Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 114
Novo mestre


Notas iniciais do capítulo

Oláááaahhhhh!!! Tudo bão? Capítulo de hoje está mais calmo, apesar de ter entrada de um personagem MUITO importante. No começo, vocês vão achar que é um personagem simples, mas com o tempo, mostrará sua importância.
Sorry se a história tiver indo rápida demais, eu meio que sinto isso... Só não quero ficar enrolando tanto.
Capa: Feita pelo o Paarthurnax :3
Boa Leitura!



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— O quê? – Pergunta Lass.

— É isso mesmo que ouviu. – Diz Astaroth. – Um jantar com a Dona Cazeaje.

Tinha se passado um dia depois de sua conversa com Elesis, de ter a deixado ir atrás daquele lugar. Quando havia acordado após a conversa, a ruiva já não estava mais em seu quarto, e sim distante. Antes de partir de manhã, Jin falou que Lothos concordou com essa viagem com a espadachim, o que teria tanto problema se fosse com Lass.

Por isso de ter passado o dia inteiro assim, quieto e sem muita animação para os treinos. Sua expressão neutra durou até a chegada de Astaroth com notícias, que eram nada agradáveis.

— Isso mesmo, Cazeaje te chamou para um jantar com ela. – Continua o professor. – Se você esqueceu, ainda tem que assinar um contrato, dizendo que aceita ser executado caso perca o controle das chamas. – Sorri, tornando a notícia pior.

— O contrato, eu entendo, mas o jantar, não. Eu serei a comida, não é? – Diz sem brincadeira.

— Não venha jogar seu mau-humor em cima de mim, só estou dando a notícia. Se quer brigar com alguém, que seja com a Cazeaje. – Joga os braços de lado.

— Você irá? Ou o Grandiel?

— Não, Dona Cazeaje disse que fosse apenas você. Sem acompanhantes, entendeu? – Olha em aviso.

Como se ele fosse achar alguém para levar, pensa irritado. Provavelmente, Astaroth já soubesse da viagem de Elesis, mas continuava desconfiado da mesma forma. Talvez, não tivesse mais confiança em nenhum deles.

— Quando? – Pergunta, sem muita opção.

— Amanhã. Cazeaje não quer demorar mais para que esse contrato seja assinado. – Cruza os braços. – Tome cuidado quando for vê-la.

— Precisa mesmo dizer? Não confio naquela mulher para nada. – Bufa.

— Que bom. Agora vá descansar, não será nada bom aparecer amanhã no Conselho com essa cara. – Aponta para o rosto do ninja, coberta pela exaustão.

Lass não se importa com sua preocupação, o professor só não queria ser chamado a atenção pelo o estado dele. Elesis não estava por perto, mais um motivo para libera-lo dos treinos, pensa irritado.

— Ah, e nem pensa em levar sua katana. – Avisa Astaroth enquanto saía da sala. – Chamará atenção demais.

Nada de katana, o que não impedia outro tipo de arma menor.

***

Jin ainda tentava entender onde tinha parado. Reconheci o lugar onde estava, era familiar, mas nada além disso. Era uma pequena cidade, algumas guildas por onde passou e só. Mas sua maior preocupação era o sumiço repentino de Elesis. A ruiva tinha dito que iria pegar uma coisa e que já voltava, então entrou numa parte da floresta e não saiu até o momento.

Começava a achar que ela estava fugindo. Com isso em mente, foi em sua direção, cuidadoso por onde passava. Acha Elesis por seus cabelos ruivos, tão destacados contra o verde da natureza.

— O que está fazendo, Elesis? – Pergunta, enquanto se aproximava.

— Pegando... uma coisa. – Fala cansada, focada demais no buraco que cavava no chão com as próprias mãos. – Pronto! Agora só falta tirar.

Jin não move um dedo enquanto via a ruiva usar suas forças em vão para tirar aquela caixa. Os dedos cobertos por terra não ajudavam, apenas se machucavam cada vez mais com cada tentativa.

— Deixa eu te ajudar. – Diz Jin.

O ruivo se agacha ao seu lado, vendo melhor a caixa de metal dentro do buraco. Era grande, uma surpresa. Com uma mão em apoio e outra para puxar a caixa para fora, Jin usa um pouco de força e tira o objeto. Elesis segura a caixa quando já fora, olhando sorridente para ela. Passou a mão para tirar a terra, limpando com cuidado.

— O que é isso? – Pergunta Jin, curioso.

— Um presente. – Responde, sem tirar os olhos da caixa. – Eu tinha guardado, mas agora não é mais preciso.

Ao abrir a caixa, Jin olha para dentro, logo notando o que era. O sorriso de Elesis era justificado, seus olhos que brilhavam com aquele presente eram bonitos de ver. A ruiva fica de pé, os pesos em cada mão sendo satisfatório.

Girou os sabres, a leveza de cada lâmina tornando tudo melhor. Sentia falta daquele par de sabres que Lass tinha a dado de presente, que agora fazia tanta falta. Sorri quando olha para as lâminas escuras e sente seu poder finalmente sendo liberado com elas.

***

— Acho que logo chegaremos lá. – Menciona Elesis, sem querer parecer cansada. A caixa de metal que carregava nas costas, além da mochila, era um peso enorme para ela. Suas pernas tremiam, principalmente a mais ferida.

— Devemos parar. – Diz Jin. – Só por alguns minutos, ok?

Não tinha adiantado muito, o ruivo notou seu cansaço. Para e se vira para o mesmo, abrindo um sorriso torto.

— 5 minutos.

Acharam um canto para descansarem. Elesis desabou perto de uma árvore, quase apagando pela exaustão. Se não fosse por Jin, ela nunca teria parado para tomar um ar, por ser tão teimosa como era.

— Fique aí, eu vou pegar um pouco de água. – Avisa Jin.

A leve acenada com a cabeça é o bastante para o ruivo deixa-la. Seguiu o barulho do rio, até acha-lo à frente. Agacha-se perto da água, molhando as mãos para sentir sua temperatura.

 - Elesis não parece bem, está se cansando rápido. – Pensava, triste. – Não sei quanto tempo isso vai durar, ela só está piorando.

Jin ainda não sabia da notícia sobre as pernas da ruiva, ela tinha preferido não contar ainda. Tinha tanta coisa acontecendo em sua vida, temia que falar para Jin sobre isso, poderia tornar tudo pior. Mas era inevitável do rapaz descobrir, ele notava toda vez que ela andava, algo de errado.

Termina de encher a garrafa, sendo o bastante para abastece-los durante o caminho. Voltaria para onde Elesis estava, mas ficou parado no lugar enquanto sentia algo de errado. Ouve um barulho, olhando para o lado. Não havia nada.

De repente, seu braço é segurado por trás e girado. O corpo do ruivo é jogado contra o rio, seu rosto empurrado para dentro d’água. Tentava se soltar, usava sua força para, ao menos, atingir um golpe na pessoa. O aperto em seu braço era forte, a dor o atingia quando tentava escapar, seu fôlego diminuindo sob a água.

O aperto diminuiu quando invocou as chamas douradas. Debateu e conseguiu escapar, seu corpo caindo para frente. Sua maior preocupação é ar, esquece por um momento que estava sendo atacado. Levanta seu rosto, puxando todo oxigênio para seus pulmões, ofegante após isso.

Sente a pessoa se aproximar novamente. Olha para trás e volta a ser empurrado contra a água, seu pescoço sendo segurado dessa vez. Sob o reflexo distorcido da água, enxerga a pessoa sobre ele. Não entende o que era, sua mente não funcionava bem para reconhecer aquilo.

Seu pé se ergue como um chute. É solto, erguendo-se em seguida. Seus punhos se fecham para serem usados, as chamas já o contornando. Quando estava pronto para atacar, olha confuso.

Não tinha ninguém ali, era apenas Jin. O ruivo olha para os lados, atento para encontrar a pessoa. Não podia ser coisa de sua cabeça, o aperto em seu braço era real, estava até vermelho no local.

— O que foi isso? – Pensa.

Não sente mais perigo, ou alguém próximo, então sai do rio. Pega sua garrafa, ainda com um olhar de desconfio. O que tinha acabado de acontecer? Por que alguém o atacaria e fugiria em seguida? Nada fazia sentido.

— Elesis! – Chama pela a ruiva quando voltava.

Solta um suspiro ao encontrar a espadachim no lugar.

— O que aconteceu com você? – Pergunta preocupada. O rapaz estava completamente molhado, seu cabelo arrepiado baixo por isso. – Foi tomar um banho?

— Eu... – Não sabia o que falar. Elesis não acreditaria, ela riria, no mínimo. – Escorreguei e caí na água. Foi isso.

— Só você mesmo, Jin. – Ri. – Agora vamos continuar, eu já estou melhor. Ajudinha. – Estica a mão.

O ruivo força uma risada, ajudando Elesis ficar de pé. Enquanto pegava suas coisas, a imagem daquela pessoa não saía de sua cabeça. Se fosse alguém normal, contaria a espadachim, ela acreditaria.

Mas quem seria capaz de acreditar numa pessoa vestida de gato preto o atacando? Impossível.

***

Não sabia por quê, mas tinha aceitado ir nessa bobagem, como considerava. Queria ter recusado, achado outro jeito de resolver isso, mas não havia tanto tempo para pensar. Sem escolha, colocou uma roupa apropriada para a ocasião e seguiu para o Conselho.

— Estique os braços. – Manda Mary.

Antes que entrasse no salão, é parado pela a loira. Como esperava, ela apareceria para tornar tudo pior. Odiava isso, mas teve que fazer sem poder discutir.

Estica os braços para o lado. Mary se aproxima e começa a passar a mão por seu corpo, sua feição séria mostrando nenhuma malícia quanto parecia.

— Acha mesmo que eu trouxe alguma arma? – Questiona Lass.

— Com certeza. Mesmo assim, você tem as chamas para ferir, então não há muito sentido nisso. – Anda para trás do rapaz. Passa a mão por suas costas, tentando sentir algo de diferente, porém, tudo que sente são suas cicatrizes. Fica um pouco assustada quando percebe o que é.

— Não uso as chamas contra as pessoas, mesmo sendo Cazeaje. – Embora tivesse vontade para fazer.

— Claro, fingirei que acredito. Como isso. – Estica uma pequena faca para o rapaz, que estava escondida em uma de suas mangas. O ninja dá de ombros. – Sem armas, não é?

— É só o meu chaveiro, não entendo seu nervosismo. – Provoca.

O corpo do rapaz estremece quando a mão de Mary passa por sua cintura, verificando seus bolsos.

— Ei, propriedade particular. – Diz Lass. – Não ache que eu escondi uma faca na bunda.

— Há uma possibilidade.

Estremece outra vez quando a mão passa pelo o local. Ela fazia aquilo para o irritar, e estava funcionando. Consegue ficar mais calmo quando as mãos da mesma descem por suas pernas, checando seu calcanhar.

— Quantas facas você consegue esconder? – Questiona Mary, com mais duas lâminas em mãos. Afasta-se. – Espero que isso seja tudo. Não tente nada, entendeu?

— Ainda tenho as mãos como arma, sabe disso.

— Use-as e perderá depois. – Fala num tom brincalhão, mas ameaçador. Ela era capaz disso. – Pode entrar.

Mary se vai, levando suas armas junto. Tinha trazido para se sentir seguro, caso fosse preciso usar. Cazeaje era capaz de tudo, portanto, precisava ter algo para usar contra ela.

Toma um pouco de ar antes de entrar no salão. Nunca achou que seria no Conselho o encontro, e sim em um lugar público, onde todos poderiam ouvir as ameaças da líder. Mas para seu azar, seria apenas ela e ele, sozinhos.

O grande salão elegante chamou sua atenção ao entrar. Em meio a ele, estava Cazeaje sentada na ponta da mesa. A líder sempre estava bonita com suas roupas charmosas, mas hoje, ela tinha conseguido se superar. Lass não quis notar isso, era repugnante.

— Meu querido Isolet. – Fala Cazeaje, aquele sorriso já o irritando. – Por favor, sente-se. – Estica a mão para a cadeira na outra ponta.

— Vim aqui só para assinar o contrato, Cazeaje. Não ficarei para seus gostos. – É frio com as palavras.

— Ah, não seja assim, querido. Não o chamei aqui só para assinar o contrato, quero conversar com você.

— O que quer? Seja direta.

Ela toma um gole da taça de vinho que segurava, saboreando a bebida. Volta a olhar para o ninja, apontando com o olhar para a cadeira.

Lass bufa e se senta, os braços cruzados com seu olhar sério. Não teria outra escolha.

— O que quer para comer? Deve estar com fome. – Fala Cazeaje.

— Não quero comer, apenas assinar a droga do contrato.

O que mais o incomodava, era a distância entre eles. A mesa não era tão longa, se quisesse, Cazeaje se aproximaria facilmente. Isso fazia o ninja ficar nervoso.

— Você é maior de idade, pode tomar um vinho. – Continua Cazeaje. – Tenho um aqui que é uma delícia. Irá adorar.

Lass suspira. Se quisesse sair dali, precisaria fazer os pedidos da líder antes. O que fosse que ela pretendia fazer, o rapaz estaria atento para perceber.

— Espero que esteja ciente do que fará, Cazeaje. – Diz Lass. – Os outros líderes estão de olho em você.

— Todos estão de olho em cada um. São um bando de hipócritas, estão sempre querendo ganhar algo com isso. Você deve ter percebido isso na reunião.

— Não diria isso do Adel. Ele é diferente.

Sente um frio subir quando Cazeaje o analisa com o olhar. Ela sorri.

— Você é outro, Isolet. Está do lado de Adel só por sua própria segurança, porque estando com ele, não correrá nenhum perigo.

— É claro, quando se há milhares de pessoas querendo sua morte, o melhor a se fazer é jogar sujo. Você faz o mesmo, Cazeaje. – Estreita o olhar. – Quer as chamas azuis de todo jeito, por isso de ter me chamado aqui, para consegui-las de alguma forma. Só espero que saiba que não sou tão burro assim.

No, no, no.— Sacode o dedo, então aponta para o ninja. – O chamei por outro motivo, que deva te interessar.

E lá estava as cartas sendo colocadas sobre a mesa. Lass se ajeita na cadeira, preparado para qualquer jogada que viesse.

— Você tem a opção de assinar o contrato, é claro. Já sabe o que acontece se assinar, então não preciso falar. – Explicava, olhando para suas unhas bem polidas. – Mas também pode aceitar minha proposta.

— E o que seria?

Cazeaje olha para Lass, com aquele sorriso que escondia vários mistérios.

— Seja meu soldado.

O ninja se levanta da cadeira, sem querer ouvir mais o que ela tinha a dizer. Não devia ter perguntado, era óbvio que seria isso, como não pôde lembrar? Olha com seriedade para a líder, que não se alterou com seu comportamento.

— Me dê o contrato para ir embora. – Pede Lass. – Não quero saber de sua proposta.

— Mas eu nem disse ela ainda.

Lass nega com a cabeça. Era um jogo, se ficasse, cairia nele. Não importava o que fosse dizer, preferia ficar na curiosidade.

Mas esse pensamento não foi o bastante para tira-lo do lugar.

— Você se tornará meu soldado, mas não pense que será um qualquer. – Falava Cazeaje, vendo a curiosidade nos olhos do rapaz. – Será especial, muito especial. Será tratado como desejar, não haverá ameaças ou consequências para o que fizer, será livre.

Livre, era quase que uma palavra impossível de ser dita por ele. Lass nunca teve liberdade, mesmo agora, sentia-se numa prisão. E tudo por causa das chamas, desde o início, sempre foram elas. Agora vinha Cazeaje dizer que poderia dar o que tanto queria.

Era uma piada.

— Diga logo o que quer. – É direto.

— Sente-se e eu continuo. – Volta a apontar para a cadeira.

O rapaz bufa e faz. Não estava pensando em aceitar, mas precisava ouvir antes para que pudesse partir.

— Será o meu soldado e fará o que quiser. Não só isso, terá o que pedir, é só falar e... – Estala os dedos. – Terá como desejar.

— Mas...?

— Como será meu soldado, terá algumas missões para fazer. Funcionará assim, você terá o que quiser, mas o mesmo vale para mim. Como eu pertenço a você, você também pertencerá a mim, Isolet.

Estariam presos, era isso que ela queria dizer. Era tentador ter sua liberdade, sem ninguém atrás dele, mas haveria Cazeaje para tornar este sonho num pesadelo. Porém, não era isso que o incomodava.

Olha para a líder, tentando entender sua mente.

— Está mentindo, sempre há algo por trás disso. – Fala Lass. – Sua proposta é uma armadilha.

— Não estou. Se fosse mesmo, nem o chamaria aqui. Vamos, me teste. – Usa a mesa em apoio. – Faça qualquer pergunta e eu responderei.

Ela poderia simplesmente inventar uma mentira e parecer verdade. Lass poderia até tentar uma pergunta simples, para testar, mas seria perda de tempo. Se a comandante queria se mostrar honesta, por que não tentar?

— Qual é o seu verdadeiro nome? – Começa com uma simples.

— Karina Erudon.

— Então é mesmo tia do Ronan? – Ela assente. – Então se ele faz parte da família, não deveria ser ele o líder do Conselho?

— Quando a antiga líder morreu, Ronan era novo demais, não poderia ficar em seu lugar. Então eu fiquei, até hoje. Ele pode ter a idade certa para ser líder, mas os demais não concordariam com isso, com sua inexperiência.

Era verdade. Lembra no dia da reunião a presença do rapaz sendo pouco comparada à Cazeaje, que era tão firme com suas palavras.

— E quanto a Elesis? O que tem contra ela?

— Qualquer pessoa sensata teria uma certa inimizade com a ruiva. Ela é uma Cavaleira Vermelha, sua guilda toda foi destruída por um membro da mesma. Tanto Gerard quanto Elesis possuem semelhanças, a única diferença é que ela não percebeu isso ainda. – Dizia com um olhar de repúdio. – Resumindo, onde ela estiver, haverá problemas do mesmo nível.

— Fala isso por que tem medo de Gerard?

Estranha a demora da líder de responder. Ela olhava para a taça em mão, sua feição silenciosa. Gira o vinho e toma seu último gole.

— Medo seria bem errado de se dizer. Eu odeio ele, se pudesse, o matava quando tivesse a chance. – Um fio de raiva aparece em seu olhar. – Gerard é como uma criança levada, não sabe brincar direito.

— E é por isso que quer as chamas? Para mata-lo, presumo.

— Seria só um dos motivos. – Volta a sorrir. – Tenho muitos outros.

As chamas matariam qualquer coisa que estivesse na frente, sem exceção. Gerard era forte, mas nunca sobreviveria ao ataque delas. Isso faz Lass estremecer. Às vezes, lembrava que o ruivo era do seu lado, que não via o mesmo interesse nas chamas como Cazeaje.

Era como estar sobre uma corda bamba. De um lado, tinha Gerard, na outra, Cazeaje. Só sairia vivo se fosse para um dos lados, o que o atormentava sempre que pensava.

— Acho que isso é o bastante para provar minha honestidade. – Menciona Cazeaje. Levanta de seu lugar com sua taça e a garrafa de vinho, indo até Lass. – O mesmo valendo para minha proposta.

A taça vazia na frente de Lass é preenchida pelo o vinho. Ao encher a sua também, coloca a garrafa de lado e olha para o rapaz.

— Acha que será tão fácil me convencer, Cazeaje? – Lass a olha, sério. – As chamas devem nem estar nas mãos da pessoa mais inocente, porque elas corromperiam ela. O que aconteceria se caísse em suas mãos?

— Então está dizendo que prefere correr o risco de morrer do que está seguro ao meu lado? – Força o olhar de surpresa. – Quão tolo você pode ser, Isolet?

— Minha tolice me torna esperto, então. – Fica de pé. – Agora me dê o contrato para assinar.

A líder não parece abalada, deveria fingir não se importar. Deu alguns passos de volta ao seu lugar, pegando uma pasta ao lado de seu prato. Chega perto de Lass e coloca sobre a mesa.

— Aqui está.

O ninja pega a pasta e abre, olhando seriamente para cada folha quando lia. Sua desconfiança ainda não tinha acabado, sentia que poderia ter algo naquele contrato.

— Quem fez isso? – Pergunta.

— Não fui eu, se é isso que quer saber. Foi o Adel, ele fez questão de ter feito tudo sozinho.

Menos mal, pensa. Confiava em Adel, ele era um dos poucos em que podia acreditar no que dizia. O contrato mesmo era claro no que dizia, inclusive na execução caso perdesse o controle das chamas. É uma parte que pula sem precisar olhar duas vezes.

Chega na última página e respira fundo antes de pegar a caneta para assinar. Coloca a pasta na mesa em apoio, sentindo o olhar de Cazeaje sobre ele.

— Sabe que pode se arrepender disso. – Ela fala. – Consequências surgirão por isso.

Lass não assina, a caneta fica parada sobre a linha pontilhada. Ela só queria provocar, nada além disso.

— O contrato diz que eu ou qualquer outra pessoa do Conselho não possa interferir, isso é, nada de sabotagem ou força-lo a usar as chamas. – Dizia Cazeaje. – Você está sob a proteção do contrato, mas não as pessoas à sua volta.

Lass a olha. Aquele sorriso, o olhar de diversão, o que a líder tanto planejava fazer?

— Não posso garantir a segurança das pessoas que você gosta, só isso que eu tô falando. – Dá de ombros.

Cazeaje era capaz disse, e muito mais. Machucar alguém querido, Elesis, principalmente. A ruiva não estava em condições de se proteger, cairia facilmente numa armadilha da líder. Sem mencionar outras pessoas, tão queridas como ela.

Era para sentir medo da ameaça, porém, um sentimento oposto se encheu no peito do rapaz. Ainda olhando para Cazeaje, mostrou sua expressão de raiva e se virou para o contrato.

Assinou sem hesitação.

— Ameaças não funcionam comigo, Cazeaje. – Fala ao jogar a caneta sobre a mesa. Fita a líder. – Deixarei bem claro: se ousar tocar em alguém que eu conheça, principalmente a Elesis, você verá o verdadeiro poder das chamas.

— Não seja tolo, Isolet. – Solta uma risada graciosa. – Estará entregando o jogo de bandeja.

— Não, Karina. – Debocha do nome, com um sorriso sádico. – O contrato diz que se eu perder o controle das chamas, não diz nada sobre eu ter consciência do que faço.  Então...

Não diz mais, deixa o resto da explicação para a imaginação de Cazeaje. Embora perceba que ela tenha entendido, não é demonstrado nenhum medo.

Seu sorriso continuava de pé.

— Nunca disse que algo possa acontecer no mesmo instante. – Ela diz. – Pode levar um certo tempo para acontecer.

O olhar de Lass pesa, suas mãos se fecham para não serem usadas. Cazeaje sempre terá uma carta na manga, que era forte o bastante para derruba-lo.

Deu as costas e saiu do salão. Não queria mais ouvir sua voz, olhar para aquele sorriso que era como um tormento. Antes de sair, a ouve se despedir, tão calma que nada parecia de errado.

Tudo estava errado. O que ela havia dito sobre ter sido escolhida como líder do Conselho fazia sentido, por ter muita experiência. Cazeaje não tinha esse cargo por ser forte, e sim por ser calculista, derrubando o adversário mais forte com simples jogadas.

***

— É aqui? – Pergunta Jin ao seu lado.

Se tivesse algum mapa em mãos, poderiam saber com certeza. Mas tudo que tinham era o papel de Arthur, dizendo o lugar e um pequeno recado. “Encontrará uma coisa velha”, isso era tudo. Elesis ainda tentava descobrir, mas nada fazia sentido enquanto pensava.

Deram alguns passos adiantes, olhando aquela casa no meio do campo. Era a única naquele lugar, tão isolada.

— Talvez seja isso. – Menciona Jin. – Essa casa é meio velha.

— Não faz sentido. – Elesis nega. – Não sei que casa é essa, mas me parece familiar. Talvez o que tenha dentro seja o que procuramos.

— Será que tem alguém em casa? – Olhava para dentro das janelas, vendo alguns móveis. – Está bem arrumado para uma casa vazia.

Tinha passado o dia inteiro andando até chegar ali, agora era de tarde e não voltaria de mãos vazias. Olhava para a casa, alguma memória perdida do passada fazendo aquele sentimento de nostalgia surgir.

— Vamos dar a volta. – Diz Elesis.

Passam pelo o gramado, chegando ao fundo da casa. Mais flores e plantas cultivadas, todas tão belas que até mesmo Elesis se encantou. Aproximou do jardim e se agachou, olhando de perto cada uma delas.

— Deve ter alguém aqui, as flores foram regadas hoje. – Nota Elesis pelo o solo úmido.

— É, deve ter. – Concorda Jin, tenso. Ainda não tinha superado o ataque no rio, com seu cabelo que continuava molhado.

A ruiva prende a atenção nas flores. Era uma variação enorme que tinha naquele lugar, era de se espantar. O cheiro que sentiu pela a brisa a faz sorrir, ter vontade de tocar nas pétalas.

Sua mão se aproximava das flores, até uma voz grave a parar.

— Não ouse tocar nessas flores! – Grita.

Elesis recua a mão rapidamente, logo olhando assustada para a pessoa que se aproximava. Até mesmo Jin estremeceu, recuando um passo.

A ruiva ficou de pé quando aquele senhor para alguns metros. Olha atenta para ele, para seus cabelos grisalhos e jogados para trás e as poucas rugas vistas em sua face. Algo nele era familiar, seus olhos Scarlet, inclusive.

— Eh, desculpa. – Pede a espadachim, tímida por sua presença esmagadora. Por que se sentia assim? – Eu achei bonitas e queria ver.

— Veja com os olhos, não com as mãos. – Diz o senhor, sua voz grossa sendo amedrontadora. Olha para Jin ao fundo, o ruivo se encolhendo nos próprios ombros. – O que querem? E como acharam minha casa?

— Bem... – A voz da espadachim trava com a atenção sobre ela. Onde estava sua coragem? – Estávamos procurando por esse lugar, não achei que alguém morasse aqui.

— Quê? Procurando? – Olha confuso, e desconfiado. – Essa é a sua resposta?

— É verdade! Estou procurando por uma coisa que um amigo me falou. Ele disse que estava aqui, mas não o que era exatamente. – Ri sem jeito, parando ao ver a face séria do rapaz. – Se-Será que você viu, por aí? Algo de diferente, sei lá.

Elesis sentiu uma enorme vontade de afundar na terra com aquele olhar. Era familiar, mas tão assustador. Não era preciso olhar para trás e ver Jin na mesma situação.

— Garota, serei direto. – Diz o senhor. A pá que segurava é erguida, como uma arma. – Saia agora, junto com o seu irmão. Não sei do que está falando, mas sua presença não faz bem para minhas plantas.

— Hã? Mas eu...

Jin segura seu braço, puxando para ir embora. Aquele senhor não havia feito nada, mas afetou ambos apenas com o olhar.

Quando percebeu, partia com Jin, sem coragem para dizer mais algo. Queria entender de onde tinha vindo tudo aquilo? Será que suas pernas estavam ficando fracas e a afetou? Não, pois Jin foi afetado junto.

Para de andar. Olha para o papel de Arthur, séria em tentar entender por que ele tinha a mandado ali. Será que tinha se enganado? Era bem possível.

— Vamos continuar em outro lugar, Elesis. Aqui não dá. – Ouve Jin falar.

— O que ele queria que eu achasse exatamente? – Questiona Elesis.

— O quê? – Olha confuso.

— Com certeza, não é a casa. – Olha por um momento. Volta para o papel. – Uma coisa velha? O que poderia ser?

Jin fica pensativo, junto com ela. Elesis não conhecia o Arthur de agora para saber o que se passava em sua mente, o que fazia tudo mais complicado. O que, em sua volta, valeria a pena morrer para ser mostrado?

Olha surpresa, um pouco sem certeza.

— Uma coisa velha! Não exatamente velha, mas que tenha vivido por um bom tempo. – Explica Elesis. – Aquele moço, talvez.

— Está dizendo que “a coisa velha” é aquele velho? – Pergunta, confuso.

— Ou talvez ele saiba o que seja. – Respira fundo. – Vamos voltar.

— Nem pensar! Você não ouviu a voz dele? – Falava assustado. – Eu fui estuprado, tecnicamente, por aquela voz!

Elesis revira os olhos. Sae na frente.

— Então fique em um lugar onde possa me ver. – Avisava a ruiva. – Medroso!

Não tinha certeza, seria um risco a correr. Se fosse atacada, suas pernas seriam inúteis para ajudá-la. Era preciso muita coragem se quisesse ver aquele rapaz novamente.

Anda pelo o jardim, parando ao vê-lo. É olhada com seriedade, um frio a congelando no lugar.

— Eu disse para você ir. – Diz o senhor. – Não repetirei novamente.

— Deixe-me falar antes! – Pede Elesis, o desespero já a consumindo. – Estou aqui por uma mensagem do Arthur. O conhece, certo?

O senhor anda até ela, a pá em mãos. Elesis recua um passo, sem saber o que fazer. Seria atacada, precisava pensar rápido.

— Elesis! Meu nome é Elesis! – Grita com as mãos esticadas. – Eu fui mandada aqui!

O rapaz para. As mãos trêmulas permanecem erguidas, mesmo quando não há mais necessidade. Fica surpresa pela a expressão do senhor. A seriedade some, a curiosidade ficando no lugar.

— Elesis? – Ele questiona. Olha atentamente para os cabelos ruivos da mesma, ficando surpreso. – Filha de Elscud?

As mãos de Elesis caem. O nome de seu pai causava isso, choque e logo raiva ou curiosidade. Assente com a cabeça.

— Como... Como que sabe? – Pergunta, sem ter uma reação.

O senhor olha para o lado, como se o nome da espadachim o fizesse mal. Larga a pá de lado, apoiando as mãos na cintura. Seu silêncio era uma tortura para Elesis.

— Você disse que foi mandada aqui pelo o Arthur, não é? – Seu tom de voz fica mais suave. – O mesmo Arthur, dos Cavaleiros Vermelhos?

— Sim, ele mesmo. Então você o conhece!

— É, digamos assim. – O rapaz parecia atordoado. – Por que Arthur te mandou? Qual é o propósito?

— Eu não sei. Ele só disse para te encontrar. – Olha para o papel em mãos. – Agora estou muito confusa. Como que conhece o Arthur? E o meu pai?!

— Você não deve saber quem eu sou. – Via no olhar de confusão da ruiva. – Não tem ideia?

Elesis nega. Tinha um sentimento de conhecê-lo, mas não sabia quem realmente era.

— Sou o líder e criador da guilda Cavaleiros Vermelhos. Seu pai, Elscud, foi meu sucessor quando eu saí.

— Criador? – Seus olhos se arregalam. Por isso de ser tão familiar, deve ter o visto quando criança em algum momento. – É por isso que conhece meu pai!

— É, Elscud era como um filho para mim, ele era um excelente guerreiro. – Analisa a ruiva. – Enquanto você, só vi quando era bem pequena. Era como uma mascote para aquela guilda. Mas agora você está crescida, Elscud teria orgulho de te ver.

Elesis assente, o olhar baixo. Pelo que ouve, o rapaz já sabia do que tinha acontecido com a guilda, principalmente com seu pai. Esse deveria ser o motivo de Arthur ter a mandado ali, aquele homem deveria saber mais do que ela.

— Então por que está vivo? Além de mim, Arthur foi o único vivo dos Cavaleiros Vermelhos. – Diz Elesis. – Nunca ouvi sobre você, então como?

— Já estava fora da guilda quando isso aconteceu.

— Mas mesmo pessoas que já tinham saído, Gerard foi atrás! – Começa a se irritar ao lembrar disso. Quando recebeu essa notícia, ficou com medo de que fosse a próxima. – Por que Gerard não te matou?!

O sorriso que se abre no rosto do senhor é coberto por rugas. Ele solta uma risada em deboche, irritando a ruiva. Quem de verdade era aquele homem?

— Gerard me matar? – Começa a gargalhar. – Aquele garoto não é louco de fazer isso, muito menos tentar! Para mim, Gerard é apenas um inseto.

Como ele poderia dizer isso do homem mais perigoso do mundo? Com certeza, ele sabia do que Gerard era capaz, mas sua gargalhada dizia o oposto. Por ter sido o criador da guilda, conheceu o ruivo naquela época.

— Não tem medo do Gerard? – Estranha.

— Eu tenho medo de várias coisas, Gerard chega nem perto. – Volta a pegar sua pá, a atenção caindo sobre o jardim. – Eu já treinei aquele garoto. No começo, era um desastre para aprender os estilos de luta, mas depois que apareceu o Elscud para disputar, ele melhorou.

— Você treinou o Gerard?! – Fica surpresa. – Então, é tão forte quando ele!

— Não, eu já passei da minha idade. Já fui bom no que fazia.

Gerard era forte por ele, tudo que aprendeu veio daquele homem. A aura que sentia vindo dele era grande o suficiente para confundir com o ruivo.

Arthur tinha a mandado ali para saber mais do que isso, para saber como que a luta de Gerard funcionava. Fica séria ao perceber o que faria em seguida. Antes de dar o primeiro passo, olha para suas pernas enfaixadas.

— Me treine, então! – Grita Elesis. – Gerard e meu pai foram seus discípulos, deixe-me ser uma também.

— Está falando sério?

— Estou! Você sabe o que Gerard fez, como eu, deve ter raiva por isso. – Coloca a mão sobre o peito. – Eu quero vingar meu pai! Mas antes, preciso me tornar forte para isso.

— Quer enfrentar Gerard? – Ele sorrir, como se fosse uma piada.

— Eu já enfrentei. – Fala séria. – Mas não adiantou. Sei que posso derrota-lo, e farei o que for preciso para isso.

O rapaz olha com uma certa irritação, as palavras finais de Elesis o incomodando. O que ela pretendesse fazer, seria gasto em vão, pensava. Correr atrás de vingança sempre mudava as pessoas, era um desperdício de tempo e da própria vida.

— O que uma garota como você poderia fazer? Apenas raiva no peito não é o bastante, e perceberá isso quando for tarde.

— Qualquer coisa, e eu faço! – Dizia desesperada. Queria provar que não era fraca como aparentava. – Por favor, me treine!

— Não vou gastar meu tempo com você. – Dá as costas, voltando ao jardim. – Não tem nada para oferecer em troca.

O rapaz para quando a terra ao seu lado sobe. Fecha a expressão e olha para Elesis, com seus cabelos loiros enquanto a chama dourada crepitava em sua mão. Uma surpresa se abre na face do mesmo.

— As chamas douradas. – Diz ele. – Como tem?

— Não só ela. Roxas e brancas. – Troca as chamas com facilidade, seu cabelo escurecendo e voltando ao ruivo no final. Fecha a mão para esconder o poder, que tanto gastava suas energias. – Deve saber o que sou, não é?

— Achei que nunca fosse descobrir. – É sincero. – Como conseguiu?

— Do que importa? Eu sei o que sou, posso fazer um bom uso disso.

— Está falando das chamas azuis? – Volta a gargalhar. – Desista, garota. Nunca conseguirá achar, e mesmo que consiga, seu corpo não aguentaria toda potência delas.

— Então me treine. Se sou capaz de controlar as quatros, então as azuis serão fáceis. – Sabia o risco que correria, mas era preciso. – Eu conseguirei, posso te garantir.

— E como terá, me conte. – Não tira o deboche do sorriso.

— Eu conheço o portador das chamas. Conheço as chamas. Já as senti. – Ergue o queixo. – A única coisa que falta é você me treinar. Só te peço isso.

— E o que fará depois que tiver as chamas?

— Matarei Gerard. – Suas palavras são firmes como sua expressão. – E Cazeaje.

O senhor, finalmente, se mostra interessado por sua proposta. Via o sacrifício que a ruiva estava disposta a correr por isso. Olha para suas pernas enfaixas, sabendo o motivo de seu desequilíbrio. Elesis está no limite, não conseguiria nem seguir seus treinos iniciais, e se tivesse sorte, sairia viva.

Mas via nela o mesmo espírito de coragem de um Cavaleiro Vermelho. Seu jeito, seu cabelo e sorriso quando mostrados, o fazia se sentir mal. Elesis era parecida demais com sua mãe.

— Certo, então! – Ouve o rapaz gritar, em seguida, algo voar em sua direção. Elesis consegue pegar a pá arremessada, olhando sem entender para ele. – Antes, irá me ajudar com essas flores, não posso deixa-las assim. E mande seu amigo de cabelo de fogo voltar, não quero que ele pegue mais nenhuma fruta da minha árvore.

— Como que sabe? – Sussurra, sem saber o que fazer. Não via Jin em volta.

— Vá, rápido! Quer ser treinada? Certo! Fará o que eu disser, não importa o quê. – Dizia sério, seu tom de voz voltando a assustar. – E seu eu ouvir algum questionamento...

— Hã? – Tudo era dito rápido demais para compreender.

Elesis grita pelo o tapa recebido na cabeça. Indignada, encara o rapaz.

— Sem questionamento. – Ele repete. – Agora faça o que eu mando.

— Tá bom. Au! – Recebe outro tapa, mais forte.

— “Sim, senhor”. Fale.

Com a mão na cabeça, sente um certo arrependimento por ter aceitado isso. Se quisesse sua vingança, teria que fazer o que fosse preciso.

— Sim, senhor. – Diz Elesis.

— Ótimo! Agora, atrás do seu amigo e depois volte aqui. – Fala, afastando-se.

Continua com a mão na cabeça. Diferente de Astaroth ou Lothos, aquele homem demonstrava confiança em seu treino, seu jeito em si era com total seriedade. Se Gerard é isso hoje por ele, então Elesis teria muitas dores futuras para lidar, do mesmo jeito que ele lidou.

— Qual é o seu nome? – Pergunta a ruiva. – Você ainda não me disse.

Ele volta até ela. Elesis recua, sua cabeça dolorida não querendo mais um golpe. Seus ombros se encolhem quando a mão do mesmo é esticada, completamente suja por terra.

— Depas, meu nome é Depas. – Fala o rapaz, um pequeno sorriso no rosto. – É tudo que você precisa saber.

— Depas. – Repete o nome dele. Sorri, apertando sua mão. – É um nome legal.

Seu sorriso falha.

— Seu nome é bem legal, coroa! – Disse Penélope quando o conheceu.

***

Fazia dias que Lass tinha o mesmo sonho. Com Elesis. Alguns eram simples, olhando para ela, outros, um pouco picantes. Sabia que a ruiva nunca chegaria no seu quarto com aquele olhar malicioso, mas enquanto sonho, nada parecia fazer sentido a ele. Esses eram os únicos momentos em que tinha contato com a espadachim, por mais que não fosse real.

Mas havia aqueles em que o fazia acordar com um olhar sério. Os mesmos em que tinha Cazeaje no meio, querendo manipula-lo. Eram pesadelos, dizia para si.

— Lass!

Seu corpo balança com o toque em seu ombro. Não gostava de ser acordado de repente, com alguém o cutucando. Tenta ignorar, mas a voz da ruiva o desperta.

— Lass, acorda!

Sem se importar em responder a ruiva primeiro, a segura pela camisa e a puxa para perto. Sente seu rosto quando seus lábios se encontram. Não queria desperdiçar tempo como da outra vez, conversando. Queria a espadachim por perto, como estava agora.

— Lass! – Ouve Elesis gritar de novo.

Lentamente, abre os olhos e enxerga os cabelos ruivos. Mas não de Elesis. O aperto em seu peito aumenta quando a mão de Jin o empurra, finalmente se afastando dele.

— De novo! – Berra Lass indignado.

Elesis fica parada na entrada do quarto, confusa ao ter visto aquela cena. Ambos se viram para cada lado e começam a cuspir, Jin tentando forçar um vômito ao lado da janela.

— Por que fez isso?! – Pergunta o lutador.

— Não achei que fosse você! – Diz Lass no mesmo tom, assustado.

Após perceber tudo que acontece, nota Elesis na porta. Tinha sido um idiota em achar quem estava ao seu lado era ela, e não Jin.

— De novo? – Pergunta Elesis, sem saber como reagir. – Como assim?

— Esquece o que você viu. – Pede Lass, ainda com a mão na boca. – E ouviu.

— Enfim... – Força sua concentração no objetivo ali. Estica a mão enquanto se aproximava do ninja. – Lass, vem comigo! Quero que você conheça uma pessoa. – Dizia animada.

— O quê? – Não pega na mão da ruiva. – Você chega de repente e quer me mostrar alguém? Não, me fale como foi a viagem.

— Depois. – Segura o pulso do rapaz e o puxa para fora da cama. O ninja quase tropeça pela força. – Agora você precisa conhecer o Depas!

Lass não consegue debater, a ruiva já o tirava do quarto correndo. Tenta impedi-la, mas ao perceber a felicidade da mesma, deixa ser levado. Várias questões passavam por sua cabeça, todas relacionadas a Elesis. Ela estava bem, Gerard não devia ter aparecido, como esperava.

A ruiva abre a porta para um salão e o continua a puxar. Só é solto quando entram, seu pulso dolorido pelo o aperto.

— É ele. – Ouve Elesis falar, mas não com ele. Ao olha-la, a ruiva estava ao lado de um homem, que era mais velho do que imaginava. – O que acha?

Lass não entende o que acontecia. O senhor o encara, aproximando em passos lentos. Fica tenso quando sente a aura daquele estranho, tão grande que poderia ser confundida com Gerard.

— Então você é o portador das chamas azuis? – A pergunta o surpreende.

Fita o homem com seriedade, logo para Elesis. A ruiva estava ouvindo a mesma coisa que ele? Se sim, por que sorria com tanta animação?

— Sou. – Diz Lass, inseguro. – Quem é você?

— Esse é o Depas. – A voz de Elesis é como um calmante. Ela chega ao seu lado, usando seu ombro em apoio. – Ele é o criador dos Cavaleiros Vermelhos.

— Criador? – Pergunta, sem desvia a atenção do mesmo. – Então como ele sabe de mim?

— Sei de bastante coisa, garoto. – Diz Depas. – E olhando agora, você é como a Elesis falou.

— O que você falou de mim para ele? – Sussurra Lass para a ruiva.

— Não se preocupe com o Depas, ele é bem legal. – Falava Elesis. – E também, ele irá me treinar!

Ela continua a falar, mas o ninja estava focado demais em Depas. Não o conhecia, por isso de tanta desconfiança. Ainda tentava entender o que Elesis tinha achado naquele lugar, e por qual motivo aquele homem seria seu treinador?

A porta do salão se abre e a tensão se quebra. Consegue respirar calmamente com a chegada de Astaroth, que parece mudar de postura ao perceber Depas. O professor fica paralisado, olhando o rapaz com espanto.

— Ora, não achei que fosse vê-lo tão cedo. – Menciona Depas, sem surpresa. – Elesis tinha dito que você era professor, mas não coloquei muita fé.

— Você é real? – Pergunta Astaroth. Por seu rosto, o rapaz não tinha acreditado ainda.

O professor dá alguns passos para trás com a aproximação de Depas. É segurado pela a bochecha com força, sendo puxado.

— Isso é real o suficiente para você, Bardinar?

Lass quase ri com a reação de Astaroth diante Depas. Deveriam se conhecer, e há muito tempo, pelo jeito que um tratava o outro. Chama a atenção de Elesis ao segura-la pela cintura.

— Quem é esse cara? – Pergunta. – De verdade.

— Algum problema? – Nota o incomodo do ninja.

— Ele sabe das chamas, conhece Astaroth e é o criador da sua guilda. É claro que eu não vou ficar calmo com um cara desses. – Dizia sério.

— Depois eu explico, mas quero que confie no Depas. Sei que ele parece meio assustador.

— Meio? – Aponta com o polegar para Astaroth ao fundo com ele. O professor falava de cabeça baixa. – Ninguém nunca deixou o Astaroth assim, além de Cazeaje.

— Eu sei. – Ri sem jeito. – Mas ele é legal, você vai ver!

Não conseguia acreditar nas palavras de Elesis, toda vez que olhava para Depas, não conseguia ter a mesma confiança que ela tinha. Mais tarde, precisaria ter uma conversa com Astaroth para saber o que ele era do rapaz.

***

Lothos não achou que fosse ser chamada no colégio outra vez, não após tudo que passou por Elesis. Tinha deixado a ruiva viajar para que ficasse longe de problemas, mas agora que ia em direção a sala de Grandiel, percebia que tinha tudo sido em vão. Quando chegou lá, estranha o silêncio que Astaroth e Grandiel faziam. Olha para Elesis no outro canto da sala, ao lado daquela pessoa. Lothos se assusta, achando que era uma alucinação.

— Olá, Lothos. – Diz Depas.

— Depas? – Sussurra seu nome. Olha mais de perto, tendo certeza que aquilo não era sua imaginação. – O que faz aqui?

— Por que todos reagem desta forma? Há algum problema de minha visita? – Olha para o trio. – Sou algum tipo de monstro?

— Não, nada disso! – Nega rapidamente. – Só estou surpresa.

— E que tipo de surpresa seria essa? – Dá um passo adiante, olhando para cada um. – Boa ou ruim?

— É claro que seria boa. – Diz Astaroth, querendo parecer calmo. – Sua humilde presença é uma maravilha para nós. – Ele ri.

Elesis podia entender o espanto que o trio tinha com Depas, mas não por agirem assim, tão passivos. Durante sua viagem até ali, o rapaz contou a ela que também conhecia a eles, que já participou de alguns treinos. Porém, o jeito que agiam, o respeito e medo, era totalmente diferente do que pensava.

Depas era mais importante do que parecia, sua idade nem mesmo se comparava a isso. Sua aura em si era assustadora, seu estilo de luta deveria ser o mesmo.

— Como que chegou aqui, Depas? – Lothos reuni coragem e pergunta.

— Elesis veio até mim e me trouxe até aqui. – Aquele era um detalhe que nem mesmo Astaroth sabia. – Me contou tudo, então pensei: Por que não ajudar essa garota? Elscud adoraria isso.

— Elesis, achei que fosse viajar para descansar. – Diz Lothos, escondendo sua raiva diante Depas. – Como que descobriu sobre ele?

A ruiva ficava ressentida de falar a verdade, sobre Arthur. Seu olhar para o lado, sem saber qual decisão tomar.

— Do que importa? Estou aqui. – Fala Depas, para seu alívio. – Elesis me pediu para que eu a treinasse, e é por isso que estou aqui.

— Irá treina-la? – Lothos olha em reprovação. – Você não entende, Depas.

— Se é sobre as pernas dela, já sei. Sei de tudo que está acontecendo, principalmente do garoto das chamas que vocês tanto tentaram esconder de Cazeaje. – Suspira. – E falharam. Depois de tanto esforço, vocês fazem isso.

Ficam em silêncio. Alguém precisava dizer isso a eles, mas que não fosse Depas. Ele era frio com as palavras, como alguém mais velho seria.

— Então, farei questão de treinar a Elesis para que ela não seja a próxima a ser descoberta. – Continua, sem querer saber das opiniões. – Depois de tanta coisa, não será agora que deixarão Cazeaje descobrir, certo?

Pareciam em conflito, queriam negar e explicarem. Mas em vez disso, assentem sem muita escolha. Depas saberia o que fazer, seria o melhor para Elesis, no momento; se ela sobrevivesse aos treinos do mesmo.

— Arrumem um lugar para mim aqui, usarei o colégio para treinar Elesis. – Manda Depas.

— Não seria melhor no meu? – Sugere. – É mais organizado, não gostará de ficar aqui.

— Não quero ficar no meio de garotas, Lothos. – Olha sério. – Seria desrespeitoso de minha parte.

— E não seria para a Elesis? – Julga Grandiel, sentado em sua mesa. – Uma garota no meio de vários garotos.

— Elesis estará aqui para treinar, não se divertir. Creio que ela tenha modos para conviver entre os rapazes. – Com um rápido resumo, ela tinha contado sobre sua ideia em ter entrado no colégio dos garotos. Estranhamente, Depas não se mostrou contra, apenas assentiu e pediu para que continuasse a contar sobre ela. – Independente de seus motivos.

Os motivos pelos quais nunca eram mencionados, pensa Elesis, irritada. Pelo o que percebe, Depas sabia das razões que o trio mantinha ela longe de Lass, das chamas ou de qualquer problema que pudesse ter Cazeaje no final. Proteção? Não achava que era isso, e Depas pensava da mesma forma.

Arthur tinha falado: Tudo que queira saber, está aí. Não era um livro ou uma carta explicando tudo, mas melhor que isso, alguém que poderia contar tudo que Elesis quisesse. Poderia ter conhecido Depas há pouco tempo, mas havia uma certa confiança entre eles, como uma ligação.

Era como se sentir em casa novamente.

***

— Tem certeza que me quer aqui? – Questiona Elesis, com um certo receio. – Eu já te contei sobre minha situação aqui, mas não sobre Lass e eu.

A pesada bolsa quase escorrega de seus braços. A ruiva abraça com força para que não caísse novamente, questionando seriamente o que poderia ter ali dentro para pesar tanto. Continuou a seguir o rapaz pelo o corredor.

— Quando você saiu da sala, conversei com eles. Sei mais ou menos o que está acontecendo. – Fala Depas, à frente. – Há algo de verdade entre vocês?

— De verdade? – Apresa os passos para acompanha-lo. – O que quer dizer?

— O que seus pais tiveram, você acha que foi real? – A olha sobre o ombro.

— É claro! – Sorri. – Não conheci minha mãe, mas tenho certeza que ela o amou.

Nota o sorriso do rapaz falhar. Ele parece se incomodar com algo, que rapidamente é disfarçado por sua seriedade.

— Então, é isso. O mesmo amor de seus pais é igual ao que você e Lass tem?

Uma pergunta que Elesis nunca faria. Olha para os lados, sem saber o que responder. Aquela dúvida ainda persistia, toda vez que olhava para Lass, esquecia do que dizer. Gostava dele, mas era mesmo real? Como sua mãe amou seu pai. Não sabia.

— Eu me importo com ele. – Responde. – Lass é importante para mim, gosto muito dele e nunca conseguiria odiá-lo.

— O que ele sente por você? – Pergunta com uma certa autoridade.

— Lass gosta de mim, mais do que isso. – Ficava envergonhada quando admitia isso. – Ele já provou isso e eu acredito em suas palavras.

— Mas e você?

Para de andar quando não ouve uma resposta. Olha para trás e ver a ruiva parada, segurando sua mala com um olhar baixo. Já tinha visto aquela mesma tristeza antes, forçando-o a se aproximar.

— É isso que eu quero descobrir. – Diz Elesis, sem olha-lo. – Eu já achei que amava uma pessoa, mas no fundo, não era amor. No final, eu machuquei essa pessoa. Não quero que o mesmo aconteça com o Lass, por isso deixei bem claro para ele sobre minha dúvida.

Talvez não devesse ter aceitado ficar com Lass, a mesma situação poderia acontecer novamente. Mas sentia que estava enganada quando ficava ao seu lado, notando seu toque.

— E também tem as chamas. – Sua voz saía fraca, quase como um sussurro. – Às vezes, acho que esse sentimento de “gostar” é causado por elas. Por eu ser a dona, posso ter algum tipo de ligação com o Lass, que deva me confundir. Então antes que eu diga algo precipitado, quero poder ter a certeza disse, sendo doloroso ou não.

Aquele olhar de dúvida, iludido por sua indecisão. Tinha acertado em ajudar Elesis com as chamas, ela precisava mais que nunca disso. Grandiel, Astaroth e Lothos podem não concordar, mas ele estava disposto a fazer a ruiva abrir os olhos para a realidade.

Que venha as verdades, pensa.

O peso some de seus braços com a mala sendo puxada. Depas joga a bolsa para trás, não parecendo se incomodar com o peso.

— Ele não gosta muito de mim. – Menciona ele. – Então evitarei de me encontrar com ele. Não quero causar problemas.

— É só uma mania dele, Lass é bem legal. – Diz Elesis. – Ele tem essa cisma com pessoas novas, que são próximas de mim.

— Isso é bom. – Continua o caminho, a ruiva o acompanhando. – Ele se importa com você.

— Bastante. – Até demais, pensava.

— Então por que continua gastando seu tempo comigo? – Sente a confusão da ruiva. – Como ficará aqui, não vejo problema que fiquem juntos. Assim, poderá achar sua resposta mais rápido.

— Lothos nunca permitiria! – Fala sem jeito. – Ela me mataria antes.

— E quem manda em você agora? Lothos ou eu? – A olha, com seriedade.

Não gostaria de admitir isso, mas é obrigada a falar.

— Você.

— Ótimo! Se Lothos, ou algum daqueles dois, proibirem você, me fale. Não quero vê-los se intrometer nisso. – Diz com um tom forte.

Poderia entender os motivos que tinham, mas não o intrometimento. Esteve naquele dia, junto com eles, viu o mesmo que viram e continua a ter o mesmo pensamento que Gerard teria.

Passa a mão no rosto, sentindo-se mal ao lembrar do ruivo. Não deveria, não mais.

— Não tem medo que as chamas possam ser soltas? – Ouve Elesis perguntar. – Ou que eu me fira? Lothos vive falando isso.

— Não, eu tenho medo de muitas coisas, e não será isso que fará as chamas serem soltas. – Abre um sorriso que deixa a espadachim surpresa. – Se você quer, quem sou eu para te segurar? – Quando via que ela debateria, continua. – Nos vemos mais tarde. Foi uma viagem longa e tudo que quero é um bom descanso.

Sente Elesis o olhar enquanto a deixava para trás. Ela deveria estar confusa, o que esperava, mas era o mínimo que poderia fazer.

Por um momento, não consegue esconder seu olhar triste com a semelhança que notava da ruiva com sua família.

***

Se não fosse pela à exaustão, as feridas de Lass estariam se curando mais rápido. Quando viu Astaroth entrar no salão com um semblante sério, sabia que o dia seria longo e cansativo. Poderia ter lidado com o ritmo do professor, mas ele não permitiu no primeiro ataque, que o levou ao chão. Agora estava coberto por hematomas e feridas por todo corpo, especialmente uma na região do estômago, na lateral, com um corte que ainda tentava parar o sangramento.

— Ele me quer morto, só é possível. – Pensa.

Até reclamaria, mas sentia efeito dos treinos surgir. Isso era bom, poderia continuar com isso.

O seu maior problema era lembrar que Elesis tinha voltado mas não dado a devida atenção para ele. Havia apenas conversado com ela naquela hora, depois, viu a ruiva ficar ao lado de Depas o tempo todo. O que era seu outro incomodo, aquele homem que tanto o irritava. A espadachim falava dele com uma grande admiração, diferente de quando estar ao seu lado.

Inveja? Talvez.

Ao entrar em seu quarto, quase desaba com o corpo em completo cansaço. Fecha a porta e dá alguns passos à frente antes de se entregar ao chão, querendo desabar logo para não continuar de pé.

— Lass!

A queda nunca pareceu tão confortável antes. Elesis surgi à sua frente, segurando seu corpo para evitar a queda. A ruiva estremece com seu peso, não favorecendo à sua perna.

— O que aconteceu? – Pergunta, olhando sua situação.

— O que faz aqui? Achei que tivesse voltado com a Lothos. – É tudo que importa naquele instante, não seu estado.

— Aconteceu muita coisa quando você saiu. – Dizia com um sorriso de lado. – Depas irá ficar aqui, no colégio.

— Ah. – Revira os olhos. Não queria saber disso.

— E eu também. – Fala animada. – Por causas dos treinos, Depas pediu para que eu ficasse por perto. Não queria ficar com o Jin e o Sieghart lá embaixo, seria um pouco desconfortável... Então decidi ficar aqui, enquanto isso.

Compreende aos poucos a explicação da ruiva. Se fosse no passado, odiaria vê-la em seu quarto, por considerar irritante, mas agora, não.

— Mas se quiser, eu fico com o Jin. Não tem problema.

É segurada pelo o ombro, o sorriso de Lass chamando sua atenção.

— Pode ficar o quanto quiser. – Diz o ninja. – Não me importo.

Lass segura seu rosto, inclinando o seu para perto. Continua a segurá-lo para que evitasse cair, mesmo quando sente os lábios do mesmo contra os seus. Poderia ter se passado alguns dias, mas sentia falta disso, do calor do ninja.

Lass rugi e seu corpo desmorona. Elesis consegui segurá-lo para cair ajoelhado, olhando preocupada para o estado do rapaz. Somente agora, nota a ferida na lateral de seu corpo.

— Estou bem, só foi uma recaída. – Diz Lass, querendo esconder a dor que sentia.

— Irá curar?

— Só está um pouco lento hoje, mas logo ficarei bem. – Sorri.

É a vez de Elesis pôr a mão em seu rosto. Ela analisa sua face, provavelmente o olho que estava roxo embaixo. Os dedos da espadachim incomodam quando tocam no local, tornando-se toleráveis após um tempo. Abre um sorriso sem perceber, caindo contra ela.

— Sem manchas, você disse. – Fala Elesis. – O mesmo vale para você.

— Desculpe, em troca, pode deixar a mancha que quiser em mim.

— Só se for das chamas roxas. – Diz séria.

Continua a sorrir quando ajeitava seu rosto contra o peito de Elesis. Naquele instante, sentia-se em paz.

— Vindo de você, qualquer coisa está bom. – Brinca Lass.

É acertado com um tapa no ombro. As dores em seu corpo são atingidas por isso, mas ele não expressa, esteve tão acostumado todo esse tempo com esse tipo de punição.

Elesis estava ali, não seria dores que os fariam se separar.


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Notas finais do capítulo

Review?
* Depas é um cara legal, né? Só esperem quando começarem os treinos da Elesis. Não se preocupem, ela pode até piorar com isso, mas em troca, ficará mais forte.
* Cazeaje querendo ficar por cima kkkkkk Será que ela vai conseguir mesmo?
* Agora Elesis e Lass ficarão mais juntinhos, só que nem tanto, porque estarão ocupados treinando!
* Estão preparados para as verdades?!



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