Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 106
Reunião


Notas iniciais do capítulo

Ok, Ok, eu sei! Faz mais de duas semanas que estou sem postar um capítulo, e sem responder os comentários. Quero pedir mil desculpas pelo o atraso de tudo! Fiquei sem internet por um bom tempo, então não pude postar o capítulo antes. Sorry!!! Quero agradecer por todos os comentários do capítulo passado, que tiveram muitos :3 Fico feliz pela a colaboração de todos!
Enfim, sem demorar muito, vamos ao capítulo!
Capa: Lass e Cazeaje!
Boa Leitura!



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O barulho que o relógio fazia em seu quarto nunca pareceu incomodar tanto quanto naquele momento. As dores das feridas em suas costas pararam, mas não porque elas melhoravam, e sim porque eram ignoradas por um sentimento de raiva.

Lass preferia muitas coisas em vez de encarar aquele homem, muitas mesmo; uma delas seria ir atrás de Elesis. Só que ele tinha percebido naquele momento que não poderia mais fugir disso, já estava crescido e tinha que encarar seus problemas de frente, e não fugir deles. Portanto, não queria ter aquela conversa no corredor, no seu quarto era um lugar mais reservado.

— Nunca achei que você fosse tão alto assim. - A voz de Regis atrás o provoca, era como um quadro sendo arranhado.

Lass tenta não ter uma resposta para aquilo, apenas entra em seu quarto e espera Regis fazer o mesmo. Com as pernas cansadas, senta-se na cama, sendo recebido pelo o gato. O felino parecia confuso quando Lass parecia não dar tanta atenção para ele.

— Creio que não veio até aqui para falar sobre a minha altura. - Fala de vez, tentando não demonstrar raiva. - Seja o que for, seja direto.

— Achei que fosse receber um abraço, ou algo parecido, mas acho que você está velho para isso. - Afunda as mãos no bolso da calça. Lass o encarava, somente a distância para impedir que ele o atacasse. - Quantos anos mesmo?

— 19, esse ano. Olha, - Passa a mão nos cabelos, impaciente. - quer falar logo.

— Certo, falar logo. Só estou querendo aprender um pouco mais sobre você. - Dar de ombros. - Estou tentando ser um bom pai, se não percebeu.

Lass revira os olhos, bufando em seguida. Todo aquele papo falso fazia o enjoo daquele dia voltar, porém com mais intensidade. Era uma pena não ter sua katana ali no quarto para usar naquele homem.

— Não tem nada para aprender sobre mim, nem eu sobre você. Está aqui por algum motivo e quero que diga logo. - Falava sério, a voz arrastando em irritação. - Tenho coisas mais importantes para fazer.

Regis observa cada detalhe do rosto de Lass se mexer pela a irritação, não se intimidando com uma possível ameaça que o ninja fazia. Solta uma risada seca, entendendo o que mais deixava Lass com raiva.

— Vai por mim, não vale a pena correr atrás da filha do Elscud. Alguém já deve ter dito que ela é problema, não é?

— Não quero saber. - É direto.

— Você gostaria de saber quando ouvisse sobre o histórico da família dela, de como tudo termina. Talvez seja pro causa das chamas, sei lá.

Lass sentiu uma enorme vontade de perguntar sobre isso, querer conhecer mais as chamas. Ele não fez, queria evitar de prolongar a conversa com ele.

— Mas vejo que você não está com muita vontade de saber sobre isso. - Menciona Regis, vendo o rapaz bufar. - Vamos logo ao ponto principal. Estou aqui não porque quero, fui forçado. Mas isso não quer dizer que eu tenho nada para falar para você, na verdade, eu tenho e devia ter falado há muito tempo.

— Direto. - Lass repete.

Regis concorda, sem muita escolha.

— Eu ouvi falar que Cazeaje vai fazer outra reunião para ver o que faz com você. Creio que dessa vez será totalmente diferente de como foi na primeira vez, agora será sério, vai decidir de vez o que vão fazer com você. - Finalmente, consegue pegar o interesse em Lass. Ele fica mais atento. - É por isso que você tem se segurar, mostrar para todos que não é uma ameaça para ninguém.

— E não sou. Não adianta eu falar isso para ela, não vai mudar nada.

— Muda se você mostrar que pode ser inofensivo. - Lass olha confuso. Regis coça sua barba rala, querendo achar um jeito de explicar aquilo. - As chamas podem ser controladas se você entendê-las. Mostra para Cazeaje e para todos que você tem total controle sobre elas e isso mudará como eles veem você. Não será totalmente certo, mas é o mínimo que você tem que tentar.

Era loucura despertar as chamas na frente de todos, principalmente de Cazeaje. Lass balança a cabeça em negação, não queria nem ao menos tentar aquilo. Ele temia que poderia perder o controle delas, as chamas eram traiçoeiras, elas nunca fariam o que Lass quer.

— Se você não percebeu, se não olhou ainda para a minha cara, Cazeaje nunca me deixaria livre. - Falava sério. Pela primeira vez, não escondia seu rosto mestiço de alguém, não se importava se Regis o via daquele jeito. Pelo contrário, queria que ele visse o que realmente seu filho era. - Ela tem diversos motivos para me executar.

— Tem razão. Ela tem, mas os outros membros do Conselho, não. Eles não sabem quem você é ou do que é capaz, então é por isso que você tem vantagem.

Outros membros, isso ecoa na mente do ninja. Lass tinha esquecido que existe outros Conselhos além de Serdin e Canaban, tinha também de outros continentes. Podia ser um pouco de esperança que ainda restava nele.

— O problema é você e as chamas, só isso que mais importa. Elas devem tá me ouvindo agora, mas pouco importa. Você deve ter controle sobre elas, por isso não pode ter nenhum tipo de distração.

— É claro. - Diz sarcasticamente.

— Seu corpo está habituado com as chamas, então você não deve saber o problema que um corpo não habituado tem. Quando as chamas foram passadas para mim, não podia ter nenhum deslize que as chamas tomavam conta do meu corpo. E quando isso acontecia, cicatrizes ficavam. - Segura a ponta da camisa e a levanta até a altura de seu peito. Lass não demonstra reação ao ver aquela cicatriz enorme na região da costela. Era como uma queimadura que não sarava nunca, parecia estar queimando quando olhado de longe. O ninja nunca imaginou aquilo acontecer com ele. - Cicatrizes muito grandes. - Abaixa a camisa.

Lass desvia o olhar por um momento. Mesmo quando tinha seus deslizes, mesmo quando deixou as chamas despertarem, seu corpo não criou uma cicatriz assim, pois ele sempre se regenerava. Por mais que o corpo de Regis fosse de um haro, mais resistente que qualquer humano, ele ainda sofria com as consequências. Mas isso não fazia Lass se sentir melhor, nada mudava, nem mesmo seu ódio por aquele homem.

— É por isso que eu tive que deixar sua mãe para trás, porque ela teria o mesmo destino, e pior. - As poucas palavras chamam a atenção do ninja. Ele olha arregalado, não acreditando no que ouvia. - Não tive outra escolha, tive que passar as chamas para você. Seu corpo se habituou muito bem a elas, felizmente.

— Do que isso importa?! - Lass berra. - Não tinha o direito de fazer isso.

— Não tive escolha, será que não ouviu?

— E...?! Você é tão fraco que não conseguiu aguentar as chamas e teve que passar para um recém nascido! Sabe o nível de insanidade que é isso?! - O gato ao lado de Lass se encolhe ao vê-lo gritar, mostrar sua raiva.

— E é exatamente por isso que estou aqui, estou tentando consertar as coisas. Foi um erro, eu sei. - Apoia a mão no peito. - Agora deixe-me ser um pai melhor!

Lass não se segurava mais, as últimas palavras foram um disparo para quebrar com sua paciência de vez. Poderia ter se arrependido por aquilo, pela a dor que sentia em sua mão por causa disso. Mas valeu a pena.

Regis não desvia do soco desferido em seu rosto. Lass levantou rapidamente e enfiou seu punho contra a bochecha dele, usando a força que nem tinha naquele instante. O ninja bufava enquanto encarava seu rosto de lado, sua bochecha vermelha e logo inchada. Após alguns segundos, Lass segura o próprio punho em dor, porém sem mostrar sua expressão em dor.

— Pai? - A voz dele sai falhada, um pouco debochada. - Um pai melhor? É algum tipo de piada, só pode ser.

Regis ajeita o rosto, sua expressão neutra para a dor que sentia. Para alguém ferido daquele jeito, Lass continuava forte. Devia ter pedido ajuda para as chamas.

— Você nunca fez parte da minha vida, tudo que eu sabia sobre você era sua raça, nada além disso. Grandiel ou Astaroth, até mesmo o Lupus, evitavam de falar sobre você porque achavam que eu tinha um certo rancor, que eu iria atrás de você para mata-lo. E sabe de uma coisa? Eles tinham razão, eu iria atrás de você para fazer o que tinha feito comigo.

Lass era assim hoje por causa de Regis, por causa de sua frieza que teve para deixar seu filho para trás. Não foi o circo ou os treinos de Astaroth que o deixou assim, isso ele já tinha ganhado há muito tempo atrás. Agora, enquanto encrava seu real motivo para o seu jeito frio, Lass falava o que tanto o incomodava por esses anos.

— Não pode simplesmente chegar aqui e falar que será um pai melhor, porque você nunca foi sequer pai para isso! Família não é apenas ligação sanguínea, não é apenas pelo o fato de você ter me colocado no mundo que isso mostra seu amor por mim. Família é mais que isso! Qualquer um pode ter um filho e dizer Eu te amo, mas não mostrar seu amor por ele! Isso leva anos, tempo, muito tempo! - Joga as mãos de lado, exaltando. - E você não esteve em nenhum momento da minha vida para mostrar isso, nem mesmo agora você pode consertar isso.

Podia estar falando aquilo com toda raiva que sentia, mas bem no fundo, Lass estava ferido. Desde que viu Regis no corredor que tem ficado assim, fingindo que estava tudo bem, agindo como se nada de errado acontecesse. Passou todos esses anos se perguntando como era seu pai, agora que estava de frente para ele, não sabia como reagir. A verdade era, nunca achou que fosse vê-lo, já tinha acredito nisso.

Mas se enganou. Agora se sentia mal, não sabia como lidar com aquilo. Só de uma coisa que tinha certeza: Não choraria na frente dele, até mesmo porque não conseguia.

— O mesmo para a mulher que você fala que é minha mãe.

— Não fale assim dela. - Diz Regis, sério. - Ela é uma boa pessoa, muito amável.

— Com certeza é. Tão amável que já tentou me matar, já me chamou de monstro e me expulsou de casa. - Olha em desgosto. - Agora me diga, que tipo de mãe faria isso com o seu filho? Ela estava tão desesperada que faria qualquer coisa para se livrar de mim. Bem, ela conseguiu. - Abre um sorriso torto, forçado.

— Sei que cometemos muitos erros, mas entenda... - É interrompido.

— Entender o quê?! Você não sabe o que eu passei e ainda quer que eu entenda?! - Segura bruscamente a gola da camisa de Regis, aproximando seu rosto contorcido pela a raiva. - Eu odeio aquela mulher, eu odeio você, eu odeio todos vocês! Eu quero mais que morram! Não fará diferença alguma, nunca fez mesmo!

Solta Regis com um empurrão. Ele olha um pouco surpreso pelo o que ouve, mas não amedrontado pelo o ninja. Lass não conseguia mais segurar seu olhar ferido, a dor que sentia é maior que as que sentia nas costas.

Balança a cabeça em negação.

— Vocês nunca serão pais como Grandiel e Astaroth foram. Não sei quem eles são, mas tenho confiança que nunca terei em vocês. - Dá uma pausa antes de falar. - Eles são minha família. Nunca irei te chamar do jeito que quer, Regis. Veio aqui por engano, não sou o filho certo para isso.

E nunca será, quis completar. Lass não conseguia ver Regis como seu pai, apenas via o homem que tornou sua vida um tormento. Como havia dito, família ensinava a como amar, a ter carinho e coisas que Lass nunca foi ensinado. Não foi Regis ou sua mãe quem ensinaram a ele o verdadeiro significado disso, foi Elesis. Ela era a pessoa mais importante para ele, nunca existiria alguém que ficaria em seu lugar.

Era apenas ela que ocupava sua mente agora, e não Regis.

— Se é tudo isso que tem a dizer, pode ir embora. - Dizia Lass voltando a se sentar na cama. Esfrega o punho dolorido, ainda pelo o soco dado. - Não aguento mais te ver.

Regis ainda não sabia o que falar. Ele passa a mão na bochecha, sentindo seu maxilar dolorido como sua bochecha.

— Só não te mato porque não estou em condição para isso. - Diz Lass.

— Entendo. - Fala conformado. - Já esperava isso mesmo. Mas a mensagem está dada, mesmo assim.

Uma mensagem que poderia até ser útil para Lass na reunião. Ele prefere não agradecer, queria falar mais nada.

— Espero que consiga fugir das garras de Cazeaje. Me odeie quanto quiser, mas estamos do mesmo lado nessa situação. - Solta uma risada rápida. - E pensar que ela me prenderia para tentar me usar contra você.

Lass o olha. Aquilo era algo que ele não sabia e não foi informado. Por que Cazeaje achava que Regis faria Lass ceder para ela? Era estúpido.

— Não deixe esse ódio te controlar. - Regis fala de repente. - Você pode acabar ferindo pessoas importante por causa disso. Mas sei que não se importa para o que eu falo. - Dá alguns passos até a porta. - Só não quero que siga o mesmo caminho de um certo alguém. Até lá, mostre o seu melhor como pessoa.

Lass vira o rosto de lado. Regis tenta achar alguma forma de se despedir, mas não acha. Ele recolhe as mãos e sai do quarto. Quando o barulho dos passo não são mais ouvidos, Lass abaixa os ombros tensos, junto com seu rosto. Finalmente, sentia-se aliviado.

O peso sobre seu colo o chama a atenção. O gato olhava diretamente para ele, querendo saber por que estava assim. Lass solta um sorriso pesado, passando a mão sobre a cabeça do felino.

— Está tudo bem. - Fala para ele. - Tudo... bem.

***

Não sabia por qual motivo estava ali, tinha sido apenas mandado. Jin foi até ele e pediu, gentilmente, para ele levasse algo para Lass. No começo, quis rejeitar sem pensar duas vezes, mas quando viu Grandiel pediria o mesmo, acabou aceitando. Agora que estava de frente ao hospital, estava um pouco arrependido.

Continuou com seus passos preguiçosos para dentro do edifício. A qualquer momento daria meia volta a iria embora, era o que tanto pensava, a única coisa que o prendia ali era nada. Chegava na entrada, porém parando. Não tinha parado porque tinha decidido ir embora, não, algo, um motivo, havia aparecido. Virou-se com seus olhos arregalados, avistando aquela pessoa que tinha passado por ele pelas costas.

Por um momento, ficou apenas assistindo ele ir embora, outro, engoliu seco em amargura e correu em sua direção.

— Espera! Ei, espera! - Gritava. - Regis!

Ele não se virou, parecia nem ter ouvido. Ainda distante, persistiu em chama-lo, agora com o tom mais desesperado.

— Pai! - Grita Lupus.

Regis para, Lupus ao mesmo tempo. Ficaram em uma distância um pouco longe para ter uma conversa, mas nenhum dos dois se iria se aproximar primeiro. Um orgulho herdado de família.

— Não achei que fosse te encontrar aqui. - Menciona Regis, sem surpresa alguma no rosto. - Por qual motivo estar aqui?

— Cala a boca! - Grita outra vez, mais alto. Lupus recupera seu fôlego e finalmente olha para seu pai. - Cala a boca e escute por um minuto! Passou todos esses anos sem aparecer e só agora que eu te vejo, e nem é para me ver. Desde quando começou a se importar com o Lass? Deixe-me adivinha, desde que as chamas foram despertadas, não é? Porque sei que esteve aqui de novo da última vez.

Não achava que seria recebido assim por seu filho que mais o amava, com ódio e verdades. Regis pareceu ter entrado no quarto de Lass de novo e ter tido outra conversa nervosa com ele, mas não, era apenas Lupus com os sentimentos feridos.

— Está bravo por que da última vez que eu vim, não falei com você?

— Esse não é o problema, até poderia ser. Deixar uma mensagem com o Astaroth para que ele me passasse, então eu passar para o Lass? Sério, não podia simplesmente vim até mim e falar pessoalmente?! - Estava irritado e não esconderia isso, não na frente de seu pai. Queria não poder gastar esse tempo com insultos, mas agora que tinha começado, não conseguia parar mais. - Tem tanto medo de mim assim ou é apenas um covarde de me encarar? A última vez que te vi foi em Hades, alguns anos depois de me abandonar. Agora, pela primeira vez, te vejo e eu não sou o motivo.

— É, tem toda razão para ficar bravo comigo. Mas como meu filho, deveria entender que tenho meus motivos para não ir até você para te ver. - Era perigoso, muito perigoso, queria dizer. - Estou aqui não por você, tem razão, mas sim pelo o Lass. Como você, ele tem muito ódio de mim, até maior. Mas eu me sinto na obrigação de ter ido até ele para ajuda-lo, para impedir que Cazeaje ponha as mãos nele.

— É só com ele que você se preocupa agora? - Olha ofendido. - Já parou para pensar que eu estive na mesma situação, por sua culpa! Que eu quase morri por causa daquelas malditas chamas!

— Sim, eu sei! - Regis perde a compostura e grita junto. - Não só você, mas todos que você conhece, Lupus! Eu me sinto na responsabilidade, sim! Por isso que estou aqui, porque eu quero conserta algumas coisas, que eu quero mostrar que eu me importo com as pessoas! Sei que me odeia e com razão, mas agir como uma criança não vai ajudar em nada!

Era exatamente assim que Lupus agia, como uma criança sem amor. O caçador não sabia o que dizer de verdade, apenas estava falando o que tanto estava preso em sua garganta. Tinha ódio de seu pai, mas sentia falta dele, queria poder falar algo assim.

Regis balança os braços para o lado, sua expressão cansada mostrando que não aguentava mais.

— Vamos, atire em mim. - Fala o haro sem hesitação. - Quer me ver morto, não é mesmo? Eu tornei isso que você é hoje, eu deixei você quando criança para trás. Atire em mim e você estará fazendo um favor tanto para você quanto para o Lass.

Lupus obedece. Estica a mão e sua scarlet surge em sua palma, segurando fortemente ela. Mira em direção ao seu pai, seu olhos entreabertos em vontade de puxar o gatilho. Queria tanto fazer aquilo, disparar naquele homem que nunca ao menos demonstrou amor direito a ele. Lass poderia nunca ter recebido nada assim, mas Lupus tinha quando criança, e é por isso mesmo que possuía tanta raiva. Ser amado e deixado para trás é algo mais doloroso.

— Talvez um dia consiga ser um pai melhor que eu já fui. - Dizia Regis. - Mas ao menos eu posso dizer que tentei. Lass me deu um soco e você está prestes a me matar, não tem forma de gratidão melhor que essa, não é?

— Está apenas querendo achar um desculpa para o que fez. - Rosna Lupus. - Apenas fale logo que nunca amou a gente, apenas nos ver como um peso para você. Vai, fala!

— Eu amo vocês. - Percebe as palavras atingirem Lupus quando sua mão que segurava a arma treme, vacilando. - Por mais que eu não conheça o Lass tão bem, tenho interesse nesse garoto. Não posso dar atenção por igual para vocês dois, mas eu poderia tentar.

Regis podia simplesmente inventar tudo aquilo para poder ir embora, mas ele não fez. Não conseguia negar que gostava de Lupus como seu filho, que se importava. Cuidou dele quando criança, foi um pouco difícil dizer adeus naquela época. O mesmo para Lass, não o conhece tão bem, mas ver nele algo familiar, algo que eles entendiam se parassem para conversar.

Lupus não conseguia pensar naquele estado. Não mantinha mais uma mira quieta, como era de costume, sua mão tremia e suava tanto que a arma parecia escorregar dela. Algo dentro dele queria fazer aquilo e ao mesmo tempo, não. Talvez se arrependesse depois, por isso não tomava uma decisão certa. A cada segundo, mais pesado ficava a scarlet em sua mão, querendo ser abaixada.

Sua visão fica embaçada. Passa a mão nos olhos, secados as lágrimas que queria cair. Que patético, agir daquela forma por causa de um homem que era seu pai, mas não demonstrava ser. Odiava-se por isso, odiava Regis, Lass e a todos que estavam ligados nisso. Lupus odiava...

Não, ele não odiava. Estava apenas confuso. A scarlet é abaixada junto com seu olhar tristonho. Não tinha coragem para fazer isso, tinha para muitas coisas, mas não aquilo.

— Eu senti sua falta. - Murmura. Finalmente consegue tirar aquelas palavras fora. - Sempre me perguntava se um dia voltaria por mim. Aparentemente, não.

Regis sabia que estava se arriscando muito continuando ali, a qualquer momento Cazeaje podendo aparecer e prendê-lo. Ele não se importava, andou até seu filho e tocou em seu ombro. Lupus o olha rapidamente, seus olhos abertos como em pedido de ajuda.

— Um dia eu voltarei. Você é importante para mim, Lupus. Por mais que eu pareça esse cara sem coração, foi esse mesmo cara que se apaixonou por sua mãe e se arrependeu em ter a deixado morrer. - Aperta o ombro do rapaz. - Você é minha responsabilidade, e nunca deixou nenhuma de lado.

— Então...?

— Pode me bater se quiser pelo o pedido que farei. Cuide do seu irmão. Ele é quem mais está precisando de ajuda agora, então dê um apoio para ele, ok?

Lupus desvia os olhos pelo o pedido. Seu pai tinha acertado em achar que ele não gostaria do pedido, mas teve que concordar.

— Ótimo, seja um bom garoto. - Foi um elogio. Bagunça o cabelo de Lupus antes de se afastar. - Enquanto eu não volto, tome coragem para da próxima vez, você atirar em mim.

Olha surpreso para Regis, afastando cada vez mais.

— Estou cansado. - Murmurou, mas as próximas palavras servem como aviso. - E se não conseguir, peço ao seu irmão! Ele faria isso de graça.

***

Ajeitou a alça da mochila sobre seu ombro e subiu as escadas. Lupus não tinha terminado seu trabalho, ainda precisava encarar Lass depois dessa discussão com seu pai. Sim, diferente do ninja, o caçador via Regis como um pai, e não tinha vergonha de falar. Só estranhava o porquê de ele ficar tão distante, parecendo que feriria ele como fez com sua mãe. Queria conversar mais com ele, mas como tinha ouvido, Cazeaje estava atrás de Regis e ficar parado em um só lugar não ajudaria muito.

Parou de subir os degraus ao ver uma silhueta familiar sentada no topo da escada. Elesis parecia muito cabisbaixa, quase afundando na parede que se apoiava do lado.

— Alguém morreu? - Lupus pergunta.

A ruiva toma um susto com suas palavras. Ela olha diretamente para ele, quase ficando de pé para correr. Ao ver que era apenas Lupus, seus ombros abaixaram e um suspiro foi solto.

— Ninguém morreu. - Responde. - O que faz aqui?

— Vim trazer algo para o Lass. - Nota Elesis olhar em desgosto para o lado ao ouvir o nome do ninja. - Sério que aconteceu nada?

— Lupus, o que você tem para fazer, faça logo. - Deu uma rápida apontada para o corredor atrás. - Estou querendo ficar sozinha por um momento.

Algo tinha acontecido e Elesis queria evitar a qualquer custo. Lupus abre um sorriso de lado ao ver que tinha tudo relacionado com seu meio irmão, que sempre está procurando problema, principalmente com a ruivinha.

— Não sei o que ele fez, - Dizia enquanto subia. - mas aposto que ele deve ter uma explicação para o que fez.

Elesis não fala nada quando o caçador passa ao seu lado e segue pelo o corredor, finalmente voltando a ficar sozinha. Abaixa seu olhar pesado para suas mãos, que ainda continuavam enfaixadas pelas feridas que ainda se cicatrizavam. Fechou os olhos por um momento, lembrando do que Lupus disse.

Apoia as mãos em seus ouvidos e aperta com forçando, abaixando seu rosto.

— Eu não quero ouvi-lo.

***

Era de se esperar quando chegasse no quarto de Lass e o visse ainda com uma carranca. Lupus entrou direto, o ninja estranhando a presença repentina dele ali. Antes que questionasse, o rapaz tira da mochila o que tanto trazia com cuidado.

— Jin disse que você estava pedindo um para ele, mas não pôde vim para entregar. Vim no lugar dele. - Explicava antes de esticar o buquê com flores azuis, um azulado em um tom meio esverdeado. Lass arregala os olhos, já se aproximando para pegar as flores. - Pra que você quer um buquê? Se for para a Elesis, acho que ela vai queimar antes mesmo de você entregar.

— Não é para ela. - Murmura. Pegou o buquê com toda delicadeza, não querendo que nenhuma flor fosse amassada por suas mãos brutas. - Valeu por ter trazido.

O caçador deixa a curiosidade de lado ao ver o ninja olhar tão encantado para o buquê. Não eram as flores que o deixava assim, era as cores dela que tanto o prendia. Mas isso não chamou tanto a atenção do caçador quanto a aparência do rapaz, tão destruída que fazia qualquer se questionar sobre o que aconteceu. A face mestiça de Lass não estava como antes, mas ainda assim o caçador olhava para o estado dele.

— O que foi? - O ninja pergunta quando se sente invadido com o olhar de Lupus.

Por um momento, Lupus quase fala sobre Regis, que tinha encontrado ele na saída. Queria falar de seu pai e pergunta como foi o encontro dele e de Lass. Gostaria de fazer tantas perguntas, mas sabia que aquilo apenas irritaria o ninja, mais do que ele já estava.

— Só estava querendo saber se você estava bem. Como vai indo?

Deixou para lá, não valeria a pena ter uma discussão sobre seu pai. Lass nunca entenderia Regis como Lupus entendia. Compreendia o ninja, por ele ter sido abandonado desde sempre, mas às vezes ficava irritado com ele por nunca ter dado uma chance ao seu pai de se redimir. Vendo Regis sair do hospital com aquele olhar o fez concluir que a conversa entre ele e Lass não tinha sido muito boa.

— Olhando para minha cara é o suficiente para saber a resposta. - O ninja é seco com a resposta.

Lupus tinha esquecido como era lidar com seu meio irmão. Tinha momentos que ele agia normal, outras, como agora, era como estar em um campo de guerra.

Chegou perto de Lass e acertou um tapa em um sua cabeça. É olhado com ódio, mas Lupus retribuindo o olhar da mesma forma.

— Eu venho na preocupação e você age assim? Mas que saco! - Reclamava Lupus.

— Tô nem aí para sua preocupação.

Como se tivessem voltado no tempo, ambos agiam como crianças rivais. De uma certa forma, isso era ruim, mas no caso deles, era a única forma de se manterem unidos.

***

Já tinha decidido, Elesis voltou para seu quarto e foi em direção ao seus pertences e os arrumou tudo na mochila. Jogou suas roupas com pressa, não se importando se iria amassar ou não, tudo que mais queria era sair daquele hospital o quanto antes.

Seus machucados ainda precisavam de tratamento, mas pouco importava. Saiu do quarto com a mochila nas costas, os passos longos para evitar de correr. Infelizmente, é parada antes mesmo de alcançar as escadas.

— Achei que fosse ficar para receber os exames, Elesis. - Diz o doutor que acompanhava a ruiva.

— Na verdade, estou com bastante pressa, tenho vários compromissos para fazer em casa. Então, com licença.

Quando achou que poderia ir embora, é parada outra vez. Vira-se séria para o doutor, sem muita disposição. Ele esticava uma pasta, que fez as sobrancelhas da ruiva se erguerem em questionamento.

— O que é isso?

— Seus exames. Se esperasse mais um pouco, posso falar algo de importante sobre eles.

Elesis queria evitar ficar mais tempo no hospital, queria estar o mais longe possível naquele momento. Pegou a pasta dos exames e sacudiu a mão em pressa.

— Seja rápido.

— Bem, um resumo sobre tudo. Todos seus machucados irão sarar, você não tem nada para se preocupar, nenhuma doença ou algo do tipo.

— E...? - Pelo o olhar do doutor, aquilo não era a única coisa que ele queria falar.

— O que quero dizer é sobre suas pernas. Creio que de um tempo pra cá, tem sentido fortes dores e dificuldade para andar, não é?

Elesis assente, um pouco nervosa. Toda vez que se esforçava demais, suas pernas começavam a doer. Em alguns momentos, a ruiva caía no chão por falta de força que sentia na perna.

— Soube que você teve muitos machucados nas pernas, muitos que levaram tempo para curar. O que quero dizer é, com o tempo, as coisas começam a se desgastar quando é usado demais, principalmente se é danificado. - Via o olhar de confusão que Elesis fazia. Continuou. - Apenas darei um conselho, Elesis. Se você quiser continuar a ser uma guerreira, é melhor não se esforçar muito, senão... Pode ficar sem as pernas. Entende onde quero chegar?

A ruiva leva um tempo para assentir novamente. Parecia não compreender o que tinha ouvido, mas tinha. Ela ficaria sem pernas se persistisse do jeito que fazia, ficaria sem andar e muitas coisas. Era um pensamento horrível para se pensar, por isso de começar a se sentir fraca e tonta.

— Você ficará bem, apenas siga o que eu disse e ficará melhor. Tome os remédios quando sentir dor e descanse. - O doutor fala antes de se despedir. Ele foi chamado e saiu apressado, deixando Elesis ainda parada no seu lugar.

A espadachim cruza os braços ao acordar dos pensamentos. Não queria que isso acontecesse, estava com medo e suas mãos trêmulas não podiam negar isso. Precisava se mover, sair dali, em primeiro lugar.

Como se não se importasse mais com as consequências, saiu correndo em direção às escadas, pulando dos degraus. Ainda queria estar longe dali.

***

Mesmo após um mês, Lass continuava a passar o tempo olhando pela a janela, mas agora não observando a vista. Tinha algumas crianças no jardim brincando, correndo atrás uma da outra com suas risadas altas. Aquilo é uma forma que passava o tempo durante esses dias em que esteve sozinho, sem companhia.

Desencostou da janela, tirando a preguiça. Os músculos de suas costas cresceram sob sua camisa, como em todo o resto do corpo. Durante esse tempo, Lass não só recuperou seu peso de antes, mas como fez exercícios todos os dias para voltar a como era, mais resistente e forte. Não estava ainda no seu melhor, continuava com algumas dores e fraquezas, principalmente mentais, de vez em quando. Mas tirando isso, parecia o velho Lass de antes de ficar preso no circo.

— Ughr, você parece uma mulher.

Sentiu alguém chegar na porta do quarto e parar, encarando ele pelas as costas. Olhou sobre o ombro, virando-se ao ver que era apenas Edel e seu olhar de nojo, como sempre.

— Você é estranho, o cabelo cresce, mas nada de barba. - Completa a Major. - Uma garota.

Não sentiu falta da grosseria de Edel, mas gostava de revê-la após muito tempo. Passa a mão em seu cabelo, sentindo os fios longos até demais, batendo em seu ombro. Tinha preguiça de prendê-los.

— Veio só para debochar de mim ou quer alguma coisa? - Pergunta Lass.

— Se você se esqueceu, hoje é o dia para a reunião. - Pela a cara do rapaz, ele sabia. - Astaroth e Grandiel estão muito ocupados para vim te buscar, então me mandaram. Como você, não estou tão feliz assim.

Era honesta, ao menos. Lass concorda com ela, não por sua infelicidade, por ter que ir para a reunião. Tinha sido avisado no meio do mês que quando estivesse recuperado o suficiente, a reunião seria feita e Lass não teria outra escolha além de ir. É claro que estava ciente disso, não teria como esquecer algo de tamanha importância.

— E nem pense em ir nesse estado. - Anuncia Edel. Lass não entende seu pedido. - Estou aqui para te levar em boas condições, e não uma em que parece um mendigo. Vamos, eu vou cortar essa droga de cabelo.

— Não vai perguntar se eu quero corta-lo, ao menos?

— Não me importo! - Joga a bolsa que segurava ao lado da cama, abrindo-a e surpreendendo Lass ao tirar uma tesoura. Por que ela carregava algo daquele tipo na bolsa? - Você será visto por pessoas muito importantes, ok?

Não se importava, pouco ligava para o que essas pessoas iriam achar de sua aparência. Sentou na cama, ficando de costas para Edel e sua afiada tesoura. O barulho das lâminas juntando o estremece. Ainda não confiava nela.

— Essas mesmas pessoas me querem ver morto. - Mencionava o ninja, enquanto isso, mechas de seu cabelo era preso. - Ir arrumado não fará diferença para um futuro corpo morto.

— Não se esqueça que meu irmão estará lá. Ele está do seu lado.

— E você, está?

— Não tenho lado nessa disputa. Não me importo com você nem Cazeaje. Sou neutra.

Era de se esperar vindo dela. Lass não se importava tanto se tinha pessoas ao seu lado, o problema eram aquelas que iam contra. Eram poucos que estavam ao seu lado, e sentia que poderia perder mais pessoas se fizesse algo de errado na reunião que logo começaria.

Seu cabelo começou a perder peso quando viu as pontas das mechas serem cortadas. Caiam sobre seus ombros, logo em seu colo. Fazia tempo desde que cortou seu cabelo pela a última vez, que foi antes de voltar das férias. Sentia-se como outra pessoa quando sentia seus fios serem cortados, mas no fundo, era o mesmo Lass de sempre. Era o que pensava.

— Desde quando sabe cortar cabelo? - Pergunta o ninja.

— Quem acha que corta o cabelo do Adel?

Estava tudo explicado. Para uma pessoa tão rude e sem delicadeza, era uma grande surpresa ao descobrir que ela sabia cortar cabelo. Era como Elesis e suas comidas deliciosas.

Lass abaixou o rosto, nada contente em ter se lembrado da ruiva. Desde daquele dia, nunca mais a viu ou a ouviu. Naquele mesmo dia, Elesis tinha arrumado suas coisas e ido embora do hospital, o ninja um pouco triste ao saber disso. Ele tinha causado aquilo, foi idiota o bastante para ele mesmo ter afastado Elesis. Não devia ter a beijado, se tivesse ao menos falado o que sentia primeiro, a situação não estaria tão ruim assim.

Torcia para que quando chegasse no Conselho, Elesis estivesse presente para ele se desculpar, ou ao menos tentar. Passa a mão no rosto, apenas para conferir se as pedras tinham mesmo saído. Tinha alguns curativos no lugar, apenas para esconder ainda as partes acinzentadas, mas seu lado mestiço já tinha sumido quase por completo. Sentia-se bem melhor.

— Pronto! - Fala Edel. - Agora vá tomar um banho e vista a roupa que eu trouxe. - Dá um leve chute na bolsa jogada no chão, mostrando onde a vestimenta estava.

Lass passa a mão no cabeço, a leveza dos fios o alegrando. Conseguiu ver um pouco pelo o reflexo da janela como estava, com um bom corte e a aparência melhor que antes. Edel sabia mesmo como fazer um penteado.

— Eu já tomei banho. - Diz Lass.

— Ótimo, assim economiza tempo. Vista a roupa, não será nada bom para você chegar atrasado na reunião. - Edel estava apressada, até acertava um tapinha no ombro do ninja para ele se mover logo.

Lass levantou da cama, mas não na mesma velocidade que a jovem queria. Pega as roupas que tinha na bolsa, olhando sério para Edel ao ver a vestimenta.

— Não vou usar a gravata. - Diz ao ver o terno dentro da bolsa. - Não estou indo para um baile.

— Tanto faz, vai logo!

Bufou. Sem se importar, Lass tira a camisa onde estava, preparando para vestir a outra. Sente o desconforto de Edel quando faz isso, a jovem cruzando os braços e olhando para o lado.

— Tem alguma ideia do que Cazeaje quer comigo? - O rapaz pergunta.

— Provavelmente, você morto ou o soldado dela. Mas acho que será um pouco difícil com os outros líderes dos Conselhos.

O detalhe mais importante, tomar cuidado com os outros líderes. Apenas conhecia Cazeaje e Adel, nunca tinha ouvido ou visto os demais. Esse era um motivo para começa a tremer em nervosismo.

O desconforto de Edel aumenta quando Lass tira a calça, por sorte, usando sua roupa de baixo. Ela começava a achar que o ninja fazia aquilo de propósito, porém sua expressão de tédio dizia ao contrário.

— Pronto, estou vestido. - Avisa para que ela pudesse a voltar olha-lo normalmente.

— Então vamos logo! - Já parava ao lado da porta, esperando Lass. - Queria nem estar aqui, para começo de conversa.

Estranha ao ver Lass voltar para perto da cama, só agora notando que tinha um gato sobre os lençóis. O ninja sussurrava que voltaria, que era para o felino ficar ali até sua volta. Era como ver a conversa de criaturas das mesmas espécies, pensava Edel.

— Antes, tenho que passar em um lugar. - Avisa Lass. - Não irei demorar.

— Não temos tempo.

— Então vá sem mim. - Fala sério. - Vou fazer isso antes de ir.

Não discutiu ao ver a seriedade do rapaz. Com um olhar de raiva, Edel deu de ombros e saiu do quarto. Lass precisava menos fazer isso, era como uma obrigação para ele.

Pegou o buquê de flores azuis do jarro ao lado de sua cama e conferiu se continuavam bem. Mesmo após dias, elas continuam belas como no dia que Lupus as trouxe. Lass tinha colocado uma poção em sua água para que elas durassem tanto tempo.

Finalmente, as flores seriam dadas para aquela pessoa.

***

Não tinha conseguido fazer um tumulo para simbolizar o descanso de Gwen. Tudo que conseguiu foi achar um canto que tinha total paz no quintal do hospital, longe de qualquer pessoa ou intruso. Sob uma árvore, Lass colocou o buquê com as flores azuis ao lado das raízes, um pouco quieto enquanto fazia isso. Tinha escolhido aquela cor justamente por causa dos cabelos de Gwen, que eram bem representados pelas as pétalas azuladas. Era perfeito para ela.

Sentia Edel um pouco distante, olhando para ele com os braços cruzados. Ela não tinha ido embora, ficaria esperando-o.

— Foi mal, não consegui fazer uma lápide ou algo do tipo para você. - Dizia Lass, sozinho. Não totalmente, sentia Gwen o ouvir. - Mas as flores devem ser o suficiente para você.

Não sabia por onde começar. Olhava para os próprios pés como se isso fosse ajuda-lo em achar algo para dizer.

— Me desculpe por não ter te salvado. Queria que estivesse aqui do meu lado, para ver como o mundo é bonito. Você ia adorar. - Solta uma rápida risada. - Você ia conhecer o Grandiel e o Astaroth. Eles seriam como pais para você, uma família. Também tem o Jin, ele é o cara mais legal que existe, iria ser amiga facilmente dele. Sem falar dos outros rapazes, menos o Sieghart, acho que ele daria em cima de você.

Doía quando falava e ninguém dizia nada em troca. Lass esfregou seu cabelo, que bagunçava a cada vez que passava um vento por ele. Estava quase desistindo, queria ir embora quando seu peito apertava com a solidão.

— E também tem a Elesis. No começo, vocês brigariam, mas logo se tornariam boas amigas. Elesis é uma ótima pessoa, a melhor, você veria. - Abre um sorriso sem percebe, que se desmancha do mesmo jeito. - Ela teria te salvado como fez comigo. Elesis arriscaria tudo para te tirar de lá junto comigo. Se eu ao menos tivesse esperado mais um pouco...

Sente as costas pesarem, não pela a culpa, e sim por alguém se apoiar nele. Não era uma pessoa de verdade, apenas o espírito de Gwen. Devia estar alucinando ou ser real, mas do mesmo jeito, estava feliz.

— Você se culpa por muita coisa, né? Pare com isso, de se desculpar, e faça algo no lugar. — Diz Gwen.

— E o que seria?

— Não foi sua culpa eu ter morrido. Eu acreditei em você, morri porque quis.

Lass aperta os lábios para negar. Gwen brigaria com ele, o mandaria calar a boca se ousasse falar aquilo.

— E pare de se lamentar por não conseguir nada. Todos se importam com você, principalmente essa Elesis.Se ela não ligasse para você, não ficaria em choque como ficou.

Era uma verdade, Elesis tinha ficado daquele jeito porque tinha algo que ela ainda via em Lass. Porém, a ruiva era muito orgulhosa para admitir, ela apenas continuaria a ignora-lo, para sempre.

— Eu vou ficar bem, ora! Se a ama mesmo, prove! Pode achar que eu ficarei mal se você for, mas na verdade, não. Estou bem, finalmente com a paz que quero. Você não, Lass, ainda tem muito para conseguir ter sua própria paz.

Sim, ele tinha. Nunca achou que encontraria sua verdadeira paz, sempre achou que os momentos em silêncio que passava em seu quarto servia como uma. Estava enganado, a paz não era apenas tudo estar quieto em sua volta, era ele se sentir bem mesmo com os maiores barulhos.

Elesis era sua paz, seu cantinho no mundo onde podia ser o que quiser. Descobria isso agora, o que machucava mais.

Sorri, pela primeira vez durante desse mês. Sentia que Gwen fazia o mesmo, feliz por ter o convencido.

— Obrigado, Gwen. Vou sentir sua falta. - É sincero.

A risada dela o alegra, embora fosse tudo da sua cabeça.

— Eu sei que vai.

O peso em suas costas somem quando ela se afasta, por fim, despedindo-se. Era para se sentir triste, mas Lass apenas continuou a sorrir quando a brisa gelada passou por ele.

Gwen tinha seu cantinho de paz, e quanto a ele? Também conseguiria?

***

Era como de se esperar, Edel o deixaria quando chegassem no Conselho. Ela não disse para onde iria, mas com certeza tinha a ver com a reunião. Lass continuou seu caminho pelos os corredores, a procura de algum conhecido. Não se sentia confortável estando ali, embora seu rosto não tivesse mais as pedras, apenas pequenos curativos. Tinha medo de se encontrar logo com Cazeaje, a sós.

— Finalmente chegou. - Para seu alívio, era apenas Astaroth. Seguiu o professor pelo o caminho que ele já tomava. - Por que demorou tanto?

— Tive um assunto pessoal para resolver. Cheguei atrasado?

— Felizmente, Cazeaje está mais atrasada que você. Os outros líderes já estão no salão, esperando por você e Cazeaje.

Para de frente para uma enorme porta, do outro lado, o salão que Astaroth mencionava. Nunca esteve depois daquela entrada, provavelmente, a reunião seria em outra sala, por algum motivo em especifico. Lass não prestou muita atenção nisso, estava focado demais pelo o que poderia acontecer com ele em breve.

— Não entre agora, espere Cazeaje chegar. - Mencionava Astaroth. - Ficarei com o Grandiel lá dentro.

— Vocês podem entrar? - Olha confuso.

— Precisa de defesa, não é? - Acerta um tapa no ombro do ninja. - Além dos líderes, também há seus braços direitos para defendê-los. Resumindo, não será como da outra vez, você estará entre os maiores, então nem pense em fazer alguma besteira.

Lass nem pensava nisso. Astaroth entrou no salão, deixando o ninja parado enquanto olhava para a parede. Esperava ter Edel para fazer companhia, por mais que não fosse a melhor, mas ninguém apareceu.

Reconstou na parede ao lado e respirou fundo para se acalmar. Começava a ficar nervoso em pensar que estaria no meio dos maiores guerreiros do mundo, os mais poderosos. Se achava Cazeaje assustadora, queria nem pensar no povo dos outros continentes. A cada pensamento, mais achava que não conseguiria controlar as chamas na frente deles, que iria despertá-las sem querer.

Quando percebe, estava agachado no chão, parecendo uma criança medrosa. Quando atravessasse aquela porta, não poderia demonstrar medo, nada parecido. Não queria lembrar disso, mas Regis tinha falado algo importante. Precisava mostrar que era o melhor portador para as chamas, que conseguia controla-las sem perigo nenhum. No entanto, seu jeito nervoso não ajudava muito.

Sai dos pensamentos ao ouvir barulho de corrente. Olha sem importância, já sabendo o que aconteceria em seguida. Só não esperava que seria outra pessoa que o prenderia.

— Elesis. - Murmura com a ruiva parada numa certa distância.

Nas mãos dela, as algemas que seriam usada para prender Lass antes de entrar no salão. A ruiva não o olhava diretamente, seu rosto estava um pouco virado para o lado, a expressão tão neutra que assustava o ninja.

— Você precisa colocar isso antes de entrar. - Ela fala o que ele já sabia.

Com apoio da parede, Lass fica de pé sem tira os olhos da espadachim. Ela deu alguns passos até ele, erguendo as algemas para o rapaz. Sem muitas palavras, Lass entende o que ela queria e faz, esticando os punhos fechados para serem presos. Seus pulsos são apertados pelo o frio das algemas, a corrente pesando mais que esperava. Elesis não o olhava, parecia nem o conhecer.

— Elesis, eu...

— Não. - É rápida para corta-lo. - Não comece.

— Precisamos conversar.

Nega com a cabeça, ainda sem olha-lo

— Eu já disse que não.

— Eu só quero que você ouça, será que é tão difícil? É importante. - Estava praticamente implorando.

Achou que seria melhor quando Elesis o olhasse, mas foi ao contrário. A ruiva estava irritada, seus olhos mostrando como estava machucada por dentro.

— Eu não quero te ouvir, Lass. Entenda isso. - Falava com a voz arrastada, segurando-se para não gritar. - Gostaria nem de estar aqui, mas fui chamada como você foi. Estou apenas como sua guarda aqui, nada além disso.

— Sei que foi errado o que eu fiz, me desculpe. Não pensei em como você reagiria, agi como um idiota, eu sei. Mas agora eu preciso que você me escute, eu... - Estica sua mão e apoia no ombro de Elesis.

A ruiva recua imediatamente, em seguida, agarrando Lass pela a camisa e o jogando contra a parede. Encara o rapaz em ódio, não gostando nada de ser encostada sem sua permissão.

— Você ainda não entendeu nada. - Falava a espadachim. - Não apenas fez isso contra minha vontade, mas como atingiu o Ronan também. Ele não sabe, nem pretende saber. - Aperta o tecido da camisa. Era isso que afetava tanto a ruiva, ela sentia que tinha traído Ronan de uma certa forma. Lass ver isso nos seus olhos cobertos por ódio. - O que você fez...

Elesis não completa, já estava sendo difícil para se segurar para não bater em Lass, muito mais em falar com ele. Embora visse a ruiva daquele jeito com ele, o ninja ainda queria conversar com ela, esclarecer tudo que sentia.

— Ora, ora. Por que minhas crianças brigam tanto?

Olham ao mesmo tempo para a direção de Cazeaje se aproximando. Como sempre, tão bela naqueles longos vestidos que sempre usava, que realçava seu corpo esbelto. Vendo a mesma ali, Elesis larga Lass e se afasta, voltando a ignora-lo.

— Não estamos brigando. Era apenas uma conversa. - Diz a ruiva.

— Conversa? Vou fingir que sim. - Olha para a pessoa que mais interessava e abre um sorriso largo. - Quanto tempo, querido Isolet. Como está indo?

Lass se ajeita na parede que continuava apoiado. Ajusta a postura e esconde a expressão de nojo, conseguindo falar normalmente.

— Olá, Cazeaje.

Fazia mesmo tempo desde que viu Cazeaje pela a última vez. Foi antes de ser pego pelo o circo, que por coincidência, foi por causa da missão dela que Lass foi parar lá. Ele e Elesis tinham que entregar um pergaminho em Ellias, justamente perto do circo.

Não sabia se ela tinha feito aquilo de propósito, mas sentia que Cazeaje não era tão estúpida a ponto de entregar o ninja de bandeja para Zidler, que tinha um desejo de posse sobre ele maior que Cazeaje.

— O que estamos fazendo aqui? Vamos entrando, já estamos atrasados mesmo. - Menciona Cazeaje.

Lass a deixou passar na frente, abrindo as duas portas para o salão. Cazeaje entrou primeiro, o rapaz ficando para trás, em um momento para tomar coragem. Finalmente, olha para Elesis ao seu lado, sem demonstrar nenhum nervosismo. Não seria ela quem estaria com a vida em risco.

— Você primeiro. - Diz a ruiva, com um aceno rápido com a mão.

Lass queria falar mais com ela, principalmente por ter ficando sem a ver por um mês, e com um motivo bem aparente. Já estava preparado para fazer qualquer coisa para ter o perdão da espadachim, mas pouco importaria naquele momento, precisava se focar agora em como entrar e sair vivo daquele salão.

Deu alguns passos e parou na porta, logo seguindo em frente ao reunir coragem. Elesis o seguiu um pouco distante, parando quando o ninja chegava no centro do salão. Sem ela, sentia-se mais desprotegido.

Só quando parou que Lass percebeu que o lugar era totalmente diferente do outro em que esteve na primeira vez. Era uma sala circular, uma mesa alta circulando o centro onde o rapaz estava parado. E sentados em cada canto, os líderes dos demais Conselhos. Era de se esperar, Cazeaje sentada na parte do meio da mesa, cercada pelos os maiores.

— Desculpem meu atraso! - Dizia ela enquanto se sentava no seu lugar. - Estava de viagem e não pude chegar na hora certa. Mas sem mais discussões, vamos começar.

Lass nem ouviu o anuncio de Cazeaje, estava tão focado olhando para os outros líderes. Cada um deles tinha alguém para ficar ao lado, como um guarda pessoal. Cazeaje tinha Mary, enquanto Adel, tinha Edel. O rapaz acenou para Lass quando sua atenção foi direcionado a ele. O ninja olha em nojo.

— Decore cada rostinho deles, será importante para o futuro. - Ouve as chamas falar ao fundo. Estavam um pouco agitadas quando Lass entrou no salão. - Será esses caras quem decidirão seu futuro.

O ninja olha discretamente para cada um, que eram cinco no total, com exceção de Cazeaje e Adel. Líder do Conselho da Terra de Prata, Ellia, Xênia, Arquimidia e Aton. Alguns possuíam olhares sérios, outros normais. Era difícil dizer o que pensavam de Lass enquanto observavam pela primeira vez.

Mas em meio a rostos desconhecidos, tinha alguns em que Lass conhecia. Astaroth e Grandiel estavam em uma parte mais isolada, como testemunhas. E o outro, não muito contente ao vê-lo, era Ronan ao lado de sua tia. O ninja até sentia o olhar de Elesis para o azulado, por mais que eles estivessem distantes.

— Então, Cazeaje, diga o que está acontecendo. - Fala a moça de cabelos escuros e presos, tão bem arrumada que Edel nem poderia ser comparada. Era muito bonita, mais seus olhos azuis eram frios demais, sua pele pálida como a neve.

— Líder do Conselho de Ellia. - Comenta as chamas. - É uma mulher que se mantêm neutra em vários aspectos. Não tem perigo com ela.

— Desde o desperta das chamas, Lass tem estado sob meus cuidados. - Explicava Cazeaje. - Nessa época, não queria envolver a todos vocês, seria total perda de tempo. No entanto, com o sumiço repentino de Lass e das chamas, percebi que uma tragédia poderia acontecer em breve. Por sorte, nada aconteceu.

Lass a encarava de onde estava. Cazeaje falava como se fosse uma inocente da história, como se importasse mesmo com o ninja. Ela sabia fingir bem na frente de outras pessoas.

— Então só agora quer nossa ajuda? - Pergunta o rapaz, que parecia ser jovem demais para ser um líder.

— Líder do Conselho da Terra de Prata. Não se engane por sua aparência jovem, é um rapaz muito experiente e esperto. Problemático se for o inimigo dele, mas garanto que você não será.

Realmente, aquele rapaz parecia ser mais velho que Lass só alguns anos. Tinha os cabelos castanhos e os olhos escuros, lembrava até um pouco Jin. Devia ser porque ambos são da mesma terra.

— Eu não diria ajuda. - Continua Cazeaje. - Posso muito bem cuidar do Lass sozinha, mas convoquei a todos aqui para saber o futuro dele. Como sabem, as chamas são a fonte de magia mais perigosa que existe, que deveria ser apagada imediatamente. Mas, seria um grande desperdício de poder, não acham?

Era difícil para Lass continuar calado. Se dissesse algo de errado, poderia ser usado contra ele. Tudo que podia fazer era esperar o momento certo para se manifestar.

— Não acredito que ainda pretende manter esse garoto vivo, Cazeaje! Ele é um perigo, todos nós vimos um pouco disso quando as chamas foram despertadas. - Falava nervosamente o senhor à esquerda de Lass. Era um velho com cabelos e uma longa barba grisalha. O que mais chamava a atenção era seu olho robótico. - Usa-lo como soldado seria uma loucura.

Lass olha sério para o senhor que tanto falava mal dele. Fecha os punhos, as algemas ficando mais apertadas.

— Líder do Conselho de Arquimidia. É o pior de todos, ele me odeia, e com certeza, você também. Tome cuidado com ele, esse velho é mais poderoso do que parece. - Avisava as chamas.

— Embora as chamas tenham sido despertadas, foram devidamente controlada em seguida. - Dizia Ronan. Isso deixa Lass surpresa, não esperava ser defendido logo por ele. - Não houve nenhum perigo de risco, além disso.

— Garoto, eu vi o relatório! - Retruca o senhor. - Pessoas foram feridas, mesmo que as chamas não tenham sido totalmente usadas. Preciso nem mencionar o nível de irresponsabilidade desse garoto.

Olha em repúdio para Lass, sentindo nojo em ver o rapaz mesmo de longe. O ninja começava a sentir vontade de libertar as chamas sobre aquele homem, para cala-lo de vez. Queria tanto dizer o que pensava, mas sabia que seria problemático sua falta de educação.

— Ah, dê uma chance para o garoto. - Dizia a moça com sua voz doce, tão agradável. Lass só percebe agora ela ali sentada, não sabendo como não a tinha visto antes, por a aparência da mesma ser chamativa demais. Tinha os cabelos bem longos e ondulados, uma coloração incerta, que ia do azul escuro para o roxo e então o rosa. Seus olhos eram parecidos, preenchidos com um certo brilho por dentro. - Meu sentidos não mostram nenhuma ameaça vindo dele. Isso quer dizer que ele tem total controle sobre as chamas.

— Divindade. Líder do Conselho de Xênia. Tão poderosa quanto um deus de lá, mas é um ser bastante inofensivo. - Falava as chamas. - Ela deve ficar ao seu a favor.

— Exato. - Fala Cazeaje. - Lass não é apenas um garoto, como você fala. Além de ter um corpo mestiço, é um grande lutador desde sempre. Acho que nem preciso mencionar que ele foi treinado pelos os meus melhores guerreiros. - Aquelas palavras vindo da boca de Cazeaje não fazia Grandiel e Astaroth se sentirem prestigiados. - Aposto que ele venceria qualquer guerreiro seu, por sinal.

O senhor bufa com o tom calmo que Cazeaje levava. Não importava quantas afirmações usassem para defender Lass, o líder de Arquimidia nunca parecia estar satisfeito.

— Se diz tão forte, - Encara Lass, o ninja encarando de volta. - por que deixou as chamas despertarem? Por que foi pego facilmente e desaparecido por todos esses dias?

— Não é da sua conta! - Lass consegue falar o que tanto queria. Já estava cansado de ser insultado daquela forma pelo o líder de Arquimidia. - São motivos pessoais, que você nunca entenderia.

O senhor se preparou para debater com toda raiva depois da frieza de Lass com ele. Cazeaje perceberia que aquilo seria nada favorável para ela, então interferiu.

— Não importa o motivo das chamas serem despertadas, isso já passou e não fará diferença agora. - Ela fala. - Estamos aqui para debater o futuro, não o que aconteceu no passado.

— Certo, então! - O velho continua a gritar. Seu nervosismo perto de Elesis era maior que tudo. - Então diga, Cazeaje, o que acontecerá se as chamas forem despertadas novamente? Você irá para-lo? Porque creio que será uma piada se disser que sim. Você pode parar muitas magias, mas as chamas azuis são as únicas coisas que não consegue!

Por dentro, Cazeaje mantinha um olhar em ódio para o líder de Arquimidia, mas por fora ela continuava com aquela face calma e pacífica que tanto o irritava. Se tinha um inimigo que não poderia abater, era o líder de Arquimidia. Ele sempre tinha os argumentos certos, embora fossem ditos mais por sua raiva do que pensando.

Ninguém respondeu à pergunta do senhor. Os outros líderes olharam para Cazeaje, esperando uma resposta dela. Até mesmo Lass queria saber como ela iria para-lo se isso acontecesse, mesmo ele sabendo que não perderia o controle das chamas outra vez. Tudo estava diferente agora.

— É por isso que estou aqui, para impedi-lo.

Se tinha uma voz que Lass não gostaria de ouvir naquele momento, era a de Elesis. Olha sobre o ombro e ver a ruiva dá alguns passos até todos a ver no centro. Preferiu manter distância de onde Lass estava, por mais que estivesse ali para defendê-lo.

— Meu trabalho é impedir que o Lass perca o controle das chamas. - Continua a espadachim. - Fui eu quem o trouxe de volta, quem o salvou. Então posso te garantir que se as chamas forem despertadas outra vez, posso para-las mais uma vez.

Todos olharam fixamente enquanto a ruiva falava. Não sabiam quem era ela, nem sabiam que a mesma estava ali. Os únicos naquele salão que sabia quem era Elesis não olhavam para a espadachim contente, olhavam decepcionados para o intrometimento dela. Ronan era um deles.

O silêncio era quebrado com a gargalhada histérica do líder de Arquimidia. Ofendida, Elesis o encara, querendo saber o motivo de sua risada. Não tinha dito nenhuma piada, então por que ele agia assim?

— Muito bom, muito bom! - Ele batia palma, ainda gargalhando. - Realmente, faz muito sentido uma Cavaleira Vermelha ser a protetora das chamas! Já não basta o outro Cavaleiro Vermelho, Gerard, querendo as chamas, agora temos ela como protetora. Irônico, não?

E lá estava o motivo de sua risada. Lass olha para Elesis, sabendo que a ruiva olharia furiosa para o velho. Felizmente, tudo que ela fez foi fechar os punhos, e não avançar contra o líder; tudo estava bem até ela abrir a boca.

— Como é que é? - Elesis rosna.

— Cazeaje, isso é mesmo sério? Essa garota como protetora das chamas? - Falava o líder enquanto apontava para Elesis, como se não fosse nada para o mesmo.

Elesis avança um passo, sua irritação aumentando a cada palavra ouvida. Lass a avisa com o olhar, para que não fizesse o que pensava.

— Sei que pode parecer impensável da minha parte, mas Elesis provou ter capacidade para deter as chamas. Foi ela quem impediu Lass quando as chamas foram despertadas. - Respondia Cazeaje. - Embora tenha o título de Cavaleira Vermelha, Elesis não parece seguir o mesmo caminho que Gerard.

Era estranho ser defendida por Cazeaje, mas não foi contra ela, tentou acalmar seu sangue quente.

— Creio que apenas uma pessoa não seja o suficiente para deter as chamas. - A voz doce da líder de Xênia chama suas atenções. - Ela pode ter detida uma vez, mas quem garante que nas próximas ela conseguirá? Gerard é apenas uma das pessoas que está atrás das chamas, e apenas ele é o suficiente para derrotar a ruiva ali. - Deu uma rápida apontada para Elesis.

Não tinha ignorância nas palavras da líder, pois era verdade o que dizia. O que mais incomodava Elesis, tanto Lass, era eles serem ignorados no centro. Os líderes conversavam como se eles não estivessem ali.

— Concordaria se Lass ficasse sob a proteção de um de nós. - Menciona a líder de Ellia. - As chamas estariam em melhores mãos.

— As chamas já estão sob a proteção de Cazeaje. - Fala pela primeira vez o rapaz na ponta da mesa. Seu corpo e rosto eram cobertos por um tecido, revelando apenas uma parte de sua face. Fica pouco visível sua pele morena, mas nada além disso. - Primeiro, devemos mesmo ver se as chamas estão em boas mãos, isso é, se o portador delas é mesmo capaz de aguentá-las.

Agora era Lass que era observado. O líder de Aton, que as chamas tinham falado, tinha dito o que o ninja queria tanto demonstrar.

— Tenho as chamas desde sempre. - Falava Lass. - E sim, sou capaz de controla-las, sem perigo algum. O medo que vocês sentem por mim é porque não têm confiança em minha força, temem que eu possa me revolta contra vocês. - Olha diretamente para o líder de Arquimida, o fitando sério. O senhor entende que a mensagem era para ele. - Se eu quisesse, já teria queimado todos vocês nessa sala, mas não fiz, porque quero mostrar que estão errado sobre mim.

— As chamas não são tão terríveis quanto parecem. - Elesis se intromete. - Elas não apenas matam, elas curam e acabam com maldições que nenhum poder poderia. Acabar com as chamas, um grande poder, seria uma grande burrice!

— É claro que você diz isso, Cavaleira Vermelha! - Grita o líder de Arquimida. - Deseja tanto as chamas que ver algo que não existe nelas. Pare de falar bobagem!

— Não estou! - Elesis rebate, nervosa como o senhor. - Você nunca viu as chamas como elas são de verdade, é você que está inventando. Pare com isso, seu covarde!

Elesis passava do limite. O líder de Arquimida arrasta a cadeira ao levantar bruscamente, furioso pelas as palavras da ruiva. Sem medo, Elesis avançaria contra ele, sendo impedida quando Lass se coloca na sua frente. Ronan faria o mesmo, quase levanto de seu lugar para impedir a espadachim.

— Acalme-se, ambos! - Pede Cazeaje. - Não há motivo para discussão. Como Lass disse, ele é capaz de controla-las na frente de todos nós. Não vejo problema nenhum nisso.

— Está falando mesmo sério, Cazeaje? - A líder de Ellia olha sem acreditar. - Um poder desse tamanho aqui nessa sala seria um grande perigo. É uma ameaça para todos nós.

— Apenas liberarei uma pequena parte, não elas toda. - Fala Lass, intrometendo-se. - Se eu conseguir controlar esse pequeno poder, quer dizer que tenho capacidade para aguenta-las dentro de meu corpo.

— E quem vai ter a responsabilidade se algo de errado acontecer? A Cavaleira Vermelha ou todos nós? - Começa outra vez o líder de Arquimidia. - Alguém dessa sala precisa se colocar na frente.

— Eu me coloco, então! - Fala Cazeaje. - Confio no meu Isolet, então se ele falhar, eu falho junto.

A questão não era essa. Lass sabia que sua bondade estava cheia de más intenções por dentro. A aposta do ninja perder o controle das chamas e se tornar um soldado de Cazeaje ainda poderia estar de pé, ou ela agiria como uma inocente no final só para pôr as mãos no rapaz. Tudo era possível, menos sua humildade.

— Uma pequena demonstração não mataria ninguém, não é, Isolet? - Pergunta Cazeaje.

— É claro, mas um acidente, sim. - O líder de Arquimidia levanta da cadeira. Do bolso de sua jaqueta, é tirado uma arma que parecia inofensiva, simples como qualquer uma. Quando é mirada para Lass, ela se transforma em algo maior, seu visual mais agressivo. - Qualquer passo falso, garoto, e eu te destruo antes mesmo de tentar.

Sob aquela pressão, Lass não conseguiria mesmo. Olha em volta, os demais líderes concordando com a proposta. Não entendia, era para ficar feliz por isso, mas ficou nervoso por saber que teria que controlar as chamas na frente de todos. Era uma coisa tão simples, como tinha feito no circo, porém que naquele instante parecia impossível.

Elesis tinha se afastado, Lass percebe. A ruiva tinha voltado para seu canto, talvez com medo de quando o ninja fosse desperta as chamas e pudesse machuca-la. Achava que era esse motivo, mas conhecia a ruiva o suficiente para saber que ela não temeria a Lass ou algo vindo dele.

— Todos estão de acordo. - A voz de Cazeaje o tira dos pensamentos. - Bem, vá em frente, Isolet.

Poderia fazer tudo aquilo em um estalar de dedos, mas preferiu respirar e tomar um tempo antes. Embora Grandiel e Astaroth estivessem longe, ambos o olhavam com tensão. Já tinham visto as chamas antes, mas sem serem controladas como Lass faria agora.

Estica as mãos algemadas para frente, em um movimento rápido, joga os braços para o lado e arrebenta a correntes. Não entendeu porque continuava usar aquilo se poderia quebra-las com um simples tapa. Mais livre, como estava agora, deixou sua respiração calma sair, e o brilho azul por entre seus dedos. No começo, era apenas uma luz que não tinha forma, que logo começou a ganhar as curvas de chamas e se espalhar pelo o salão.

Lass tinha fechado os olhos, parecido como se tivesse desligado de tudo. As chamas eram baixas, apenas o bastante para alertar nenhum deles. Quando perceberam, o chão estava tomado pelo o tom azulado e suas mesas começavam a ser cobertas por elas. Os líderes tentaram não demonstrar medo quando elas se aproximaram deles sobre a mesa, porém sem toca-los.

— Dona Cazeaje? - Chama Ronan, como um sussurro.

Sentado ao lado dela, o rapaz percebe o corpo de Cazeaje enrijecer. Somente ao olha-la ver a expressão séria da mesma para as pequenas chamas sobre a mesa. Ela encarava como um predador, porém em ameaça. Sabia que as chamas eram o único poder que ela não conseguiria apagar, e aquele momento era uma demonstração disso.

— A superfície da mesa não está queimando, nem o piso. - Mencionava a líder de Xênia. Diferente de todos, que olhavam amedrontados, ela olhava admirada para a magia. Seus longos cabelos se enchem de emoção, como se visse algo muito bonito. - É impressionante o controle do garoto sobre elas. Existi algum truque para isso?

— Não existi truque.

Fica surpresa por ser Elesis quem responde, sem demonstrar medo pelas as chamas perto dela. A ruiva descruza os braços e sai andando em direção a Lass, todos os líderes olhando assustados ao ver que ela pisaria sobre as chamas no chão. Achavam que seus pés seriam queimados em segundos, mas não, Elesis continuou os passos enquanto pisava sobre as chamas e nada acontecia. Não entendiam por que não tinha efeito sobre ela.

— As chamas apenas não queimam, elas servem para muitas coisas. - Dizia a ruiva. - Curar, salvar e muitas coisas. Elas não são tão feias quanto parecem.

Lass abre os olhos ao sentir um peso sobre o ombro. Era a mão de Elesis. Ela queria provar que mesmo com a mão sobre as chamas no ombro de Lass, nada de mal aconteceria com ela. A confiança que tinha no ninja era muito grande, acreditando que ele conseguia controlar as chamas para não feri-la.

— Vejam com seus próprios olhos! - Continua Elesis. - Toquem nelas, sem medo. Acham que são os mais fortes dos continentes mas temem por uma queimadura. Vamos, toquem!

Lass segurava seu sorriso que Elesis despertava nele. Mesmo vendo que a ruiva ainda tinha uma certa raiva dele, continuava a ficar ao seu lado. A importância que Lass era para ela o deixava feliz, segurando-se para não se descontrolar das chamas.

A batida na mesa faz todo olharem na direção do líder de Arquimidia. Ele foi o primeiro a encostar nas chamas, um toque direto. Parecia desconfiado no começo, mas após sentir as chamas sobre sua palma sem causar nenhum arranhão, ele assente com a cabeça. Os outros líderes fizeram o mesmo, encostaram nas chamas e ficavam surpresos quando sentiam nada.

Todos, menos Cazeaje. Até mesmo Ronan encostava nas chamas, mas a líder se recusava a encostar um dedo. Cruzou os braços e olhou a todos com sua seriedade.

— As chamas azuis são diferentes das outras quatros. - Menciona Lass. - As outras não podem ser controladas desse jeito, porque não possuem uma consciência. Por mais que seja perigoso um poder com consciência, eu posso controlar as chamas azuis, se eu não pudesse, todos já estariam mortos com esse simples toque nelas.

Parecia um aviso, que fez alguns recuarem a mão das chamas. Sentiam medo que Lass pudesse ter uma queda e sem querer queima-los.

— Isso é verdade. - Elesis fala. Estica sua mão para que todos vissem as chamas vermelhas aparecerem em sua mão. Ela não se queimava, mas qualquer que tocasse poderia se machucar, mesmo que a ruiva não quisesse. - Não posso controlar minhas chamas para não machucarem, elas são feitas apenas para machucarem e nada além disso; diferente das chamas azuis.

— Isso é o mínimo que elas poderiam causar em você.

Lass estica a mão para Elesis, um pedido em silêncio. A ruiva compreende o que queria, então não excitou em deixar o rapaz segurar seu pulso, com um cuidado que parecia vidro. Tudo parecia normal, até Elesis quase se ajoelhar no chão pela a dor que sente onde Lass a segurava. Sua pele queimava pelas as chamas, uma fumaça subindo por isso.

— Lass! - Iria gritar Grandiel, para que ele parasse aquilo, mas Ronan foi mais rápido. Olhava indignado para o rapaz que machucava a espadachim, sem expressar receio.

— As chamas podem machucar, mas podem fazer coisas melhores que isso. - Menciona o ninja, logo soltando o pulso de Elesis.

A marca de sua mão e dedos estavam marcado como queimadura no pulso da mesma, ainda com a fumaça saindo. Lass não tinha a queimado tanto, apenas um pouco para mostrar a ferida. Elesis tinha concordado, embora parecesse sofrer muito com a queimadura em sua pele.

— Curar é uma delas.

A expressão fechada da ruiva se desmancha em alívio. Um fina camada das chamas contornava a queimadura, a pele queimada se curando rapidamente. Era uma boa sensação aquela, quando as chamas curavam. Às vezes se perguntava se Lass sempre sentia isso quando invocava as chamas, aquela sensação que faria qualquer pessoa se viciar.

Elesis segura o próprio pulso, passando o dedo para sentir sua pele curada. Confiava em Lass para saber que a cura das chamas eram perfeita, isso ela já tinha sentido várias vezes, principalmente no circo.

— Então está dizendo que só porque consegue controlar as chamas, que não devemos nos preocupar? - O líder de Arquimidia debate, seu convencimento sempre irritando a Lass. - Que você nunca irá ser um perigo para todos nós? Garoto, você ainda não me convenceu.

— Isso pode até ser verdade. - Cazeaje fala. Seu sorriso volta ao seu rosto, porém a distância que tinha das chamas ainda mostrava o desgosto dela por elas. - Mas existi outras formas de controlar as chamas, além do Lass.

Diferente dos líderes, Lass não sente boas intenções nas palavras de Cazeaje. Como sempre. Ele era o único que controlava as chamas, isso é, ele e Regis, que nem mesmo podia aguentar mais as chamas por causa da sua saúde prejudicada pelas as mesmas. Ninguém além deles, era assim que achava.

— Seja direta, Cazeaje. - O líder de Aton pede.

Ela joga os braços de lado, sem parece ter muita importância, como se fosse óbvio.

— Ora, Lass não nasceu com as chamas, ele ganhou elas após seu nascimento. Pelo o que eu sei, as chamas antes estava com Regis, um haro, conhecido mais como o pai de Lass. - Sente o olhar de irritação do ninja sobre ela, mas isso não a impede de continuar. - Mas já pararam para pensar em que podia ter as chamas antes dele?

Olha confusos, sem entender para onde aquilo iria parar. Os únicos que se sentiam tensos eram Astaroth e Grandiel, que nem demonstravam isso.

— O que eu quero dizer é: Lass apenas ganhou as chamas, ele nunca foi o verdadeiro dono delas. Regis roubou elas, o que vale o mesmo para ele. - Lass quase recuou um passo ao perceber as intenções de Cazeaje. Ela não pretendia fazer aquilo, pensava enganado. - Estou apenas propondo que devemos ir atrás do verdadeiro dono das chamas, aquele que tem total controle das chamas, que não se afeta por elas.

Era uma ideia perfeita, muito bem elaborada. Eles achavam o dono das chamas e Lass passava para ele, e nunca mais precisaria ter que se preocupar com elas novamente. Perfeito.

Mas não era. O rapaz olha discretamente para Elesis ao seu lado, vendo o olhar que esperava da ruiva. Ela estava com os olhos arregalados, segurando as próprias mãos para não demonstrar medo. Ela estava com medo. E Lass entendia o porquê.

Elesis era a verdadeira dona das chamas. O fardo que Lass tanto carregava seria passado para ela. Mas esse não era o principal motivo do pânico da mesma, era ter que servir Cazeaje como o ninja temia.

— Está dizendo que devemos procurar pelo o verdadeiro dono das chamas? - Só agora que Adel se manifesta. Esteve o tempo todo em silêncio, apenas observando a todos discutirem. Ele já tinha um lado decidido, não precisava ter uma discussão para saber que Lass precisava de seu apoio. - O que é, praticamente, impossível nessa situação.

— Claro que não. - Cazeaje rebate. - Com um forte investimento nas pesquisas, poderemos achar essa pessoa. Por isso mesmo de eu querer prender Regis, que obviamente sabe quem é o dono das chamas, já que ele roubou dele.

— E o que você faria com o dono das chamas? O prenderia?

— Não está decidido ainda. Mas creio que todos se sentiriam melhor com as chamas com o dono em vez do Lass, que para vocês, é um inexperiente.

Lass olha ofendido para Cazeaje, embora aquilo fosse verdade. Não importava quanto mostrasse as chamas e seu domínio sobre elas, todos continuariam a desconfiar dele. Lentamente, apagou as chamas em volta do salão, parecendo ficar mais escuro o local após isso.

— E o que acontece comigo até lá? - Pergunta Lass. - Continuarei servindo a missões sem sentido ou finalmente terei minha folga?

— Até lá, será observado após esse problema com seu sumiço. É claro, continuará suspenso de usar as chamas, só por garantia.

Quando Lass foi debater, indignado por continuar a ser um bichinho de Cazeaje, Adel se intrometeu.

— Cazeaje, não entendo suas reais intenções. -Falava o líder com um sorriso de lado, provocando Cazeaje. - Diz que confia plenamente em Lass para tomar conta das chamas, porém não o deixa usa-las? Por acaso, teme que seja ferida ou algo do tipo?

Olham para ela à procura de resposta. Cazeaje o fitava séria, aquela pergunta tendo a tingido em cheio.

— Só temo que Lass possa perder o controle delas, embora isso não vá acontecer. Me preocupo com a população e com o bem estar do meu Isolet. - Fingi o olhar inocente.

— Então se tem total confiança nele, por que não melhoramos toda essa proposta? Eu concordo em procurar pelo o dono das chamas, parece ser uma boa ideia, mas até lá, Lass não sofrerá em suas mãos. - Olha para os demais líderes. - Nas mãos de ninguém. Portanto, proponho que as chamas devam ser usadas, sim! Lass usará quando bem entender, sem castigo ou consequências.

— Ficou louco? - O líder de Arquimidia bate com a mão na mesa, indignado. - Liberar o monstro de matar? É isso mesmo?

Era mesmo uma proposta absurda, porém com a mão erguida, Adel mostrava que ainda não tinha acabado.

— Daremos um prazo a Lass. - Acena com a mão para o rapaz, que estranhamente confiava nas palavras de Adel. - Um prazo para ele mostrar que pode mesmo controlar as chamas, independente da forma. Quando esse prazo acabar e ele mostrar que não consegue controlar as chamas, aí sim iremos procurar pelo o donos das chamas. Mas caso ao contrário, não iremos procurar por ninguém e deixaremos as chamas com o dono atual, que é o Lass.

Elesis junta as mãos contra o peito, soltando o ar pesado de seus pulmões. Estava mais calma com essa proposta, mas isso não a impedia de continuar nervosa. Só conseguia confiar nessa proposta pois dependeria de Lass para isso, e o rapaz era quem ela mais confiava.

— É uma boa ideia. - A líder de Xênia é a primeira a falar. - Poderemos dar uma chance para o queridinho ali e não perder tempo correndo atrás de um desconhecido.

Cazeaje fecha os punhos sob a mesa, segurando o olhar furioso sobre Adel. Os outros líderes começam a debater, concordando com o rapaz. Em todo o momento em que esteve em silêncio, foi só para ver como Cazeaje reagiria com essa proposta.

— Vamos fazer o seguinte: - Adel continua. - Quem está a favor dessa proposta, levantar a mão. Quem não, nem precisa.

O rapaz é o primeiro a erguer a mão. No começo, olham pensativos, mas lentamente, alguns erguem a mão. Ambas líderes, de Xênia e Ellia,erguem a mão, sem discussão. O líder de Terra de Prata vai junto, sorrindo pela a proposta. O de Aton fica pensativo por um bom tempo, até concordar com os demais.

Lass quase sorri com a maioria erguendo a mão, porém ver que faltava mais dois. Tanto Cazeaje quanto o líder de Arquimidia encaravam sérios, talvez pensando ou apenas com raiva da proposta.

— Não irei apoiar a liberação das chamas. - Cospe o líder de Arquimidia, cruzando os braços. - Será burrice. Cazeaje?

Apenas faltava seu voto. Independente de qual fosse, já estava decidido. Cazeaje apenas não mostrava seu voto por estar pensando em outra proposta, para convencer a todos. E para ela ganhar de alguma forma. Quando sente todos os olhares sobre ela, até mesmo de Lass, ela faz um estalo com a língua.

Joga os braços de lado.

— Não importa! Está decidido, então. - Engole o próprio orgulho para continuar a falar. - O prazo para Lass provar que pode dominar as chamas ainda estar para ser decidido, porém a liberação delas poderá ser feito a partir de amanhã; Sem consequências. Agora, - Olha diretamente para o ninja, seus olhos em fúria pelo o rapaz. - Lass Isolet, você pode garantir a todos aqui presente de sua responsabilidade pelas as chamas? E que, se houver outro descontrole delas, o mataremos sem pensamos sobre isso, certo?

Cazeaje conseguiu acrescentar um detalhe que fez o rapaz tremer com seu olhar nervoso. Todos o olhavam, os líderes, Grandiel, Astaroth e Elesis. A ruiva criava uma esperança que Lass sabia o porquê, o que deixava o mesmo mais nervoso.

Tudo dependeria dele a partir daquele momento.

— Acho que devemos também acrescentar mais uma coisa. - Ronan quebra o silêncio. - Já que as chamas serão de toda responsabilidade de Lass, não há motivo para Elesis continuar a ser sua protetora. A presença dela apenas estaria impedindo Lass para mostrar sua verdadeira capacidade.

Elesis é a primeira a olhar indignada. Ronan não fazia aquilo para o bem de Lass, e sim para o dela. Era como se fosse fraca o bastante para não ajudar Lass nisso, que apenas o atrapalharia. O que era verdade, por uma parte.

— Tem razão. - A ruiva esperava que qualquer um dissesse aquilo, menos Lass. O ninja falava ao olhar para o chão, ferido pelo o que acabou de dizer. Ele abriria a mão da presença da ruiva por sua segurança. - Não há motivo para ela continuar a se arriscar desse jeito.

— Eu posso controlar as chamas. - Dizia Elesis com a mão no peito. - Lass, eu...

— Certo, eu concordo com tudo! - O ninja grita, interrompendo Elesis. O rapaz encara Cazeaje, tentando não demonstrar insegurança. - Posso mostrar que sou capaz de controlar as chamas e ter responsabilidade. Dê o prazo que quiser, não perderei o controle novamente! E caso perca, - Engole seco, continuando. - façam o que for preciso para me matar.

Elesis nem reconhece Lass por essas palavras. Não sabe como reagir para o suicídio que ele assinava, tudo por causa dela. Ele aceitou isso para não irem atrás de Elesis, a dona das chamas. Deixou ela de lado para não ser morta junto com ele.

Olha para o lado, não querendo olhar o ninja mais. Não sabia se tinha raiva ou preocupação pela a paixão que ele sentia por ela.

— Então está decidido! - Cazeaje anuncia, um pequeno sorriso por ter uma vantagem nessa proposta. - Lass Isolet, a partir de amanhã, você será um homem livre com as chamas, e morto com o descontrole delas. Uma boa sorte para você. - Mentiras e mais mentiras nas últimas palavras.

Tudo que Lass fez foi assentir, um pouco trêmulo após perceber o que tinha feito. Como Cazeaje tinha dito, ele era um homem morto.


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Notas finais do capítulo

Review?
* Para ser sincera, fiz esse capítulo a um bom tempo e nem lembro muito o que acontece. Regis finalmente fala com o Lass, que não foi uma conversa muito agradável hehe E o Lupus, é claro!
* Elesis não está de mal com o Lass, ela só está querendo ficar afastada dele por um tempo. Relaxem, não vai ser uma novela entre eles, ok?!