Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 112
Minha indecisa resposta


Notas iniciais do capítulo

Heyyyyyy! I'm back. Bem, eu havia dito que o capítulo poderia ser bem grande, chegar a 15k de palavras, mas acabou não chegando a isso T-T O capítulo tá com muita coisa acontecendo, por isso achei que poderia ser bem grande.
Enfim, o capítulo tá aquilo, você vai parar no hospital no final dele (mentira, só num cemitério mesmo kekek). Quando eu pensei nesse capítulo, que faz bastante tempo, fiquei tão emocionada para escrevê-lo logo e posta-lo. Hoje estou fazendo isso, então, pliz, colaborem por ele, kay? Voltei a postar uma vez a semana, então adoraria se comentassem ou mostrassem um sinal de vida, porque às vezes perco um pouco a vontade de continuar, mas acabo postando por vocês :3
A partir de agora, a história seguirá um ritmo diferente, não tanto assim. Agora tudo se tornará mais sério para nossa cara Elesis!
Capa: Mamura Daiki (Hirunaka no Ryuusei. Só o meu mangá shoujo favorito, porque é perfeito DEMAIS)
Boa Leiura!



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Existia apenas um lugar para onde olhava, tudo em sua volta era ignorado. Suas mãos estavam entrelaçadas, quietas, sem a tremedeira que teve alguns dias atrás. Ainda se lembrava de seu estado naquele dia, tão frágil que poderia se quebrar. Agora, essa mesma fragilidade continuava, porém, não sendo tão fácil de se quebrar assim.

— Elesis.

É chamada mais uma vez. A ruiva levanta o rosto assustada, achando que estivesse fazendo algo de errado. Volta a se acalmar quando percebe que estava tendo uma conversa com a enfermeira. Estava em seu colégio, na enfermaria, nada disso era motivo para ficar em alerta.

— O quê? – Pergunta.

— Está me ouvindo? – Ela nega. – É importante querida, precisa me ouvir. É sobre sua perna, lembra? – Falava tudo com completa calma. Via no olhar cansado da espadachim algum tormento, por isso de estar tão avoada.

— Ah, isso. – Volta a olhar para baixo. Não queria saber disso, na verdade, queria saber de nada.

— Lothos tinha me pedido para que eu fizesse um exame na sua perna e, bem, está pronto. Por isso a chamei aqui, para falar o resultado.

— Não importa o que seja, diga logo para eu voltar ao meu treino. – Diz em um tom arrastado. Tanta sua aparência quanto as roupas que usavam, eram bagunçadas, desleixadas até mesmo para a ruiva.

— Não, você não vai voltar. Elesis, sua perna está ferida além do que você ver, sendo a direita a mais danificada. Esse machucado que teve agora, - Acena levemente para a ferida. – tornou tudo pior.

— Eu sei, eu sei. Diga qual poção devo tomar e irei embora.

— Você não está entendendo, Elesis. – Levanta-se da cadeira, contornando a mesa entre elas. Fica de frente à espadachim, levantando seu rosto para ela. – Acabou.

Esta palavra a incomoda. Não demonstra a dor que sente por ela, disfarça. Se fosse sofrer por isso novamente, não seria na frente de alguém.

— O quê?

— Ouça-me bem. – Diz lentamente. – Sua perna, ambas, não tem mais volta. Cura, poção ou remédio, não seria mais efetivo. Em outras palavras, acabou para você, Elesis.

Sua mente a impede de entender o que a enfermeira queria dizer. Se não estivesse assim, exausta em todos sentidos, entenderia facilmente. Continua com o olhar vazio, querendo mais explicações.

— O que acabou?

— Elesis, suas pernas chegaram no limite. Os músculos não estão se regenerando mais por tantos machucados que tiveram. Entenda agora. – Afasta-se, apoiando na mesa atrás. – Se você forçá-las, piorará. Chegará a um ponto em que nem conseguirá mais andar.

Lentamente, Elesis entende. Aquele médico tinha dito o mesmo, mas com um aviso prévio. O que a enfermeira dizia agora era mais cruel, era um ponto final de tudo. Suas pernas, mesmo dias depois do ataque, continuavam a doer, andar ou ficar de pé era uma tarefa difícil.

Sua expressão ganha um tom desesperador.

— Deve haver outro jeito. – Murmura.

— Não há, querida. Se fosse no começo, teria um jeito, mas agora... Não mais.

— Magia pode curar!

— Irá curar o machucado que tem agora, apenas isso. Continuará sentindo dor e terá desequilíbrio.

— Mas...!

— Elesis! – Impede as falsas esperanças que a espadachim criava. Doía ver isso. – Mesmo com magias raras, sua perna não voltará a ser a mesma coisa. Tudo que posso falar é o tempo que você tem com elas.

Balança a cabeça. Estava cansada de notícias ruins, não queria ouvir outra. Apesar disso, não tampou seus ouvidos, decidiu ouvi-la.

— Mesmo que eu continue a treinar, tomando os devidos cuidados, quanto tempo tenho? – Consegue perguntar.

— Meses. Mas saiba que no final, não terá mais volta.

— E se eu usar próteses? Alguns haros usam! – Diz animada. – Eu poderia usar.

— Não é assim que funciona. Essas próteses são como uma máquina, movidas a mana. Se você usasse, poderia morrer, porque a mana de nós, humanos, é bem baixa comparada aos haros e asmodiano. – Elesis volta a abaixar o olhar. – Desculpa, mas não há outro jeito.

Olhava para suas pernas, sua coxa enfaixada no local do machucado. Aperta os punhos sobre elas, furiosa por se tornar incapaz por algo tão bobo, como considerava. Pensava em Gerard, solto e vivendo sua vida tranquilamente, enquanto ela... Não gostava de pensar.

— Há outro jeito! – Grita. Levanta, empurrando a cadeira para trás.

— Elesis, você continuará vivendo, mas não como uma espadachim. Sinto muito.

— Não! – Nega com a cabeça. – Sempre há outro jeito!

A ruiva não continua para ouvir mais péssimas notícias. Sai da sala apressada, batendo a porta e continuando seu caminho pelo corredor. Ainda estava mancando, mas nem mesmo percebia isso quando seu sangue fervia.

Já bastava o que tinha acontecido naquele dia. Tudo estava piorando, sua vida tinha se tornado em uma completa bagunça. Se não tivesse feito aquilo, ao menos, nada disso estaria assim.

Usa a parede como apoio, cansada por andar apressada. Embora estivesse sabendo das consequências, ignorava como se nada tivesse acontecido. Havia um jeito, pensava e nada faria mudar de ideia. Porém, este pensamento não durou muito, suas esperanças somem lentamente, uma forma mais dolorosa assim.

A silhueta parada à sua frente chama sua atenção. Olha para Arme, sua amiga parecendo preocupado com seu estado. Quando viu a maga falar, ela nega com a cabeça e dá meia volta.

— Espere!

Correu, parando na frente da maga. Arme olha assustada, já virando para outro caminho. Elesis a impede ao segura-la pelo o pulso, sem força, apenas para chamar a atenção. A expressão da ruiva é de imploração, e cansaço.

— Não fuja. – Pede Elesis. Ao ver que Arme não fugiria mais, a solta. – Arme, não faça isso. Converse comigo, diga o que tanto te incomoda. Sou sua amiga.

— Você não entende. – Cruza os braços, começando a criar um medo.

— Eu não vejo problema em você gostar do Ronan. – É direta, embora seja doloroso falar do rapaz. – Não é sua culpa. Isso é uma coisa que não podemos evitar.

— Mas você e o Ronan...

— Não existi mais. – Fala tudo de forma rápida, sem enrolar muito. – Aconteceu muitas coisas, então não há mais “nós”.

Arme percebe a dor da amiga, e o motivo. Sente vontade de abraça-la, de perguntar se estava tudo bem, porém não teve coragem para isso. Continuou parada.

— Então... – Diz Elesis, esfregando o braço. A olha, forçando um sorriso. – O que fizer, não será da minha conta.

— O que você está falando, Elesis? Eu nunca faria isso com você.

— Não importa. – Recua em passos lentos. Joga os braços de lado. – Nada mais me importa, Arme.

Elesis parti antes que pudesse impedi-la. Não demora para perceber que algo estava de errado. A ruiva estava destruída, tanto por fora quanto por dentro. Não sabia os motivos, mas Ronan é um deles.

O que deveria ter acontecido entre eles?

***

Não conseguia achar outra solução, talvez devesse desistir de vez, pensava. Do que adiantaria pôr uma magia para curar sua perna? Não teria efeito, sabia disso, então não haveria mais sentido se continuasse.

Largou os livros e caiu de lado no chão, quase adormecendo pelo cansaço que sentia. Vestir-se de garoto era trabalhoso, percebe. No entanto, o mais doloroso era continuar ali, no mesmo local onde tudo tinha acontecido. Quando chegou no colégio, evitou a todos, sendo o motivo de estar escondida na biblioteca no momento.

Fecha os olhos para descansar. Outro pesadelo a atormentava agora. Era o mesmo em que ela usava as chamas brancas contra Ronan, distorcendo suas memórias para que ele não contasse seu segredo. Após isso, tinha ido pessoalmente como Elesis terminar com ele, contando algumas verdades e mentiras. No começo, ele não entende, mas logo se convence quando Elesis fala o motivo de ama-lo, que era nada além de uma ilusão dela.

No final, feriu o rapaz do mesmo jeito; inclusive a ela. Depois, passou um dia no colégio das garotas para esvaziar a mente, o que não funcionou tanto quando teve a notícia das pernas.

Tudo estava dando errado.

Fecha o punho com força. Lembra de Lass, do último momento em que esteve com ele. Ainda se perguntava por que havia feito aquilo. Não tinha sentimentos por ele, não mais. Mas quando se beijaram, eles surgiram novamente, mais intenso do que antes. Todos os problemas que tinha, sumiram por aquele instante.

— Faltando aula?

Abre os olhos, seu sangue ainda quente pelos os pensamentos. Deitada, olha para Astaroth, de pé ao seu lado. Tenta o ignorar, mas não consegue. Senta-se, sem o olhar.

— O que quer? – Pergunta, fria. – E nem estou faltando sua aula, então não venha.

Astaroth ri.

— Esse nem é o real problema. Estou preocupado com você, parece afastado durante esses dias. Aconteceu algo? – Pergunta, sem tirar o sorriso do rosto.

— Nada que te interesse.

— Nem mesmo sobre sua curiosidade em relação às chamas brancas?

Elesis olha para os livros jogados ao seu lado, todos sobre as chamas. Evita contorcer a raiva que sente por si própria, esquecendo-se em ter escondido os livros antes que Astaroth percebesse. Agora precisava de uma desculpa para inventar.

— Fiquei curioso. Não posso ficar?

— Claro, claro. – Solta outra risada. – Curiosidade. Eu também tenho. Como vai a perna?

— Vai bem. – Passa a mão na nuca, querendo evitar esta conversa. – Não tem como piorar, disso sei.

Talvez se a quebrasse no meio, ficaria sem ela. Pouco ligava, se ficasse ou não. Tudo que precisava era achar uma maneira de cura-la, assim todos seus problemas sumiriam.

Porém, algo não faz sentido. Nunca havia contado para Astaroth sobre sua perna, apenas de alguns machucados que tinha inventado. Além disso, poucas pessoas sabiam, o que não fazia sentido a informação ter parado no professor.

O olha, querendo ter escondido a expressão de medo. Astaroth continuava a sorrir.

— É um pouco engraçado. – O professor fala. – Porque, nesse final de semana, quando fui ver a Lothos, vi a Elesis no pátio. Ela tinha uma faixa na perna, mancando bastante quando andava.

— Que pena, ela deve ter se machucado muito para ficar assim. – Começa a soar frio.

— É... O mesmo devo dizer de você. Um dia desses, estava mancando com a mesma perna, do mesmo jeito. – Cruza os braços. – O que aconteceu?

— Nunca manquei. – Força uma risada. – Minha perna dói, mas não desse jeito.

O sorriso de Astaroth não desmancha, seu rosto parecia uma máscara inquebrável. Elesis fica mais tensa, o ar queimando seus pulmões quando entrava. Qual era o plano dele?

— Então vamos para a aula. Não quer se atrasa, né? – Fala Astaroth, parado no lugar.

Elesis não concorda. Entende o que ele queria que ela fizesse. A espadachim não estava usando as meias, se levantasse, não conseguiria evitar de mancar. Mesmo que usasse o berserk, o rapaz perceberia rapidamente.

— Por que está pegando tanto no meu pé, Astaroth? – Tenta parecer calma. – Vá perturbar outra pessoa.

— Eu até iria atrás do Ronan, mas... – Provoca com o silêncio. – Um dia desses, mandei ele fazer um favor pra mim e chamar o Lass, só que ele não fez isso. Quando o vi no corredor, ele me ignorou e saiu do colégio no meio da noite. O que você acha que ele viu para ter ficado assim?

Ele estava brincando com ela, queria testa-la. Elesis sente seu corpo estremecer outra vez, voltando a se sentir como naquele dia. Queria tampar seus ouvidos, mas não podia, precisava parecer forte.

— Eu não sei.

Essa resposta não levaria a lugar algum, e Elesis sabia disso. Estar num jogo de Astaroth era como estar presa em um labirinto, sem saída ou entrada, você era simplesmente jogado ali. Era isso que ele fazia, queria ver para onde a espadachim correria, para qual saída ela esperava achar.

— Existi uma coisa entre guerreiros experientes que chamamos de senso de mana. Cada pessoa, independente do que ela seja, possui um centro onde a mana fica localizada, como sua alma, ou sei lá o nome. – Dizia Astaroth. – Esses guerreiros em especifico tem os sentidos bem aguçados, podendo localizar uma pessoa pela a mana dela. Legal, né?

Elesis não move o corpo em tensão. Apoiava sua mão no chão, preparada caso precisasse levantar para sair correndo.

— Eu sou uma dessas pessoas. – Continua. – Grandiel e Lothos também, mas eu sou mais especial. Só que mesmo sendo o melhor, de vez em quando, deixo as pessoas passarem sem perceber. Por exemplo: Lass por ter as chamas azuis, é fácil de localiza-lo, a mana dele é muuuuito alta! Bem, mas no caso da Elesis é um pouco difícil de se explicar. Às vezes, sinto o poder das chamas vermelhas, mas outras das douradas, então tudo se torna uma bagunça. É como se ela fosse outra pessoa em alguns momentos.

Astaroth a olha. O que falava, nunca tinha ouvido falar, talvez em algum momento da vida em que ignorava tudo; o que não era diferente de agora.

Elesis desvia a atenção de seus olhos, notando a espada que Astaroth escondia atrás de si. Ele a segurava com firmeza, com medo de solta-la. Volta a olha-lo, finalmente entendendo tudo.

— Como agora. – Completa o professor.

Elesis levanta em um pulo, esquivando-se do ataque a tempo. Rola pelo o chão, de pé para ver Astaroth mostra a espada, ainda sorrindo. Se ele fosse falar algo, não quis saber, deu as costas e correu o mais rápido que podia. Jogou os braços sobre a cabeça ao sentir disparos passar por ela, parecendo pequenas lâminas mágicas.

Deslizou pelo o chão liso da biblioteca ao virar para outro corredor, desesperada em se manter longe de Astaroth.

— Vamos, Eléo! Não fuja como uma garotinha amedrontada! – Ouve o professor falar.

Algumas fileiras à frente, esconde-se entre as estantes, agachada para recuperar o fôlego. Põe a mão na boca, evitando ser ouvida. Não sabia como Astaroth lutava, nem das magias que o mesmo usava. Pelo que percebeu, ele só quer derrubá-la, se fosse para matá-la, teria feito no primeiro ataque.

— Maldito! Tinha que descobrir logo agora?! – Pensava. – Com essa perna, não poderei fazer muita coisa.

Sem uma arma e condições para lutar, Elesis estava sendo caçada, praticamente. Primeiramente, teria que achar uma espada para se defender, ou tentar; segundo, evitar enfrentar Astaroth até descobrir uma forma de fugir disso. Tinha noção que o rapaz não a deixaria ir tão facilmente, até lá, faria Elesis sofrer o bastante como lição.

— Ainda bem que a Lothos não se importará se eu bater num aluno meu! – Dizia alto, atiçando a espadachim. – Se fosse uma das garotas dela, seria problemático!

O professor sabia que Elesis cederia a qualquer momento, por isso de tanto provocar. Mas a espadachim não cairia assim, pensaria num plano antes que ele a encontrasse.

— Aposto que apenas Astaroth sabe disso. – Pensa. – Grandiel não seria louco de aprovar isso. Se eu alcançasse ele antes, talvez Astaroth não me atacasse. Seria um risco a correr.

Ouve os passos do rapaz se aproximar. Fica atenta, olhando para a direção dos passos, pronta para fugir novamente.

— E se acha que Grandiel ficará do seu lado, pense novamente. Ele não está no colégio, para seu azar. – Volta a provocar, a voz mais perto.

Olha irritada, seus movimentos sendo previstos. Precisaria pensar em outra coisa, mas antes, fugir de Astaroth ao ver sua sombra se aproximar. Fica de pé, já recuando em silêncio.

Seu corpo é congelado quando ver algo voar de onde Astaroth vinha. Relaxa ao ver que era um livro, nada além disso. Logo percebe o motivo daquilo, sendo tarde quando o rapaz pula do alta da estante sobre ela. Elesis se joga, caindo no chão e levantando em passos atrapalhados. Põe o braço na frente ao vê-lo avançar com outro ataque. Seu antebraço é cortado pela a ponta da espada.

Elesis não consegue esquivar do chute em sua costela. Rola para fora das estantes, caída no meio do salão. Fica de pé com uma dor a mais, que poderia ser lidada depois.

— Lute comigo, Eléo. – Falava Astaroth, seu sorriso sem se desmanchar. – Mostre-me suas chamas!

Seria perda de tempo conversar com ele, percebe. Continua a correr, tomando tempo para pensar em outro plano. Precisava ter logo um, sua perna volta a doer, seus passos diminuindo.

Astaroth desliza na sua frente, mais ágil quando continua a ataca-la. Elesis recua, esquivando-se dos cortes. O professor podia estar brincando naquela luta, mas seus ataques causariam graves machucados se acertados. A espadachim, sem muita escolha, revida com as chamas vermelhas, atacando contra o mesmo. Não surge efeito, ele continua a avançar.

— Terá que usar coisas melhores se quiser me derrubar! – Diz o professor.

Astaroth joga a palma da mão contra Elesis, uma luz vermelha iluminando quando a atingi. A espadachim sente o peito queimar, sendo disparada em seguida. Suas costas atingem com força uma das estantes, a derrubando após isso. Fica caída sobre as prateleiras, recuperando-se. A força daquele simples ataque de Astaroth a derrubou desse jeito, gostava nem de imaginar os próximos.

— Preciso revidar, mesmo sem uma espada. – Pensa determinada. – É isso que Astaroth quer, então ele terá.

Sai de cima da estante, voltando ao chão com um olhar sério. Ainda tinha em mente fugir quando precisasse, o que era o foco principal. Só atacaria se preciso.

Ergue os punhos fechados, ajeitando os pés em posição de luta. As chamas vermelhas a contornam, uma forma de intimidar o inimigo. Ao ver isso, Astaroth ri, continuando a avançar.

***

Lass não sabia daquela carta até mexer numa das suas mochilas de viagem. Estava lacrada, com poucos amassados. Olhou confuso, tentando decifrar de quem era. Não havia nome nem destinatário, muito menos era uma carta do Conselho. Era simples demais para isso.

Foi até sua cama, sentando-se. Ficou pensativo se abria ou não, arrependimentos futuros por vim se não fizesse. O que poderia acontecer de ruim? Sua vida já não estava a melhor de todas.

Rasgou a lateral e tirou o papel de dentro. Era uma pequena folha, fina e simples.

— “Barraca da sorte?” – Le o título, logo o que havia embaixo. – “Parabéns, terá sorte no amor.” Hunf, é claro.

Após ter dado uma olhada melhor, lembra que tinha ganho isso no parque onde o circo estava. A moça da barraca tinha deixado Lass pegar outra carta, mas sendo Elesis quem fez isso por ele. Pelo visto, a espadachim havia deixado ali para que achasse mais tarde.

Amassa o papel, a fumaça subindo quando o queima. Lembrar de Elesis, logo agora, não era a melhor opção. Sentia culpa, tinha vergonha pelo o que fez.

Enquanto passava a mão em seus cabelos, nervoso, a voz delas ecoam em sua mente:

— Ei, tô sentindo algo de errado. – Menciona as chamas. – A ruiva tá aqui.

Lass olha sério para frente, nada satisfeito ao ouvir as chamas.

— Do que você tá falando? – Pergunta, a voz em tédio.

— Elesis está no colégio. Mas, sinto algo de estranho nela.

Após tudo aquilo, não tinha mais visto a espadachim, como esperava. Ela faltou todos esses dias, apenas agora que recebia notícias dela, e não era da melhor “pessoa”.

— Como assim?

— Sinto que ela está com medo, não sei. É como se estivesse lutando contra alguém, mas não treinando, é algo sério.

Lass fica de pé. Se Elesis estava no colégio, lutando e não era por treino, pelo o que era então? Não sabe se fica preocupado ou feliz por sua presença, mas tinha certeza de algo. Precisava ir até ela, pelo menos, ver o que estava acontecendo. Evitaria se intrometer, já que da última vez fez ao contrário e não deu certo.

— Mantenha-me atualizado. – Pede Lass. – Se não sentir mais ela, me avise.

Achava que poderia ser uma das brigas por raiva que Elesis estava tendo, ou apenas uma brincadeira das chamas. Não sabia ao certo, só esperava não encontrar o pior.

***

Correu e rolou sob a mesa. Agachada, Elesis continuou a correr, ouvindo os passos de Astaroth sobre a madeira. Não demorou para a lâmina da espada atravessar a mesa, tentando a acertar. Saiu debaixo da mesa, agarrando a cadeira à frente e girando seu corpo. Consegue acerta-lo, a madeira se partindo com o impacto. Após isso, continuou a fugir.

— Qualquer coisa servirá como arma. – Pensa, sua mente agitada. – Não a melhor até achar uma espada.

Sente algo se aproximar, esquivando-se para o lado. Olha furiosa para Astaroth após ouvir a mesa arremessada, quebrar-se conta o chão. Ele pretendia para-la, de alguma forma. Não continuou parada, volta a se movimentar quando sente o professor avançar.

Alcançando a saída da biblioteca, vira-se e arremessa as chamas. Precisa atrasar o professor, porém erra ao achar que apenas as chamas vermelhas seriam o suficiente para isso. Astaroth é rápido, some entre as chamas e surge na frente da espadachim. Elesis tenta recuar, não conseguindo se mover a tempo para isso.

Voa até acertar o chão do corredor. Encolhe-se com a dor na barriga, onde foi chutada com força. Com apenas ataques físicos, Astaroth conseguia a derrubar, pensava irritada. Levantou, tomando outras atitudes por isso.

— Não posso me esforçar muito, minha perna vai piorar por isso.

Deveria haver outra forma para revidar, sem usar tanto sua perna ferida. Sem muita escolha, invoca as chamas douradas, contornando seu corpo quando Astaroth se aproximava. Seu cabelo não mudou, conseguia controlar as chamas o suficiente para evitar isso.

As lâminas mágicas voltam a ser arremessadas, Elesis fugindo. Suas chamas entravam na frente para defende-la, mas em troca, gastando suas energias.

— Sai da frente! – Gritava, desviando dos alunos no caminho.

Via a confusão das pessoas por seu desespero, mas logo compreendiam ao verem Astaroth atrás. Deveria ser um dos testes malucos do professor, pensavam.

Fecha os olhos bruscamente, sentindo seu corpo impactar contra o chão. Tinha dado um passo e sua perna vacilou, fraca em continuar. Elesis segura o grito de dor, tendo noção da ferida aberta. Ainda estava cicatrizando, porém, havia aberto no momento, manchando sua calça com sangue.

— Agora não!

Fica mais alertada ao ver um brilho sob ela. Um círculo mágico é criado, milhares de selos em cada ponta. Elesis reconhece a magia, pois era parecida com a de Ronan, porém num tom vermelho.

— Eléo, tudo bem? – Pergunta um colega seu, aproximando-se.

— Não!

Usa de apoio a outra perna, jogando-se contra o rapaz. Empurra ele para fora do selo, a tempo de evitar que o ataque o atingisse, mas a espadachim, sim. É acertada pelas costas, voltando ao chão em dor.

Enquanto levantava, olha sobre o ombro para Astaroth. Ele tinha parado, sorrindo para o desespero que Elesis começava a ter. O professor era insano ao envolver outros alunos nisso, percebe Elesis. Por isso, continuou a correr, embora usasse a perna ferida com dificuldade.

— Vamos, Eléo! Você adora lutar, por que não quer agora? – Ouve a voz do professor no fundo.

As provocações começavam a surgir efeito na espadachim, sua mente pesava com isso. Elesis sentia medo, achava que não conseguiria evitar os ataques do rapaz. Seus pensamentos eram interrompidos, difíceis de serem pensados com calma.

Alcançou as escadas, os degraus parecendo impossíveis de serem subidos. Elesis não parou para recuperar o fôlego, não sentiu suas pernas se moverem rapidamente para subir as escadas. O medo tomava conta de seu corpo, fazia as dores sumirem por alguns instantes.

— Alguém apareça! – Pensava, amedrontada. – Se alguns dos rapazes me verem, me protegerão. Preciso acha-los!

Conclui este plano ao chegar no topo. Continua a correr, olhando atentamente por cada pessoa que passava. Precisava achar alguém, qualquer um que pudesse protege-la.

— Alguém... Alguém irá me proteger!

Seu coração aperta quando não encontra ninguém. Nega o desespero que aumentava, tomando conta de seu corpo. Sua visão fica embaçada com as lágrimas, o nervosismo sendo maior que ela.

Percebe, apesar de não querer, que estava sozinha. Eléo não tinha amigos, porque ele simplesmente não existia para isso.

Astaroth se aproximava, correndo para acerta-la com a lâmina da espada. Elesis sente a dor que receberia se não fugisse, e a vergonha que passaria por perder tão facilmente para o professor. Num piscar de olhos, estava lutando contra Arthur novamente, perdendo por não ter coragem suficiente de ousar. Se quisesse vencer, teria que fazer o que fosse preciso para isso.

— Quer lutar? Então venha, Astaroth! – Grita a espadachim.

Corre em direção ao brilho que vê. Um dos alunos carregava uma espada, o que seria o bastante para ela. Avança contra ele, arrancando a arma de suas mãos. Ignorou o que o garoto fala, gira seu corpo com a espada firme em mãos.

Astaroth não chega a tempo de acerta-la, a espadachim se defende, acompanhando seu ritmo com total seriedade. Após alguns ataques, o seu é quebrado pela a força de Elesis. Não precisa olhar para seus olhos e ver o vermelho do berserk. Tenta recuar, mas a espadachim avança antes que conseguisse.

Esperava um ataque menor do berserk, porém é surpreendido. A dor o atinge no peito, sendo arremessado para trás com tamanha força. Não caiu, ficou de pé mesmo após o ataque. Seu sorriso se desmanchou por alguns segundos, voltando para atormentar a espadachim.

— Acha que isso será o suficiente para me parar? – Pergunta.

Elesis não responde quando avança com um passo. Séria, faz os cortes no ar, que se tornam intensos como uma ventania. As pessoas em voltam se afastam, menos Astaroth. Ele permanece, defendendo dos ataques distantes com simplicidade.

De repente, a espadachim arremessa sua espada como uma lança. Astaroth se esquiva, confuso. Ao olhar para Elesis, a mesma preparava um soco de onde estava. O professor recua ao sentir a intensidade do ataque, nunca sentido antes. A espadachim dispara o ataque, o obrigando a cruzar os braços em defesa.

Um fraco vento passa por ele. Onde estava o ataque tão forte que tinha sentido? Ao abaixar os braços, Elesis pulava contra ele, prendendo seu braço com suas pernas, girando e o arremessando contra o chão. É tolo o suficiente para cair na distração da mesma.

Elesis não seria capaz de usar o berserk e as chamas roxas no meio de todos, por isso de ter usado para enganar Astaroth. Tinha funcionado. Levantou e correu em direção oposto, querendo ficar o mais distante possível do rapaz. Ainda tinha em mente de encontrar um dos rapazes para ajudá-la.

Só não esperava deixar Astaroth furioso. O professor já havia levantado e, agora, avançava contra Elesis. A espadachim só o percebe quando é atingida pelas costas. Cai no chão, querendo ficar de pé para continuar a escapar, porém, é segurada pelo o calcanhar e puxada. Seu corpo fica leve ao ser arremessada contra a parede ao lado, suas costas queimando com o impacto. Antes que voltasse ao chão, é atingida pela a magia de Astaroth.

Cai sobre os escombros da parede. Olha para o buraco feito na parede, logo Astaroth aparecendo. Elesis se move, recuando enquanto se arrastava pelo o chão. Estava cansada, não sabia se conseguia levantar naquele estado.

Grita quando é pisada na barriga. Astaroth não demonstra remoço pela a dor da espadachim, olhava sério. Move seu pé, parando contra o rosto de Elesis. Esfregava a sola do sapato contra a bochecha da mesma.

— Desista. – Fala o professor. – Eu te tiro daqui e a jogo no lugar onde deveria estar.

— Não vá esperando que irei aceitar isso, Astaroth. – Dizia com dificuldade, porém sorrindo. – Não te obedeço.

— Como meu aluno, deve me obedecer. – Força o pé contra seu rosto com mais força. – Eléo. – Brinca com seu nome.

— Diferente de você, que age como uma cadela perto da Cazeaje, não sou de obedecer tão facilmente. – Cospe as palavras. – Me obrigue.

Grita quando é chutada na costela. Astaroth não mostra piedade enquanto ouvia a espadachim tossi pela a falta de ar. Agacha-se ao seu lado, segurando Elesis pela a gola da camisa. Puxa o tecido com força, soltando alguns botões.

— Só porque tem algo sob essa roupa, não quer dizer que isso me impeça de toca-la. Coloque no sentido que quiser. – Diz com o tom áspero, aproximando seu rosto. – Desista.

— Para mim, você é inofensivo, Astaroth. Coloque no sentido que quiser. – Abre um sorriso manchado de sangue, pouco se importando com as consequências. – Um velho companheiro meu me disse uma vez que, se eu quiser ganhar, preciso sacrificar certas coisas. O que você tiver para fazer comigo, não fará mais efeito. Nada mais me resta.

O ar foge de sua garganta ao ser pega no local. Astaroth a segura com uma mão, mas apertando com a força necessária de enforca-la. Elesis tenta soltar seus dedos, perdendo as forças lentamente.

— Nada mais te resta? – Agora, era ele quem sorria. – Bem, farei você sentir falta desse “nada”, então.

Elesis fecha os olhos quando sente sua mente apagar. Seu pescoço queimava com o aperto, que de repente, desaparece. Antes que pudesse voltar a respirar normalmente, é pega pelos cabelos e puxada. Abre os olhos para ver o que acontecia, notando os olhares de algumas pessoas para ela.

— Você tem 3 segundos para revidar ou desistir. – Menciona Astaroth, ainda a puxando pelo o corredor. – Senão, faço você sofrer nesse mesmo tempo. Um!

Sacode para ser solta, gastando energias em vão. Não tinha uma arma ou condições para revidar, nem mesmo tempo para pensar. Astaroth começa a cantarolar, mexendo com sua sanidade. O mistério que o professor deixa a atormenta.

— Dois!

Astaroth não teria piedade, já sabia de seu segredo, o que o impediria de fazer algo em relação a isso? Nada! Elesis para de se debater, percebendo que teria que apelar se quisesse escapar.

Range os dentes, deixando as chamas roxas a dominar. Leva segundos para atingir a mão do professor, o queimando. É solta após ouvir o rugido de dor de Astaroth. Ele sacode a mão, afastando da espadachim ao ver as chamas.

— Não é uma surpresa. – Menciona.

Mesmo sabendo o perigo das chamas, Astaroth avança. Elesis troca pelas as chamas douradas, defendendo-se enquanto recuava. Dá um salto para trás, as chamas roxas voltando a ser arremessadas. O professor se esquiva, avançando com a lâmina da espada brilhando. A ponta encosta na espadachim e a arremessa com força.

Elesis gira pelo o chão até parar. Seu corpo todo dói com o ataque, mas se esforça para ficar de pé. Estranha ver Astaroth parado no mesmo lugar que antes, sem continuar os golpes. Finalmente entende quando ver um brilho na sua mão. Não sabia que magia era aquela, mas era tão forte quanto uma chama.

— Três. – Termina a contagem.

Elesis ativa o berserk com as chamas roxas, a cobrindo como um escudo. Achava que o disparo dessa vez seria fraco, apenas para derruba-la, mas se engana ao sentir a intensidade. Quis correr, se houvesse tempo para isso.

Astaroth dispara sua magia, sentindo o chão estremecer após isso.

***

Lass ainda não sabe de onde vem aquele sentimento de perigo. As chamas pararam de falar com ele, o deixando irritado. Alguns alunos pareciam agitados com o barulho que ouviram, que parecia de destruição. O ninja ainda tentava achar Elesis, parecendo impossível quando não a encontrava.

Localiza Jin pelos os cabelos ruivos. Correu para o pátio, chamando pelo o lutador.

— Ah, oi, Lass. – Diz Jin. – Parece preocupado.

— Você viu a Elesis? – É a única coisa que se importa.

— Elesis? Não, eu não a vejo faz um tempo. – Fala confuso.

— Não a viu hoje? – Jin nega.

Elesis devia ter chegado no colégio, mas evitado a todos, por isso de não terem a visto. Seria perda de tempo perguntar para as outras pessoas, precisava acha-la logo.

Quando já se virava para ir, congela no lugar. Sente aquela magia familiar por perto, tão forte que poderia machuca-lo onde estava. Olha para todos cantos à procura, então ouvindo um alto barulho.

Todos se protegem ao verem a parede do segundo andar explodir. Jin e Lass ficam em alerta com a poeira cobrindo suas visões. Perguntavam-se o que tinha sido aquilo, olhando em alerta para o local da explosão. Não viam nada, primeiramente, até...

— Lass. – Jin o chama, cutucando.

O ruivo olhava para outra direção, pasmo. Lass faz o mesmo, vendo apenas a fumaça, mas logo uma silhueta caída no chão. Quando a reconheceu, queria ter se movido, corrido para ajudá-la, mas fez nada além de olhar como um covarde. Como ele, todos que sabiam quem era fizeram o mesmo, olharam e apenas isso.

Elesis se mexeu, tateando o chão enquanto reunia forças para se erguer. Usou os cotovelos como apoio, logo as mãos e seus trêmulos braços. Sua mente dava voltas com a dor que sentia em todo seu corpo. A dor se localizava toda no seu ombro, uma queimação na pele. Olhou e percebeu que o local atingido, estava queimando, inclusive uma parte de sua roupa no ombro.

Então ouve vozes. Seu rosto é erguido, confuso quando percebe a atenção de todos sobre ela. Um peso escorre por sua testa, então ficando entre seus olhos. Elesis acha que é sangue, mas reconheceu o ruivo de seus próprios cabelos ao encostar. Ainda com a atenção nos fios avermelhados, percebe o que acontecia. Seus olhos se arregalam, a mecha de cabelo sendo solta.

— Aquele não é...

— É, ele mesmo.

— Mas o Eléo não é um garoto?

— Parece que não.

As vozes se tornam insuportáveis. Olha sobre o ombro, para a cratera na parede do segundo andar. Ninguém viu, mas ela, sim. Astaroth tinha a olhado e ido embora, a largando no meio de todos. Que cruel.

Abraça seu corpo, impedindo que sua roupa rasgada caísse e mostrasse seus seios. Encara o chão enquanto fica de pé, as vozes tornando tudo pior. Seus cabelos cobrem uma parte do ombro nu, as mechas vermelhas sendo como um tormento para ela. De todos os momentos, nunca quis vê-las agora, não nesses segundos que pareciam cruéis para ela.

— Elesis.

Ouve alguém a chamar. Ergue o olhar, reconhecendo Ronan no meio do público, com seu olhar de preocupação. Elesis vira o rosto, aquele pesadelo voltando.

— Não, não, não.

Recua, os olhares pesando sobre ela. Não consegue evitar de olha-los, tremendo diante todos. Reconhece Dio, Lupus, Azin, Zero e até mesmo Sieghart, que parecia tão confuso quanto os outros.

— Eu... – Tenta falar.

— Elesis! – Grita Jin.

Vê o ruivo corre até ela. Elesis se afasta rapidamente, uma barreira das chamas roxas parando na frente dela. Não consegue controlar o poder, ele tinha vida própria, agia de acordo com seus pensamentos. Não queria ninguém perto, então as chamas impediriam qualquer um que se aproximasse.

— Elesis. – Jin não entende a barreira de chamas.

— Fique longe. – Murmura.

Tudo acontecia muito rápido, a ruiva não suportava. Seus olhos se enchem de lágrimas sem motivo, fazendo ela parecer fraca. Não podia continuar ali, não com todos a questionando.

Antes de sair correndo, nota Lass a olhar. O ninja parecia sentir o mesmo que ela, ele já se preparava para se aproximar. Não aguentou e fugiu, as chamas a circulando como em proteção.

Jin não corre atrás dela, ninguém corre. O ruivo olha todas as confusões de seus amigos, inclusive Ronan. O rapaz parecia atormentado, algo o incomodando mais que os outros. O ruivo fechou os punhos, um sentimento de culpa o consumindo.

— Bem, se eu soubesse que era uma garota, teria dado uma “ajuda especial”. – Debocha um garoto, diferente de todos.

Jin olha furioso, pronto para fazer algo. Porém, alguém é mais rápido, atingindo um forte soco no rapaz. O ruivo não fica surpreso ao ver que era Lass, sua expressão contorcida pela a raiva.

— Cala a boca! – Berra o ninja.

Jin se obriga a segurá-lo, sabendo que teria problemas maiores se não fizesse isso. Só não sabia que Lass não era o único furioso pelo o comentário.

Olha para trás, vendo seus amigos com a mesma aura.

***

A brisa da noite passa por seu rosto, balançando seus cabelos. Fechou os olhos para senti-la melhor, uma forte sensação boa passando por cada canto de seu corpo, inclusive aos machucados. Quando passou, voltou a olhar vazia para o céu estrelado, sendo a única coisa bela diante tudo aquilo.

— Elesis.

A porta ao fundo se fecha. Os braços a contornam e a puxa para fora da janela, com medo da espadachim se jogar dali. Foi solta perto da cama, sentando-se para relaxar as pernas cansadas.

— Pegará um resfriado assim. – Fala Lothos, preocupada.

— Isso é o de menos. – Diz, sem preocupação.

Olha triste para Elesis, vendo que seu humor não tinha mudado. Já tinha passados alguns dias que a ruiva tinha chegado no colégio abalada, ferida e sem palavras. Após algumas horas, descobriu o que tinha acontecido, recebendo a notícia de Grandiel, furioso.

— Querida, sabe que você não está sozinha nessa. – Menciona a comandante, sentando ao lado dela. – Contei que foi minha culpa ter a deixado lá, que sabia de tudo. Grandiel não ficou tão zangado quanto antes, mas ainda quer explicações.

— A culpa não é sua, Lothos. Eu fui a idiota desde o início. – Lamenta. – Se tem alguém que precisa pagar o castigo, sou eu.

— Não sozinha. – Volta a repetir. – Por isso que iremos amanhã no colégio para explicar tudo.

Elesis olha assustada para a loira. Nega com a cabeça.

— Não, não vou. Depois de tudo, não tenho coragem de encarar a todos!

— Uau. Pela primeira vez, vejo você sem coragem. – Ri, tão espontânea que nem parecia a comandante séria. – Já enfrentou Cazeaje, mas não pode enfrentar isso?

— Você não entende. – Fica envergonhada com a comparação. – É pessoal.

Lothos a analisa, cruzando os braços. Esperava receber um sermão, porém a loira apenas voltou a ri. O que estava acontecendo com ela?

— É, acho que será difícil te convencer de algo. Também estou envergonhada por tudo que aconteceu, nem imagino como será encarar o Grandiel amanhã. É a primeira vez que eu faço um tipo de traição, então não sei como lidar. – Cutuca a ruiva com o cotovelo. – Por isso que preciso de você amanhã comigo lá.

Elesis se encolhe, emburrada como uma criança.

— Não com Astaroth lá. – Diz mais irritada, lembrando da humilhação que ele a fez passar. – Se eu o ver de novo, acho que posso mata-lo.

— Grandiel me falou que foi Astaroth quem descobriu, mas como, eu não sei. Pelo o jeito que fala, ele deve ter pegado pesado.

— Astaroth é maluco, isso sim! – Fica mais nervosa. – Qual é o problema dele? Não poderia ter apenas falado comigo, em vez de me querer morta.

— Astaroth não tentou matá-la. – Recebe o olhar de ódio da ruiva. Continua. – Se tivesse, acho que teria algo quebrado, não acha?

Fazia sentido. Embora tenha sido atacada com tanta frieza, apenas dores e hematomas foram deixados. Passa a ponta dos dedos no pescoço, sentindo a marca dos dedos deixada em sua pele. Tudo isso, era apenas uma forma de aviso, mesmo que não fosse tão gentil.

— Ele poderia ter me deixado sem perna. – Continua irritada.

— É, sobre isso, ele não sabia. Tente entender, Astaroth é o ser mais complicado que existe. – Cruza as pernas, falando com um certo nojo do rapaz. – O jeito de se “importar” dele é complexo.

— Eu percebi. – Revira os olhos. – Como vocês consideram esse cara um amigo? É um assassino vestido de cordeirinho.

Lothos sorri com a comparação, assentindo em concordância.

— É por isso que Astaroth e Gerard eram tão amigos, conseguiam entender um ao outro. – Consegue a atenção a ruiva. – Mas diferente de Gerard, Astaroth cresceu com nada além da própria vontade de viver. Ele não tem pais, nasceu num orfanato e fugiu alguns anos depois. Viveu nas ruas, fazendo o que fosse preciso para continuar vivo.

— Então ele já foi um cara ruim. – Entendia o porquê do comportamento do mesmo ser sempre tão agressivo, em alguns casos.

— É. Grandiel e eu servíamos ao Conselho, só que nessa época, era outro líder, e não Cazeaje. Ela só entrou no comando quando começou as guerras entre Serdin e Canaban, sendo a mais capacitada para o trabalho. – Suspira, não gostando de mencionar a líder. – A primeira coisa que ela mandou fazer foi mandar Grandiel e eu atrás de Astaroth, para prendê-lo e convencê-lo de entrar no Conselho.

— Não foi fácil, imagino.

— Cazeaje deu um jeito e ele começou a fazer parte da nossa equipe. Desde então, formamos um trio que ainda a serve. – Olha de lado. – Embora, não valha tanta a pena.

Entende a tristeza da comandante. Ela estava presa a servir Cazeaje, não existia outra forma de sair.

— Por isso do Astaroth ser tão estranho, ele nunca teve alguém para demonstrar amor a ele, além das prostitutas. – Continua Lothos. – Então, tente entender um pouco o lado dele, mesmo que não o perdoe.

Ela entendia, pois via Lass em Astaroth, ambos sem uma família de verdade. Eles não sabem lidar com as pessoas, mostram suas preocupações de formas brutas e insensíveis. Mas no fundo, se importam o bastante com as pessoas em sua volta.

Elesis assente, sem tirar o rosto enrugado.

— Que bom. Agora, ainda consegue reunir um pouco de coragem para ir comigo amanhã no colégio? – Pergunta Lothos, atenciosa.

— Eles vão...

— Não vão. – A interrompe. – São seus amigos, entenderão seus motivos.

Olha para o sorriso da comandante, preenchendo um pouco seu peito dolorido. Sorri também.

Lothos contorna seu braço sobre seus ombros, puxando para perto. O calor que ela emanava era bom, confortante. Apoiou sua cabeça no ombro da loira.

— Sinto muito sobre o resultado de suas pernas. – Lamenta Lothos, tomando cuidado para não a ferir. – Mas o que a faz uma guerreira, não é o fato de você poder empunhar uma espada, e sim, porque você conseguirá encarar a todos e dizer a verdade, sem perder a postura. Você conseguirá passar por isso, Elesis. Tenho certeza.

Já tinha superado suas pernas, só teria que tomar mais cuidado e nada de ruim aconteceria. Felizmente, a luta contra Astaroth não deram tantos prejuízos quanto esperava.

Respira fundo antes de falar:

— Certo, posso fazer isso. Só que, não sei se poderei encarar o Lass. – Abaixa o rosto ao se lembrar do ninja. – E o Ronan.

— O que aconteceu? Soube que você terminou com o Ronan. Sinto muito.

— Estou bem, o problema maior é com Lass. – Fica envergonhada em dizer o motivo. – Nos beijamos.

— Bem, isso é um pouco inesperado vindo de você. – Não fica tão surpresa. – E o que aconteceu?

— Eu não sei! – É solta de Lothos, agitada pela a confusão. – Só não consigo olhar mais para ele depois disso.

— Como eu disse, resolva tudo amanhã. – Levanta da cama, seus saltos da bota fazendo um barulho agudo. – Como eu, irei ter um papo pessoal com o Astaroth sobre o que ele fez com minha aluna.

Elesis ri, o nervosismo diminuindo. Sem muita escolha, aceita o pedido da comandante.

— Que bom. – Para na porta, lembrando-se de algo. – Ah, e você tem visita. Lá embaixo.

Elesis olha confusa, surpresa por não ter recebido visitas até agora.

***

Pegou um lençol e se enrolou nele, indo ver quem a esperava. Ao chegar no pátio, encolhe-se com frio da noite, apertando o coberto contra ela. Andou um pouco e logo viu a pessoa a esperar perto do jardim. Mesmo com pouca iluminação, reconheceu o rapaz.

Ronan se vira quando se aproxima, mantendo uma distância entre eles. Elesis respira fundo para não esconder seu rosto. O olhou, não desviou seu rosto para o lado, o que tanto queria.

— Certo, estou aqui. – Fala Elesis. – Diga o que tenha a dizer, fale quão idiota fui. Não se importe, fale. – Sabia que o rapaz queria falar isso por ter passado pela a mesma situação. As palavras que ele tinha dito naquele dia ainda doía.

Ronan fica em silêncio, não demonstrando nenhuma emoção.

— Sabe, ultimamente, tenho tido alguns pesadelos estranhos desde que a vi na frente de todos. – Fala o rapaz, descontraído. – São estranhos porque sempre são a mesma coisa. Eu me separando de você, furioso por algum motivo.

Elesis fica tensa. O rapaz descrevia a cena daquele dia, o mesmo que ela tinha mudado com as chamas brancas.

— Não sei exatamente o porquê de isso acontecer, mas sinto que você saiba. – Olha firme para a ruiva. – Depois que a vi invocar as chamas roxas, achei que soubesse de algo.

— Ah, isso. – Fala com um tom pesado.

Ronan espera pela a explicação, silencioso demais para ele. Elesis não tinha outra escolha sobrando, decidi ser corajosa, como Lothos havia pedido.

— Isso que você tem não são pesadelos, são memórias. – Explicava. – Como as chamas roxas, tenho as brancas, que são capazes de alterar a memória da vítima. – Mantem o olhar. – Foi o que eu fiz com você, Ronan. Antes, você tinha me descoberto, sabia que Eléo era eu... E como está se sentindo agora, você sentiu naquele dia. Sabia que você contaria ao Grandiel, fiquei sem escolha e usei as chamas em você.

O rapaz não muda a expressão, talvez estivesse surpreso e não decidiu demonstrar. Elesis não vacilou, continuou, mesmo que as dores tinham aumentado.

— Tem o direito de me odiar por isso, eu sei. O que eu fiz foi errado, e não tem conserto. – Toma fôlego para continuar. – Se quiser me bater, não me importarei. Mas só quero que saiba que eu sinto muito por isso.

Volta a ficar em silêncio. Ronan assente após ouvir tudo, dando de ombros.

— Por que acha que eu faria isso? – Pergunta o rapaz.

— Porque eu mereço. Não tive confiança em você para contar a verdade, então agi covardemente.

— Pode até ser, mas você acha que eu seria capaz de bater em você, Elesis? – Não espera uma resposta. – Sei que o que você fez foi por motivos grandes, de modo geral. Vestir-se de Eléo, terminar comigo e alterar minhas memórias. É claro que você merece um castigo por isso, mas não serei eu quem fará isso. Mesmo após tudo isso, eu continuo me importando com você.

Ronan estaria sendo tolo se a atacasse por isso, como havia dito. As consequências de tudo que fez já eram pagas, em forma de dor e hematomas.

— Não queria que tudo terminasse assim. – Fala Elesis, desviando o olhar. – O fato de ter terminado com você, foi por minha causa. E mesmo após tudo isso, nada seria como antes.

— Eu sei. Os pesadelos que tenho mostra um pouco disso.

— Desculpe. – Segura com mais força o coberto. Quis chorar, mas evitou, seria forte como deveria ser. – Naquele dia, você disse algo que era verdade. Eu não te amava de verdade, era tudo uma ilusão. Tinha aceitado ficar com você por outros motivos, em todo momento, estive apenas te usando.

— Eu sei disso. – A ruiva olha surpresa. Ronan abre um sorriso, continuando. – Eu sei que quando você aceitou, tinha um certo receio nisso. Eu achei que poderia fazê-la se sentir melhor comigo, mas acho que não era a pessoa certa.

Entende o que ele queria dizer. Quis ir embora e evitar aquela conversa, porém persistiu.

Engoliu seco antes de falar.

— Eu gostava do Lass quando fiquei com você. Naquele dia, você viu a mim e Lass juntos, por isso de ter ficado tão furioso. – Dá uma pausa. – Nunca soube o que sentia exatamente por ele, sempre pareceu uma pergunta sem resposta. Até agora, não sei o que responder.

Ronan ri. Elesis fica sem entender o motivo de sua risada.

— Você é mesmo cega, Elesis. – Fala ele, sorrindo. – Eu via que mesmo quando estava ao seu lado, você olhava diferente para o Lass. Ele sempre era olhado diferente por você. Até quando vocês brigavam, você o olhava como se quisesse falar “volte, seu idiota”.

— Eu nunca olhei assim. – Fala envergonhada.

— Elesis, posso ser o que for seu, mas sempre a conhecerei melhor.

— Até parece. – Força uma risada.

Ronan levanta uma sobrancelha. A ruiva percebe que era uma mentira quando ria assim, calando-se. Tinha feito outra vez.

— Elesis, já pensou em ser honesta consigo mesma? Só uma vez. – Questiona Ronan. – Talvez isso responda.

— Ou talvez não.

— Independente da sua escolha, sempre estarei ao seu lado. Somos amigos, mais que isso. – Sorri. – Sempre gostarei de você, em todos sentidos.

Agora é a vez da ruiva ri, um pouco pela a dor na costela.

— Você merece uma garota melhor, Ronan. Tenho certeza que encontrará uma que te ame como é.

— Ah, claro. – Aponta para si. – Príncipe na área. Quem não resistiria?

— Não essas garotas. Sei que tem uma que não o ver desse jeito, e sim pelo o que é. – Ela conhecia muito bem. – E que não mentiria nunca para você.

Ronan assente, achando que a ruiva falava brincando. Aproxima-se dela da mesma forma, segurando seu rosto. Elesis não fica nervosa, sorri pela delicadeza do rapaz com ela.

— Você sempre será importante para mim, não importa o que faça. E espero que encontre sua resposta logo, Elesis.

Ela assente, sorrindo. Ronan a solta, já indo embora.

— Tudo que quero é vê-la é feliz. – Acena. – Fique bem.

Acena sob o lençol, olhando Ronan partir em meio à escuridão do pátio. Quando não o enxerga mais, um alívio atingi seu peito. Achava que os problemas dobrariam quando viu Ronan, mas aconteceu o contrário.

Lothos tinha razão, ela apenas precisava ser corajosa. E com Ronan também, ela tinha que ser honesta.

Se fizesse isso, talvez encontrasse sua resposta.

***

Se houve um momento em que precisou usar a máscara, foi aquele. Tinha decidido fazer isso, embora sua coragem não fosse tanta. Enquanto se arrumava, queria se esconder para não ir, mas quando Lothos entrou em seu quarto, tomou a coragem que precisava e a seguiu.

Seus hematomas estavam escondidos sob as roupas, o único visível eram as marcas de dedos no pescoço, deixado por Astaroth. Elesis enrolou uma faixa naquele local, assim não teria questionamentos. Vestiu a roupa que mais se sentia confortável e seguiu em frente.

Tinha chegado no colégio e já esperava como seria. Todos olhavam curiosos para ela, mas em silêncio, por algum motivo, ninguém ousou falar nada. Mesmo que dissessem, ignoraria e continuaria a andar. O pior momento foi ter chegado na porta do salão, Lothos abrindo por ela e entrando na frente. Precisou respirar fundo para entrar com passos firmes.

Agora lá estava ela, parada, olhando para todos aqueles olhares sobre si. Não desviou o rosto, encarou a cada um, inclusive Astaroth, que parecia quieto demais naquele dia.

— Que bom que chegaram cedo. – Diz Grandiel, também presente. – Gostaria de ter esta conversa em particular, mas creio que os rapazes também têm o direito de ouvir.

— E eles têm. – Fala Lothos. – Elesis decidiu que isso deveria ser dito para vocês, principalmente.

Elesis não olha para suas expressões, sabia que todas eram neutras. Pela a silhueta, reconhecia cada um, inclusive Jin e Lass. Evitou qualquer olhar para eles, faria isso no final.

Firmou seu rosto para frente, finalmente vendo todos claramente.

— Desculpe! Desculpe por ter enganado vocês! Desculpe por fingir ser uma pessoa que não era! Sei que todos devem tá pensando a mesma coisa sobre mim, mas me sinto na obrigação de falar o motivo por ter feito tudo isso. – Fala alto e bem claro, firme para não parecer nervosa. – É bem longo, mas resumindo tudo, eu queria me torna forte. É, nada além de um desejo egoísta meu. Antes de entrar aqui, não via como alcançar meus objetivos sem usar a força, por isso que tive essa ideia louca de entrar aqui vestida de garoto. No começo, eu não me importava com nada, só queria ficar forte o mais rápido possível. Só que, vocês me fizeram mudar de ideia, rapazes.

Olha para cada um, não se mostrando emotiva. Cruzou os braços, evitando mostrar o nervosismo que aumentava.

— Quando entrei, era para simplesmente passar um tempo e depois ir embora. Mas eu não fiz, eu não consegui. Vocês, todos vocês, eram diferentes, eram fortes, mas dos seus jeitos. Era isso que eu queria, ser como vocês, corajosos e independentes. – Abre um sorriso bobo. – Por isso que não consegui ir embora depois que os conheci. Vocês se tornaram meus amigos, não podia dar as costas para vocês, não depois de tanta coisa que passamos. E eu sei que se eu dissesse a verdade para vocês, de quem é o verdadeiro Eléo, vocês me abandonariam. Porque vocês tinham se tornado amigos do Eléo, e não da Elesis. Então eu fui covarde, eu escondi isso de todos porque tinha medo do que fossem pensar. – Olha para Ronan, logo para eles. – Durante esses anos, todos os machucados que ganhei foram do Eléo e meu. Eu comecei a acreditar que havia duas pessoas, porque eu me sentia de um jeito quando colocava esse uniforme... Eu me sentia muito feliz.

Não percebe quando para de falar, lembrando de como era ficar com eles. Nesses momentos, esquecia do desejo de ficar forte, tudo que queria era passar mais tempo com eles.

— Então se quiserem me ignorar, entenderei, porque estarão fazendo isso com a Elesis, não com o Eléo. Queria muito começar desde o início, para mudar alguns erros que cometi, mas como não posso, ficarei com as consequências de agora. – Fecha os olhos. – Portanto, me desculpem por tudo que fiz. Grandiel, sinto muito por ter escondido de você o tempo todo, não queria ter o usado desta forma. E Astaroth, - Olha um pouco irritada, mas fala. – mesmo tendo sido um idiota ao me descobrir, peço perdão.

Não fala mais nada, olha para todos e seu silêncio mortal. Esperava ouvir Grandiel falar algo, porém, o diretor deixou isso para outras pessoas.

— Que besteira é essa que você está falando? – Questiona Sieghar, sério. – Eléo, Elesis, pessoas diferentes, AH! Acha mesmo que nos importamos com isso? Só por causa de uma roupa e um corte de cabelo, iremos te ignorar?

Olha confusa.

— No fundo, sempre foi você, Elesis. – Menciona Dio. – Você apenas acreditava ser outra pessoa, enquanto era si mesma.

— E também, você não cometeu nenhum crime. – Fala Azin, dando de ombro. – Pode ter nos enganados, mas se olhar bem, é algo bobo.

— É, Elesis e Eléo eram bem parecidos. – Diz Zero, pensativo. – A única coisa que mudava era a aura, como se fossem pessoas diferentes.

Lembra de Astaroth mencionar isso. Agora fazia sentido por eles nunca terem a descoberto, por causa de sua mana que mudava quando virava Eléo. Se não fosse por isso, tinha sido descoberta no primeiro dia. Tanto que Lass e Jin só sabiam quem ela era quando a viram de verdade.

— Você é importante para gente, sendo Elesis ou Eléo. – Fala Jin, sorrindo. – O que fizesse, estaríamos ao seu lado sempre.

Todos concordam, finalmente amenizando aquela expressão séria.

— É, até porque, isso não é bem uma traição. – Comenta Lupus. – E muitas coisas só aconteceram por sua causa.

O entendimento do caçador com Lass; Jin e Azin voltaram a serem amigos. Mostrou a cada um deles, algo de especial. Como eles, Elesis também era muito importante.

A ruiva abriu um sorriso, quase desabando em felicidade. Ela amava eles.

— Mesmo que tenhamos alguns assuntos ainda pendentes, - Diz Grandiel, olhando para Lothos. – não ficamos com raiva de você, Elesis. O problema está longe de ser traição.

Não estava sendo perdoada, já que não havia feito nada de errado para isso. Olhou para os rapazes e decidiu andar até eles. Como esperava, é recebida com sorrisos.

— Não fique triste, ruiva. – Fala Dio, passando a mão em sua cabeça, bagunçando seu cabelo. Elesis ri.

— Ainda a respeitamos pela a força. – Diz Azin. – O que é surpreendente tudo que você fez para chegar até aqui viva. Não teve medo de nenhum garoto tarado te pegar?

— Elesis estava em boas mãos, apesar de estar cercadas por garotos. – Fala Ronan. – E ela sabia cuidar de si mesma.

É segurada pelo o pescoço, Sieghart a puxando para perto com seu braço.

— Então todos aqueles momentos em que eu apareci pelado, era você vendo? – Essa é a pergunta séria que ele tem a fazer.

— Infelizmente. – Lamenta.

— Diga que pelo menos gostava da vista.

— Cala boca, Sieghart! – Grita os rapazes, impacientes.

Diferente deles, Elesis gargalha. Fazia tempo que não se sentia assim, em “casa”. As discussões bobas do grupo a fazia ficar assim, sem se preocupar com problemas. É por isso que os amava.

Infelizmente, não pode dizer mais o que tanto queria, eles teriam aula e não poderiam continuar ali, perdendo tempo. Despede-se de todos, ainda achando estranho não ter que engrossar mais a voz para falar com eles. Poderia agir normalmente, como uma garota, o que não tinha tanta diferença do Eléo.

Mas sua conversa não acaba por ali. Aproxima-se de Jin, o mesmo parecendo feliz e triste ao mesmo tempo. Antes que dissesse algo, o abraça fortemente.

— Obrigada por tudo. – Fala.

— O que você está agradecendo? Fiz nada além de um trabalho que um amigo tem. – Diz ele, retribuindo o abraço. – Para eles, você não mudou, continua sendo importante. O mesmo para mim, Elesis.

— Você é a criatura mais boba que já vi. – Debocha.

— É que você não viu os rapazes te defendendo quando foi embora. Eles ameaçaram todo mundo se ousasse falar de você. – Ri. – E adivinha quem foi o primeiro a tomar uma atitude.

Não entende o sorriso que abre ao olhar na direção dessa pessoa, parada na porta.

— Hum, que decisão difícil. – Brinca. – Mas agradeço, de qualquer forma.

Solta Jin, olhando para seus olhos dourados. Sentiria falta de fazer missões com ele, ou até mesmo acordar no mesmo quarto que ele. Mas isso não seria uma despedida, continuaria a vê-lo quando quisesse.

— Vá para sua aula. – Pede. – Nos vemos mais tarde.

— Não suma, desta vez. – Avisa, partindo. – Até!

Elesis o assistir partir, logo seu sorriso se desmanchando quando vai em direção a Lass. O ninja esteve o tempo todo a esperando, quieto com medo de falar algo de errado. Quando chega perto, a espadachim o interrompe, sendo direta.

— Quero conversar com você. – Fala Elesis. – É importante, então em particular.

Era óbvia a resposta do rapaz, porém não respondeu, olhou para onde estava o trio. Elesis tinha dito alto o suficiente para que eles ouvissem.

— Vou com a Elesis para o meu quarto. Não me atrasarei para o treino. – Avisa Lass.

— Iremos conversar com a Lothos, então não há problema. – Diz Grandiel. – Só não demorem.

Agora era a vez de Lothos se desculpar, percebe Elesis. A comandante tinha traído a confiança deles, precisava se explicar. Deu um último olhar para ela antes de sair do salão.

***

A primeira coisa que Elesis notou ao entrar no quarto de Lass, foi um saco de ração para gato. Ignorou tudo em volta e só se focou naquilo, que tanto a intrigava.

— Tá comendo ração, por acaso? – Questiona, apontando para o saco.

— Hã? – Logo entende a piada. – Ah, isso não é meu, é para o gato que eu tô cuidando. Sabe, aquele mesmo do hospital. Eu trouxe ele pra cá.

— Sério? E cadê ele? – Olha em volta, animada.

— Deve tá passeando, no momento. Ele aparece quando tá com fome ou quer dormir.

Como qualquer gato faria. Após sua curiosidade acabar, olha para o quarto de Lass. Não tinha muitas mudanças, sempre arrumado e com livros organizados na prateleira. Exatamente como o Lass de sempre.

Senta na cama do mesmo, enquanto ele puxava uma cadeira para ficar de frente. Nota a distância que Lass deixava entre eles, sabendo que era isso o que Elesis queria. A ruiva finalmente descansa suas pernas, enfaixadas na região da coxa. Outra vez, não usava as meias, evitaria usa-las por causa de sua saúde. Começaria a cuidar de si mesma.

— Então. – Elesis fala, quebrando o silêncio entre eles. Era estranho ficar a sós com o ninja. – Há muitas coisas para debater, mas acho que tem algo que gostaria de falar primeiro. É sobre minhas pernas. – Lass olha atento, vendo os curativos que ela usava. – Quis negar no começo, mas não tem como mais. Recebi o resultado do exame e descobri que não poderei mais lutar.

— O quê? – Lass olha confuso.

— Minhas pernas estão fracas, não poderei usa-las como usava antes. Agora, terei que treinar com cuidado, evitar muitos esforços e combates. – Falava com o olhar baixo. – Se eu não fizer isso, tudo acabará para mim.

Esta não era uma notícia que Lass esperava. Não sabe como reagir, apenas sente pena da ruiva. A conhece bem para saber que essa notícia a abalou muito, por não poder mais ir atrás de sua vingança.

— Sinto muito, Elesis. Se eu pudesse...

— Estou bem. – Dá de ombros. – Acredito que posso dar um jeito nisso, acho. Mas não vim aqui para lamentar, só disse isso para que você ficasse sabendo. Achei importante.

— Jin sabe disso?

— Apenas a Lothos, até o momento. Não sei como irei falar para os outros. – Não gostava de imaginar isso, era como declarar a própria morte. Sacode a cabeça e olha atenta para Lass. – Como eu disse, não vim para falar disso. E sim de algo mais importante.

— Se sua saúde não é importante, o que é então, Elesis? – Pergunta sério.

— Você, Lass. – Nota a expressão do ninja amenizar. – Eu passei por muitas coisas e acho que já entendia o motivo delas, só que quero ouvi-lo antes.

— Ouvir o quê?

— Depois que você voltou, disse que eu precisava te ouvir. – Abre um sorriso sincero. – Eu quero te ouvir, Lass.

Não pisca, achando que era coisa de sua cabeça. As chamas estavam quietas, então não poderia ser um truque delas. Volta a piscar e esconde a expressão de surpreso.

— Está falando sério? Achei que não quisesse.

— Isso foi quando eu estava com o Ronan. Agora, como não estou com ele, estou curiosa em saber o que você tem a dizer. – Dar de ombros, não parecendo mais abalada ao mencionar o azulado. A conversa que teve com ele na noite passada a fez tomar coragem necessária. – Se quiser falar, é claro.

— Não, eu quero falar. – Diz nervoso. Agora que tinha a chance, não sabia por onde começar.

Elesis não fala nada enquanto via Lass pensativo. Quase riu de sua atitude, que parecia boba comparada com os momentos que ele queria falar.

— Sem enrolar muito, você já sabe o que sinto por você. – Começa Lass, ficando sério. – Quando eu te disse pela a primeira vez, era honesto. Mas o que eu tinha dito sobre superar, não. Eu achei que poderia esquecer, mas tudo que aconteceu foi apenas uma ilusão. Eu joguei meus sentimentos para as chamas e decidi me tornar forte, mas me esqueci que para isso, eu precisava de você, Elesis. Eu só percebi isso quando já era tarde, quando estava preso no circo. Lá eu vi que a força que eu tinha trocado por meus sentimentos, era nada. Eu continuava gostando de você, mais que nunca. – Fica envergonhado em continuar, mas persisti. – Por isso que quando voltei, queria muito te dizer isso, que havia me arrependido por ter te ignorado. Nunca deveria ter feito aquilo, e eu me sinto o cara mais idiota do mundo por isso.

— E você é! – Debocha.

— Continuando! – A ruiva consegue o deixa mais nervoso. – Só que quando eu tentei falar isso para você, disse que não podia. Eu queria poder ter respeitado sua opção, mas não conseguia aguentar esconder a verdade por muito tempo. Todas as vezes que via com Ronan, era torturante. Sei que não fazia por provocação, mas mesmo assim, eu me sentia provocado. Naquele dia, no salão, não consegui me segurar, e provavelmente, se Ronan não tivesse aparecido, eu não sei o que teria acontecido.

Elesis concorda, agradecendo pela a chegada de Ronan naquele dia. Ficava triste ao lembrar do que acontecer, mas evitou ficar na frente de Lass.

— É por isso que eu queria tanto te falar isso, para você não me achar o cara mais idiota do mundo pelo o que eu fiz. – Continua o ninja. – Eu amo você, Elesis. E se você mandasse eu fazer algo, por mais louco que fosse, eu faria, porque eu sou um trouxa que está preso a esse sentimento! Então saiba que todos os momentos que você me ignora ou fica com raiva, é doloroso. Quando isso acontece, tenho vontade de fazer qualquer coisa para fazê-la sorrir outra vez, embora eu leve um soco por isso.

O que era verdade. Elesis ouviu cada palavra com bastante cuidado, pensativa durante toda a conversa. Quando Lass termina, ela toma um tempo pensando, no que diria em seguida.

— Como você disse, Lass. – Falava Elesis. – Foi apenas uma ilusão você ter achado que havia superado seus sentimentos, mas não posso dizer o mesmo no meu caso. Descobri a pouco tempo o motivo de eu gostar do Ronan, e não era por amor, e sim algo que se assemelha. Por isso não estou tão abalada com o nosso término, pois já entendi e estou seguindo em frente, apesar de ser um pouco doloroso. – Suspira. – Quando eu comecei a gostar de você, foi após a sua confissão. É claro, não admiti porque não tive coragem. Mas após um tempo, percebi que esse mesmo sentimento que sentia por você, havia mudado. Tenho certeza que não é uma ilusão, porque sinto isso toda vez que te vejo. Eu simplesmente não sei o que é.

Lass abaixa o olhar, entendendo o que ela queria dizer com tudo aquilo.

— No entanto, isso não defini minha resposta. – Continua Elesis. – Ainda não sei se continuo o amando ou se é um sentimento parecido. Só não quero me arrepender no futuro. Mas isso não quer dizer que eu não possa tentar.

Já tinha aceitado a resposta da ruiva como um “não”. Suas palavras eram com pesar, querendo ser delicadas para o ninja. Porém, seu tom muda no final. Elesis fala com um certo sem jeito, nervosa.

Ao ouvir as palavras finais, Lass ergue o olhar para ela. A ver envergonhada, com um sorriso bobo no rosto.

— O quê? – Pergunta Lass, não tendo certeza do que ouviu.

— Eu não sei minha resposta, mas eu gostaria de descobrir. – Continua a sorrir. – Se possível.

Outra vez, acha ouvir as vozes das chamas, mas não é. Era Elesis falando, sinceramente, na sua frente, aquilo. A qualquer momento, pediria uma explicação em forma de desenho. Porque, obviamente, Lass achava que tinha entendido errado.

— Espera um pouco. – Pede, ainda confuso. – Quer que aconteça algo... entre nós? Tipo...

— É o que eu tô tentando dizer.

Vendo que Lass não sabia como reagir a isso, levanta da cama. O ninja encosta no apoio da cadeira com sua aproximação, o segurando pelos ombros. O olha bem de perto, ignorando a pequena distância entre seus rostos.

— O que gostaria de fazer? – Pergunta Elesis, como um murmuro.

— Te beijar. – Não pensava outra coisa além disso.

— Então faça.

Lass apenas a olha ao ouvir seu pedido. Não sente deboche ou uma piada nas palavras de Elesis, são verdadeiras. Aquele mesmo desejo volta a consumi-lo, não o segurando tanto ao ouvir a permissão da ruiva.

Seus lábios se encostam lentamente, um beijo simples. Quando sente o aperto em seu ombro aumentar, Elesis se aproximar, entende que aquilo era verdadeiro, a calma se perdendo após isso. A beija com mais intensidade, sua fome aumentando com a retribuição da espadachim. Não era como naquele dia no salão, em que a beijava se ela continuasse permitindo, agora, Elesis deixava claro que não precisaria disso.

Ao ficar de pé, segurou a ruiva pelas as coxas e a ergueu até sua cintura. Elesis o abraça, seus braços enrolados em sua nuca para ficar mais próxima. Deu breves passos até sua cama e a deitou sobre, devagar para não atingir seus ferimentos. As pernas da espadachim soltam sua cintura, permitindo que se aproximasse mais enquanto sobre ela.

Era isso que Elesis procurava, a mesma sensação que teve naquele dia. As dores sumiam em instantes, o tempo parecia não existir mais para ela. Segurava Lass pela a nuca, o puxando quando se sentia vazia. O ninja causava diversas emoções nela, enquanto a beijava, eram milhares. Ainda não entendia como pôde ficar tanto tempo sem sentir isso.

— Lass. – O chama, sua voz abafada.

O rapaz força-se a deixa-la falar, mesmo que sentisse a vontade de continuar a beijar. A mão da espadachim encosta seu rosto.

— Está quente. – Ela diz. – Você está muito quente.

Não sabia ao certo o que era, mas tinha uma noção que eram as chamas. Sua mente se desligava quando beijava Elesis, não conseguia manter o controle nas chamas enquanto isso. Em consequência, seu corpo esquentava absurdamente, sendo sentido sobre sua roupa.

— Devemos parar. – Sugere Elesis.

— Não, estou bem. – Nega com a cabeça.

Levantou seu corpo, tirando sua camisa num rápido puxão e jogando a vestimenta de lado. Elesis não evita de olhar para o corpo do ninja, que tinha se recuperado desde o problema com circo. Tinha ganhado seu peso e os músculos de antes, que pela primeira vez, chamavam tanto a atenção de Elesis.

— Problema resolvido. – Diz Lass antes de voltar a se colocar sobre ela.

Não esperou uma resposta, o rapaz volta a beija-la, mais intensamente. Elesis passa a mão sobre seu ombro, sentindo a pele do ninja queimar pelo calor. Deveria se incomodar, mas a temperatura alta torna a sensação melhor, anestesiando qualquer pensamento da espadachim. Seus dedos logo deslizam para suas costas, então sentindo os milhares de cicatrizes que Lass possuía. Se fosse antes, começaria a pensar em como ele conseguiu elas, mas no momento, nada fazia sentido.

Acha ouvir um barulho, mas ignora. A mão do ninja passar por sua coxa até sua cintura. Sente sua camisa ser levantada por baixo, o calor que Lass emanava, favorecendo a isso. Seu corpo esquentava, mas não por causa das chamas. Estava deixando se levar outra vez, sentindo Lass fazer o mesmo, tornando seus pensamentos, irracionais.

Sua mente volta ao ouvir um barulho alto. Param de se beijar ao saberem que era a porta sendo aberta. Quando olham, ficam paralisados como o olhar de surpresa de Lothos e Grandiel; e o de malícia vindo de Astaroth ao fundo.

— Lothos! – Grita Elesis surpresa.

Tenta se levantar rapidamente, porém atingindo sua testa contra o nariz de Lass com força. O rapaz recua em dor, a mão no local que já começava a escorrer sangue.

— Desculpa! Lothos, não é... – Tenta se explica, mas para ao ver o olhar da comandante se transformar, parecendo sair chamas.

O brilho de seu florete a congela. Grandiel tenta a impedir, mas a loira avança com a lâmina erguida.

— O que vocês estão fazendo?! – Grita furiosa.

Lass coloca os braços na frente ao ver que ele era o alvo. Um corte é desferido em seu antebraço, o jogando para trás. Cai para fora da cama, a comandante já com outro ataque contra ele. Dessa vez, estica a mão na frente, sua palma sendo cortada. Não conseguiria se esquivar de seu próximo ataque, Lothos era rápida demais, e letal.

— Pare, Lothos!

Elesis se joga contra Lass, parando à sua frente. A ponta do florete para perto de seu rosto, a comandante bufando como um cachorro bravo.

— Acalme-se, por favor! – Pede Elesis.

— Saia da frente. – Rosna Lothos.

— Lothos, você precisa ficar calma. – Agora é Grandiel quem pede, parando ao seu lado. – Não tem motivo para atacar.

— Como assim?! – Aponta o florete para o loiro, que recua, logo de volta a Lass. – Este garoto...

— Lass não estava fazendo nada! – Explica Elesis.

— Ainda. – Menciona Astaroth, apoiado na entrada, com seu largo sorriso.

Elesis manda um olhar furioso para o professor, não sendo o suficiente quando ele ri. Volta a atenção para Lothos, ainda querendo atacar Lass com seu florete.

— Lothos, está agindo por impulso. Precisa se acalmar. – Falava Grandiel. – Guarde a arma.

A ponta do florete treme em vacilação. Após alguns segundos, o guarda de volta ao cinto, soltando um suspiro para se acalmar.

— Não quero saber o que estava acontecendo aqui, mas já estamos de partida. – Anuncia Lothos.

Quando Elesis tenta protestar, seus cabelos são segurados e puxados com força, enquanto a comandante se retirava do quarto.

— Lothos, espere... Ai! Eu ainda... – Gritava a espadachim em dor, tentando debater com a fúria da loira.

Astaroth dá espaço para ambas passarem, seu sorriso sem sair do rosto. Olha para as duas partirem, chamando atenção por onde passavam. Quando o silêncio volta, fecha a porta do quarto, deixando com Grandiel as falas.

Lass desencosta da parede em que esteve tanto pressionado. Seu nariz tinha parado de sangrar, tirando a mão manchada por sangue. Sua palma e antebraço ardiam com o corte fino feito por Lothos, muito bem feitos para uma pessoa em fúria daquele jeito.

Percebe que a irritação não era só na comandante ao olhar Grandiel, e Astaroth apoiado na porta de braços cruzados.

— Lass... – Resmunga Grandiel, a voz carregando negatividade. – O que foi isso?

— Grandiel, por favor. – Pede, cansado após o ataque que recebeu. – De você também não.

— Como assim? Quer que eu fique calmo após ter visto isso?! – Fica nervoso. – Você e a Elesis.

O rapaz revira os olhos, sentando-se na cama. O que mais preocupava era parar a dor que sentia pelos os machucados, não debater com Grandiel.

— E vista uma camisa, pelo menos! – Grita o loiro. Pega a camisa do ninja e joga contra ele. – Agora me diga o que passava na sua cabeça para fazer isso?

— Com certeza, ele estava pensando com a cabeça de baixo, nesse momento. – Diz Astaroth.

Ambos olham nervosos para o professor.

— Não está ajudando. – Diz Lass.

— Esse é o meu objetivo aqui. – Dá de ombros.

Não sabe por que ainda deu atenção a ele. Volta a olhar Grandiel, ainda querendo uma explicação.

— Não ia acontecer nada. – Responde.

Encolhe em dor quando é acertado com um tapa na mão ferida. Grandiel se aproxima, encostando a sua na testa do mesmo. Lass sabe o que é isso, afastando-se irritado.

— Está quente. – Menciona o loiro.

Quando tenta debater, Grandiel sai de sua frente.

— Depois conversamos. – Avisa num tom sério, assim, saindo do quarto.

Tinha passado do limite, era o que ele queria dizer. Lass abaixa o rosto, pressionando a camisa contra sua palma. Precisa parar o sangramento.

Levanta o olhar já sabendo quem estava à sua frente.

— Fez o Grandi e a Lothos furiosos em um só dia. Parabéns. – Fala Astaroth. – Nunca tinha conseguido antes.

— Vai embora, Astaroth. – Rosna, impaciente.

— Ah, não gostaria de ouvir nem uns conselhos meus? – Continua a provocar. – Seria muito útil na próxima.

Lass vira o rosto, evitando perder o controle da raiva.

— Posso te indicar um lugar ótimo.

— Diga logo o que quer! – Grita.

Fica em silêncio, finalmente acabando com aquilo. Porém, começando outro.

Astaroth o segura pelo o rosto, virando para encarar sua expressão séria. Lass não se intimida, já tinha a visto antes.

— Você está agindo exatamente como ele. Tolo. – Diz o professor, a voz séria.

— Como ele?

Seu rosto é solto bruscamente. Astaroth se afasta, parando na porta, sua expressão voltando ao normal.

— Da próxima, compre proteção. – Dizia ele, seu sorriso aumentando. – Sabe, uma armadura e um escudo para lidar com a Lothos. É um bom começo.

Então o professor vai embora.

Lass olha confuso pelo o que disse, de estar fazendo o mesmo que alguém. De quem ele falava? Com certeza, Astaroth não contaria, mesmo que o pagasse. Mas do que importava, isso deveria ser uma invenção dele para provocar o ninja.

Esquece isso, sua raiva saindo de seu corpo. Quando tudo fica em completo silêncio, não consegue evitar de sorrir. Parecia bobo, como uma criança, agindo daquele jeito. Mas não podia negar, estava feliz.

Finalmente, algo entre ele e Elesis começava.


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Notas finais do capítulo

Review?
* Vocês devem tá que nem o Lass agora, isso é sério ou não? Será que é uma ludibriação da Risa-chan? Calma, meus queridos, é verdade, e não um sonho como parece. Podem falar, gritar bem alto na sua deserta: O SHIP É REAL! #Poderdoship
* É por isso que eu queria postar logo esse capítulo, porque a Elesis aceita ficar com o Lass e eu achei tão fofinho depois eles... Tipo, AHHHHH meus amorzinhos :3
* Apesar da fic ser +16, e eu ter falado que coloquei essa indicação por causa da violência, acabou rolando um ecchi ali... Não sei ao certo, mas creio que vocês acharam que iria rolar um hentai loko ali hahahah Infelizmente (ou felizmente), não terá nada do tipo
* Aí é aquele momento em que vocês odeiam a Lothos, Grandiel e Astaroth... Meio que entendo. Mas a raiva que eles sentiram tem um motivo, não é por bobagem.
* Elesis foi descoberta, Astaroth humilhou ela na frente de todos e pa. Sinceramente, queria que o segredo fosse revelado lá para o final, mas teria coisas que ficariam estranhas se isso não acontecesse. Mas relaxem, só por causa disso, a história não irá mudar, continuará seguindo o mesmo ritmo.
Pode até parecer que daqui a três capítulos já é o final, mas ainda tem coisas para acontecer. PORÉM, não quer dizer que o final esteja longe ;-;