Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 108
Poções e venenos


Notas iniciais do capítulo

Oláááhhhh! Tudo bão? Então, capítulo novo, não tão tenso, porque eu tinha me enganado. Será o próximo que será mais triste, porque eu percebi que ficaria grande DEMAIS se eu continuasse do final desse cap kkkk Mas relaxa, os capítulos agora voltarão a ser lançados de uma em uma semana! Ebabaa, pode comemorar. Agora estou de pc novo, então agora posso escrever mais rápido. MAsss, semana que vem começa minhas provas, então se eu atrasar, me perdoem T-T
Capa: Esta capa linda, maravilhosa, foi feita pelo o Paarthurnax :3 Achei perfeita para este capítulo, então vou usa-la! MUITO OBRIGADA
Boa Leitura!



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Aquele, felizmente, foi o último rugido que Elesis deu. Arthur terminou de limpar sua ferida na perna e de fazer o curativo, dando agora um último nó com a faixa. Era impressionante como o rapaz não demonstrava ter dificuldade com aquilo, fez tudo tão rápido que a ruiva nem percebeu.

— Melhor? - Pergunta ele.

— Um pouco. - Mexia o pé para tentar sentir alguma dor maior. O que a incomodava era quando fosse levantar, para andar. - Mas está bom. Obrigada, Arthur.

Sempre gentil, seu sorriso mostrava isso. Ficou de pé, esticando a mão para ajudar Elesis fazer o mesmo. A ruiva tenta levantar sozinha, mas logo desisti, aceitando ao segurar sua mão. Ao menos, de pé sua perna não doía tanto quanto antes, mas sabia que se andasse, ela se manifestaria.

— Como que vocês vieram parar aqui? - Pergunta Arthur, olhando para o trio em seu estado completamente cansado.

— Caímos da cachoeira. - Jin responde, rindo sem jeito. - Sem querer.

— Na verdade, pegamos um atalho. Não o melhor, mas... - Falava Elesis. - Ao menos, conseguimos fazer o que queríamos.

— Entendo. - Olha para o estado de cada um, todos molhados, tremendo pelo o frio que começava a fazer naquele lugar. - Eu tenho algumas toalhas na mochila, querem para se secarem?

Elesis é a primeira a assentir, aliviada. Arthur abre sua mochila e entrega uma para ela, logo jogando uma para Jin. Até faria o mesmo pelo o Lass, mas ele estava sentado na beirado do rio, de costas para ele. Era um pouco assustador o jeito que o ninja o ignorava, e quando o olhava, era com seriedade. Era como se Arthur fosse um inimigo mortal para ele.

— Arthur, poderia secar este pergaminho? Seria um grande favor. - Pede Elesis ao esticar para ele. O loiro não discorda e pega, procurando alguma coisa para secar. - Obrigada.

Vai até Jin, perguntando se ele estava bem. O ruivo apenas diz que estava tonto ainda pela a queda na cachoeira. Elesis ri, tendo dito que ele ficaria bem após alguns minutos.

Chega perto de Lass, ele ainda de costas para ela. O ninja olhava para a água batendo em sua canela, as pernas dentro do raso do rio. Com a aproximação da espadachim, ele desvia o olhar para ela.

— Sua ferida já está melhor? - Pergunta com uma certa preocupação.

— Já estou melhor. Ainda está cicatrizando, mas logo acaba. - Apoia com os dedos sobre a ferida, sentindo uma cicatriz fina se formar. Era estranho sentir isso. - E você?

— Arthur fez um curativo na minha perna. - Abre um sorriso em satisfação, pela a dor que não sentia tanto. - Ele é um ótimo médico.

Não entende por que Lass vira o rosto para frente, tentando esconder sua seriedade. Elesis até perguntaria, mas prefere não fazer. Entender o ninja era muito complexo, principalmente quando ele cismava com alguém. Só não tinha tanta certeza que era do Arthur de quem ele estava com raiva.

Olha para as costas do rapaz quando suas cicatrizes começam a incomoda-la. O mesmo usava uma camisa branca, ficando praticamente transparente por estar molhada. Era bem visível ver as marcas que o circo deixou, agora com mais que antes. Suas costas eram como um tabuleiro de jogo da velha, cheio de rabiscos.

— Aqui. - Menciona Elesis. Tira a toalha que cobria seus ombros e coloca sobre os de Lass. Ele a olha à procura de uma resposta. - Se seque. Pode pegar um resfriado.

A ruiva sentia mais frio que ele, mas não admitiria. Seus cabelos continuavam a pingar, batendo em seu ombro e a arrepiando. Cruza os braços, sua pose de forte não parecendo tão convincente.

— Deveria vestir algo por cima. - Fala Lass, girando o rosto para frente novamente.

Elesis coloca a cabeça de lado em confusão. De repente, o ninja parece envergonhado, sem um motivo aparente. Até que a ruiva olha para seu próprio estado. Seu rosto esquenta quando percebe sua camisa molhada como ela, porém transparente o suficiente para deixar visível seus seios e roupa de baixo.

Cruza os braços sobre o peito e se afasta rapidamente. Agora entendia o porquê do Lass ter ficado sem jeito de repente. O mesmo valendo para Arthur quando olha para a ruiva, com os braços cruzados como se escondesse algo. Como um instinto, tira o próprio casaco e estica para ela.

— Valeu. - Elesis não nega, pega a vestimenta e a coloca rapidamente. Só pôde ficar aliviada ao fechar o zíper até o final.

— Então, o que farão agora? - Arthur consegue perguntar, seu olhar ainda desviado para o lado. - Irão embora?

— Se soubéssemos onde estamos. - Menciona Jin, olhando para à sua volta. Nada além de árvores e arbustos. - Nos perdemos do caminho.

— É... - Elesis percebe. - Lass, sabe onde estamos?

Com um rápido olhar para os lados, o rapaz nega com a cabeça. A espadachim soa frio quando percebe que nem mesmo Lass sabia o caminho. Já se sentia cansada pelas as longas caminhas que teriam que dar até sair dali.

— Se não tiver problema, eu posso guiá-los. - A voz de Arthur acalma o desespero de Elesis. - Conheço o local, poderíamos ir juntos.

— Seria muito bom! - Junta as mãos em agradecimento, seus olhos brilhando. - Você é um santo, Arthur.

Ao lado dele, Jin concordava, contente como Elesis. O mesmo sabia que não tinha senso algum de localização, por isso do alívio de alguém os guiar.

Entretanto, nem todos viam Arthur da mesma forma. Lass se levanta de seu canto e anda até o loiro, o encarando. É previsível vê-lo se encolher com o semblante sério que fazia.

— É bom nos levar para um caminho certo. - Fala Lass por entre os dentes. - Acho que consegue entender o que eu falo, certo?

— Lass! - Elesis o repreende, segurando-se para não o socar.

A ruiva não precisou defender Arthur quando ele abriu um sorriso em concordância. Elesis olha confusa, nunca tendo visto tal expressão no mesmo.

— Confie em mim, levarei vocês para o caminho certo. - As palavras saem com um certo deboche.

Só Lass percebe.

***

Leva tempo para Jin saber de onde vinha toda aquela negatividade que tanto o arrepiava. Logo à sua frente, Elesis e Arthur andavam juntos conversando, enquanto isso, Lass ficava ao seu lado. O ninja não falava uma sequer palavra, apenas encarava a dupla adiante. Tudo que Jin fazia era observar em silêncio.

— Lass, você tá bem? - Finalmente pergunta. - Parece que vai matar alguém.

O ninja o olha de relance, voltando a encarar a dupla com seus olhos frios.

— Eu não gosto dele, do amigo da Elesis. - Solta uma rápida explicação.

— O Arthur? Ele parece ser um cara tão legal. - Desmancha o sorriso quando Lass mostra sua indignação. Passa a mão na nuca, sem jeito. - Ele fez algo para você?

— Não diretamente. Todas as vezes que ele apareceu, sempre acontecia algo de estranho. - Sente seu corpo esquenta em raiva, talvez as chamas o queimando por isso. Ignorou. - Por exemplo, no ataque do Gerard. É muito suspeito.

— Já parou para pensar que pode ser uma grande coincidência?

Lass nega com a cabeça. Ele não acreditava em coincidências, principalmente naquelas que parecem serem suspeitas até demais. Jin era inocente, não conseguia ver a maldade nas pessoas como Lass enxergava. Era um instinto do ninja, que surgiu após a sua entrada no circo.

— Arthur, como a Elesis e o Gerard, é um Cavaleiro Vermelho. Pelo o que eu sei da história, Elesis foi a única viva disso, mas ironicamente, Arthur está vivo também. - Olha Jin. - Não acha suspeito?

— Falando assim, parece que ele esconde algo mesmo. - Dizia, coçando a cabeça. Não sabia no que acreditar. - Mas tente não pensa muito nisso, o garoto fez nada que você tenha provas. Relaxa, ok?

Era difícil ficar relaxado quando sentia-se ameaçado, além disso, por uma pessoa que fingia o que não era. Esses eram os piores, Lass nunca sabia quando eles diziam a verdade.

Manipuladores, disso que ele os chamavam.

***

— Por que essa cara? - Pergunta Elesis quando larga sua mochila no chão.

Lass não conseguia esconder sua expressão de insatisfação por aquela ideia. Já estava anoitecendo e não tinha chegado a lugar algum, continuavam na floresta. Arthur havia dito que seria perigoso se continuassem durante a noite, então seria melhor descansarem até o amanhecer.

Outra vez, Lass não gostava de nada que acontecia. E Elesis percebia isso.

— Eu preferia continuar o caminho. Não deve estar longe. - Acha uma resposta que não a irritasse. Elesis seria a primeira pessoa que brigaria com Lass por sua paranoia com Arthur. - Parar para descansar é bobagem.

— Ah, pare com isso. Ninguém é de aço como você, até mesmo eu. - Encosta a mão no peito, tentando não mostrar seu cansaço de tanto andar. - Precisamos descansar.

Prefere não debater, fingi concordar. Elesis era cabeça dura demais para entender o que pensava, ela agiria por impulso, e só depois de muita discussão ela ouviria. Seria perda de tempo.

Em todo o momento, Lass ficou distante do grupo, enquanto ajeitavam o lugar onde ficariam. Elesis ficou responsável pela a fogueira, que acabou pegando mais fogo do que o necessário. Jin teve que intervir para que a ruiva não pegasse fogo junto.

— O tempo está mudando. - O lutador menciona.

Lass para de pendurar as roupas na corda que tinha amarrado nas árvores. Todas suas vestimentas, como a de Elesis e Jin, tinham sido molhadas pelo o rio. O vento gelado que passa por eles confirma o que o ruivo tinha dito.

— Esqueci que essa parte de Canaban chove muito. É uma sorte ter tido sol de manhã. - Fala Lass. - Mas acho que não choverá hoje à noite.

— Tomará.

O céu que já escurecia e era tomado pelas as estrelas, logo se apagaria com as nuvens aparecendo. Um azar, pois o frio que sentiam aumentaria e uma simples fogueira não os aqueceria o bastante.

***

Toda vez que Elesis olhava para Arthur, lembrava de seu passado, e da tragédia. Estranhamente, não ficava triste quando isso acontecia, pois, o loiro fazia parte das lembranças boas, como Ronan fazia. Arthur foi seu primeiro amigo, foi o único em que esteve ao seu lado mesmo com tantos problemas que passou.

— Elesis, Elesis! Olha o que eu fiz para você! Espero que goste. - Aquela voz infantil a fazia sorrir toda vez que lembrava. - Pode não está bom, mas posso consertar depois.

— Oh, que bonito! - Reconhecia sua própria voz. - Muito obrigada, Arthur!

Então, tinha aberto um sorriso tão grande que nunca mais conseguiu fazer um igual.

O calor da fogueia a desperta. Estava sentada de frente para ela, encolhida nas próprias pernas para se aquecer. Tudo em sua volta tinha ficado escuro pela à noite, um silêncio que a incomodava mais que o normal.

Mas não se sentia insegura. Arthur estava ao seu lado, sua companhia a tranquilizando.

— Ultimamente, tenho viajado muito por causa do trabalho. - Explicava ele. - Nunca achei que seria um bom ferreiro, que todos quisessem minhas obras.

— Você sempre foi um bom ferreiro, Arthur. Seu pai via isso em você. - Diz Elesis, sorrindo.

— Acho que não. - Olhava para o chão, um sorriso fraco no rosto. - Meu pai dizia que eu era um inútil, que não tinha um lugar na Guilda. Ele me odiava.

— Pais são assim, rígidos. O meu era assim, algumas vezes.

— Você era uma garotinha, é claro que ele não te faria sofrer tanto assim. - A olha. - Elscud era bom demais para isso.

Elesis assente, não tão feliz quanto antes. Lembrar de seu pai, mesmo no bom sentido, era difícil. Seu peito pesava como seus olhos, lacrimejando. Balançou a cabeça e jogou isso fora.

— Papai era o melhor. Todos naquela Guilda eram. - Toma um pouco de ar antes de continuar. - Menos Gerard.

Elesis não percebe o incomodo que Arthur sente ao ouvir o nome do ruivo. Ele a olha, quieto, com medo de dizer algo que a ferisse. Fecha os punhos sem que alguém percebesse.

— Por que tem tanto ódio do Gerard? - Consegue perguntar, a voz quase falhando. - Eu sei o que ele fez foi cruel, mas já parou para pensar que ele devia ter um motivo para isso?

— Motivo? - Seu olhar de indignação se abria, mas se controlando. - Que motivo levaria Gerard a matar todos, e deixar apenas a mim? Nenhum, Arthur.

— Eu sei, mas...

— Não há motivo. - Volta a repetir, séria. - Nunca perdoarei Gerard, independente da razão. Ele merece morrer, e serei eu quem fará isso.

Existia diversos momentos em que Elesis se mostrava sem piedade, aquele era um deles.  Todas as vezes em que Gerard era mencionado, a ruiva mudava de personalidade rapidamente. Era incrível como aquilo era um gatilho para tira-la do sério.

Após isso, Elesis e Arthur não conversaram mais, ficaram olhando a fogueira à sua frente. Distante deles, Jin tinha se deitado e usado sua mochila como travesseiro, dormindo em um sono profundo. O ruivo estava exausto daquele dia.

Mas Lass, não. O ninja tinha se encostado em uma árvore e ficado sentado ali o tempo todo. Como Jin, também não tinha mais energias e a qualquer momento apagaria em exaustão, porém isso não aconteceria até ver Arthur dormir e deixar a espadachim descansar.

— Está doendo. - A voz de Elesis o desperta. Olha atento para onde ela estava, vendo a mesma verificar sua perna ferida. - Deveria passar algo?

— Não é preciso. Mas tenho uma poção que irá passar a dor. - Menciona Arthur, puxando sua mochila para perto. - Tome ela e descanse, será o melhor a se fazer.

Elesis não parece muito feliz quando o copo com a poção é esticado para ela. A ruiva engole seco e aceita, bebendo tudo de uma vez. Era azedo como esperava, como a maioria das poções de cura eram.

Devolve o copo a Arthur e cai de costas no chão, seus cabelos se espalhando pelo o gramado. Observa o céu, que se tornava nublado com o tempo. Faz o que o rapaz falou, fecha os olhos e descansa o corpo exausto. Precisava dormir se quisesse estar melhor para o outro dia.

O mesmo em que mais precisaria energia em toda sua vida.

***

Elesis já não estava mais aguentando, vira-se de lado e espera que seu enjoo parasse. Não acontece, apenas piora com o tempo. Sua cara estava completamente fechada pela a sensação que sentia. Não demora muito para sentir uma queimação por dentro, sendo insuportável para a mesma.

Ao abrir os olhos, esperou ver a claridade da fogueira, porém já tinha se apagado. Estava um completo breu, e no céu não havia uma sequer estrela para ilumina-la. Elesis piora quando não enxerga seus amigos. Sabia que Arthur estava ao seu lado, mas sua ajuda não poderia ser o suficiente.

— Que sensação horrível! - Pensa, quase entrando em desespero.

Logo sua visão se acostuma com a escuridão que consegue enxerga a silhueta de certas coisas. Arrasta-se ao ver sua mochila, a pegando para tentar achar algo que a fizesse melhorar. Não havia nada, sua cabeça já rodopiava pela tontura. Precisava pensar rápido.

Sem perceber, olhava para a mesma direção em que Lass estava deitado. Consegue enxergar o corpo do rapaz sentado contra a árvore, adormecido como todos. Por um momento, se passa na cabeça da ruiva em pedir sua ajuda, mas outra apenas pretende ficar calada. Não se decidia.

— As chamas... - Pensa.

Do mesmo jeito que foi para perto de sua mochila, foi até Lass. Arrastava-se, então engatinhava com mais pressa. Temia que batesse em algo no caminho, já que sua visão era quase nula.

— Lass. - Sussurra ao, finalmente, chegar perto. - Ei, Lass.

A tontura aumenta por um tempo, precisando abaixar o rosto para aguentar. Seu corpo queimava por dentro, principalmente na sua perna ferida. Somente agora percebia o motivo de estar assim. Provavelmente, a poção que Arthur a deu, para curá-la. Esse devia ser seu efeito colateral.

— Lass. - Chama outra vez, sentindo que desmaiaria a qualquer momento.

— Hum. - O ninja resmunga.

— Acorda. Eu preciso da sua ajuda.

O rapaz vira o rosto de lado e volta a dormir. Elesis range os dentes, o cutucando desta vez.

— Acorda. Estou falando sério, estou me sentindo mal. - Quase implorava pela a atenção do mesmo.

Após várias cutucadas, Lass a olha, abrindo os olhos lentamente. Leva um tempo até o rapaz enxerga-la, entendendo que aquilo não era imaginação sua. Mesmo no escuro, conseguia ver a expressão fechada da ruiva, que parecia estar morrendo em agonia.

— O que foi?

— Eu não sei. Meu corpo... - Apoia a mão no peito, a sensação de queimadura naquela região. - Não me sinto bem.

— É o machucado?

Elesis nega. É impedida de explicar ao se sentir mais tonta. Apoia a mão na testa, os olhos fechados por um tempo, até que passasse.

— Você não parece nada bem. - Encosta com sua mão no rosto da espadachim. Não estava quente para ter febre, mas suava frio. Seu corpo estava fraco, a ruiva caindo a cabeça de lado contra sua mão, a usando como apoio. - Vou pegar uma poção pra você.

Quando se movia para levantar, Elesis agarra sua mão contra o rosto dela. Espera ela dizer algo, mas não diz nada, a mesma continua o usando como apoio.

— As chamas. - A ouve sussurrar. - Seria bom agora.

— Você quer que eu te cure? - Olha surpreso, depois de tantas negações. - Com as chamas?

Ela assente, sendo uma difícil tarefa quando se estar enjoada. Abre os olhos cansados como em imploração.

— Por favor. - Pede com gentileza.

Sua mão é solta, Elesis esperando sua resposta. É óbvio que o rapaz não negaria, ele assente com um pequeno sorriso. Sempre ajudaria a ruiva quando ela precisasse, não importa o quê.

Sem falar nada, Elesis se aproximar, jogando seu corpo contra Lass. Exausta, não se moveu após isso, apenas o abraçou para não cair de lado. Bota seu rosto de lado sobre o ombro do mesmo, confortável naquela posição.

Lass estica as mãos para abraça-la, ficando um bom tempo decidindo se fazia isso ou não. Com um certo receio, abraça a ruiva, não querendo que ela se sentisse insegura enquanto passava mal. Após isso, fecha os olhos e deixa o poder das chamas deslizar por seu corpo, e pelo o de Elesis. Não houve brilho para iluminar a escuridão em que estavam, mas o calor que sentia era o bastante para mostrar a presença das chamas.

A sensação de mal-estar passa lentamente, Elesis relaxando o corpo quando sua cabeça para de girar. Fecha os olhos, sorrindo com tudo aquilo indo embora. O calor das chamas a deixava assim, em um estado que não sabia explicar. Era um sentimento bom, viciante.

— Obrigada. - Agradece, seu sorriso ainda permanecendo.

Sem jeito, Lass assente. Passa a mão nos cabelos da mesma, a sentindo relaxa cada vez mais. Quando percebe, a ruiva tinha adormecido e seus braços continuavam entrelaçados no ninja. Aquela era uma situação que o fazia ficar nervoso, poder perder o controle das chamas se houvesse algum deslize.

Mas nada disse aconteceu. Por causa de Elesis, Lass não tinha um motivo para perder o controle das chamas.

***

Tinha sido mais outro dia cansativo, que durou quase uma semana. Esteve longe de uma cama ou qualquer coisa que fosse confortável para dormir. Suas costas doíam pelo o peso que a espada fazia, junto com seus braços que tanto a empunharam. Sem mencionar seu ombro, a dor que tanto o incomodava por anos. Só pararia com uma grande dose de medicamento e poções feitas por seu parceiro, então um longo cochilo que duraria por dias.

Era tudo que queria.

— Arthur! - Chama Gerard.

O ruivo para na entrada da casa que tinham alugado; mais uma para ser considerada como lar e depois abandonada. Não ouve uma resposta. Estranha o silêncio profundo que fazia no local, sem nenhum som além de sua própria respiração.

— Arthur, está em casa?! - Grita outra vez.

Nada. Dessa vez, solta um estalo com a língua e se move. Solta sua pesada espada no chão e sai entrando nos cômodos. Em todos que foi, não encontrou Arthur. Subiu para seu quarto, esperando ver o loiro adormecido, mas se enganou. Tudo estava bem arrumado para alguém que voltaria a bagunçar novamente.

Gerard voltaria a procura-lo, porém percebe uma carta sobre a cama de Arthur. No começo, estranha uma mensagem deixada para ele, sendo que poderia ser dito pessoalmente. Rasgou o envelope de vez, sem paciência para pensar o porquê de ter uma carta para ele.

Leu com a expressão fechada. Nas primeiras palavras, sua face se ameniza, logo se tornando pasma. Quando termina, demora para reagir outra vez.

Amassa a carta e sai correndo para fora do quarto. Seu corpo estava cansado demais para sair de casa e seguir mais uma longa jornada, mas seu desespero falava mais alto. Eram poucos momentos em que se sentia assim, com medo. Não por si próprio, e sim por outra pessoa.

— Idiota! - Grita em desabafo antes de pegar sua espada e, assim, sair da casa.

***

Mexeu seu rosto para o lado, ajeitando-se. Solta um suspiro, tentando voltar ao seu sono, porém não conseguindo. É obrigada a acordar, abrir os olhos para mais um dia. Não gostaria de levantar tão cedo, mas era preciso.

Fica preguiçosa quando o calor que a abraçava a aquecia com conforto. Perdia outra vez a vontade de levantar, ficando um bom tempo assim. Estranha ao ouvir um resmungo perto de seu ouvido. Antes que se movesse, lembra que não era o gramado em que estava deitada.

Elesis se move lentamente, desencostando do que tanto a esquentava. Engole seu próprio grito de susto ao perceber que era Lass, surpresa ao ter esquecido desse pequeno detalhe. Fica envergonhada consigo mesma em lembrar que tinha pedido para o mesmo por isso, para que usasse as chamas para tirar seu mal-estar. Mas para isso, precisava de contato, e a ruiva estava cansada demais para se importar com isso.

O rapaz move o rosto para o lado, resmungando algo enquanto despertava. Elesis entra em desespero ao ver o ninja prestes a acordar, e ter que vê-la ali. Pretendia levantar e se afastar antes disso, porém nota que estava sentada entre as pernas de Lass, sendo impossível de sair dali sem que ele percebesse.

— Hum?

Volta sua atenção a Lass. O mesmo já tinha despertado, a olhando com sua expressão cansada de sono. Não diz nada ou expressa, espera que ele dissesse algo primeiro. Gostaria de ignora-lo e se afastar, o que evitaria uma conversa, provavelmente, vergonhosa.

— Sente-se melhor? - É a primeira coisa que pergunta.

— Hã? - Olha confusa.

— Sobre aquilo de ontem, que você estava se sentindo mal. Está melhor agora?

Elesis compreende a preocupação que Lass tinha logo naquela hora da manhã. Ele não se importava se estava próxima da espadachim daquele jeito, ou se dormiu junto a ela. Só queria saber sobre sua saúde.

— Sim, estou melhor. - Assente, sorrindo um pouco. - Obrigada.

O rapaz abre um sorriso calmo com a resposta. Sobretudo, o bem-estar da ruiva. Era para Elesis se irritar com sua preocupação sem sentido, mas era ao contrário, até se sentia bem assim. Tinha vezes que a atenção de Lass sobre ela era confortante.

Esconde seu sorriso que queria abrir ao levantar, sem mais vontade de ficar perto daquele jeito em Lass. Sente o olhar do rapaz a seguir enquanto se afastava, procurando alguma para fazer naquele momento. Felizmente, como tinha pedido, ver Jin despertar aos poucos. Aproxima-se do mesmo para conversar, tentar esquecer do nervosismo que sentia.

A expressão calma de Lass some quando ouve a voz das chamas dentro de si. Provocações e mais provocações, tudo que não queria ouvir logo naquela hora da manhã, após ter despertado de uma forma que sempre gostaria. Elesis não tinha gritado ou se afastado quando o viu despertar, ela apenas conversou como se fosse normal para ela. Pensando assim, o ninja ficava feliz, sabendo que a ruiva não já tinha tanto rancor dele desde daquele dia.

Por um momento, as chamas param de falar, ou simplesmente consegue ignora-las por completo. Sua atenção é virada totalmente a Arthur, que despertava, virando seu corpo de lado. Lembra da noite passada, do mesmo entregando uma poção para Elesis beber, para curar sua ferida. Desconfiava que o estado da espadachim só piorou por causa daquilo, não havia outro motivo.

— Sabe, você tá muito irritado. – Menciona as chamas, somente agora ouvindo sua voz. – Se continuar assim, vai acabar me usando sem querer.

Lass vira o rosto para frente quando Arthur se sentava, sentindo o olhar do ninja sobre ele.

— Ótimo. – Sussurra sem preocupação.

***

Todos tinham acordado, levantado e pegado suas coisas. Já tinham saído do local onde tinham passado a noite, agora, seguiam o caminho mais uma vez. Arthur os guiava, enquanto Lass mantinha a distância. Continuava a andar atrás, sua mão apoiada no cabo da katana para qualquer perigo que sentisse; ironicamente, vindo de Arthur.

Entre os três à frente, quem mais sentia esse sentimento de desconfiança em Lass, era Jin. O ruivo olhava algumas vezes sobre o ombro, conferindo se o ninja estava mesmo seguindo o mesmo caminho que eles. Ainda não entendia a raiva que o rapaz sentia por Arthur, também nem tentava entender, seria complicado como um mapa para ele.

Seu corpo trava no lugar quando ouve um barulho vindo da mata. Todos fizeram o mesmo, porém haviam dois que não continuariam travados. Nem percebe quando Elesis e Lass param na sua frente, suas mãos já em ação para retirar a lâmina das armas.

Como Jin, Arthur ficou parado no lugar, seu sangue gelando ao ouvir aquele barulho. Segura firme a garrafa de água, tenso. Seu corpo só pôde ficar relaxado ao ver um pequeno coelho sair dos arbustos, um ser inofensivo para o loiro. Solta um suspiro com um sorriso falhado em meio a isso. Não era o que pensava ser.

Lass e Elesis fazem o mesmo, tiram as mãos das armas ao ver o animal. Quase riram juntos quando percebem suas expressões de ameaça para um coelho tão inocente como aquele.

— Me sinto uma idiota em ter achado alguma ameaça em um coelho. – Comenta Elesis, passando a mão na nuca.

— Você não está sozinha nessa. – Arthur fala, rindo junto com ela.

Tudo parecia voltar ao normal, menos para Jin. O ruivo tinha travado em seu lugar, mas não tinha saído dele mesmo após ver o coelho. O que o incomodava agora não era uma possível ameaça, e sim por Elesis e Lass terem sido os primeiros a se moverem. Nunca tinha percebido isso, mas sempre foram eles que estavam à sua frente, para se arriscarem e lutarem no seu lugar.

Abaixa o olhar. Em todas missões, mesmo quando não estava, Elesis e Lass eram sempre os mais machucados. Eles eram fortes, enfrentaram muitas coisas e mesmo assim, continuavam de pé. Jin tinha inveja deles, de suas coragens e forças. Queria poder ser assim, ser o primeiro a dar o passo à frente.

Mas nunca conseguiria, pois, Elesis e Lass são capazes de arriscar tudo para conseguirem o que querem.

— Vamos, Jin. – A espadachim o chama, tirando dos pensamentos. – Relaxa, um coelho não te fará mal.

Abre um sorriso forçado pela a risada da ruiva. Sai de seu lugar e os segue, agora em silêncio.

— Você parece assustado. – Arthur menciona, Jin olhando sem entender. É esticada a garrafa de água. – Beba um pouco.

— Não precisa, estou bem. – Sacode as mãos em negação.

Não consegue negar por muito tempo, estava com sede, aliás. Pega a garrafa e bebe um pouco, assim vendo o olhar de Lass sobre ele. Estava fazendo algo de errado?

— Pra você também, Elesis. – Entrega uma garrafa para ruiva, que agradece.

Aquele ato de bondade que o loiro tanto demonstrava era tudo mentira, pensava Lass. Seu olhar consegue ficar mais sério quando é sua vez de pegar uma garrafa também. Arthur espera ele pegar, não mostrando temer a expressão fechada do mesmo.

— Estou bem, não preciso. – Fala com as poucas palavras.

— Para de ser chato e bebe logo. – Elesis pega a garrafa da mão do loiro e joga contra Lass. Ele pega, mas não passa disso. – É só água.

— Pode ser mais do que água. – Fita o rapaz, quase o fuzilando com o olhar.

— Se acha que coloquei algo, posso provar que não. – Diz Arthur, pegando a garrafa de suas mãos. Abre e bebe sem hesitar, alguns goles sendo o bastante para provar que não havia nada para se preocupar. Estica a garrafa outra vez para Lass. – Viu?

Aquilo não mudava a desconfiança que o ninja continuava a ter por ele, sua expressão séria mostrava isso. O fato que fez ele aceitar a água não foi por Arthur ter provado que não havia veneno, e sim a irritação que Elesis começava a ter. Solta um suspiro e pega a garrafa como em um tapa.

O sangue da ruiva só parou de ferver quando ver o rapaz bebe um pouco da água, por mais ingrato que ele parecesse.

— Então, para qual caminho agora, Arthur? Ainda estamos distantes da cidade? – Pergunta a espadachim. Não ficava confortável quando olhava para o céu e viu as nuvens começando a cobri-lo. Queria estar sob um teto quando a chuva caísse. – Não estou muito disposta a continuar andando por muito tempo.

Não era por sua ferida, que por sinal, tinha melhorado bastante desde que acordou e a viu. Devia ter sido a poção de Arthur que fez isso. Mas mesmo sem sentir as dores, temia que elas pudessem voltar, e pior.

— Não estar tão distante. Chegaremos lá logo. – Fala, tomando o caminho.

Voltam a segui-lo, esperando chegarem logo na cidade e poderem descansar tranquilamente. A floresta começava a ficar mais fria com o passar do tempo, e com as nuvens aumentando. Elesis cruza os braços sobre o peito, apertando o casaco de Arthur para se aquecer.

— Elesis, pode ser um pouco indelicado da minha parte perguntar, mas... – Falava Arthur, suas mãos afundando nos bolsos da calça. – Você se lembra de algo daquele dia?

— Daquele dia? – Olha confusa.

— É, sabe... O dia em que todos se foram, quando Gerard... – Para de falar ao ver a ruiva entender, e se incomodar por isso. – Para mim, é como se fosse ontem. É difícil esquecer.

— Não posso dizer o mesmo. – Falava cabisbaixa. – Não tenho uma lembrança certa do que aconteceu exatamente, só sei como acabou para mim. Lothos vive falando que as minhas falhas de memória são por causa do trauma que eu tive. Mas eu não acho isso.

— Por quê?

— Porque as minhas memórias foram tiradas por Gerard. – Sua irritação começa a surgir, percebe Arthur. – Eu tentei o atacar, só que... Ele atacou primeiro. Um golpe na minha cabeça e foi o bastante para me apagar, e perder algumas memórias. – Suspira. – Mas em compensação, tenho alguns pesadelos e acabo lembrando de algumas coisas que esqueci.

— Entendo. – Sua voz pesa. Antes de continuar a falar, respira fundo, tomando coragem. – Mas e se eu dissesse que nada disso foi culpa do Gerard, e sim de outra pessoa.

Lass tinha voltado a ficar andando ao fundo. Não tirava sua atenção de Arthur e Elesis conversando, principalmente quando ouviu o nome de Gerard no meio. Não diz nada, observa em completo silêncio. À sua frente, Jin não parecia fazer o mesmo, o ruivo estava perdido demais em seus próprios pensamentos.

— O quê? – Elesis pergunta. Demora para reagir à pergunta de Arthur. – Como assim?

— Por favor, apenas me escute. Tudo que Gerard fez foi por um bem maior. – Explicava em completa tensão. Não conseguia nem ao menos olhar para a ruiva. – A morte de todos não foi em vão.

— Do que você está falado, Arthur? – Começava a olhar assustada para o loiro.

— Gerard não é que você pensa. Ele é bom, nunca pensou em fazer alguma maldade. – Finalmente, consegue a olhar. – Por isso que estou aqui. Quero poder fazer você mudar de ideia em relação a ele.

Os passos de Elesis diminuem, até parar em completo desentendimento. Arthur para alguns passos à frente, de costas. Vendo eles assim, Jin e Lass param também, confusos.

O ninja já não conseguia mais ficar parado, precisava se mover. Quando deu o primeiro passo, sua visão começa a ficar turvar, sua cabeça a girar. Apoia a mão na testa, segurando-se de alguma forma. Não entende de onde vem aquele mal-estar, seu corpo enfraquecendo ao mesmo tempo. Tudo que consegue fazer é olhar para Elesis e seus cabelos ruivos bem chamativos.

Sacode a cabeça, querendo que aquilo passe logo. Chamaria Jin, que estava perto, mas não consegue. Aquela sensação de queimadura no peito era um grande incomodo. Parecia Elesis na noite passada, após tomar uma das poções de Arthur.

Seus olhos não piscam quando percebe o que acontecia. Estava do mesmo jeito que Elesis, com tontura e uma queimadura no peito, que aumentava cada vez mais. Como a ruiva, tinha tomado algum veneno em específico de Arthur, e no seu caso, era a água. O loiro tinha tomado como ele, porém deveria ter algo em seu corpo para que a poção não o atingisse.

— Elesis, saia de perto dele. – Tenta falar, mas sai como um sussurro falho.

A ruiva só não tinha morrido pela a porção por causa das chamas que Lass usou nelas. Precisava fazer o mesmo consigo, porém salvar Elesis primeiro.

— Arthur, você está me assustando com esse papo estranho. – Menciona Elesis. – Pare com isso.

— Vou fazer essa pergunta só uma vez. – Fala com um tom frio. – Elesis, venha comigo e te provarei que Gerard é uma boa pessoa. Tudo que você precisa saber, será dito lá.

Não aguentava mais, a ruiva range os dentes e o fita séria. Toda aquela conversa repentina a irritava, e muito. Fecha os punhos, segurando-se para não ataca-lo.

— Não vou a lugar algum com você, muito menos para saber do Gerard. Você sabe a minha decisão, porque continua a tentar muda-la? – Pergunta com a voz arrastada.

Arthur a olha por um tempo, então assente solene. Não entende por que ele fica com aquele olhar ferido de repente, virando-se para a ruiva.

Elesis estranha quando Lass chega ao seu lado, a mão firme na katana. Ele parecia cansado, bastante para continuar de pé. Quando vai dizer algo, é impedido.

— Se essa é sua decisão, então esta é a minha. – Diz Arthur antes de retirar uma faca do bolso.

Ele avança rápido, a ruiva com a guarda baixa para desviar. Parecido com ela, Lass já sentia seu corpo cair para trás pela a fraqueza, odiando-se não conseguir dar um passo à frente. Sua mão escorrega do cabo da katana, impotente de usa-la para salvar Elesis.

Arthur avança com a faca abaixada, quando próximo, a ergue em diagonal, assim pegando o ataque em uma área maior. Seu coração batia forte, principalmente quando ver a ruiva parada no lugar. Fez tudo aquilo bem rápido, só percebe quando acaba ao sentir o sangue quente em sua mão.

Porém, não de Elesis.

A espadachim não se moveu, mas, em um momento, ela é puxada para o lado, assim Jin entrando na frente. O lutador não faz nada depois disso, apenas recebeu o corte no peito e rugiu em seguida. Tudo aconteceu em segundos, mas na visão da ruiva, horas.

A linha vermelha é formada na diagonal em seu peito, manchando sua camisa aos poucos. Jin olha a ferida, então sente a dor que não consegue expressar. Seu corpo enfraquece e cai para trás. Atingi o chão, sem ninguém para confortar sua queda. Elesis estava chocada demais, Lass enfraquecido. Não demorou para o ninja recuar alguns passos quando não aguentava mais a tontura, caindo sentado, esforçando-se para não deitar.

— Jin. – Elesis o chama, o ruivo o que mais a preocupava. – Jin!

Cai de joelhos ao lado do ruivo, puxando seu corpo fraco para perto. O abraça, sentindo seus batimentos bem fracos.

— Não queria ficar mais atrás. – Murmura Jin, Elesis o olha sem entender, porém preocupada. – Queria poder ser útil.

— Tudo bem, Jin. Não se preocupe, estou aqui.

Era tudo isso que o ruivo mais queria, poder ficar na frente junto com Elesis e Lass. Estava cansado de ser protegido, de não arriscar por medo. Quando viu essa oportunidade, de finalmente agir como eles, é atingido. Não era para ser assim, achava que faria diferença.

— Não estará por muito tempo. – A voz de Arthur a assusta. O loiro tinha perdido toda sua gentileza após aquilo, tudo que restava era sua crueldade. – Ele não era para ser atingido, entrou na frente porque quis.

— Por que fez isso?! – Grita a espadachim mais preenchida pela a surpresa do que a raiva. Ainda achava que tinha sido uma ilusão o que viu. – Responda, Arthur!

— Te dei a chance de responder corretamente, mas você errou. Vim aqui por um propósito, e se eu não conseguir, tentarei de outro jeito. – A ruiva o via falar, mas não acreditava que era Arthur quem dizia, parecia outra pessoa.

— Elesis, não o escute. – Por um momento, tinha esquecido de Lass ali. O ninja estava caído no chão, seu rosto mostrando que algo não estava certo com ele. – Eu resolvo isso.

Arthur não debocha ou faz piada da tentativa inútil do rapaz levantar. Lass se apoia na própria katana, esforçando-se ao máximo só para poder ficar de pé. E após alguns segundos, fica de pé, embora parecesse desmaiar a qualquer instante.

— Sempre achei que fosse inocente demais para alguém que já conheceu Gerard. – Diz Lass, irritado. – Provavelmente, deve ser algum amiguinho dele.

— Bem que Gerard falou para eu ter cuidado com você. – O tom de Arthur era bastante calmo, como se ignorasse tudo que acontecia à sua volta. – É observador demais.

Lass não agradece pelo o elogio, apoia a mão no cabo da katana e esperou que suas forças voltassem. Não iria usar a chamas na frente de Arthur, ele poderia tentar algo contra ele por isso.

— Para! – O grito de Elesis chama a atenção de ambos. O corpo mole de Jin pesava em seus braços, como tudo que sentia. – Parem com isso! Parem de falar dele!

— Elesis, entenda que sua raiva é sem motivo algum. – Fala Arthur. – Volto a repetir, Gerard é uma boa pessoa. Se não fosse por ele, eu estaria morto, ou pior. Gerard me acolheu e me mostrou quem ele era de verdade. Agora só falta você.

— Cala a boca! – Grita, mas em um tom diferente. As chamas de Elesis a cobrem, sua face contorcida pela a raiva. A ruiva tinha chegado no seu limite, não aguentava mais ouvir o nome daquele homem. – Você está inventando! Gerard o obrigou a fazer isso!

Pela a primeira vez, a raiva da ruiva não deixa Arthur intimidado. Simplesmente, não é afetado. O loiro não retruca uma resposta, conversar com Elesis era perda de tempo, principalmente quando a mesma estava irritada; a conhecia bem.

Sacode a cabeça, um sinal de decepção. Gira a faca em sua mão, em seguida é arremessada contra o ombro de Lass. O ninja rugi e volta ao chão.

— Se Gerard tivesse me controlando, ele nunca mandaria eu ferir o garoto das chamas. – Ele responde, frio. – Você pode não saber quem Gerard é de verdade, mas sabe que ele nunca faria isso com uma coisa que ele julgue importante.

Elesis não percebe sua própria cabeça negar aquilo. Seu sangue fervia em fúria, mas não era o bastante para força-la a se mover do lugar. Arthur era importante para ela, não era um inimigo qualquer que ela atacaria sem pensar duas vezes.

O aperto na sua camisa a chama a atenção. Abaixa o olhar para Jin, sua bochecha já manchada pelo o sangue que escorria do canto de sua boca.

— Elesis, você precisa correr. – Pede o ruivo, a dificuldade visível enquanto falava. – Rápido.

Não responde, volta a olhar para Arthur. Não correria para longe e deixaria seus amigos para trás, nem porque conseguia se mover direito.

— Seu amigo morrerá do mesmo jeito. – As palavras do loiro são secas para machucar a ruiva. Ela abre um olhar em indignação. – Venha comigo e garanto que eu o curo. Tudo que precisa fazer é me ouvir.

— Não. – Sussurra, então grita em repetição. Não sabia qual era a emoção que a controlava agora.

— Por favor, Elesis. Pare de ser teimosa, ao menos uma vez na vida. – Dessa vez, Arthur olha irritado, sem paciência. – Vai dizer que não está curiosa pela a morte de seu pai? Põe toda a culpa em Gerard, mas nem sabe a verdadeiro história por trás disso tudo.

Existia momentos em que o limite da pessoa estourava e fazia algo em seguida sem perceber, principalmente em ódio. Elesis sempre foi assim, agora não era diferente. Quando o assunto era seu pai, ela ficava triste, porém se houvesse Gerard no meio, ela entrava em um estado além disso.

Jin é colocado no chão com cuidado, o calor de Elesis se afastando repentinamente. A ruiva fechou os punhos e correu contra Arthur. O loiro tenta desviar, mas o ataque o acerta antes que conseguisse. É ativado o berserk, sendo assim, o soco desferido foi o suficiente para arremessar o rapaz para longe.

— Elesis, pare. – Pede Lass.

A espadachim o ignora e corre para a direção que Arthur foi jogado. O ninja tenta ficar de pé para ir atrás da mesma, mas sua tontura aumenta, o fazendo voltar ao chão.

Não aguentava mais aquilo, precisava acabar de uma vez por todas. Antes que seu corpo começasse a queimar, as chamas azuis o contorna. O veneno que corria em suas veias é esquentado, aquecendo seu corpo.

— Rápido. – Rosna para elas. A dor aumentava com o tempo, mas era preciso.

Sentia que poderia apagar a qualquer momento pelo o calor do corpo aumentando, achando que o solo se racharia por ele. Sua tortura dura alguns minutos, que pareceram eternos. Quando já acabava, seu corpo começa a esfriar e voltar à temperatura normal.

A sensação some, Lass ficando de pé em seguida. Com firmeza, segura sua katana e traça um caminho a seguir atrás de Elesis.

No entanto, não fez isso. Corre até Jin, agachando-se ao seu lado.

— Ei, está me ouvindo? – Pergunta Lass, agora entendendo o motivo de tanta preocupação que a ruiva tinha. O corte era profundo, a camisa já estava da cor dos cabelos do dono.

— Elesis... – Murmura, a voz mais fraca. Seu rosto já começava a empalidecer. – Vá atrás.

— Preciso te salvar primeiro. Aguente um pouco.

Jin não consegue falar mais, seu rosto se fecha pela a dor que sentia. Aperta a mão na camisa, sobre a ferida. Não estava aguentando mais, sua consciência logo se apagaria.

Era difícil para Lass, ver seu amigo impotente como agora. Estica as mãos e deixa as chamas a cobrir. Já se preparava para encostar na ferida, assim salvar Jin.

Sua mão para no caminho pela a voz das chamas em aviso.

— O que está fazendo?! Vai mata-lo assim.

— Por quê? Já fiz isso na Elesis, vai funcionar com ele também.

— Elesis já está acostumada a ter meu poder nela, esse garoto não. Ele não vai aguentar, principalmente por estar fraco demais.

— Ele vai morrer de qualquer forma! – Grita desesperado.

— Sim, e você só vai fazer ele sofrer mais quando me usar nele. Não faça isso, Lass!

O ninja pretende ignorar, já confiante de sua decisão. Mas quem o impede dessa vez não são as chamas, e sim Jin. O ruivo segura seu pulso, sem dizer nada, apenas com o olhar. Implorava para o ninja ir atrás de Elesis, mesmo que seu estado fosse pior.

— Vou ficar bem. – Reuni um pouco de palavras e fala. Dá uma leve empurrada no peito do rapaz. – Vá. Ela está precisando de mais ajuda que eu.

Lass não era capaz de deixar seu amigo para trás, não enquanto o via daquele jeito, quase morto. Se fosse, ajudaria Elesis, mas Jin morreria; ao contrário, seria Elesis que poderia morrer e, mesmo que tentasse, Jin.

Olha espantado para a direção do grito que ouve. Era a ruiva. Pelo o que entende, não era por raiva, e sim em dor. Lass sente o desespero da espadachim, da ajuda que ela estava precisando.

Olha para Jin e concorda, tristonho.

— Aguenta mais um pouco, eu já volto. – Fala antes de partir.

***

Após ter atingido Arthur, Elesis continuou a avançar. Não tirou a espada da bainha, não sentia a necessidade para isso, seus punhos já eram o bastante. Arthur não era um oponente forte, pensava, qualquer ataque que fosse dado, ele cairia facilmente.

Avista o mesmo à frente, já se erguendo. Ainda domada pela a fúria, avança com suas chamas. Arthur nota sua estratégia, tirando um vidro de poção do bolso, então quebrando em sua mão. O líquido se torna uma fumaça verde, cobrindo a área onde o mesmo estava. Elesis não consegue escapar quando entra na cortina de fumaça junto, olhando rapidamente para os lados para achar Arthur.

Quando o percebe, já caía para fora da fumaça por um ataque em suas costas. Rola pelo o chão e se ergue, virando-se em direção ao contrária. Só teve tempo de pôr os braços na frente em proteção e firmar os pés nos chãos após a explosão pela a bomba arremessada. Seu corpo arrasta alguns metros para trás, seus antebraços queimando pelo o calor da bomba. Ao abaixa-los, é surpreendida por Arthur. Recebe um chute contra o peito e volta a rolar pelo o chão, ficando ajoelhada para recuperar o fôlego.

— Por que está fazendo isso? – Pergunta, ainda ofegante.

— Já disse que vim para provar que Gerard é inocente. – Dizia enquanto pegava outra faca do cinto. – Mas como você não acredita, terei que te eliminar.

— O quê?! – Olha assustada.

— Gerard não está em mais condições para continuar a lidar com você, Elesis. Ele tem coisas mais importantes para fazer, mas com você no caminho, não dá. – Aperta o cabo da faca, nervoso. – Então, ou acredita em mim ou... Já sabe a consequência.

Elesis balança a cabeça, sem acreditar no que via. Arthur estava insano em agir daquele jeito, qualquer um via isso nele. Não poderia simplesmente lutar contra ele ou ouvir o que tem a dizer, precisava fazer outra coisa.

— Você está louco. – Diz Elesis. – Gerard fez sua cabeça, só pode.

— Pare de falar isso! – Grita, irritado. – Acredite no que eu digo! Gerard é uma boa pessoa, posso te provar isso.

— Não tem o que provar, não tem como consertar o que ele fez. Ele só está te usando, Arthur!

Era por isso que sua decisão não mudaria, era preciso matar Elesis de uma vez por todas. A ruiva era muito cabeça dura para isso, ela nunca entenderia o que tinha para dizer. Precisava elimina-la, senão, o estado de Gerard pioraria e a espadachim conseguiria o que tanto queria.

Era uma decisão difícil a se tomar, mas que já tinha sido decidida.

— Desculpe por isso, Elesis. – Murmura.

A ruiva não entende o que diz, mas pouco importa quando o ver avançar. Fica de pé e tira sua espada da bainha, preparada para qualquer ataque. Como era de se esperar, os golpes de Arthur não são como de um guerreiro, mas era o suficiente para fazer a espadachim recuar e se preocupar em ser ferida.

Em segundos, a imagem de Arthur sério à sua frente muda, para sua versão criança. Elesis arregala os olhos, aquele sorriso puro no rosto do garoto a atingindo fortemente. Então a imagem volta para o tempo atual, o punho do loiro voando contra sua cara sem que notasse. Cai de costas no chão, sua face dolorida pelo o ataque.

— Foi Gerard quem me salvou naquele dia. Se não fosse por ele, eu teria sido abandonado. – Falava Arthur. – Teria morrido. Agora me diga, alguém tão ruim faria isso? Seria capaz de sacrificar a isso mesmo pelos os outros?!

— Ele só está te manipulando. – Fala enquanto levantava. – Gerard sempre fez isso.

— Então a amizade que ele tinha com seu pai era tudo mentira? – Olha irritado.

Os lábios de Elesis se apertam, sem uma resposta certa para dizer. Lembra da cena do corpo de seu pai estirado no chão e Gerard à frente dele, sem remorso.

— Eu não quero te machucar, Arthur. – É tudo que consegue falar. – Você é meu amigo, não quero te ferir por uma bobagem dessas.

— Bobagem? – Sussurra, indignado. – Então é uma bobagem o fato de seu amigo estar morrendo, então. Com aquela ferida, não durará muito.

O corpo da espadachim estremece quando lembra de Jin. Havia um pouco do sangue dele em suas roupas, o que deixava tudo desconfortável. Sentia uma enorme vontade de sair correndo para ajuda-lo, mas teria Arthur no caminho para impedir. O loiro estava determinado em feri-la de qualquer jeito.

— O que você quer com isso, Arthur? – Pergunta. – Ferir meus amigos e a mim. O que quer de verdade?

— Que entenda Gerard. Todo esse tempo, estive ao lado dele, o conheço melhor do que você pensa. – Nota a irritação em Elesis enquanto falava. Continua. – Quero que o perdoe! Fique ao lado dele!

A ruiva tinha abaixado o olhar, fechando os punhos com força. Já não aguentava mais aquela conversa, sobre Gerard ser uma boa pessoa. Elesis nunca conseguiria ver ele de outro jeito, sua visão do ruivo era só uma.

— Se veio para isso, já pode ir embora. – Pela primeira vez, mostra a frieza a Arthur. – Não irei ouvir o que tem a dizer sobre Gerard. Ele é manipulador, irá mata-lo também

— Não irei embora antes de terminar o que comecei.

Elesis entende, sendo a razão de seu olhar cabisbaixo. Quando foca em Arthur, já estava à sua frente com uma das facas erguidas. Consegue se defender, então começando um combate tenso entre ambos. A ruiva conseguia nem levar a sério a luta, o que é seu erro.

— So-Sou Arthur! Prazer em te conhecer. – A voz aguda daquela criança ascende uma dor no peito de Elesis.

Sua defesa é quebrada, um chute desferido em sua barriga é o suficiente para fazê-la perder o ar. A ruiva é pega pelo o pescoço e arremessada no chão com violência, ficando sem fôlego. Não consegue reagir, Arthur era rápido até demais, pensava. E também, não conseguia feri-lo.

— Arthur, pare! – Grita Elesis.

O rapaz a ignora, ergue a faca e desce contra a ruiva. É segurado pelos os pulos, a força da mesma o impedindo de continuar.

— Arthur, você é meu amigo. – Continua Elesis, a voz falhando enquanto tinha uma faca apontada para sua face. – Nunca conseguiria te machucar, sabe disso. Pare com isso, deixe Gerard para lá!

— Gerard foi o único que se importou comigo, desde o princípio! – Grita, já sem mais vontade de guardar sua raiva. – Você é importante para mim, Elesis. Mas Gerard é mais.

— Esqueça ele!

Puxa o pulso do loiro, assim seu corpo próximo para acertar um chute. Elesis carrega suas chamas e arremessa com o golpe contra Arthur. Ele se afasta enquanto voa, até parar no solo.

— Venha comigo, eu prometo que te protegerei do Gerard. – Falava ao se levantar. Continua a segurar sua espada, com medo que ele revidasse.

— Não precisa me proteger de nada, Elesis. – Olha para a ruiva com pesar, erguendo-se. – Não me trate como um garotinho indefeso que eu já fui.

Não a deixa responder, tira de seu casaco três facas entre cada dedo. As seis são lançadas em um rápido movimento com as mãos. Elesis só consegue notar um pouco antes de ser atingida. Colocou os braços na frente, em defesa, em seguida, sentia cada parte de seu corpo ser perfurada pelas as lâminas. A dor saiu em um berro, então caindo no chão.

— Se quiser sair viva daqui, terá que lutar. – Dizia Arthur, aproximando-se em passos pequenos. – Então lute, Elesis!

A ruiva não consegue mover o corpo, a dor em cada ponto atingido a impedia. Respira fundo, pretendendo usar uma das chamas para ajuda-la, torcendo para que não fosse pega antes disso.

Quando já sentia as chamas douradas despertarem, a voz de Arthur a interrompe. Olha para o rapaz parado, seu olhar no chão. Quando fala, olha firme para Elesis.

— Sabe, você nunca deve ter percebido isso. Quando pequenos, sempre ficava ao seu lado, não importa o quê. Eu tentava te proteger, mas sempre era você que me protegia! – Fecha os punhos. – Eu me importava com você, Elesis! E sabe por quê? Porque eu gostava de você. Eu ainda gosto!

Nunca tinha percebido o real motivo de Arthur sempre estar ao seu lado. Ele fazia de tudo para fazê-la sorrir, para vê-la feliz. Sempre foi uma idiota cega quando se tratava dos sentimentos dos outros, nunca compreendeu de verdade os próprios, muito menos das pessoas à sua volta. Agora que ouvia diretamente do rapaz, sentia-se mal por isso.

Ela não sabia como lidar.

— Arthur...

Não consegue completar a frase. Como ele, é surpreendida ao ver Lass avançar contra o rapaz em um chute e o jogar para longe dela. O ninja para após o ataque, encarando com a expressão contorcida pela a raiva. Sem dizer mais, anda com os punhos fechados em direção a Arthur.

— Sabia que tinha algo com o Gerard. – Falava o ninja, quase como um rosnado. – Finalmente, mostrou as caras, né?!

Arthur recuperava as forças ao se erguer, a mão apoiada na costela, onde foi acertado. Não se intimida ao ver Lass se aproximar com uma aura de caça. Era de se esperar o rapaz ficar daquela forma, furioso ao mexer em Elesis.

— Bem, para você não é uma surpresa, não é mesmo? – Debocha, escondendo o medo. – Sempre desconfiou de mim.

— Desconfio de qualquer. O que veio fazer aqui?! O que Gerard quer? – Continuava a avançar.

Arthur recuava a cada passo que o ninja dava, ocupando seu tempo. Elesis não se levantaria tão cedo, então não teria problemas com ataques surpresas.

— Gerard quer nada, apenas eu. Não se intrometa.

— Ganhou coragem de repente e já se acha, não é? Pessoas que fingem ser inocentes são as que mais me irritam!

Lass pega a katana sem que fosse notado, avançando com a mesma preparada. Arthur nota, assustado, recua apressadamente. Ele não conseguiria escapar, era lento demais comparado ao ninja. Tinha sido um tolo em achar que um simples veneno o pararia.

A lâmina da katana é parada pela a espada de Elesis. A ruiva entra na frente, revidando o ataque e afastando Lass com um empurrão.

— Não faça isso! – Grita ofegante, as feridas abertas em seu corpo mostrando seu cansaço. Tinha tirado todas as facas e levantado a tempo de impedir Lass. – Não machuque o Arthur!

Estica os braços, como uma parede na frente do loiro. Olha indignado para Elesis, irritado pela a inocência que a garota tanto tinha em um momento daqueles. Desvia o olhar e sua raiva aumenta, vendo Arthur atrás da espadachim, sua mão se erguendo com uma garrafa de poção. Ele iria jogar na ruiva.

— Sai! – Grita Lass.

Puxa Elesis pela a camisa, a jogando para o lado. Com a outra mão, desce a lâmina contra Arthur, que se agacha antes de ser acertado. Fica de pé quando avança contra Lass, o líquido da poção sendo jogado contra os olhos do mesmo. Em segundos, uma ardência em sua face o obriga a soltar a katana, sua pele queimando.

— Lass! – Chama Elesis.

Tenta correr até o rapaz, mas sendo impedida ao ser acertada por Arthur. Recebe um soco contra a garganta, em seguida um chute que a leva de volta ao chão. Tosse engasgada pelo o ataque, recuperada após alguns segundos.

— Posso não derrubar Lass com meus punhos, mas aprendi algumas formas para isso. – Explicava Arthur. – O mesmo para você, Elesis.

A espadachim se arrasta no chão, até ficar distante e levantar. Ergue a lâmina da espada, um tom ameaçador que gostaria de mostrar. Se não lutasse, Lass seria o próximo a ser ferido e, provavelmente, morto. Ficava nauseada em lembrar que Jin estava no mesmo estado.

Arthur tira outro pequeno vidro de poção do bolso. Elesis recua, os pés firmes no chão para qualquer ataque que viesse.

— Gerard aprendeu muitos truques durantes esses anos, que custaram muito. – Falava Arthur, olhando o vidro em sua mão. – O mesmo para mim, não fiquei apenas olhando.

Elesis recua mais um passo quando a tampa do vidro é retirada. Achava que seria uma bomba ou veneno, porém se engana quando é Arthur que bebe. O líquido vermelho desce rapidamente para sua boca, engolindo sem mais espera.

— Talvez me leve a sério agora, Elesis. – Falou ao passar as costas da mão na boca.

Não percebe nenhuma diferença vindo do loiro após ter tomado aquilo, o que a deixa mais apreensiva. Arthur não pega nenhuma faca ou arma para ser uma ameaça, ele apenas some de sua visão ao piscar os olhos. Olha desesperada para os lados à procura dele.

Quando o ver na sua frente, é tarde. Arthur a soca no estômago, uma força que pareceu atravessar seu corpo. Não sente mais os pés no chão, tudo fica leve, até perceber que voava. Fecha os olhos ao sentir o solo perto, então seu corpo impacta com grande violência. Até poderia ficar surpresa com a força de Arthur, porém algo maior a incomodava.

Esta mesma força é usada no berserk.

As feridas abertas ardem mais com a sujeira do chão sobre elas, obrigando Elesis a se levantar. Por sorte, a espada ainda estava com ela, o que não parecia fazer muita diferença para a mesma. Olha em volta e nota que estava distante de onde estava, foi arremessada com bastante força, concluiu.

Ouve passos se aproximar. O sentimento de medo a faz correr para longe. Arthur estava disposta a mata-la. Elesis precisaria revidar se quisesse viver, mas se fizesse isso, teria que ferir seu amigo. Não queria fazer esse tipo maldade com ele, não tinha coragem suficiente.

Tropeça e cai em uma pequena rampa de pedra, parando sem ferimento no solo. Continua a correr, traçando alguma estratégia para tudo que acontecia. Mas sem perceber, uma árvore voava em sua direção. É pegou perto de seu corpo, que é jogado um pouco mais à frente, em uma área mais livre. Ao se erguer, ver Arthur. Não adiantou correr dele, ele acabou sendo mais rápido que ela.

— Arthur, por favor. – Pedia Elesis. – Eu não vou fazer isso.

A face suja do rapaz deixava a espadachim desconfortável. O Arthur que conhecia, limparia o rosto e deixaria sua aparência mais agradável, mas não naquele momento. Pouco importava se parecia um maníaco, havia apenas um objetivo em mente a ser cumprido.

— Não tenho outra escolha. – Diz. – Sinto muito.

Elesis aperta o cabo da espada com ambas as mãos. Se não tinha outra escolha, ela também não. Não poderia demorar mais, Jin e Lass precisavam dela.

— Sacrifícios são necessários. – Pensa, determinada.

As chamas roxas contornam seu corpo, seu cabelo se torna escuro. Encara Arthur, vendo que o rapaz não demonstrava surpresa ao ver as novas chamas da espadachim. Solta um suspiro, aceitando aquilo de uma vez por todas.

— Eu que digo “desculpas”.

Corre contra o rapaz. Um golpe seria o bastante, poderia até derruba-lo sem que o ferisse tanto. Não haveria problemas após isso, tudo voltaria ao normal.

Apenas um golpe.

Desfere o corte com toda força quando chega perto. Estranha Arthur erguer o antebraço em defesa, mesmo para uma lâmina que iria corta-lo.

Mas após isso, não há sangue. Elesis sente bater com a espada contra uma barreira, que em seguida, a arremessa para longe. As chamas voam contra ela, queimando-a como se fosse a inimiga. Atingi o solo em total exaustão, sem entender o que aconteceu. Ao olhar Arthur, fica surpresa.

— Um escudo capaz de revidar qualquer ataque, até mesmo as chamas roxas. – Explica brevemente o loiro.

Como um vidro cristalizado, Arthur abaixa o escudo que tinha se materializado em seu braço. Não era uma magia, apenas um truque que tinha aprendido fazia um tempo, já que o mesmo não tem mana para isso.

Depois de tanto tempo, Elesis levava um combate contra Arthur à sério. Finalmente, o enxergava como um verdadeiro oponente para ela.

Infelizmente, o mesmo que a queria morta.

 


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Notas finais do capítulo

Review?
* Sei que muitos agora ainda estão confusos por Arthur ter de repente tentado matar a Elesis, mas se acalmem. Nesse capítulo não deu para pôr muito sobre o personagem, será o próximo capítulo que falará da história dele com a Elesis, e o motivo de ele querer a matar.
* O JIN TÁ BEM?! Olha, não vou spoilar, mas... só leia o próximo cap kkkkk
* Que fofinho a Elesis e o Lass juntos, né?! Ah, essa escritora que não junta logo eles heheh