria.

A guilda de Elesis estava à sua frente, parecida exatamente como se lembrava no passado. Estava mais velha e suja, porém continuava com a mesma estrutura.

Tem mesmo certeza que quer fazer isso? — As chamas perguntam. – Elesis não gostaria de saber que você está fazendo isso.

— Ela não precisa saber. – Diz sério.

Entra na guilda, evitando ouvir outra pergunta vinda das chamas. Foi preciso forçar a porta para entrar, como fez da outra vez que seguiu Elesis até aqui. Lembra que tinha pegado uma chuva forte só para saber se a espadachim estava bem. Ela não estava. Tinham acabado de enfrentar Gerard e perdido, quebrando o orgulho da ruiva. Compreendia o estado dela.

Entra no salão escuro, coberto por teias de aranha. No passado, o local era mais iluminado e com vida, agora... Não gosta de pensar muito. Anda pelo local, olhando cada detalhe. Sem pressa, dirigia-se para o último salão, como tinha decorado o caminho. Chega na entrada, parando para tomar coragem para continuar.

Aproxima-se no piso de madeira no meio do salão. Sentou ali mesmo e tateou o chão até encontrar uma forma de tirar a madeira. Seus dedos param sobre uma linha espessa, assim puxando o piso falso. Seu coração acelera ao retirar, olhando para o que havia embaixo.

Sorrindo com alívio, puxa o baú para fora do buraco. Não era tão pesado quanto pensava, temendo que não pudesse haver nada dentro. Bate as mãos para tirar a poeira e se ajeita no chão, fitando o baú. Respira fundo antes de levantar a tampa.

Não abre. Usa mais força e a tampa nem sequer se mover. Lass olha confuso, percebendo um detalhe que não tinha visto antes.

Uma senha.

— Como que eu vou saber?! – Pergunta com indignação.

Haha, parece que você caiu na pegadinha! Que trouxa.

Lass ignora as chamas, pensativo em como abriria o baú. Impaciente, ficou de pé e puxou a katana da bainha. Apoia a lâmina sobre a caixa e ataca com um pouco de mana.

Não é uma boa ideia.

A magia é rebatida e Lass é jogado para trás. Faz uma careta em dor, ficando deitado para se recuperar.

— O que foi isso?

Dentro do baú parece ter um tipo de runa ou selo mágico. Não importa o que use, irá voltar. — Explica as chamas.

— Por que não avisou antes?!

Gosto de te ver sofrer. É o meu hobby favorito.

Lass rosna, sentando-se. Encara o baú e sua senha de 6 dígitos. Não lembrava de ter visto uma senha pela primeira vez, ou estivesse tão distraído que não viu Elscud colocar um. Morde o lábio, pensativo.

— Sabe a senha?

Ah, claro! Deixe-me ver na minha bola de cristal. — Lass revira os olhos. – Não, nada.

— Ridículo.

Sente uma coceira. Ignora. Precisava descobrir a senha, ou tentar na sorte. A coceira aumenta, incomodando o bastante para atrapalhar seus pensamentos.

Passa a mão nas costas, agoniado. Volta a lembrar do dia em que esteve ali, com Elesis. Ao entrar no salão, viu a ruiva deitada, que logo se levantou para olha-lo. Lembrava de ver sua roupa molhada, quase transparente. Suas cicatrizes estavam visíveis sob o tecido molhado.

O mesmo para as suas. Arregala os olhos, atento ao incomodo nas costas. Incerto, passa a mão nas costas, sentindo suas cicatrizes.

Inclusive aquela.

Gerard disse que seria importante.

ll/ll/ll

Não era um símbolo, todo esse tempo esteve pensando da forma errada. Como Elesis tinha dito, era uma data, e ela era formada por números.

— Onze... onze... onze...

Após finalizar, Lass ouve um barulho baixo.

***

Gerard usa a espada como apoio contra o chão, colocando a mão na cintura enquanto olhava para cada um dos rapazes. Ao fundo, Grandiel era levantado pelo jovem de cabelos azuis. Observa Ronan sobre o ombro, lembrando da última vez que o viu.

— O que pensa que está fazendo, Gerard? – Pergunta Ronan.

— Eu que pergunta. Por que se intromete?

— Não mude de assunto. – Estreita o olhar. – Grandiel não é seu alvo, então o que é?

Mesmo que sua boca tivesse coberta pelo o ombro que estava na frente, Ronan consegue perceber seu sorriso. Sente uma rápida estremecida antes de entender o que o ruivo pretendia.

— Gerard.

Vira o rosto para frente, vendo Zero em meio aos rapazes. Diferente dos demais, ele tinha uma expressão mais calma, não por sua personalidade, mas pela saudade que sentia em vê-lo. Gerard quis sorrir para ele, perguntar se estava bem, porém, preferiu não fazer. Da mesma forma que não largou a espada, Zero segurava a dele.

Seu olhar volta para o rapaz com a Soluna. Lembra dele, de ter o atacado para pegar a essência da Deusa de Xênia; o mesmo valendo para o asmodiano com uma foice.

— O que é isso, Grandiel? – Faz a pergunta com a voz alta. – Seu time para substitui-lo? Sério?

Grandiel não responde, a exaustão marcava sua face. Ronan o ajuda a se afastar do pátio.

— Certo. – Gerard fala. Gira o braço com a espada, aquecendo-se. – Se alguém morrer, não tomarei responsabilidade disso.

— Você é muito convencido. – Menciona Sieghart. – Fale menos e faça mais.

O ruivo sorri com o jeito do rapaz. Ele joga os braços para o lado, não se importando em responder.

A pesada soluna cai de lado, então Sieghart avança. É rápido, mas Gerard consegue acompanhar seus ataques. As lâminas se chocam em uma rápida velocidade, apenas a luz de cada sendo vista.

Gerard revida o ataque com mais força, virando-se para o lado e se defendendo de Dio. O asmodiano tenta acertar um soco coberto de mana nele, porém se esquiva e o segura pelo cotovelo. Dio é arremessado com força contra o chão. Gerard se move para o lado para voltar a se defender de Sieghart.

Mesmo com ambos atacando ao mesmo tempo, não conseguem acertar um sequer golpe no ruivo. Ele é rápido, como se soubesse cada movimento deles. Gerard se defende e contra-ataca, com um soco ou chute.

O ruivo sente algo maior vim, recuando. A concentração de mana aumenta, sabendo que caiu na armadilha. Tenta escapar da esfera de água que forma à sua volta, não conseguindo quando sua movimentação se torna pesada.

Um pouco distante, Azin concentrava sua água para não soltar o rapaz. Suas mãos se fecham, a água seguindo sua ação. Gerard estava sendo pressionado pela pressão.

— Lupus! – Grita.

O caçador avança, freando alguns metros à frente. Seu cabelo perde a coloração castanha enquanto jogava a mão para o lado e pegava sua metralhadora giratória. Concentra uma grande quantidade de mana e dispara. Gerard não consegue desviar dentro da água, os tiros o acertam. Por fim, arremessa uma granada, atirando com seu revólver.

Fecha os olhos por um instante, voltando a olhar o ruivo boiando dentro da esfera. Não abaixa as armas, espera o ruivo tentar algo. Consegue ficar mais calmo quando as bolhas de ar saem da sua boca.

Gerard sorri e volta à postura para olha-los. Com um simples movimento, faz um corte com a espada. A esfera d’água explode, e as diversas balas disparadas nele são rebatidas. Lupus e Azin são acertados, afastando-se para evitarem mais danos.

— Rapazes, por favor. – Dizia Gerard, passando a mão no cabelo molhado. – Não conseguirão nada de mim.

Sieghart volta a atacar, mais intenso. O ruivo acompanha, percebendo a dificuldade aumentar quando ataques ao fundo participam da luta. Lupus disparava, as balas parecendo insetos persistentes. Revidava o ataque de cada, além de ter a atenção nos demais que estavam distantes.

De repente, sente uma dor na perna que o prende no lugar. Com uma rápida olhada, nota ser uma planta carnívora. Magia do asmodiano. Volta para Sieghart e defende de seus ataques, sem poder se afastar. Quando sente a intensidade das chamas roxas, usa a gravidade contra o mesmo. Puxa o rapaz para baixo e levanta o joelho ao mesmo tempo contra seu queixo.

Dio assisti Sieghart cair para trás, e ele ser o próximo alvo. Sua magia é cortada, assim Gerard avançando contra ele. É difícil acompanhar seus ataques, girando a foice para se defender. Sem escolha, salta para trás, disparando esferas de energia. Entre as quatros, apenas uma atingi de raspão. Volta a se defender, esperando uma brecha para revidar.

Azin chega por trás com um chute coberto por mana. Gerard se abaixa, seu pé acertando o rosto do asmodiano. Antes de abaixar a perna, é pego pelo calcanhar, que é torcido. O ruivo acerta uma rasteira, caindo de costas e batendo a cabeça.

Um selo se abre na frente de Gerard, socando através e atingindo Dio. A magia criava um impacto forte contra o adversário. O asmodiano é jogado para longe, o chão áspero sendo seu pior inimigo no momento.

Gerard sente algo encostar no seu pé. Antes que pudesse ver, a granada explode ao seu lado. Voa para trás, caindo de pé para se defender de Jin. As chamas douradas demonstram a seriedade do lutador em defender sua amiga.

— Se veio pela Elesis, fique longe dela. – Dizia Jin, entre os ataques.

— Só quero ter uma rápida conversa com ela. – Fala, sem segurar o sorriso.

— Só piorará tudo!

Esquiva do ataque de Gerard e acerta um raio de energia contra o peito do mesmo. Ele rola para trás, levantando-se com a espada na frente como defesa. O chute de Jin é evitado, assim a perna do mesmo sendo pega e puxada. Acerta sua testa contra a do lutador.

Gerard recua ao sentir a energia negativa se aproximar. Sieghart usa as chamas roxas, pegando uma parte da soluna e separando as duas lâminas. Olha surpreso, a arma sendo chamativa para ele. Tinha esquecido que existia uma arma desse tipo.

Com as chamas, os ataques de Sieghart se tornam mais perigosos para Gerard se defender com força física. Tudo piora quando Dio se junta ao combate, sua aura mais intensa que o comum.

— Que tal uma luta justa? – Murmura, entediado.

Sem escolha, usa as chamas vermelhos. Por mais que parecessem simples, nas mãos de Gerard eram poderosas. Ele fica mais forte, ágil para se defender dos ataques da dupla. Nem mesmo as chamas roxas de Sieghart se tornam maiores que as de Gerard. Ele sabe como usar cada poder que tem, e roubou.

Com um simples golpe, um pequeno selo se abre em cada um, explodindo em seguida. Avança contra Sieghart, encontrado Azin no caminho. Os golpes do rapaz são rápidos e afiados, sendo trabalhoso para se esquivar.

Gerard logo aprende os mesmos movimentos, revidando dessa forma. Com suas chamas, os ataques são fortes, gastando a energia de Azin com isso. Por fim, usa a espada para fazer um corte profundo em cada perna do rapaz. Ele desaba ajoelhada, ofegante.

Gerard volta a avançar contra Sieghart. Entre todos, ele era o mais perigoso com as chamas roxas. Precisava detê-lo de vez. No entanto, seu caminho é interrompido por algo que o atingi pela lateral, acertando todo seu corpo.

Caído de lado, com forte dor por ter sido acertado no ombro ferido, olha para Dio. 

— Vai ter que fazer mais que isso para nos derrubar. – Disse o asmodiano, seu braço demoníaco voltando ao tamanho normal.

***

Elesis permanece sem reação quando viu seus amigos entrarem no pátio. Apoiava as mãos na cabeça, seu cabelo totalmente bagunçado. Pensou que seria apenas um resgate para Grandiel, mas se engana quando começam a avançar contra Gerard. Até o momento, Zero era o único a continuar parado; Ronan estava levando Grandiel para fora do combate, por isso não tinha entrado ainda.

— O que vocês estão fazendo? – Sussurra, nervosa.

Eu acho que eles estão te protegendo. — As chamas comenta.

— Eu sei, mas por quê?! Gerard vai matar eles... – Sua voz some. – Eu não posso deixar.

Vira-se e corre. A cada passo, seu corpo pesa mais. Quando percebe, está caindo no chão de joelhos, as mãos apoiadas contra o chão. Não eram suas pernas que estavam fracas, mas a estranha sensação que as chamas causavam fazendo isso. Sentia-se fraca, frágil de diversas formas.

— Me deixe ir. – Pede Elesis. – Eu tenho que ajuda-los.

Você precisa se acalmar. Seu corpo não está no melhor estado, muito menos seu estado mental. Até que você chegue no último andar, estará exausta.

— E o que você quer que eu faça? Fique olhando meus amigos se machucarem? – Pergunta, irritada. – Me dê o poder que prometeu, preciso agora.

Não funciona assim. Seu corpo não aguentará me usar agora.

— E quando poderei? Quando todos estiverem mortos?!

Estremece, quase deitando no chão. Aguenta mais um pouco.

Ouve as chamas suspirar.

Me dê mais alguns minutos.

— O quê?

Posso liberar um pouco do meu poder, mas preciso de um tempo. Está surda, por acaso?

Se não estivesse tão preocupada com seus amigos, teria revirado os olhos. Ignora, voltando a ficar de pé.

— Quanto tempo? – Fica ansiosa.

Eu não sei! No máximo, 30 minutos.

Elesis respira fundo, assentindo. As chamas somem, um peso a menos quando isso ocorre. Com um pouco de coragem, vai até a janela destruída para continuar olhando a luta.

Só mais um pouco, pensa Elesis segurando as próprias mãos trêmulas.

***

Zero olha para Gerard, logo para Grandiel sentado ao seu lado. Ronan o deixou descansando do lado do prédio, na companhia do andarilho. O loiro estava com os olhos fechados, segurando a dor que ainda sentia.

— Grandiel, está tudo bem? – Agacha perto do mesmo e pergunta.

— Faz tempo que não luto. – Ele fala, a voz abafada. – E enfrentar Gerard de primeira não foi uma boa ideia.

— Precisa de algo?

Ao fundo, ambos ouviam os barulhos que a luta de Gerard criava. Lâminas se chocando, sangue sendo cuspido e entre outros sons desagradáveis. Zero consegue ignorar, mas Grandiel permanece de olhos fechados para não olhar a cena.

— Estou bem. – Fala, não aparentando.

Zero o deixa descansar, voltando a atenção para a luta. Azin tinha sido atingido novamente, além de não conseguir se manter de pé com o calcanhar torcido. Lupus estava com pouca mana para continuar disparando as mágicas balas. Os únicos que persistiam eram Jin, Sieghart e Dio. Ronan por ter entrado a pouco tempo, continuava disposto.

A luta parecia eterna na vista de cada. Zero sabia que Gerard não usava todo seu potencial, já que não aparentava cansaço. Entre todos, Sieghart era o mais exausto, as chamas roxas estando baixas. A qualquer momento, ele cairia.

— Gerard não é tão ruim quanto parece. – Menciona Zero.

— O quê?

— Se ele fosse mesmo o cara ruim que todos falam, já teria matado a todos. – Passa a mão na nuca. – Gerard acaba sendo como Astaroth.

Grandiel abre os olhos, encarando o chão. Poderia dizer o que quisesse, mas essa era a verdade. Mas isso não era o bastante para provar a inocência do ruivo, já que o mesmo pegou um caminho totalmente diferente comparado ao seu amigo.

Enquanto isso, a luta continuava como uma grande persistência dos rapazes. Jin avança, a determinação em proteger sua amiga o mantendo de pé. É estranho como lutava contra Gerard. Sentia que ele não tinha culpa do que fazia, porém, continuava o atacar como se isso não importasse. Queria parar e perguntar o motivo de fazer tudo isso.

Só que continuou a sequência de socos.

Um de seus golpes quebra rapidamente a postura de Gerard. Ele começava a vacilar, já não usava a espada com as duas mãos, apenas como uma. Logo, o ruivo cansaria.

— Desculpa por isso. – Ouve ele pedir baixinho.

Após isso, ao socar, é pego pelo punho. Gerard o torce, puxando para perto e acertando um forte chute na sua costela. Sente os ossos se quebrarem, a dor ficar no lugar. Não sendo o suficiente, mas chute no estômago e um contra o peito.

Corre na direção de Lupus. O caçador ergue suas armas e dispara com uma precisa mira. Gerard desvia e corta as balas em um rápido movimento. Sente a eletricidade invadir seu corpo quando a invoca, transformando-se em um raio pela velocidade. Surge atrás do haro, que é lento para reagir. Pega o rapaz pelo pescoço e puxa com toda força. Lupus se debate, erguendo uma faca para atingi-lo. Gerard segura sua mão em volta do cabo e leva a lâmina até a coxa.

Solta o caçador, que cai de lado pela dor, e avança contra Dio. O asmodiano está mais ágil para recebe-lo, mesmo cansado. Gerard faz uma rápida sequência de cortes, no último, uma grande força que consegue arrancar a foice da mão do mesmo. Por fim, pega Dio pelo pescoço e o ergue. É acertado com chutes pelo rapaz, que vai perdendo a consciência enquanto Gerard tirava sua mana.

Sem solta-lo, Gerard vira e usa a espada para se defender do ataque de Sieghart. Ele dispara as chamas roxas, que saem fracas demais para causar algum dano. Abaixa a lâmina da espada, soltando Dio inconsciente no chão ao mesmo tempo.

— Certo, sobrou apenas você. Vamos acabar logo com isso. – Fala Gerard.

Sieghart joga a mão para frente após o ruivo termina. Joga todas chamas contra o mesmo, criando um pequeno furacão à sua volta. Gerard desaparece entre o roxo, não conseguindo fugir de qualquer forma. Quando sente a mana acabando, Sieghart apaga as chamas e, em troca, joga uma onda de impacto com seu rápido momento de fúria.

Quando as chamas somem por completo, Gerard aparece coberto sob os próprios braços. De pé, o que assusta Sieghart. Seu antebraço está com uma coloração diferente, o mesmo para a pele. Parecia escamas grossas, que lentamente desaparecem para a carne do braço. O ruivo abaixa os membros, sorrindo sem nenhuma mancha no corpo.

Sieghart prepara para pegar a soluna, mas trava no caminho. A dor penetra seu ombro. Olha, trêmulo, para a espada atravessada no local, o sangue manchando sua camisa branca. Estica a mão para retirar a lâmina, até uma segurar o cabo primeiro.

Gerard retira a espada como uma alavanca, rasgando a carne do rapaz até a lâmina passar por completo. Sieghart grita, caindo de lado. Ele solta a soluna enquanto colocava as mãos sobre a ferida, que não parava de espirrar sangue.

— É só colocar uma fita adesiva que sara. – Fala Gerard antes de se afastar.

Olha para cada um caído, feridos e exaustos para continuarem de pé.

Menos Ronan. Em volta do rapaz, uma aura azul o contornava, o mesmo para seus olhos mais claros. Seu jeito exalava a consciência de enfrenta-lo, sabendo o que ocorreria se persistisse. Gerard solta uma rápida risada. Ronan, mais que todos ali, deveria saber o que aconteceria. Mas ele parece não se importa tanto.

Guarda a espada de volta a grande lâmina nas costas, que servia como uma bainha. Com as mãos livres, move uma e nota a expressão de Ronan mudar quando seu corpo fica preso no chão pela gravidade. Gerard é rápido. A eletricidade salta pela outra mão e atinge o rapaz, enfraquecendo a ponto de sumir sua aura intensa. O ruivo avança.

Ronan tenta invocar seu guardião, mas é pego pelo pescoço enquanto sentia a pressão cair sobre ele e esmagando cada osso por vez. Tenta se soltar de Gerard, lentamente caindo para trás enquanto sentia sua mana sendo drenada.

— Um sorriso antes de me ver pela última vez. – Pede Gerard. – Vamos, sorria, príncipe.

Ronan consegue acerta um leve tapa contra o rosto do ruivo. Tenta dizer algo e desiste pela falta de ar. Seus olhos pesavam, junto com seu corpo.

Antes de apagar, ouve a voz dela:

— Chega!

Gerard olha para o lado, para a pessoas parada alguns metros. Levanta a sobrancelha sem reconhecer o estranho coberto por roupas. Sem mais interesse, solta Ronan. O rapaz cai de costas no chão, seu peito sendo a única parte do corpo a se mover.

— Mais um? – Gerard olha cansado. – Olha, pode marcar para outro dia? Hoje tenho coisas mais importante para fazer.

De repente, o estranho começa a tirar a roupa, revelando outra sob a mesma. Vários agasalhos são jogados de lado, como uma atração de circo, pensa Gerard surpreso. Quando percebe, o que sobra uma simples camada de roupa, e as botas que foram a única parte que permaneceram desde o início.

Retira as luvas, as duas que usava, seu cachecol e joga no chão. Por fim, fazendo Gerard abrir o mesmo sorriso de quando se viram pela primeira vez após toda tragédia, o gorro. Seus cabelos ruivos caem sobre seus ombros como uma cachoeira vermelha.

Em cada mão, um sabre. Em cada olhar, uma marca de raiva e determinação.

— Finalmente, Elesis. – Fala Gerard.

A espadachim encara e aperta o cabo dos sabres. Rejeita olhar para seus amigos caídos e machucados, seu foco era único. Nada a abalaria. Chegou o momento, sente ao inalar o ar podre em volta. O mesmo de anos atrás.

Havia sangue, corpos, dores e, principalmente, Gerard.

A tragédia não se repetiria, pois teria um fim naquele exato momento. Ergue o queixo, deixando o poder de cada chama fluir por suas veias.

— Gerard. – Fala seu nome por uma última vez.


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Notas finais do capítulo

Review?
* FINALMENTE, o próximo cap já é a luta da Elesis e o Gerard e já aviso, no mínimo, serão 7.000 palavras só de luta, nenhum dialogo. Então, tem bastante coisa.
* Agradeço as pessoas que ainda acompanham a fic desde o início. Sério, muito obrigada! Ficaria mais grata se eu soubesse que vocês ainda estão vivos, então comentem :3
* Não é sobre a fic, maaaasss, minha amiga, Lu-chan, tem um canal no YT e em um dos seus últimos vídeos eu fiz uma participação. Ficaria feliz se ajudassem dando like ou comentando lá! Deixarei o link do vídeo, vejam para saberem quem a Risa chan realmente é :3
https://www.youtube.com/watch?v=XSPXZXKn6V0&t=603s



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