Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 105
Arrependimentos


Notas iniciais do capítulo

Yooooooolá! Como vão? Bem, espero. Capítulo de hoje, antes que julguem pela capa, está bem pesado, digo, emocionalmente. A parti da metade vocês entenderão! Antes que acabem o capítulo e tenham vontade de me matar, por favor, não façam isso. Sou uma pessoa de bom coração!
Para aqueles que não sabem, mas sabem e não lembram, nessa quarta foi meu aniversário, 18/05. Então, espero ganhar alguns parabéns virtuais hahaha
Capa: Não sei de que mangá é, mas com certeza é shoujo.
Boa Leitura!



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Seu pequeno corpo não parava de tremer. O medo ainda passava por suas veias, uma sensação de frio como um rastro. Seus olhos arregalados iam de uma direção para a outro, sentindo-se em perigo, mesmo que não. Já tinha acabado aquele tormento, não tinha mais porquê de ficar com medo. Aqueles dois homens estavam ali para protegê-lo.

— Aqui, garoto. Bebe um pouco para se acalmar. - O homem de cabelos curto fala. Ele estica uma lata.

O pequeno garoto se estremece, recuando seu corpo frágil. O rapaz olha impaciente, não aguentando mais a atitude que o garoto tomava perto dele.

— Astaroth, você precisa ser menos direto. - Fala o outro homem, seus cabelos longos e loiros, sendo confundido facilmente por uma moça. - Me dê isso.

A lata é pega da mão do outro, o rapaz de cabelos longos se aproximando do pequeno. Agacha-se para fica da mesma altura, intimidando mesmo assim. Estica a lata de refrigerante, um sorriso calmo no rosto.

— Você deve tá com sede. Aqui, tome um pouco, acho que você vai gostar. - Ele fala, o mais gentil possível.

O garoto continuava a tremer, então olha para a lata. Suas mãos trêmulas pegam a lata, um pouco gelada como seu corpo. O rapaz loiro fica grato, assentindo de forma positiva.

— Vou sair um pouco, Astaroth. Fique com o Lass, e seja legal. - Dizia o loiro ao ficar de pé.

Lass parece se encolher quando o loiro vai embora, deixando ele sozinho com Astaroth. O rapaz olha emburrado para o lado, tomando seu refrigerante. O pequeno pretende fazer o mesmo, olhando para a lata e fazendo mais nada a partir daí. Levanta a lata, vira ela de um lado para o outro, querendo saber como que se abria aquilo.

Ainda bebendo, Astaroth olhava o pequeno garoto mestiço encarar a lata que tinha entregue a ele. Solta um suspiro, percebendo a inocência que aquele garoto tanto demonstrava.

— É assim que se abre. - Fala Astaroth, a voz um pouco áspera.

Lass para de mexer a lata com a aproximação do rapaz. Ele coloca a mão na lata, o pequeno ficando surpreso ao ouvir o barulho do gás sair e algumas espumas serem derramadas em suas pequenas mãos. Rapidamente fica desesperado, esticando a lata para longe, não querendo se molhar.

— Fica tranquilo, isso não vai te machucar. - O rapaz fala.

Quando para de derramar, Lass aproxima a lata vagarosamente, a sede falando mais alto. No começo, deu uma leve engolida da bebida, assustando-se com o gosto diferente de uma água. Aproxima outra vez a lata, bebendo com mais gosto agora.

Um pouco distante, Astaroth não parava de observar o garoto olhar com os olhos brilhando para o refrigerante espirrar pelo o gás. Era como ver um gato assustado se aproximar de algum brinquedo eletrônico, assustado no começo, mas depois se acostumando. Ele chega a abrir um sorriso com esse pensamento.

— É bom, né? - Pergunta Astaroth.

Após ter dado mais um gole, Lass o olha, ainda nervoso em ter que ficar sozinho com Astaroth. Envergonhado, assente com uma satisfação estampada em seu rosto.

— É muito bom. - Diz o garoto, a voz meio trêmula.

***

O que fez Lass acordar não foi a sensação estranha que estava sentindo, e sim o barulho de bip. Olha para a máquina ao seu lado, mostrando seus batimentos calmos. A janela ao lado estava meio aberta, uma pequena brisa entrando e batendo contra a cotina branca. Aquilo tomou sua atenção por um bom tempo, até seu rosto ser virado para o lado. Foi um movimento cansativo, o impedindo de mover o corpo.

Diante daquele quarto branco, a camisa escura de Astaroth foi o que mais chamou a atenção do ninja. Lass não reage ou diz nada, o professor parecia querer falar algo primeiramente.

No entanto, o ninja não permiti. Senta-se rapidamente quando uma coisa queimando subia por sua garganta. Põe a mão na boca, seu rosto se contorcendo pelo o forte enjoo.

— Aqui. - Astaroth fala, esticando um balde que segurava.

Lass puxa o balde bruscamente e enfia o rosto dentro, o barulho do vomito sendo derramado ecoando. Astaroth abre um sorriso sem jeito, feliz por ter previsto aquilo.

— Como está se sentindo, garotão? - A pergunta sai como em deboche da boca do professor.

Lass tinha cuspido tudo que restava dentro do balde, seu rosto fechado em cansaço se erguendo para encarar o rapaz. Só não colocou o balde de lado porque ainda não estava totalmente bem, a qualquer momento vomitaria o ácido de seu estômago.

— Por que estou tão enjoado? - Pergunta, arrastando a voz pela a garganta ainda queimando pelo o vômito.

— Então, o médico veio e disse algo muito sério. Você está grávido.

Lass achou que o enjoo não podia piorar, mas se enganou ao ouvir Astaroth falar. O ninja o encara, abrindo sua boca para soltar um palavrão, mas negando com a cabeça ao ver que ele estaria desperdiçando energias com aquilo.

— Tô zoando. - Astaroth fala, rindo. O ninja revira os olhos. - Foi um medicamento que ele te deu quando você chegou aqui, para diminuir a sua febre que queimava qualquer um que te tocasse. Lembra alguma coisa quando nos encontramos no porto?

Lass pensa antes de responder, passando a mão na testa. Sua cabeça dói ao tentar lembrar de algo.

— Eu não sei. Eu tinha abraçado o Grandiel e então... - Para de falar com a dor aumentando. Estava se esforçando demais. - Eu me senti muito mal e apaguei. Quanto tempo se passou desde que cheguei aqui?

— Algumas horas, só perdeu o horário do almoço. - Dá de ombros. - Mas você vai ficar bem, o enjoo logo vai passar.

— Ainda bem. - Apoia a testa na lateral do balde, aliviado.

Astaroth olha o ninja descansar, fechar os olhos para que a tontura, que sentia junto com o enjoo, parasse. O professor olha para o lado de fora, vendo que Grandiel não está por perto. Aproxima da cama, Lass percebendo isso e levantando o rosto. O rapaz estranha ao ver sua expressão séria para ele.

— O que aconteceu lá, Lass? Seja honesto.

— Como assim? Eu fui pego pelo o Zidler e torturado, o que mais poderia ter acontecido? - Dizia zangado pela a pergunta tola. - Olhe para a minha cara, olhe para mim! Acho que já tem sua resposta.

— Como a gente ia saber que ele estava vivo? Ou que tinha pego você? - Astaroth falava tudo em um tom baixo, não querendo chamar atenção das enfermeiras. - Ele é forte demais, sabe disso.

— É, eu sei! Mais que qualquer um, se você esqueceu. - Aponta, quase atingindo o professor. - Mas você e o Grandiel também são! Que droga foi essa? Pareciam amadores para serem pegos pelo o truque dele.

Astaroth acerta um tapa na mão do rapaz, irritado pela a acusação. Lass não recua assustado, já era um garoto crescido para não temer mais Astaroth, como acontecia quando o conheceu.

— Me desculpe, meu caro. Como você conhece bem o Zidler, achei que soubesse que até mesmo Grandiel e eu somos pegos pelas magias dele.

— Não me chame de caro! - Rosna em raiva. O jeito em que Astaroth o chamou lembrou Zidler, nada agradável para Lass. - E pare de inventar desculpas! Fale logo que se não fosse pela a Elesis, eu estaria apodrecendo lá!

Astaroth não acha uma resposta para retrucar a acusação. O professor cruza os braços, expirando para que se acalmasse. O que Lass dizia era verdade, o professor só não queria admitir, porque aquilo machucava bastante seu orgulho.

— Mas isso não importa. - Diz Lass, chamando sua atenção. - Não mais. O importante é que eu estou de volta.

— Se eu fosse você, não ficaria tão feliz. - O ninja ergue as sobrancelhas cansadas. - Cazeaje pode estar de viagem, mas quando ela voltar, saiba que ela vai querer ter uma reunião com você.

— Reunião?

— É, o seu sumiço repentino afetou a todos nós, até ela se duvidar. Então para se aproveitar dessa situação, Cazeaje fará uma reunião com várias pessoas para discutir isso, e ver se dão alguma punição ou não. - Ver a cara de indignação que Lass faz, Astaroth concordando em desgosto também.

— Ela pode fazer isso?

— Ela pode tudo.

— Qual é! Astaroth, você precisa fazer algo.

— Foi mal, mas como você, não posso fazer nada. - Sentia-se um inútil quando se tratava de Cazeaje. Essa mulher sabia como fazer as pessoas ficarem pequenas perto dela. - É por isso que estava perguntando o que aconteceu no circo, se você usou as chamas. Isso pode piorar para o seu lado.

Sempre quando entrava no assunto do circo, ou Lass ficava irritado ou evitava falar. Com Astaroth, era sempre a primeira opição.

— Você já viu as minhas costas, provavelmente sabe porque elas estão assim. - Fala Lass, áspero.

— Eu não precisa ver para saber como que estão.

— Então, se não fosse pelas as chamas, estaria bem pior; na verdade, eu estaria morto. É claro que eu precisei usar as chamas, Astaroth. Queria que eu fizesse o quê?

O professor não sabia, deu de ombros como em resposta.

— Mas não importa, o que acontece no circo, fica no circo. Cazeaje só saberia que eu usei as chamas se ela estivesse lá. - Passa a mão na nuca. - O importante agora é não usa-las mais.

Estranha o que o rapaz fala. Antigamente, Astaroth via que Lass tinha um certo receio de falar das chamas, e sempre que falava, era em desgosto. No momento, o ninja parecia tão tranquilo que parecia falar de um amigo.

Astaroth não debate, sabia que tiraria nada dele.

— Mas então, cadê a Elesis? Ela está bem? - Lass pergunta de repente.

A pergunta repentina surpreende Astaroth. O ninja pergunta com uma curiosidade que parecia uma criança com aqueles olhos brilhantes. O professor já tinha visto aquilo antes, por isso de sua expressão se fechar de repente.

— Ah, não.

— O quê?

— Será que você ouviu nada que eu acabei de dizer? Deveria estar preocupado consigo, e não com a ruivinha!

— E eu estou! Acha que eu estou bem em entrar em um tribunal de novo e parecer um animal estranho, sendo observado por todos? Claro que não estou.

— Não, você não está, eu sinto isso. Eu já vi esses olhinhos brilhar uma vez. - Aponta no meio da cara do ninja. - E sei o que aconteceu depois.

Lass levanta os braços enquanto Astaroth continuava a falar, não acreditando naquele sermão bobo que o professor tinha. A sensação de enjoo rapidamente passa para uma dor de cabeça, que logo se tornaria uma enxaqueca.

— Eu só quero saber se ela está bem, nada de mais.

— Lass Isolet. - Astaroth apoia as mãos na cintura, olhando sério.

— Bardinar Astaroth. - Lass quase imita sua pose, porém seria perda de tempo.

Ficaram se encarando como duas crianças, teimosas por nenhum falar nada para acabar com aquele silêncio.

Até Lass suspirar.

— Estou falando sério, eu só quero saber se ela está bem. Por que acha que eu ainda tenho interesse nela? - Era difícil falar daquele jeito, mentir. Mas era preciso para não ter Astaroth o perturbando para o resto da vida.

Astaroth fica sério de repente, de um jeito quase bravo. A conversa toda que teve ele estava apenas agindo de forma calma, para não se descontrolar, mas agora ele não estava mais com vontade de agir assim.

— No porto, antes de o Grandiel se aproximar, eu vi você com a Elesis. Eu vi a forma de como você a olhou quando ela se afastou para abraçar o Ronan. - O ninja vira o rosto, querendo não mostrar a irritação. - Aquele não era um olhar que um amigo faria ao ver sua amiga abraçar o próprio namorado.

Lass se perguntava se fazia mesmo essa cara ao ver Elesis com Ronan, ou se Astaroth apenas inventava aquilo para ter razão.

— Lass, não vamos começar com isso de novo. Você já passou por isso, não é mais uma criança para não saber as consequências de continuar se sentindo desse jeito. - Continha Astaroth. Lass tentava o ignorar, olhando para o lado de fora. - Entendeu?

Por mais que seu olhar em tédio mostrasse que não, Lass tinha ouvido, mas não disse nada. Olha para Astaroth e tenta achar alguma desculpa para inventar.

— Tenho tantas coisas para me preocupar, como essa droga da reunião de Cazeaje. Nunca pedi nada, e mesmo quando eu pedia, você ignorava ou recusava. - Dizia o ninja. - Então pelo menos uma vez, me deixe em paz, Astaroth. Você mesmo disse que eu não sou mais uma criança, que eu sei cuidar de mim mesmo. Se isso for me machucar, tenho certeza que sei como lidar com isso.

— Esse é o problema, Lass. Você não sabe lidar com isso, porque você é uma bomba relógio, a qualquer momento pode explodir. - Astaroth tentava não ferir o rapaz com seu jeito áspero, mas parecia fazer muito efeito.

Lass assente, não aguentando mais todo aquele papo. Ele preferia que Grandiel estivesse falando aquilo em vez de Astaroth. Vira o olhar para o lado outra vez, ficando feliz ao ver Elesis do lado de fora, observando ele. Por um momento ouve os bips da máquina aumentarem, um sorriso fraco se formando no seu rosto. Lass acena, Elesis retribuindo mais animada. Sente-se mais calmo ao ver a expressão da ruiva, querendo poder levantar da cama e ir até ela, só para abraça-la.

Astaroth percebe o comportamento de idiota que o ninja fazia, olhando para a mesma direção que ele. O professor encara Elesis, irritado por a ruiva aparecer naquele justo momento. Ela parece perceber sua irritação, indo embora.

Lass abaixa sua mão ao ver a espadachim partir, logo atrás dela, Ronan com passos apressados. O ninja perde toda a animação ao ver o rapaz com ela, como ele deveria estar.

— Que bom que entende agora. - Menciona Astaroth ao notar o rapaz machucado. - Mas até você estiver em dívida com Cazeaje, você não poderá se aproximar de Elesis. Quando fazer isso, estará se tornando um idiota e um soldado de Cazeaje ao mesmo tempo.

Lass sabia disso, porém não se importava, não mais. Ele daria um jeito de poder ficar perto de Elesis e ao mesmo tempo evitar que despertasse as chamas para Cazeaje pôr as mãos nele.

O peso sobre sua cabeça o desperta dos pensamentos. Lass olha confuso para Astaroth ao seu lado, passando a mão em seus cabelos. A expressão séria tinha sumida, apenas um sorriso sem jeito ficava no lugar. Lass entendia que o professor não gostava de brigar com ele, pelo contrário, só se importava demais.

— Não importa o que Cazeaje decida sobre você, sempre estarei do seu lado, Lass. - Aperta a bochecha do ninja, ele se afastando em dor. As pedras continuavam ali e sua pele sensível. - Só tenta não fazer tanta besteira quanto um certo Gerard fez.

Lass fica atento ao ouvir o nome do ruivo. Astaroth vai até a porta, virando-se apenas para se despedir. O ninja queria tanto perguntar sobre o relacionamento que o professor tinha com Gerard antigamente, para poder entender o ruivo melhor. Depois do que viu no circo e do jeito cruel que ele o deixou lá, não sabia mais o que esperar dele.

***

— Aqui, roupa limpa e sua. - Diz Jin, jogando a mochila sobre Lass.

O rapaz puxou para mais perto a mochila em seus pés. Ali dentro, tinha algumas roupas que tinha pedido para vestir, as roupas do hospital eram finas e desconfortáveis.

— Valeu, se bem que eu vou sentir falta de usar seu casaco. Era quente. - Comenta Lass, agradecendo com um pequeno sorriso.

— Por favor, não faça esse momento pior. - Implora Jin. - Não sou sua namorada para estar agradecendo assim.

Lass solta uma risada fraca, seu corpo dolorido não permitindo mais que isso. Astaroth tinha indo embora e o médico chegado, explicando a Lass o que aconteceria com ele e seu corpo mestiço. Infelizmente, alguns detalhes serão ditos à Cazeaje, principalmente da aparência não humana de Lass.

— Quando vai poder sair daqui? - Jin pergunta, jogando-se contra a poltrona perto da cama.

— O médico disse que a maior preocupação agora é a minha saúde, que eu vou ter que passar por um processo de nutrição. Tomarei muitas vitaminas para poder ganhar meu peso de antes. - Olha para a própria mão, os dedos mais esguios que antes. - Já as minhas feridas se curarão por mim mesmo, menos na região das costas. O médico disse que tinha uma poção para cicatrizar mais rápido as feridas.

— Ainda sente dor?

— Às vezes, outras não. - Passa a mão no rosto, um pouco dolorido pelas as pedras. - Vou ter minha aparência de volta em torno de uma semana. Só estou assim porque Zidler influenciava com a magia minha aparência verdadeira, agora que não tem como, ela voltará logo.

— Olhando por esse lado, parece ser uma barba. - Tentava animar o humor do rapaz, que encarava as próprias mãos acinzentadas. Lass o olha. - Não que combine com você.

O ninja assente, sorrindo para deixar Jin melhor. O ruivo não estava com tantos curativos quanto Elesis estava. Não tinha a visto ainda, só naquele momento em que ela passou pelo o corredor, depois disso, nada. A ruiva estava bem, era o que pensava, se ela estava andando era porque tinha se recuperado bem.

— Elesis está no hospital, se é isso que está pensando. - Jin parecia ler sua mente, o deixando surpreso. - Ela não tem necessidade de ficar aqui como você, mas ela disse que teria que fazer alguns exames, portanto, seria bom a presença dela enquanto isso.

— Até quando ela vai ficar?

— Mais alguns dias, diferente de você que vai ter que ficar por algumas semanas. - Rir sem jeito ao ver um olhar cabisbaixo vindo do ninja. - Mas você tem tempo até lá, não é?

— Tempo para quê? - Já sentia algo de estranho vim do ruivo.

Jin levanta da poltrona, seus braços jogados para o lado. Ele inspira profundamente, então apontando para Lass, que olhava a cena em tédio.

— Para se declarar. - O ninja continua a encara-lo. - Se bem que você já fez isso e não deu muito certo. Você também é bastante indeciso.

— Por que eu deveria fazer isso? Não faria diferença alguma.

— Claro que vai fazer! - Senta na ponta da cama, Lass ficando incomodado com isso. - Dessa vez, vai! Tudo que você tem que fazer é falar o que sente, e que está arrependido por ter a tratado como um grande nada.

Achava que Jin tinha inventado aquela última parte para incentivá-lo, mas se engana ao ver que tinha feito exatamente isso no passado. Após voltar de férias, via que Elesis agia de forma diferente perto dele, que ela escondia algo que a deixava envergonhada. O ninja foi frio em não perguntar o que era, tudo que tinha feito foi ignora-la. Só um bom tempo depois que Elesis tomou coragem e falou como se sentia, o que já tinha passado.

Passa as duas mãos na cabeça, abaixando o rosto. Jin ver uma certa aura depressiva vim do amigo, questionando se o que tinha dito foi errado.

— Eu sou tão idiota. - Murmura Lass. - Ela nem vai querer olhar na minha cara.

— Como assim? O que você fez?

— O que eu não fiz, essa é a pergunta. - Levanta o rosto, arrependimento cobrindo ela. - Elesis tinha me dito isso no dia do evento da Lua, e mesmo assim eu a tratei mal. Se eu falar como eu me sinto agora, ela vai fazer a mesma coisa, e com razão.

— Você nem tentou e já está colocando falha. Pelas Deusas, seja forte, Lass!

Do jeito que estava, o ninja não conseguia nem fingir que estava forte. Ele suspira, não querendo imaginar uma cena dessas.

Antes que pudesse dizer qualquer outra coisa, a entrada de Elesis pela a porta cala a ambos. A ruiva se espreita de repente, assustando a eles.

— Eu ouvi que você estava aqui, Jin. Fiquei curiosa sobre o que vocês podiam estar conversando. - Dizia Elesis, logo entrando toda animada. Pelo jeito, ela não tinha ouvido nada do que eles falavam.

— Sobre a saúde do Lass, é claro! - O ruivo inventa uma mentira em instantes. - Sobre o que mais estaríamos falando? - Solta uma risada nervosa.

Lass tenta olhar para o lado de fora, para qualquer lugar que não o deixasse nervoso, quase como Jin estava. Ficava grato pela a máquina de batimentos ter sido retirada, senão estaria apitando bastante com a aproximação da ruiva. Elesis se senta no outro lado da cama, mais perto que o ruivo estava.

— Como está indo? Não pude vim mais cedo, foi mal. Tinha que tomar alguns remédios para algumas feridas não infeccionar.

Lass olha diretamente para a mão da ruiva, ambas enfaixadas.

— O que foi isso? - Ele pergunta.

— Ah, foi na hora em que você tentou me atacar com a excalibur. Eu segurei a lâmina e não deu muito certo. - Rir da própria situação, Lass diferente dela. - Agora eu tenho que ficar com isso até cicatrizar.

— Eu disse para não pegar a excalibur sem pedir ao Astaroth. - Menciona Jin, puxando a bochecha da ruiva levemente. Ela resmunga algo, brincalhona. - Eu tomei um castigo por sua causa!

— Desculpa, mas foi preciso. - Sua bochecha é solta, passando a mão no local dolorido. - A minha espada estava quebrando por qualquer coisa e eu precisava de uma resistente. A única que veio em mente foi a excalibur.

Era óbvio que Elesis não se lembraria do par de sabres que Lass tinha a dado, tinha sorte por ter ido até onde ele estava. O ninja não sabia o que ela tinha feito com o presente, mas nunca mais viu ela usar depois de ter se encontrado com Gerard.

Passa a mão na testa, sua cabeça doendo ao se lembrar do ruivo. Ele tinha ido no circo e olhado o estado de Lass, visto ele implorar para que fosse tirado de lá. Gerard se demonstrou frio e cruel naquele momento, deixou o ninja lá por algum motivo que ainda não tinha descoberto.

— Está me ouvindo, Lass? - Ouve Elesis falar. Ela e Jin olhavam para ele, como se tivesse ignorando a eles.

— Eu... Estava pensando. Do que vocês falavam?

— Sobre a excalibur. Astaroth disse que eu poderia ficar com ela, contanto não quebrasse. - Dizia animada. - O que acha?

— Acho que ele vai querer algo em troca.

— Com certeza ele vai.

Não precisava pensar muito para saber que Astaroth queria algo em troca, agora ou depois, não importava a data. Mas como era Elesis quem estaria devendo um favor a ele, não tinha tanto problema quanto para Lass ou Jin. A ruiva estava sob os cuidados de Lothos, e se algo acontecesse com ela, a comandante faria questão de resolver pessoalmente.

Jin se levanta, Lass entendendo o que ele fazia.

— Eu já vou indo, tenho um castigo para fazer. - Dizia ele. - O mesmo para você, Elesis. É melhor achar uma boa desculpa para o sumiço repentino do Eléo.

— Vou pedir para Lothos me ajudar nessa.

— Certo, então. Vejo vocês dois.

Lass quase levanta da cama e puxa o ruivo para ele continuar ali no quarto, e não ir embora e deixar ele sozinho com Elesis. Jin acena e some pela porta, um frio subindo em Lass. Não queria ficar com a ruiva a sós, não agora, não quando parecia um monstro com aquela aparência.

— Como é que estar os machucados? - Elesis pergunta, felizmente, quebrando o silêncio.

— Vou melhorar, resumindo tudo. Só vou ficar aqui um pouco mais que você.

— É, não era nem para eu estar aqui, mas o médico insisti que eu fique para ver os exames. - Põe a cabeça de lado, cansada. - Espero que saia nada sobre as chamas nos exames.

— De qual delas está falando?

Elesis ajeita a postura ao entender a pergunta. Não era as chamas azuis que Lass queria saber, e sim sobre as roxas. Pelo o seu olhar quieto, ele tinha visto a ruiva com os cabelos escuros por um momento enquanto usava as chamas. Era para ele estar feliz por ela, mas não, estava preocupado pelo o que aquilo podia causar nela.

— Eu aprendi a usar no tempo em que você esteve fora. - Explicava. - Sieghart me ajudou, mas ele não pretende a contar a ninguém.

— Esse não é o problema.

— Eu sei controlar, por mais que às vezes eu mesma me queime. Mas eu precisava delas para te tirar vivo de lá.

Elesis não estava com nenhuma mancha, pelo o que via, e isso era bom. Quando ajudava no treino, queria deixar claro para ela não usar as chamas, mas ela acabou fazendo exatamente ao contrário.

— Mas eu não vim aqui para falar sobre mim, e sim você.

— Eu já disse que estou bem.

— Não é isso. - Elesis coça a cabeça, achando um jeito de perguntar aquilo. Suspira. - Aquela vez em que eu enfrentei o Gerard e perdi, fiquei bastante destruída. Eu fiquei meio maluca por um tempo, mas depois eu voltei ao normal. Você estava lá para me ajudar, e eu fico grata por isso.

Mesmo que Elesis tenha sido bem rude quando Lass tentou ajuda-la. Ela se arrependia por ter o chamada de monstro naquele dia, mas já havia se desculpado por isso. Nunca quis o ferir daquele jeito.

— Então, como você sofreu isso do circo, acho que você pode estar do mesmo jeito. - Ela dizia com total preocupação. - Sabe, quando você dorme, você meio que... Grita.

Lass encolhe as pernas, criando uma pequena barreira entre ele e Elesis. Então ela tinha ouvido seus gritos enquanto dormia com ele. O ninja se sentia envergonhado, um maluco por isso. Achou que estava melhorando, mas só estava piorando com os pesadelos, nem conseguia dormir mais.

— Vou ficar bem com o tempo, isso é apenas temporário. - Como era chato mentir. Ele sabia que os pesadelos do circo nunca curariam, como suas costas, ficariam uma cicatriz longa no lugar.

— E você está fazendo isso de novo.

Antes que perguntasse o que era, Elesis puxa suas pernas, quebrando sua mini barreira de proteção. O rapaz se sente desprotegido quando a ruiva se senta mais perto, encarando seu rosto. Sua mão coçava para ser colocada sobre o rosto e esconder aquelas pedras.

— Pare de esconder o rosto quando eu tiver por perto. Por que continua fazer isso? - Pergunta séria.

— É um costume.

— Então pare! - Elesis fala como uma ordem, assustando Lass. - Eu não sou esse tipo de pessoa que você acha. Eu já disse que o que importa é você, não sua aparência. E daí se tem algumas pedras no seu rosto ou na sua mão, eu não ligo.

Lass sabia disso, sabia que Elesis não via nada de mais na sua aparência mestiço, mas do mesmo jeito ele tinha vergonha. Quando Jin ficava por perto, ele não se importava muito por isso, deixava o ruivo ver sua aparência verdadeira, mas quando se tratava da espadachim era outra história.

Lass suspira discretamente e olha para a ruiva. Ela abre um sorriso, satisfeita.

— Bem melhor. - Diz a ruiva.

Elesis sabia mesmo como anima-lo, mesmo quando brigava. Antigamente, tudo que ela faria era gritar e não ajudar em nada, atualmente ela se preocupava como uma mãe. A ruiva tinha amadurecido, tanto no seu jeito quanto na força, ficando mais forte e esperta.

— Eu já soube sobre o que Cazeaje quer fazer, sobre a reunião. Lothos me falou. - Ela muda o assunto. - Deve está bravo.

— Mal saio de um problema e já entro em outro. Se ela quer tanto as chamas, por que ela mesmo não pega?

— Porque isso a mataria. O problema não são as chamas, é você.

Não exatamente Lass em si, mas o portador da chama era um perigo. Se Gerard as tivesse em mão, ele seria um perigo maior que o normal.

— Eu só gostaria de poder passar elas para outra pessoa. - Do jeito que fala, Lass não parecia grato pela a ajuda das chamas no circo, era como se tivesse esquecido. Por mais que tivesse uma ligação mais forte agora, ele não mudou de ideia sobre elas. - Não importa quem.

Espera Elesis o reprimir, falando que seria um fardo bem maior para a pessoa que tivesse as chamas. A ruiva fica em silêncio, Lass a olhando para entender o que ela tanto pensava. Ela simplesmente tinha se calado, o rosto virado para o lado, quieta no seu canto. Não entende esse comportamento repentino dela, parecendo envergonhada com algo.

— É, talvez um dia você passe as chamas para outra pessoa, que não seja Cazeaje ou Gerard. - Ela fala, cruzando os braços.

Elesis continuava estranha, principalmente no que diz. Perguntaria se tinha algo escondendo, mas é impedido pela a batida na porta. Não fica muito feliz ao ver quem era na porta, ao contrário de Elesis que abre um sorriso no lugar de sua expressão envergonhada.

— Achei que fosse demorar mais um pouco, Ronan. - Fala ainda sorrindo. - Trouxe tudo?

O rapaz estava parado na porta com uma bolsa em mãos. A gentileza que tanto possuía não aparecia com a presença de Lass ali, por mais que fosse inofensiva.

— Não, eu só trouxe algumas roupas. Não vou meter a mão na sua gaveta, parecendo um pervertido. - Diz Ronan.

— Então eu posso pedir para a Arme trazer o resto depois. - Dizia ficando de pé, a cama parecendo ficar vazia sem a presença da ruiva. - Obrigada, do mesmo jeito.

Vai até a porta, pegando a mochila das mãos do rapaz. Não estava tão pesado quanto esperava, Ronan devia ter trazido pouca coisa como tinha dito.

— A gente se ver depois, Lass. Vou poder finalmente tomar um banho. - Falava tão contente. - Fique bem.

O ninja apenas solta uma aceno breve, Elesis partindo na frente em pulos alegres para quem só tomaria um banho. Ronan olha a ruiva ir, logo para Lass com um olhar pesado. Se ele tinha algo para falar, preferia não dizer nada. Foi embora sem nem ao menos se despedir.

O quarto volta a ter um silêncio em que Lass não gostava muito de ouvir.

***

Pela a perda de gordura, Lass ficou mais sensitivo ao frio. Não conseguia soltar a coberta, estava sempre coberto por ela e mais um casaco que Jin tinha trazido junto com as roupas. Por mais que isso não fosse o suficiente, o calor do pelo do gato o aquecia até. Sua pelagem totalmente branca lembrava seus cabelos, porém curtos e arrumados. Lass precisava mesmo fazer um corte naquela coisa que ele chamava de cabelo.

Não sabia de quem era o felino, só tinha visto ele entrar pela a janela e pular sobre a cama, ficando em seu colo e dormindo. Sempre foi mais à vontade com gatos que cachorros, era como se tivesse alguma ligação com eles. Agora mesmo sentia isso, enquanto o felino dormia tranquilamente.

Tirou a atenção do gato para a tela do seu celular. Astaroth tinha dado outro para ele, para manter contato. Seu outro aparelho tinha sido queimado pela magia de Zidler, junto com o cachecol que Elesis tinha o dado. Ele ainda não sabia como falar para ela sobre aquilo, estava evitando.

— Esse cara não dorme? - Sussurra Lass ao ver uma mensagem de Jin.

Estava de noite e esperava que o ruivo já estivesse descansando essas horas. Pelo visto, não.

Lass encara a tela, vendo a imagem que Jin tinha enviado. Era Sieghart dormindo com o rosto todo rabiscado, provavelmente tendo sido o ruivo quem fez. O ninja solta uma risada com isso, entendendo que Jin queria anima-lo. Estava funcionando.

Você tem bons amigos.

O sorriso em seu rosto se desmancha, um suspiro sendo solto em seguida. Lass precisa nem olhar para a ponta da sua cama e ver Gwen sentada ali, olhando para o céu estrelado através da janela.

— Não gosto de sua presença, muito menos quando está em forma de alguém que me importo. - Lass comenta, sua voz séria. Continua a atenção no aparelho.

Só achei apropriado para você me notar. - Vira o rosto para o ninja, seus olhos vermelhos bem visíveis. As chamas sorriem. - Está me ignorando o dia todo.

— Por que será? - Ergue as sobrancelhas em dúvida, de propósito. - Se eu estou te ignorando, continue sendo ignorado.

Não pode me ignorar por muito tempo. - Balançava a perna, seu sorriso nunca saindo. - Principalmente quando tenho coisas interessantes para dizer a você.

Não fala mais nada, observa Lass tentar ignora-la. O ninja não continua muito tempo assim, finalmente olha para as chamas e apenas com a expressão séria, manda elas falarem logo o que é. As chamas riem.

— Depois de ter matado Zidler, eu fiquei no comando, certo? Certo! Não está curioso para saber o que conversei com a Elesis enquanto isso?

— Elesis não seria muito burra para dar atenção a você. Ela deve ter te ignorado, prevejo.

— Ignorado ou não, eu até que gostei dela. É bastante interessante.

Lass sente as chamas se aproximarem, nada confortável quando via a imagem de Gwen chegando perto. Ela fica ao seu lado, um sorriso em provocação. Podia ser apenas Lass que visse ela ali, mas o ninja continuava a temer que alguém chegasse e a visse também.

— Sabe o que mais? Eu dei um beijo nela. - Se delicia com a expressão de surpreso que Lass faz. Ele estava em dúvida se acreditava ou não no que ouvia. - Você devia estar consciente nesse momento, para sentir o gostinho da ruiva. Você deve saber muito bem qual é, né?

A expressão de surpresa some para de raiva. Lass já começava a se irritar com o comentário das chamas. Se fosse uma pessoa, já estaria sendo estranguladas pelas as mãos magras de Lass.

— Vá dormir. - Manda o ninja. - Já chega de te ouvir por hoje.

Fecha os olhos por um momento, não querendo mais olhar para a imagem de Gwen. Ao voltar a abrir, ela não estava mais à vista. Agora que tinha um laço maior com as chamas, elas eram mais obedientes quando Lass dizia que queria ficar sozinho. Se fosse como antigamente, elas continuariam ali, o perturbando como sempre fazia.

Olha para o gato em seu colo ao sentir se mexer. Suas orelhinhas tremem enquanto ele achava uma posição para continuar a dormir. Lass fica arrependido em ter falado alto, acordando o felino. Passa a mão em sua cabeça, acalmando suas orelhas trêmulas.

— Desculpe, não vai acontecer de novo. - Ele murmura. - As chamas não são tão más quanto parecem.

***

— Pode voltar pra casa se quiser. - Dizia Elesis. - Nem precisava ter dormido aqui.

A ruiva tinha acordado pouco tempo, logo vendo que Ronan continuava ali, ao lado sua cama. O rapaz estava com uma expressão cansada, dormido pouco esta noite. Mas mesmo que estivesse exausto, ele fazia seu dever no caderno. Ao ouvir Elesis falar, ele a olha imediatamente.

— Ah, não é preciso. Gosto de ficar aqui, em vez do colégio com os garotos. - Fala Ronan.

— Então não está aqui por mim?

— Não, pelo contrário, você é a prioridade. - Sorri. - Não quero deixa-la sozinha, isso sim. Café da manhã?

Ronan solta o caderno de lado, pegando alguns lanches que tinha trazido para Elesis. Colocava sobre a cama algumas barrinhas que a ruiva gostava, mas que não se manifestou sobre isso.

— Não quer me deixar sozinha ou não quer que eu fique sozinha com o Lass? - Elesis pergunta.

Ronan para o que fazia para olha-la, não sabendo como reagir à pergunta. Ele pretende responder, mas olha para o lado, em vacilação.

— Não vamos conversar sobre isso novamente. - É a sua resposta.

— Engraçado, porque quando eu quero, você não quer. Ronan, se tem algo que realmente te incomodando, por que não fala de vez? Não confia em mim?

— Eu confio! - Aponta para o lado. - Mas no Lass, não.

— Por que essa cisma de repente com ele? Ele fez nada.

— Ainda. - Murmura.

Elesis ouve, e não gosta. Ronan agia como uma criança com aquela atitude ciumenta com ela. Lass tinha sido salvo e o azulado via aquilo como um ato de amor. A ruiva não queria ter uma discussão daquelas, principalmente agora que tinha acordado, já de tarde. Passou dormindo a manhã toda que nem percebeu.

Elesis abre a boca para desabafar, mas não consegue. Arme batia na porta antes de entrar, sua felicidade estampada com um grande sorriso ao ver sua amiga bem. Ela dá alguns passos e para, só agora notando a presença de Ronan.

— Que bom que chegou, Arme. Achei que não viria me ver. - Fala Elesis.

— Eu não podia deixar uma amiga sozinha. Se bem que você está com companhia. - Olha sem jeito para Ronan, que acena sorrindo.

— Na verdade, eu já estou indo. - Diz Ronan, arrumando suas coisas para ir. - Acho melhor deixar a Elesis nas suas mãos, Arme.

— Não fale como se eu fosse uma bola! - Grita a ruiva.

A maga assente, mas continuando encolhida onde parou. Suas mãos ficavam trêmulas, colocando para trás para não ser vista naquele estado. Seu coração batia rápido, ficava difícil de esconder seu nervosismo.

O toque em seu ombro a assusta. Deu um pulo para o lado, arrependendo-se ao ver que era Ronan quem chamava sua atenção. O rapaz ri com sua atitude, Arme fazendo o mesmo para esconder o nervosismo.

— Parece avoada hoje, Arme. Algum problema? - Pergunta Ronan.

— Não, eu só estou pensando. - Balança as mãos em negação. - Tá tudo bem.

— Como uma manipuladora de magia, precisa sempre estar com a mente livre. Qualquer descuido e você pode usar os poderes sem perceber.

— Tomarei cuidado, não se preocupe. - Era difícil continuar a conversa e olha-lo nos olhos.

Era bom ver seus amigos conversando daquele jeito, mas Elesis não reagia da mesma forma. Arme sempre foi espontânea, diferente de como agia no momento, tão tímida. Ela tinha chegado alegre até perceber Ronan no cômodo.

— Eu já vou indo. - O rapaz volta para perto de Elesis, dando um beijo em sua cabeça. - Não faça nada de errado.

A espadachim cruza os braços, aceitando aquilo como em ofensa. Ronan não faz o mesmo em Arme, acerta um leve tapa em seu ombro e dá um aceno antes de ir. A maga solta um adeus em murmuro, parecendo ficar mais calma com a partida do rapaz.

— Vocês parecem bastante amigos ultimamente. - Comenta Elesis, feliz pela a maga. - Se bem que, vocês dois são parecidos. Sabe, usam magias para lutar.

— É, Ronan me deu algumas dicas de como usar algumas magias em um combate. Lothos não deixa a gente ter uma luta séria no colégio, então nem sei como reagir a uma. - Seu tom animado voltava, mas, estranhamente, Arme olhava para o lado quando mencionava o nome de Ronan.

Elesis nota isso, seu sorriso querendo se desmanchar quando via isso. Por que a maga agia assim?

— Ele é mesmo uma boa pessoa. - A ruiva continua. - Gentil até demais.

Arme assente. Ela coloca sobre a cama uma bolsa, não tão cheia para ficar pesado para carregar.

— Trouxe o resto das roupas que você pediu. Espero que seja o bastante. - Menciona a pequena.

Elesis puxa a bolsa para perto, olhando o que tinha dentro. Abre um sorriso satisfeito em confirmação, Arme aliviada pela a resposta. Era difícil agradar a espadachim.

— Cadê a Lire? - Só agora que Elesis via a falta que a elfa fazia.

— Ela está muito ocupada com os deveres de casa. Ela disse que quando tiver tempo, poderá vim para te visitar. Mas creio que você se recuperará antes disso, não é?

— Gostaria de falar o mesmo do Lass. - Passa a mão nos cabelos, jogando sua franja para trás. - Ele vai continuar aqui quando eu sair, e não me sinto muito bem por isso. Deixa-lo sozinho.

— Ele passou por algo difícil, não é mesmo? Lothos disse que você foi atrás dele com o Jin de repente, só para ajuda-lo.

— É, algo bem complicado. Mas não posso te contar, é algo pessoal dele. - Não gostaria de sair espalhando o que Lass passou, mesmo para sua amiga. Via que o ninja tinha até vergonha de mostrar seu rosto, principalmente do que passou. - O mesmo valendo para o Ronan. - Suspira.

— Por quê?

— Ele acha que eu fui atrás do Lass porque eu ainda tenho um interesse nele. - Dizia indignada. - Eu já disse que é mentira, mas ele não está acreditando muito.

Esse era um dos motivos para não estar no quarto do ninja, conversando com ele. Tinha feito apenas uma visita e sentia que Ronan não tinha gostado muito quando chegou naquele momento. A ruiva já não sabia mais o que fazer para convencê-lo.

— Uma hora ou outra, ele vai acreditar em você. - Diz Arme, sua felicidade tendo sumido novamente. Ela encarava as próprias mãos. - Ronan é um cara legal, ele vai te entender.

Elesis não responde. Outra vez, via a maga ficando quieta, mas sabendo o porquê. Toda vez que falava algo a ver com Ronan, ela ficava daquela forma, quieta. A ruiva não se irrita, fica séria no lugar.

— Por que está assim, Arme? Você chegou animada mas ficou calada quando viu o Ronan? - A maga reage surpresa, mas sem olhar Elesis. - Ele te fez algo?

— Não, ele fez nada! - Esconde as mãos quando sente elas voltarem a tremer, agora com medo de Elesis. - É bobagem, Elesis.

A ruiva fica de pé que Arme chegou nem ver ela chegar perto. Tenta recuar, mas é segurada pelos os ombros. Elesis não estava irritada para Arme temer ela, então por que recuava tanto?

— Eu sou sua amiga, se ele te fez algo é só me contar. - Dizia preocupada, temendo que sua amiga estivesse ferida. - Não vou ficar irritada.

Só naquele momento que Arme via quão baixinha ela era perto de Elesis, que nem era tão alta assim. A garota olha para o lado sem ver uma saída para esta situação. Não aguentava mais ficar guardando aquilo só para ela, nem mesmo Lire sabia disso.

— Você vai ficar irritada, sim. - Sua voz sai trêmula.

— Relaxa, eu prometo que não vou nem gritar com você. - Sorri, sacudindo a pequena pelos os ombros. Arme não fica do mesmo jeito. - Pode contar.

Elesis era tão gentil, pensava a maga. Sabia que ela sentia dor enquanto ficava de pé, com aqueles ferimentos por seu corpo. Queria empurra-la de volta para a cama, não querendo mais ver sua amiga fingir que estava tudo bem.

Com as mãos trêmulas, segura Elesis pelos os pulsos e empurra para longe dela. A ruiva não se distancia muito, mas o espaço entre elas continuava um incomodo para Arme.

— Eu gosto do Ronan. - Murmura, seu rosto tomado pelo o vermelho. - Gosto bastante.

— Hã? - Elesis olha confusa, achando que tinha ouvido errado o murmurar da garota. - Você gosta dele? Eu sei, vocês são grandes amigos!

— Não assim! - Grita com os punhos fechados. A ruiva recua um passo. - Eu gosto dele, do mesmo jeito que você gosta! Eu... Eu...

A maga se cala ao ver Elesis assustada. Ali estava a expressão que não gostaria de ver na ruiva quando dissesse aquilo. Arme tinha finalmente falado o que tanto pesava no seu peito, e já sentia as consequências se aproximando. Seus olhos brilham com as lágrimas se enchendo.

— Me desculpe. - Ela fala, quase não se ouvindo com o medo que a preenchia. - Eu nunca quis isso, Elesis.

— Não, Arme, tudo bem. Eu... - Aproxima em um passo sutil, porém a maga recua rapidamente. Arme olha como se sentisse ameaçada, como se a ruiva fosse bater nela. Elesis nunca faria aquilo. - Arme.

— Sinto muito.

Como sua melhor amiga, Arme conhecia Elesis mais que qualquer um. Desde que conheceu a ruiva, sabia que ela não gostava de ser traída, muito menos por alguém que ela gostava. Era assim que a maga via aquela situação, traindo sua amiga, por mais que tivesse tentado nada.

Arme corre para fora do quarto, Elesis tenta a segurar mas não a alcança. Chama ela, correndo atrás sem sucesso. Cai de joelhos no chão quando bate com o dedinho do pé no apoio da cama, uma dor insuportável passando por todas suas feridas.

— Arme, espere! - Grita em meio a um rugido de dor.

Elesis levanta, pulando em uma perna para fora do quarto. Olha para ambos os lados do corredor, sem sinal de Arme à vista. A ruiva corre para a direção mais perto da escada, ainda chamando pela a maga.

Para no meio do caminho em exaustão, apoiando nos próprio joelhos para se recuperar. Suas feridas voltam a doer mais que antes, uma péssima decisão ter saído correndo atrás de Arme. Encarava o chão, pensativa. Só agora que Elesis pensava no que Arme tinha falado.

Aquilo não era uma mentira, ela nunca brincaria desse jeito. A maga estava chateada pelo o que Elesis podia fazer contra ela, ela temia os atos que a espadachim fazia sem pensar por causa da raiva. Nos olhos de Arme, Elesis era um monstro indomável.

Mas não foi isso que magoou a espadachim. Arme ainda via a ruiva como uma cabeça quente de sempre, que não entenderia os sentimentos dela. Não era verdade, Elesis entenderia, se ela tivesse ficado para uma conversa a ruiva mostraria isso.

Mas agora não adiantava mais, a distância entre elas já estava feita.

***

O tempo do lado de fora parecia muito bonito, uma pena não poder sentir a brisa pela a janela fechada. O ronronar do gato chamou a atenção de Lass, que tanto observava o lado de fora. Passou sua mão cheia de cicatrizes sobre o pelo do felino, que se esfregou contra seu peito.

Volta seu olhar rapidamente para a porta. Para de ficar em alerta ao ver que era apenas Elesis, quieta demais para ter ouvido algum passo dela.

— Posso entrar? - Ela pergunta.

— Claro. - Precisava nem ter perguntado para o ninja afirmar.

Ela abre um rápido sorriso ao entrar, andando perdida pelo o cômodo. Para ao ver algo de diferente, agachando ao lado da cama com os olhos brilhantes para o gato sobre o colo de Lass.

— Ora, que visita é essa. - Dizia Elesis. - Olá!

Estica a mão, deixando o gato cheirar sua palma. Após isso, se esfrega na mão de Elesis, ela rindo em fofura.

— Ele veio ontem para cá. - Explicava Lass. - Entrou no meu quarto e não saiu desde então.

— Qual é o nome dele?

— Eu não sei. Estou aberto a sugestões.

Elesis ri, acariciando a macia pelagem do animal. Pelo visto, ele tinha gostado da ruiva. Era de se esperar de um animal tão dócil como ele.

— Espero que você não tenho roubado ele de alguém.

— Como se eu estivesse em condições para isso. Tudo que consigo fazer é levantar e andar um pouco. - Suspira, decepcionado consigo mesmo.

Elesis não ri dessa vez, olhava com pesar para o gato enquanto o acariciava. Fica de pé e anda aleatoriamente outra vez, até parar e se apoiar na parede ao lado. Lass sente que ela estava diferente, seu silêncio dizia tudo.

— Aconteceu alguma coisa? - O ninja pergunta. - Você parece... Quebrada.

— Acho que sim, estou cheia de curativos mesmo.

— Não estou falando literalmente. Está quieta.

Elesis concorda com isso, mas não diz muita coisa. Não adiantaria muito esconder, ela precisava falar algo.

— Desde que eu voltei dessa viagem que as coisas estão ficando estranhas.

— Como assim?

— Bem, só pelo o fato de eu ter sido a única a lembrar de você, Ronan está irritado. Ele acha que você e eu temos alguma coisa... - Continua ao ver que o ninja não entendia muito. - Em especial.

Não entendia o motivo, mas Lass tinha gostado de ouvir isso. Era para se sentir péssimo por isso, e não lisonjeado.

— Agora ele está meio distante comigo, um pouco chateado. - A voz de Elesis carregava o cansaço que ela passava. - Eu não sei como convencê-lo que tem nada de mais entre eu e você.

— Ele só tá com ciúmes, só isso. Deve passar.

Elesis assente, olhando para o nada com aquele olhar vazio. Lass queria tanto que ela chegasse mais perto, e não ficasse distante como estava agora.

— Esse não parece ser o único problema que te incomoda. - O ninja nota. - O que foi?

— Arme veio quase agora me visitar e me contou algo. Ela achou que eu fosse ficar chateada e foi embora. - Fecha os olhos por um instante, querendo se recompor. Continua. - Ela teve medo de mim, da sua própria amiga. Devo ser algum tipo de aberração para ela.

Era quase uma piada isso ser contado com Lass naquele estado perto dela. O ninja quis corrigi-la, mas não disse nada do tipo. Elesis estava ali por um motivo, e não era para se sentir pior do que estava.

— Você não é uma aberração. - Diz Lass sério. - Ela nem disse isso, você que está dizendo.

— Do mesmo jeito, Arme não vai querer chegar perto de mim tão cedo. Nem ela, nem Ronan.

— O problema não é você, Elesis. Pare de se sentir culpada! - A qualquer momento, Lass se levantaria para abraça-la.

— Não estou, só quero poder entender eles. São importante para mim, mas mesmo assim não sei como agir com eles. - Tão fraca, era assim que se sentia. Passa as costas da mãos em seus olhos, conferindo se não chorava na frente de Lass. Não estava. - Desculpa, estou aqui falando de meus problemas enquanto você tem um bem maior.

Era verdade, mas o rapaz nem lembrava disso até Elesis falar.

— Todos nós temos, não se preocupe. Estou aqui pra isso, pra te ajudar.

Lass consegue abrir um sorriso na ruiva, por mais que pequeno. Eram palavras que confortou a mesma.

— Posso ficar aqui um pouco? Ficar no meu quarto é meio solitário, e aqui eu tenho... - Para de falar, logo continuando. - conforto.

Não era essa a palavra que Elesis queria usar, Lass via pela a expressão sem jeito dela. Ela gostava da companhia do ninja, só não queria admitir.

— Vamos, diga que você tem muito calor humano para oferecer a ela! - Gritava as chamas dentro de sua mente. - E muito mais, é claro.

De repente, Lass acerta um tapa forte na própria testa. Elesis olha assustada para o rapaz se encolhendo em dor, sua testa vermelha pelo o tapa.

— O que foi isso? - Pergunta a ruiva.

— Eu achei que tinha um mosquito em mim. Acho que me enganei. - Dizia Lass, inventando qualquer coisa para não dizer que eram as chamas e suas malícias.

Elesis solta uma risada da estranha atitude do rapaz, chegando perto para se sentar na ponta da cama. Suas pernas começavam a cansar de tanto ficar em pé, não faria bem a ela se continuasse daquele jeito.

— Às vezes, esqueço de como é ter amigos. - A ruiva fala de repente. - Quando pequena, sempre preferi ficar sozinha, porque se eu fosse me machucar, não machucaria mais ninguém. Não posso dizer o mesmo agora, que tudo que eu faço parece afetar à todos.

— Eu não me importaria, estando ao seu lado, já está bom demais. - Diz Lass com um sorriso bobo no rosto.

Elesis o olha e, em segundos, o rapaz cora. Tinha dito algo sem pensar, e ela tinha ouvido.

— Você é muito gentil, Lass. Por mais que seja uma pedra de gelo, é um cara legal. - Elesis fala, sorrindo para ele.

Ele aceita isso como um elogio, um pouco sem jeito. As palavras de Elesis o anima, até um certo ponto. Seu sorriso se desmancha, o rapaz olha para a janela. O tempo continuava bonito, o céu o fazia sentir que poderia ir a qualquer lugar que quisesse, que não estava mais preso pelas correntes do circo.

No entanto, Lass não se sentia dessa forma, e sim algo a mais. O fato de ele estar livre o deixava triste, porque havia alguém que nunca poderia sentir o mesmo gosto da liberdade como ele.

— Na primeira vez em que eu estive no circo, foi há muito tempo. Eu era uma criança naquela época, não sabia de nada. - Começa Lass a falar de repente, Elesis prestando atenção. - Eu estava sozinho, com muito medo e dor. O circo era o meu pior pesadelo, porque eu tinha que enfrenta-lo sozinho. Mas dessa vez foi diferente, eu não estava mais sozinho.

Pela primeira vez, Lass contava algo sobre o circo para Elesis, sem ela pedir ou implorar. A ruiva não se atreveria a interrompê-lo, deixaria o rapaz falar o que tanto o afogava.

— O nome dela era Gwen. Pelo o que eu tinha entendido, ela estava lá por minha causa, só para substituir a falta que eu causava. - A cada palavra, mais Lass olhava sério para a janela. Não queria olhar a ruiva no momento, queria poder fechar os olhos e falar tudo aquilo de uma vez. Suas feridas começavam a doer. - No começo, ela me odiava, e com motivo. Mas depois de um tempo, ela me suportava, aceitava minha ajuda. Era de se esperar de uma pessoa que vivia no circo, seguindo qualquer ponto de luz que visse.

Gwen era como ele, era desesperada por ajuda, porém tinha suas desconfianças para isso. Era apenas uma garota inocente, até demais.

— Gwen merecia mais que aquilo, ela nem deveria estar lá, no circo. Então eu tive a ideia de tirar ela de lá, mesmo que isso custasse minha vida. Planejei cada detalhe para que Zidler não se importasse com o sumiço dela, que ele apenas olhasse para mim, como devia ser. - Inspira bem fundo antes de continuar. - Eu fui tolo em achar que poderia ganhar dele, que poderia engana-lo. É claro que as coisas não foram como eu previ.

Elesis queria pedir para Lass parar de contar aquela história. O rapaz se machucava ao contar aquilo, ele dava algumas pausas para poder continuar. Mas a ruiva não disse nada, deixou ele prosseguir.

— Eu deixei ela morrer. - Elesis é atingida pelas as palavras da mesma forma que Lass se sentia. O ninja vira o rosto para olhar o gato sobre seu colo, o felino o olhando como em preocupação. - Eu fiz de tudo, eu tentei e lutei por ela, tudo em vão. Eu me senti um lixo naquele momento, quando ela estava na minha frente e seus olhos imploravam por ajuda. Eu deixei ela morrer. - Volta a repetir, castigando-se por isso.

— Não diga isso, Lass. - Elesis murmura, a voz tão baixa. Sentia o remorso do rapaz dali, e com certeza Lass sentia pior do que ela. Ele viveu aquilo.

O ninja passa a mão do rosto, coçando os olhos cobertos por olheiras das noites acordado. A morte de Gwen sempre o atormentava de noite, exatamente como naquele momento. Seu coração pesava, querendo que ele parasse de contar aquela história.

Lass continuou.

— Mas sabe o que é o pior disso? - Ele pergunta, para si próprio. - Gwen disse que me amava. Ela disse que não sabia exatamente em que sentido, mas ela gostava de mim. Por isso dói tanto lembrar dela, porque eu deixei alguém que me amava morrer na minha frente e eu não pude fazer nada. - Abre um sorriso forçado para enganar a si próprio. Não funcionava muito bem. - Desde que eu saí do circo, não paro de lembrar disso, da Gwen. Eu sei que deveria esquecer, deixar pra lá, mas não consigo, eu não posso. Gwen nunca tinha conhecido o mundo como ele realmente era, morreu sem nem ao menos o ver. Então o mínimo que eu devo fazer é não esquecer ela, porque se eu fizer isso, ninguém lembrará dela.

— Lass... - Elesis o chama com a voz fraca. Por que ela se afetava tanto por aquela história, principalmente ao ver o rapaz daquele jeito, destruído.

— Zidler tinha mesmo razão, eu sou mesmo uma aberração. Só faço coisas ruins por onde passo, e mesmo que tenha algo de bom, eu irei destruir de alguma forma. Gwen era isso, eu tentei ajuda-la e acabei matando ela. - Fecha o punho para acertar em si mesmo. Lass se odiava. - Foi tão errado assim ela ter me amado?

Lass não pôde responder, Elesis não o permiti. A ruiva o abraça, com força o suficiente para que ele parasse de se sentir isolado como se sentia. Não era culpa dele, nunca foi. Elesis o entendia, sabia como era não ter força para salvar alguém que amava. Esse era o real motivo de ela estar daquele jeito, afetada pela a história, pois sabia como era aquele sentimento de culpa.

— Não foi, Lass! - Dizia Elesis. - Se ela te amou, não se arrependeu por isso. Agora pare de se culpar, você não foi o responsável por isso. Zidler que foi, ele que merece ser culpado, não você.

— Mas não é ele que tem esse sentimento de culpa. - O ninja fala com a voz abafada no ombro da ruiva.

— Não importa! Se essa Gwen morreu, não foi por sua culpa. Aposto que ela preferia ter morrido perto de você do que nunca ter te conhecido. - Aperta mais forte ao ver que ele queria debater. - Você é especial, Lass! Para todos nós, principalmente para ela. E garanto que haverá outra garota como ela, apaixonada por você do jeito que é.

Esse não era o real problema, não haveria outra Gwen e ponto. Mas Lass pareceu não se importar com isso, ele segurou os braços de Elesis e afastou ela um pouco, só para poder finalmente respirar. A ruiva continuava a olhar preocupada, esperando que ele pedisse outro abraço para se sentir melhor.

— Você se arrependeu de ter me amado? - Lass pergunta.

Elesis fica sem saber o que dizer, porém não desvia o olhar. Ela não sabia exatamente a resposta, seria difícil falar honestamente. Mas a forma que ela se sentia não dizia isso.

— Não, eu não me arrependi. - Fala como se sentia. - Acho que nunca conseguiria.

— E se eu disser que me arrependi de ter deixado de amar você? - Ver o olhar confuso na garota. - Pois eu me arrependi.

Lass não se dá o trabalho de se aproximar até Elesis, ele mesmo a puxa e a beija antes que ela se afastasse. A segura pelo o rosto, não querendo machuca-la ao segurar em outra parte do corpo. Na verdade, ele não queria machuca-la de jeito nenhum, queria provar que estava ali para protegê-la, que o destino dela não seria como o de Gwen.

O corpo da ruiva apoiado sobre o seu era doloroso, suas feridas nas costas ardiam com aquele pouco peso. Lass nem se importava com isso, finalmente tinha tomado coragem para fazer aquilo, não seria umas dores que o impediria. Quando sentia que Elesis começava a retribuir, um aperto em seu peito afasta eles.

A ruiva apoia a mão contra Lass e se afasta, a outra sendo colocado sobre seus lábios. O ninja rapidamente percebe a expressão de surpresa dela, mas não de uma forma positiva. O rosto da espadachim estava corado em vergonha, algo que ela não conseguia impedir.

— Desculpe, eu não queria... - Lass tenta falar, sem sucesso em achar uma desculpa. - Elesis, desculpe.

Tenta se aproximar, mas a ruiva recua no mesmo instante. Lass ver que ela queria ficar longe dele, evitar o máximo possível.

— Por favor, me ouça. É importante. - O ninja insisti.

— Eu não quero. - Murmura.

Quando Elesis pretendia levantar da cama, Lass a segura pelo o braço. A ruiva olha desesperada, forçando para ser solta.

— É sério isso o que eu disse, sobre ter me arrependido. - Lass falava rápido, não aguentando muito tempo segurá-la. - Isso que eu passei no circo me fez percebe o que eu realmente fiz. Eu nunca deixei de te amar.

Elesis queria tampar os ouvidos, mas não conseguia. Ela negava com a cabeça, querendo que aquilo fosse apenas um pesadelo. Não queria passar por aquilo novamente, não daquele jeito, não depois de tudo que já passou.

— Elesis, eu quero que você apenas escute!

— Eu não quero!

A espadachim consegue se soltar, quase caindo para trás. Sem pensar duas vezes, vira-se para a saída e sai apressada. Lass levanta da cama e pula dela, suas pernas fracas o forçando a bater contra a parede em apoio. Recompôs-se e sai correndo para fora do quarto, Elesis não tão distante.

— Elesis! Você precisa me escutar!

— Eu já disse que não quero! - Grita outra vez, acelerando o passo.

A ruiva poderia estar com as pernas ainda feridas, mas Lass estava em um estado pior, ele estava fraco e se cansou rapidamente. O ninja persisti, já pedindo ajuda as chamas só para ter energia para alcançar Elesis.

O ninja não percebe alguém vim em direção oposta e passar ao seu lado, só quando uma mão atingi seu peito e o empurra para trás. Lass cai de costas no chão sem problema algum, sendo facilmente derrubado por qualquer golpe. Rugi quando todas as feridas em suas costas batem contra o chão, uma dor que o fez se contorcer pelo o piso.

— Nunca achei que você fosse ser um fracasso com as garotas.

A dor diminui, Lass ouvindo o que a pessoa fala. Olha para o homem à sua frente, não o reconhecendo de lugar algum para que ele falasse com o ninja daquele jeito. Lass fica de pé, ameaçado por aquele desconhecido.

— Saia da frente, estou ocupado. - Lass fala, áspero.

Quando foi dar um passo à frente, o homem estica a mão outra vez, impedindo que ele passasse. Se ousasse, voltaria para o chão novamente, era o que Lass via.

— Acho que não. Fazer a filha do Elscud sair daquele jeito me faz questionar o que você tentava fazer. - Apoia a mão no queixo. - Primeira vez de vocês?

— Quê?! - Lass começava a se irritar. Aquele rapaz falava como se o conhecesse, sendo que ele conhecia bem Elesis para saber o nome do pai dela.

— Olha, só acho que no hospital não é o lugar mais romântico. - Ergue o braços em inocência, para que o ninja não o atacasse.

— Quem é você?! - Lass perde a paciência e finalmente pergunta. Se não fosse por seu corpo frágil, já teria derrubado aquele homem.

O rapaz não parece muito à vontade com aquela grosseria do ninja. Ele coça a barba rala e pensa em um modo de falar aquilo. Não acha nenhuma.

— Achei que você fosse um pouco mais educado, Lass. Mas enfim, temos muito para conversa, filho.

A seriedade do ninja permanece só por mais um pouco, até ele ouvir a última palavra. Ele tenta não estranhar aquela situação, como aquele homem lembrava um certo alguém. Lupus, era ele quem lembrava. Não era um humano, e sim um haro, mas via que o rapaz tentava esconder.

Antes que Lass questionasse, o rapaz continua.

— Eu sou Regis Wild, em outras palavras, seu papai. - Regis é direto.


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Notas finais do capítulo

Review?
*Ai vocês devem está agora com vontade de me matar porque eu acabei no capítulo numa parte crucial, depois do Lass ter beijado a Elesis e o Regis aparecer. O que vai acontecer? Acho que para o lado da Elesis é um pouco mais previsível, mas o do Regis... Veremos!
* Acho que quem leu essa fic mais de uma vez inteira, porque acredito que pessoas fazem isso enquanto esperam o capítulo novo lançar, tenham sentido alguma nostalgia. Lembra quando as chamas foram despertadas e todos foram para o o hospital, porque as chamas deu uma rasteira em todo mundo? Então, lembra daquela parte em que a Elesis estava no quarto do Lass e meio que rola um clima, só que não rola, e ela sai do quarto e o Lass vai atrás? Então, essa parte do final é bem parecida, só que com suas pequenas diferenças hahaha
* Arme ficou chateada com a Elesis? Sim. Mas antes que falem que ela está sendo chata, tentem entender o ponto de vista dela, como ela ver a Elesis.
* Não chamem o Ronan de cuzão, porque ele até teve razão para se preocupar com a Elesis.
* Por fim, vocês devem tá (Principalmente as garotas): O Lass beijou ela... POR QUE DIABOS ELA NÃO QUIS ELE?! É, ela tem os motivos dela, que acho que fica bem claro quem entende o que ela passou. Não culpem a Elesis, ok? Não culpem ninguém nesse capítulo, só o Regis que merece mesmo!
* Como eu havia dito, esse capítulo acaba tendo muitos paralelos com o capítulo 62, que é o do Lass no hospital. Sério, eu não fiz de propósito algumas cenas, só a que o Lass corre atrás da Elesis. Se vocês lerem de novo, perceberão que há muitas cenas parecidas, só que trocadas.
Exemplo: Nesse capítulo, no final, é o Lass que pede desculpas, no cap 62 é a Elesis; No cap 62, é a Elesis que pede para que o Lass a oussa, só que ele nega. Nesse capítulo é ao contrário!
Sério, eu não fiz de propósito, eu só vi isso depois que dei uma olhada no cap 62 hahaha