Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 102
Um combate que eu não gostaria de ter


Notas iniciais do capítulo

Yooooo, galeraaaaa!!!! Tudo bão?! Espero que sim :3 Capítulo novo hoje, claro! Antes que leiam, já deixo claro que o arco do circo acaba no próximo capítulo, para a felicidade de muitos, sem ter que ver novamente nosso Lass sofrer mais! Esse capítulo será mais ação, só o próximo terá mais falas e coisas tristes T-T
Ah, criei um Twitter, onde estarei sendo eu mesma... Uma idiota! Por lá, se quiserem tirar dúvidas da fic ou me conhecer melhor, faça perguntas por lá :3 @Lesis Hart!
Capa: Sans (Undertale. QUEM CONHECE ESSE JOGO LEVANTA A MÃO! EU TO SIMPLESMENTE APAIXONADO POR ELE)
Boa Leitura!



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Quando Lass recebeu aquele ataque no peito, sua visão começou a escurecer. Em vez de sentir dor, ele sentiu algo maior, libertador. Sabia que sua ferida em seu coração poderia se regenerar, mas só se ele permitisse que as chamas fizessem aquilo. Lass não permitiu, repreendeu elas enquanto sorria para seu adversário, como um pedido de agradecimento.

Então ele fechou os olhos quando tudo se escureceu. Naquele momento, o ninja achava que tinha finalmente partido para fora daquele lugar.

Erro o dele. Quando seus olhos abriram novamente, as chamas tinham pegado seu posto de comando. Aproveitaram que a consciência do rapaz se apagou e simplesmente deslizou para o controle do corpo. Não foi difícil, nunca achou que seria tão fácil assim.

Provocou o adversário à sua frente, impedindo que ele conseguisse se afastar. Soltou a lâmina da espada e teve que se segurar para não rir do garoto se afastando rapidamente. Realmente, ver alguém receber uma ataque fatal e continuar vivo, e com outra aura, assustaria qualquer um. As chamas jogaram seus braços para o lado e inspirou profundamente, o ar podre do circo entrando em seus pulmões. Ele se sentia muito bem.

— Finalmente, minha maravilhosa liberdade. Senti falta. - Dizia com o tom de voz rouca, assustando todos que assistiam. - Desde meu desperta que estou preso dentro desse corpo medíocre. Não concorda?

Olha para seu adversário, que se congela no lugar e segura mais firme sua espada. As chamas riem, a risada rouca como sua voz. Era mesmo patético ver aquela criatura contra ele, como uma formiga contra um touro.

— Acho que não valeria a pena você tentar lutar contra mim. - Diz as chamas. - Seria perda de tempo, garoto.

Seu adversário cospe de lado e avança contra elas. As chamas passam a mão na nuca, sem jeito pela a atitude daquele garoto. Quando voltou seu olhar para ele, tudo que fez foi levantar uma mão e estalar os dedos.

Seu adversário explodiu em milhares de pedaços. A plateia se recusou a dizer uma única palavra quando aquilo aconteceu, quando um ataque que nem atingiu o matou. Olharam sem reação para as chamas, paradas enquanto chutava a poeira no chão.

— Certo, vamos deixar claro a minha posição em relação à todos vocês! - Dizem as chamas. Elas começam a andar à frente, passando com os pés descalços sobre a poça de sangue de seu adversário, do que restou dele. - Se eu quiser, mato todos do mesmo jeito que matei esse garoto. Não importo o que sejam, asmodianos ou haros, deuses se quiserem, mas irei destruir cada um que se atrever a entrar no meu caminho!

Suas palavras foram claras para deixar o lugar mais silencioso que antes, sem nem um pequeno som. As chamas param de andar quando encaram Zidler parado em uma parte da plateia, sua expressão tão indecifrável para aquela situação.

— Digo o mesmo. - Fala Zidler. - Não importa o que você seja, o show não irá parar, criatura isolente! Mandem todos os outros lutadores entrarem! Quem ganhar receberá uma alta quantia! - Grita Zidler, fazendo que o público voltasse a gritar.

As chamas solta sua risada em escárnio, recuando alguns passos. Lass tinha mesmo razão, aquele palhaço se achava mesmo o melhor, se achava tanto que pensava que poderia ir contra as chamas. Ele era mesmo corajoso.

Três portões se abriam naquela arena, revelando rapazes de raças diferentes, com expressões mais sérias que outras. As chamas pegaram as duas espadas, uma que Lass usou ridiculamente e outra do adversário que descansava em forma líquida. Gostaria de um pouco de ação, estalar os dedos se tornam enjoativos.

Todos dispararam juntos contra as chamas, elas erguendo as lâminas em um imenso prazer. Deixou todos chegarem perto para finalmente entrar em ação. Seu corpo por mais frágil que estivesse, as chamas se moveram em uma velocidade que ninguém conseguia se mover. Quando percebiam, braços e dedos voavam em sua volta, então um vulto branco passava por eles. As chamas deslizavam no chão, dançando com as duas espadas em mãos com diversão. Não tinha dificuldade quando as lâminas passavam direto pelas as carnes deles, era como rasgar uma folha de papel.

Gritos de agonia e dor formaram uma maravilhosa sinfonia para os ouvidos das chamas. Esse era o seu som favorito, não existia nada que pudesse superar isso.

Parou de se mover quando não tinha mais nada para ser cortado. Olha em volta as espadas ainda erguidas, esperando que outro adversário aparecesse. Ninguém se atreveria depois do que viram, o público ficou em choque, completamente sem palavras para descrever o que sentiam. Medo.

As chamas voltam ao ser animar quando Zidler pula dentro do arena, evitando de se aproximar a poça enorme de sangue, onde ocorreu toda a carnificina. A pele branca do corpo de Lass estava manchada pelo o vermelho intenso, sua roupa quase pingando pelo o sangue.

— Você se acha muito esperto. - Zidler menciona. - Mas esquece que eu estou aqui.

— Então está dizendo que pode me vencer? - Diz as chamas. Vira o rosto de lado e deixa seu largo sorriso o dominar. Era um sorriso sádico. - Pode vim, palhaço. Ficarei grato em ver você tentar.

Jogas as espadas de lado, não precisaria mais delas mesmo. O sangue por onde pisava, e corpos, começam a brilhar até serem tomados pelas as chamas azuis. O fogo consome toda aquela parte por onde ela passava, assustando a todos na plateia. Aqueles que saíram do circo sabiam o que era aquela estranha intensa magia que tanto os davam medo.

As chamas param menos de um metro de Zidler, ainda sorrindo. Deixou que ele começasse os ataques, não queria matar o palhaço com o primeiro soco.

— Eu não posso derrota-lo. - Diz Zidler.

— Que bom que entende isso. - Comenta as chamas com o ego completo.

— Mas o corpo que você está, sim.

— Hã?

Em um movimento calmo, Zidler ergue sua bengala e acerta a ponta dela na testa das chamas, empurrando vagarosamente sua cabeça para trás. Olha confusa para o palhaço, sem entender o que foi aquilo.

— Que droga é...

Recua alguns passos, botando a mão na testa. O sorriso das chamas somem para raiva, olhando furiosa para Zidler. Começava a perder os sentidos do corpo de Lass, estava voltando apenas a ser um subconsciente dele novamente. Fazia de tudo para não ser deixado, não agora.

— Pare. - A palavra sai de sua boca, mas não sendo as chamas que falaram. Era Lass tomando o controle.

— Pare de ser idiota, eu tenho que fazer isso. - Diz as chamas com a voz arrastada.

Esticou uma das mãos para a direção de Zidler, botando toda sua raiva no palhaço nela. O fogo azulado se acumula em sua palma, então são disparadas contra o palhaço. Até sorriria vitorioso, porém as chamas se dissiparam antes de atingirem o mesmo.

As chamas arregalaram os olhos. Lass não permitiu que elas fizessem isso, ele acabou sendo mais forte que as próprias chamas para evitar aquele ataque.

***

Lass desperta ao cair de lado e bater com a cabeça no chão. Ele se assusta consigo mesmo, o coração ficando acelerado por isso. Quando percebe que não era nada, suspira aliviado. Força-se a ficar sentado, sentido a dor na cabeça ao se erguer.

Lass para de passar a mão no local atingido ao perceber que os fios de seu cabelo estavam grudentos. Olha para sua mão e ver que estava um pouco manchada pelo vermelho, que não demorou para saber que era sangue. A única coisa que o incomoda era se aquele sangue era dele ou de outra pessoa. Com certeza não era dele, sua roupa, até mesmo ele, fedia a diversos aromas vindo do sangue.

Não era só de uma pessoa.

— Você deve está muito satisfeito, não? - As chamas falam em sua mente.

Lass se assusta com a voz dela. Em um rápido flash, ele se lembre do que aconteceu antes de estar ali, naquela sala escura . Estava lutando e então tinha recebido um ataque no peito, e tudo ficou escuro depois disso. Sua cabeça dói um pouco quando ele se força a lembrar.

— O que aconteceu?

— Como você estava agindo como um covarde, decidi tomar o controle da situação. De nada. - Continuam antes que o ninja debata. - Mas seu covardismo me atingiu mesmo quando você não estava no comando. Faltava pouco para eu transformar em pó aquele palhaço!

— É, eu me lembro de ouvir sua voz em algum lugar. - Agora entendia porque estava tão coberto pelo o sangue que tanto o deixava nauseado. - Mas você não deveria ter feito isso, era para ter deixado pra lá.

— E depois o quê? Você morria e eu ficava sem um corpo! Zidler é um cara esperto, faria qualquer coisa para me usar quando descobrisse meu verdadeiro poder.

— Que ficasse sem uma droga de um corpo! - Grita, cansando-se com isso. - Você não tem o direto de usa-lo! É um acordo que fizemos, droga!

Aquele silêncio entre eles não pareceu nada confortável. Lass pretende passar a mão no cabelo, mas lembra que suas mãos grudentas não ajudaria muito seu estado. Recostou-se na parede atrás de si e soltou um suspiro.

— Se você matasse Zidler, eu continuaria preso no feitiço dele. - Murmura Lass, a voz fraca. - Não faria muita diferença.

Encolheu as pernas e as abraçou. Sentia-se com frio, não pelo o clima da sala, e sim pela a falta de calor em sua volta. Se Zidler morresse, o feitiço continuaria sobre ele e sua vida continua na mesma situação, ou pior. Não gostaria de arriscar tudo assim, podia ter outro jeito.

A luz do corredor invadiu seu campo de visão quando a porta se abriu. Lass demora a perceber que não estava mais na sua cela de antes, era apenas uma sala escura e vazia mesmo. Parado na porta, Zidler encarava o ninja como se ele fosse o pior verme do mundo. Lass sentiu isso no seu olhar.

— Você me causou um grande prejuízo hoje, Lass. - Diz Zidler. Sem o caro.

Lass pretende não responder, era melhor ficar calado para a situação não piorar. Zidler deu alguns passos até entrar na sala, o ar ficando mais pesado para o ninja respirar.

— Muitos clientes fiéis meus ficaram assustados e foram embora. Não paravam de falar que havia um demônio dentro de você. - Continua. - Sem falar que você acabou matando todos os concorrentes dessa noite.

— Eles iriam morrer mesmo. - Murmura Lass.

A garganta do rapaz se fecha após terminar sua frase. O ninja usa as mãos para tirar o que o enforcava pelo o pescoço, mas não tinha nada. Balançou suas pernas, agoniado pela a falta de ar. Seu corpo foi jogado contra a parede, assim se erguendo até seus pés não encostarem mais no chão.

Zidler se aproxima.

— Acha que eu estou brincando, Lass? - Diz ele de frente para o ninja sufocando, ficando já com os olhos vermelhos pela a situação que passava. - Quando mexe com algo no meu circo, fico furioso. Você sabe disso.

Lass ouve bem o que Zidler falava, porém não consegue responder. Seu corpo começa a esquentar, o deixando em alerta. As chamas estavam o defendendo, querendo novamente tomar o controle. O ninja gritava em negação para que elas não fizessem aquilo, que só pioraria a situação.

— Você está mais teimoso que antes, muito mais. Eu mando você fazer algo, você faz outra. Acha que eu não percebi o que você pretendia fazer na arena? Querer morrer. - Balança o dedo em negação. - Não, não! Acha que eu deixaria mesmo você partir sem minha permissão, Lass? Ha, está enganado!

A expressão do ninja já sumia, sua pele já roxa pelo o sufoco. O ar saiu de sua garganta como um cuspi quando Zidler o acerta no estômago com aquela bengala com força. Seu corpo cai de joelhos no chão, encolhendo-se enquanto tossia e respirava ofegante.

— Você é meu, Lass! Não deixarei ninguém por a mão imunda em você, entendeu?! Então perca as esperanças que saíra daqui com sua tão querida liberdade, porque não vai! - Gritava Zidler, irritado.

Lass é erguido outra vez ao ser pego pelo o rosto e jogado contra a parede. Zidler fazia questão de apertar os dedos contra as pedras em sua bochecha, fazendo uma enorme dor o atingir. Aquelas pedras deixavam seu rosto muito dolorido, qualquer toque era insuportável.

— Estou cansado de suas teimosias, Lass. Castigos físicos não parecem mais atingirem você. Preciso fazer algo pior para ter que domar, aparentemente.

— Zidler, por favor...

O ninja não termina ao ser arremessado no chão. Seu corpo dolorido bate contra o piso, o fazendo se encolher pela a dor. Mas nada superaria o que Zidler faria com ele em seguida.

Lass ouve os passos do palhaço se aproximar. Não levanta, mas se arrasta para longe, tentando futilmente fugir daquilo. É segurado pelo o calcanhar, logo uma dor agonizante naquela área. Soltou um grito abafado, sabendo que seu pé estava mole pelo o osso quebrado que ligava ele à sua perna. Foi puxado, a dor aumentando.

Quando seu corpo é girado para o alto, Zidler estava sobre ele, sua mão segurando firmemente o rosto do ninja. Lass tenta se soltar desesperadamente, mas lentamente seus movimentos vão parando. Sua expressão se acalmar, como seu olho que começa a ficar opaco. Parecia que estava dormindo de olhos abertos, mas não, Lass apenas estava preso em sua confusão mental.

Não havia nada pior que esse truque de Zidler, onde a tortura com o chicote parecia fazer cócegas.

***

— Elesis, por favor, espere! - Jin gritava atrás, sua voz abafada pela a respiração ofegante. - Pare de correr por um momento.

A espadachim não parou desde que desceu do barco em um alto pulo e saiu correndo pela a cidade apressada. Jin teve que fazer o mesmo, mas sem conseguir acompanhar o mesmo ritmo que a ruiva, que conseguia apenas a acompanhar por seus cabelos vermelhos.

— Elesis!

— Rápido, Jin! - Ouve a espadachim gritar para ele.

Ele resmunga e tenta apressar o passo mais ainda. Elesis tem estado assim desde ontem, quando chegou de repente em seu quarto cobrindo seus cabelos ruivos e seu rosto marcado por lágrimas secas. O lutador até perguntaria o que estava acontecendo, mas a ruiva o mandou arrumar as coisas dele o mais rápido o possível e segui-la. Achava que iria com ela até a esquina, e não para o outro lado do oceano.

Felizmente, Elesis para de correr, Jin quase tropeçando sobre ela com a parada brusca da mesma. Olha para sua expressão e ver cansaço e esperança ao mesmo tempo. A viagem toda, a espadachim não cochilou.

— Está sentindo? - Ela pergunta, engolindo seco sua própria respiração.

— É, um pequeno infarto de tanto correr. Por quê?

— É sério! - Olha furiosa para Jin. - Não está sentindo nada? - Ele nega. - Eu senti isso quando estava no barco, vindo dessa cidade. Era tipo um poder bem grande, mas depois sumiu. Agora só sinto ele bem fraquinho.

— Que poder você tá falando?

As costas de Elesis parecem queimar quando pensa nisso. Ela mexe o ombro incomodada, então se virando para frente.

— É o que vamos descobrir.

Quando ela ia dar os passos para frente, Jin coloca a mão na frente, a impedindo. Agora era a vez do lutador ficar sério.

— Que tal você me explica o que está acontecendo. Ontem você me forçou a entrar em um barco e fiquei o dia todo nele sem explicação alguma, agora chegamos de noite nessa droga de cidade e você começa a falar de um poder. - Passa a mão nos cabelos já despenteados, piorando a situação. - O que está acontecendo?

Elesis olha primeiramente surpresa, logo para o lado e sem jeito para a pergunta. Jin tinha razão, ele precisava de uma explicação, tinha feito o rapaz perder um dia de aula sem um motivo aparente. O problema seria explicar para ele tudo que tinha acontecido para ter feito ela ir até Ellias.

— Ele está aqui. - Ela fala.

— Quem?

— O Lass!

E lá estava a expressão que Elesis sabia que Jin faria. Achando que ela estava louca.

— Ele existe, Jin! Ele está aqui, eu sei disso!

— Então por que eu não lembro dele? Por que só você?

— Eu não sei. - Olha ofendida, recuando um passo. Tinha medo de saber a resposta. - Só sei que preciso ir até ele. Por isso que eu o trouxe aqui, porque sei que você vai me ajudar! Eu não quero fazer isso sozinha!

Jin continuava a achar que Elesis tinha surtado de vez. Por isso de a ruiva estar tão agitada a viagem toda, porque ela não parava de pensar nesse desconhecido. Se fosse o ruivo, ele teria dado as costas sem pensar duas vezes.

— Por favor! - Ela junta as mãos, implorando. - Se eu estiver enganada, me dê o soco mais forte que você tiver em mim. Mas agora eu só quero que você me ajude, Jin. Você é o único em quem eu confio.

— E quanto ao Ronan? Achei que confiasse nele para isso.

— Eu confio, só que... - Seu tom de voz abaixa. - Ele não viria comigo, apenas diria que eu estava imaginando coisas. - Não era bem isso, mas Elesis preferiu não deixar claro o motivo principal. Sabia que Ronan era o tipo de cara que gostaria de saber sobre tudo para ajuda-la, e isso incluía mostrar seu diário para ele.

Jin olha cansado, abaixando os ombros. Elesis não parecia, mas estava desesperada pela a situação que passava. Ficava feliz na confiança da ruiva nele, de verdade. Isso o fez sorrir.

A espadachim o olha quando o punho do ruivo a acerta na bochecha lentamente. Ele abri um sorriso confiante, esperando que ela tomasse o caminho.

— Então vamos atrás desse tal Lass. - Diz o ruivo.

Elesis sorriu contra o punho do ruivo em sua bochecha.

***

— Tem certeza que é aqui mesmo? - Jin pergunta em um sussurro.

— Claro que tenho. - Elesis responde no mesmo tom.

Era de se desconfiar que a ruiva planejava outra coisa ao entrar naquele circo, mas o lutador muda de ideia ao vê-lo vazio, o show já tendo acabado. Era tarde demais.

Pretendia falar para irem embora, mas Elesis tomou os passos à frente e desceu as escadas em direção ao palco. Lá embaixo, tinha um homem que parecia ter sentido a presença dele antes mesmo de entrarem no circo.

— Elesis, vamos embora. - Jin pede ao descer junto com ela, com medo do olhar daquele homem.

— Espera.

A ruiva chega no palco, aproximando-se do homem alto e gordo. Jin olha intimidado para aquele largo sorriso assustador, mas tenta não demonstrar isso.

— Desculpa, o show já acabou. - Ele fala. - Chegaram tarde.

— Na verdade, estamos aqui para tirar algumas dúvidas. Chegamos a pouco tempo na cidade. - Menciona Elesis.

A espadachim podia parecer a pessoa mais inocente do mundo, mas Zidler não se deixou ser enganado. Sentiu a presença familiar da garota quando ela passou pela a entrada do circo, uma presença parecida com a daquele homem do outro dia. Ambos possuíam auras parecidas. Porém, Zidler sabia quem era ela, o que fez ele ficar surpresa ao vê-la ali.

— Estamos procurando alguém. - Continua Elesis. - Acho que a última vez que o vi foi nessa cidade. Saberia dizer se tem alguém perdido por aqui, ou precisando de ajuda?

— Não, não ouvi nada parecido por aqui. Geralmente, pessoas não se perdem aqui. Seu amigo é alguma criança?

— Hum, eu não sei. Ele só tá perdido, é tudo que eu sei. - Diz olhando para as próprias mãos, perdida.

Jin percebe a confusão mental que Elesis enfrentava, sem saber o que dizer. Ela não tinha um plano na cabeça para achar esse garoto, apenas fazia o que vinha na sua cabeça. Portanto, o ruivo se intromete na conversa.

— Minha amiga acha que ele pode estar por perto, por isso veio aqui. Eu não sei exatamente como ele é, mas o nome dele é Lass. Não conhece ninguém com esse nome?

Elesis para de olhar para as próprias mãos e observa Zidler responder. Ele continua a dizer que não sabia de nenhum garoto desse tipo, o que a fez ficar séria. Nota também que o mesmo não soltava as próprias mãos, como se tivesse medo de deixa-las soltas para mostrar algum nervosismo ou algo parecido.

Jin continua a persistir, então Elesis se afasta lentamente dos dois. Olha em volta do circo, os lugares da plateia vazios e bem limpinhos. Tudo tão bem organizado que assustava a ruiva. Ela para de andar, encarando a entrada para o fundo do circo, vendo um corredor que levava até lá. Alguma coisa daquela direção a chamava, um grito em sua mente.

Zidler entra na sua frente antes que ela fosse até lá.

— Algum problema, querida?

Elesis recua um passo, segurando firme a alça de sua mochila quase vazia.

— Seu tom de voz. - Ela fala, Zidler estranhando. - Ele é familiar.

— Todos sempre dizem isso. Acho que devo ter uma voz linda, não?

Jin pretendia se intrometer na conversa novamente, mas não faz. Seu olhar cai diretamente na mão solta de Elesis, como seus dedos se moviam. O ruivo leva um tempo até perceber que aquilo era um sinal para ele, que a espadachim estava sentindo algo. Precisava fazer algo.

— Vamos embora, Elesis. - Menciona o lutador. Joga suas mãos dentro do bolso do casaco e se encolhe. - Estou morrendo de frio aqui, vamos para um lugar mais aquecido.

— Sim, vamos. - Diz, o seguindo para fora.

Quando sobem as escadas, Elesis segura o ruivo pela a ponta do casaco, puxando levemente. Jin entende o que ela queria dizer. Não estavam indo embora, apenas estavam tomando espaço antes que Zidler tentasse algo. Como eles se sentiam ameaçados, o palhaço também.

Zidler encarou a dupla indo embora com um silêncio pesado entre eles. Tudo parecia ter acabado bem, até a ruiva sumir de sua visão e ele ficar em alerta. Mas não foi difícil para saber que era de cima que a espadachim vinha.

Elesis desceu socando o chão como um meteoro, errando quando Zidler recuar em um pulo delicado. Ela ergue o rosto, seu olhar tomado pelo o vermelho do berserk.

— Não gosto de quando as pessoas mentem para mim. - Diz ela, ficando de pé. - É melhor contar logo a verdade.

— Acha mesmo que com esses soquinhos irá me derrota, cara Elesis? Não me faça rir. - Debocha Zidler.

— E quem disse que sou eu quem faz os soquinhos?

Jin aparece atrás dela pulando, seus punhos tomado em chamas. Socou o ar, as chamas voando como uma onda contra Zidler. O palhaço não se moveu do lugar, ele esticou a mão e fez com que a magia sumisse pelo o vento que passa por ela.

— Isso vai ser um pouco complicado. - Diz Jin, já vendo que a luta seria nada fácil.

— Sei que está escondendo algo! - Fala Elesis, nada satisfeita. - De um jeito ou de outro, iremos descobrir. É melhor sair da frente se dar valor a sua vida.

Zidler mexe os lábios, irritado. Seu sorriso continuava marcado em seu rosto, como uma máscara que não cairia tão cedo. Os dedos de suas mãos moveram-se como se algo incomodasse, e que era a falta de uma arma. Sua bengala, que mais parecia com um cetro agora, aparece em um toque de mágica, deixando os dois ruivos em alerta.

— Sabia que deveria ter acabado com você antes que estragasse meus planos. - Fala Zidler, quase sussurrando. - Garota petulante é você, garota dos cabelos vermelhos.

Elesis olha enojada para as palavras do rapaz. Segura firme a alça de sua mochila, fitando seriamente para Zidler.

— Eu não sei que tipo de magia que você usa, mas não parece funcionar muito bem comigo. - Menciona a ruiva. Abri um sorriso em deboche. - Acho que sou boa demais para isso.

Elesis não sentiu os pés sob o chão ao ser arremessada para o fundo do circo. A espadachim girou até encostar no chão, forçando os pés contra o piso para não ter uma queda feia. Estava em um dos corredores do circo, meio assustador quando nota o tamanho daquilo. Mas é obrigada a olhar pra frente quando ver Zidler avançando, seu cetro mirado pra ela.

As bolas de fogo enchem totalmente o corredor quando voam em sua direção. Sem arma, Elesis usa os próprios punhos e torce para que o Berserk seja o suficiente para aguentar aqueles ataques. Quando próximos, a ruiva soca as chamas como Jin faria, as apagando antes que a atingisse.

É surpreendida ao ver Zidler à frente quando todas as chamas apagam. Como não tinha uma arma, Elesis não consegui revidar o aperto que o rapaz dá nela. É pega pelo o pescoço, fortemente, então a ergue fora de alcance do chão. A ruiva se sacode, tentando sair daquela mão esguia e forte.

— Vocês, humanos, são sempre os mesmos. Tão nojentos e desprezíveis. - Diz Zidler. - Deveriam ser tratados como cachorros, abatidos quando desobedecem uma regra.

— Acha mesmo que eu vou obedecer às suas regras? - Fala Elesis, a voz arrastada. - Você não sabe mesmo com quem está se metendo.

— E por acaso você sabe com quem você está?

O aperto no pescoço de Elesis some, seu corpo cai quando Zidler a solta. A ruiva se prepara o impacto contra o chão, mas não o sente, apenas cai até olhar para baixo. Tudo tinha se tornado preto e escuro, a ruiva caía eternamente. Seu coração se acelera desesperadamente, sentindo aquela escuridão a abraçando. Só pôde voltar a respirar quando nota que um chão se aproximava e a queda seria difícil para ela.

Rolou pelo o chão, mas não sendo o suficiente para diminuir a dor de suas pernas. Elesis cai de lado, rugindo pela a dor aguda.

— Uma garota de cabeça esquentadinha como você é fácil de derrotar. - A voz de Zidler ecoa. - Só joga a isca certa e você pega, não é mesmo? Fácil, fácil.

Elesis estala a língua, colocando-se de pé. Olha em volta, vendo que estava outra vez no palco do circo, porém estando mais escuro e... estranho. Não via Jin em lugar algum, pois aquele era um lugar totalmente diferente de onde Elesis esteve antes, o local em si parecia uma arena de combate. E isso a deixa nada confortável.

— Como que sabe tanto da gente? - Inclui Jin. - Nunca o conheci nem entrei no seu caminho, mas parece que sim. Quem é você?

— Do que isso importa, minha cara Elesis? Memórias não servem para os mortos.

A ruiva se assusta quando Zidler aparece no meio da arena. Ele continuava a sorrir, porém em outro tom agora. Elesis percebe as intenções do mesmo, em ter separado ela de Jin, justamente para ter uma luta injusta. Que cara mais esperto, era o que ela pensava.

Jogou sua mochila no chão, sua expressão séria para qualquer coisa que fosse dizer para Zidler. A abriu e tirou o que queria de lá, olhando firme para o palhaço.

— Concordo com você. - Dizia Elesis, colocando a bainha da Excalibur em seu cinto. Tirou a espada, a lâmina sendo a única coisa que brilhava ali dentro. - Não serão mesmo úteis para você depois disso.

Zidler a ignorou e bateu com a ponta de seu cajado no chão, um frio passando por Elesis quando isso acontece. A ruiva precisa mover os pés para que eles não congelem junto com o chão, ficando escorregadio em seguida. Elesis fica totalmente desconfortável quando ela começa a deslizar pelo o gelo, mesmo parada.

— Você será uma boa atração para meu circo, cara Elesis. - Fala Zidler. - Me fará ganhar muito dinheiro.

O palhaço dispara as bolas de fogo contra a espadachim. Elesis tenta mover os pés para correr e cai de lado no chão, seu braço queimando pelo o frio. Sente as chamas se aproximando, o calor aumentando. A ruiva apoia os pés firmemente contra o gelo e salta para o lado, totalmente desajeita. No entanto, é o suficiente para escapar do fogo e sair escorregando pelo o gelo até bater contra a parede.

Usa a lateral da arena como apoio para ficar de pé, esperando para que não caísse outra vez. Ainda com a mão no apoio, e a outra segurando a espada, Elesis tira suas botas e meias, um pouco arrependida quando o frio do gelo queima seus pés. Continuava um pouco escorregadio, porém não teria o perigo como estava com as botas, agora ela poderia andar e correr com mais precisão.

— Vou deixar uma coisa clara. - Dizia Elesis. - Não vim para ficar, vim para buscar algo e espero sair com ele. Não o conheço, mas isso não impede de eu enfiar essa espada no seu lindo e gordo traseiro. - Levanta a excalibur. - Então tire esse sorrisinho do rosto antes que eu faço um estrago maior e irreparável.

Zidler apenas ergueu os braços e deu de ombros, irritando mais ainda a ruiva. O palhaço move seu cetro, parando virado para Elesis. Em vez das bolas de fogo, faíscas de eletricidade se transformam em raios descontrolados, mas indo todos contra a espadachim. Elesis pula para se desviar, andar fazia ela deslizar e não sair do lugar tão cedo.

— Ughr, como odeio magos. - Rosna ela.

Seus pés deslizam quando a ruiva desvia de um raio, assim correndo rapidamente contra Zidler. Desviar dos demais ataques e dá um grande salto, suas chamas vermelhas a contornando para atacar com a excalibur. Passou direto por Zidler, aquela linha se formando perfeitamente quando passa por ele. O corpo da ruiva escorrega contra o chão e se deixa deslizar para longe do mesmo.

Elesis abre um sorriso satisfeito ao ver aquele corte feito no largo peito do palhaço, mas logo suas esperanças sumindo ao ver a ferida se regenerando tranquilamente. Zidler se vira para ela, seu cetro dançando em sua mão de cima para baixo, logo Elesis percebendo o que era.

Caída no chão, não consegue escapar dos pedaços de pedra que voam contra ela, sendo criados no ar mesmo. A fumaça começa a subir quando os pedregulhos aumentam e Zidler não consegue mais ver a ruiva caída no chão. Ele para os ataques após alguns minutos.

Apenas a poeira e o brilho do gelo dava para se ver, nada de algo ruivo em meio a eles. Mesmo assim, Zidler não abaixa a guarda, segura firme o cetro em sua mão, o que foi uma boa decisão. A poeira se dissipa como uma explosão de vento que saía de dentro dela. Dessa vez, Zidler não procurou pelos os cabelos ruivos da espadachim, já que nem estavam mais vermelhos.

— Pedrinhas não serão o suficiente para me deter.

Um pouco desajeita, Elesis fica de pé no chão, que continuava coberto pelo o gelo. Ajeitou a excalibur em suas mãos, preparando-se para qualquer ataque que pudesse vim. Mas isso não aconteceria tão facilmente, não com as chamas roxas em sua volta. Seus cabelos pretos estavam bagunçados pelo o ataque, mas isso era algo que nem Elesis notava, nem mesmo sua nova cor.

Zidler olha em irritação, a atacando sem dizer uma única palavra. Seu fogo ganhar forma e voam como dragões contra Elesis. A espadachim fica parada, encarando aquelas criaturas pegando fogo vindo em sua direção. Ela segura a excalibur com ambas as mãos e firma os pés no chão, em seguida as chamas se colocando na lâmina. Quando os dragões já a atacavam, tudo que ela fez foi fazer um corte na horizontal com toda força, as chamas roxas atacando por ela. O fogo de Zidler se apaga como uma vela, tão facilmente que até o deixa impressionado.

— Então, vai vim para cima me atacar ou vai esperar que sua magia faça algo por você? - Debocha Elesis, jogando seus cabelos escuros para trás.

***

Jin não soube o que fazer quando viu Elesis ser arremessada para o fundo do circo e sumir com aquele palhaço em seguido. Gritou por ela, pretendendo ir na direção que ela foi arremessada. Porém, para seus passos ao sentir outros. Algo aperta em seu pescoço e seu corpo é puxado violentamente para trás, suas costas ardendo pelo o impacto contra o chão. Aquele aperto se desenrola de seu pescoço, então Jin consegue desviar para o lado a tempo de escapar do ataque.

— Ora, ora, quantas pessoas novas vindo nesse circo só essa semana. - Falava Ortina do outro lado do palco. - Nossos espetáculos devem ser mesmo bom para chamar tanta atenção, não é mesmo, Halter?

Jin se alerta ao notar que a garota com o cabelo rosa falava com alguém atrás do ruivo. O lutador se vira já recebendo um grande soco dos enormes punhos de Halter. O ruivo voa facilmente, porém caindo em pé no chão por sorte.

— Com certeza Lass ficaria feliz se visse seus amiguinhos lutando por ele. - Fala Ortina, um sorriso provocativo em seus lábios. - Tão fofo.

— Então esse Lass existe mesmo. - Menciona Jin, aproveitando esse tempo para recuperar a respiração. - Que bom saber que não vim aqui a toa.

— Bem , de uma certa forma, sim. Seu querido Lass não sairá daqui só porque você quer, fofinho.

Jin olha constrangido quando Ortina direciona um beijo para ele. Logo percebe que aquilo era apenas uma distração para Halter se aproximar novamente e o atacar.

Jin é mais rápido e cruza seus braços na frente, recebendo o soco com sua total defesa. O punho do grandalhão recua, enquanto o outro já avançava. O ruivo é tolo em achar que conseguiria aguentar mais de um ataque daqueles. Seus pés arrastam no chão quando seu corpo é jogado para trás, logo voltando a cair de costas no chão. Halter continua a avançar, saltando e caindo com seu grande pé sobre o corpo do ruivo, o prendendo no chão.

— Isso, Halter, acabe com ele! - Gritava Ortina aplaudindo.

Preso no chão, tudo que Jin podia fazer era colocar seus braços na frente para se defender dos socos de Halter. O grandalhão soca uma, duas, três e continua assim com o ruivo se defendendo sem parar. O lutador era uma pessoa bastante resistente, não perderia facilmente.

Jin recebe todos os ataques com os dentes rangendo, a dor em seus antebraços aumentando a cada golpe. O ruivo não era apenas um bom lutador, era esperto e calculista, não sabia com quem tinha aprendido isso, mas fazia no momento. Percebe que Halter levava 2 segundos para a cada ataque, então Jin já imaginava um plano em mente. Esperou o próximo ataque do grandalhão e agiu rapidamente durante esses segundos.

As chamas douradas se acumularam na mão do ruivo e ele disparou contra o rosto de Halter. O grandalhão grita em dor e cegueira, afastando-se rapidamente. Jin fica de pé e já olha sério para Ortina.

— Preciso acabar com ela primeiro, depois com ele. - Pensa o ruivo.

Corre contra a moça, ela sorrindo em felicidade. Quando o chicote voa contra ele, Jin estica a mão e deixa a ponta se enrolar em sua palma. Puxa o máximo que pode, Ortina vindo junto. Na sua outra mão, Jin acumulava as chamas douradas, prontas para atingir a garota. Mas nada sai como ele planeja ao ver uma faca na mão de Ortina, a ponta indo contra o rosto do lutador.

Jin solta a ponta do chicote e desvia para o lado, sendo atingido pela a lâmina na bochecha, mas conseguindo escapar. Rola pelo o chão e se mantém distante da mesma. Uma coisa não tinha previsto: Ela era tão esperta quanto ele.

***

É engraçado. Quando menores, as pessoas falam que lembram de coisas bobas, como cheiro da torta que sua mãe fazia ou do carinho delas; coisas bobas. Eu não, não lembro dessas coisas ou de algo que me agradasse, na verdade, não lembro de nada. Não sei se fico feliz ou triste por isso, por não saber como meu passado realmente é, mas gosto do jeito que está.

Agora, tudo em minha volta está queimando e o cheiro de carne queimada me deixa nauseado. O fogo azul ao meu lado não me queima, ele simplesmente está ali como se fosse um bichinho muito calmo. Eu ignoro isso, meu olhar cansado está reto para apenas aquelas duas pessoas na minha frente, falando algo enquanto olham rapidamente para mim, confusos.

O de cabelos longos e loiros ajeita o óculos, aproximando-se de mim. Ele diz algo com a voz totalmente gentil, o que era para me fazer confortável, mas acabou não provocando nenhuma emoção em mim. Ele estica a mão e me segura pelo o braço, me tirando daquele lugar que as chamas consumiam.

O aperto desse homem em meu braço me faz lembrar algo do passado. Não sei como lembrei disso, mas só sei que veio em minha mente e preferi que não acontecesse.

Quando pequeno, existia uma mulher que ficava comigo. Tudo que eu lembro dela era de seus choros, lamentações, gritos e raiva, muita raiva. Todas vez que ficava perto dela, devia ficar calado e não podia a olhar nos olhos. Ela dizia que minha voz era insuportável. Não podia fazer muita coisa, apenas quieto em meu canto enquanto ela ficava no dela conversando sozinha, esperando que as Deusas levassem o tal homem que ela tanto repetia o nome.

Mas um dia, ela estava no quarto chorando baixo, sentado no chão com o rosto no colchão. Decidi por mim mesmo ir até ela, esperando que não a assustasse. Ela ouviu meus passos e gritou para que eu não me aproximasse, mas eu não obedeci, pela primeira vez.

Reuni coragem e perguntei:

— Você está bem?

Seus soluços diminuíram. Ela ergueu o rosto, os olhos já vermelhos por tantas lágrimas derramadas. Como eu, ela reuni coragem e disse:

— Saia daqui.

Eu persisti.

— Você está bem?

Seus lábios tremeram, querendo dizer o mesmo que disse. Ela não fez, pelo contrário, fez algo que um nunca acharia que faria.

Ela me abraçou. Estava muito surpreso, mas não demonstrei. O calor de seu corpo era tão agradável, totalmente o contrário do frio que eu sentia todas as noites. Não queria que ela me soltasse nunca, queria ficar assim para sempre.

Mas ela voltou a dizer:

— Saia daqui. Eu disse para você sair! - Gritou.

O calor que eu sentia em seu corpo rapidamente foi cortado pelo o frio que tocou em minha nuca. O espelho ao fundo revelou o que era aquilo. Uma faca. Ela segurava uma faca contra minha nuca, sua expressão contorcida pela a fúria.

— Saia daqui, seu monstro! - Ela grita outra vez.

Ela ergueu a faca, pronta para enfiar contra minha pele. Eu percebi o que aconteceria caso eu fizesse nada, caso aquela lâmina perfurasse minha nuca. Desesperado, me joguei contra ela, a abraçando fortemente e disse:

— Eu te amo.

A faca parou antes que me tocasse. Tremia sem saber o que fazer, esperando que nenhuma dor fosse sentida. A moça fica paralisada por alguns segundos, então ela segura no meu braço, e me empurra no chão. Eu caio de costas.

— Ama?! Que tipo de piada é essa? - Ouvia ela debochar.

Quanto tentei ficar de pé, ela avançou contra mim, me impedindo que levantasse. O frio da lâmina agora estava em minha bochecha, ela me olhando furiosa com aquela arma.

— Monstros não amam! Você não pode amar, sua criatura isolente! Tudo que você sente deve ser dor! - Ela gritava contra minha face. - Então saia daqui!

Ela pretendia usar a faca, mas não faz isso. Recua, afastando-se de mim, logo largando a lâmina no chão. Ela cobre o rosto com as mãos trêmulas e volta a chorar.

Tudo que eu fiz foi me levantar e fazer o que ela havia pedido. Sair dali.

Essa era minha mãe.

As palavras que eu havia dito para ela saíram com um pouco de carinho que eu tinha, o Eu te amo era a única coisa que eu podia oferecer à ela. Mas percebo agora que naquela época essas palavras não tinham sido ditas verdadeiramente.

Me vejo agora em meio ao frio da neve, mesmo abrigado naquela estação de trem. A garota ruiva estava na minha frente, confusa pelo o que eu tinha acabado de dizer.

— Eu te amo. - Foi o que eu disse.

Sim, eu realmente a amava, honestamente. Aquilo que eu tinha dito a minha mãe eram palavras vazias, desesperadoras por um Eu também.

Agora, olhando para quem eu realmente amava, sentia que nunca mais poderia. Tudo estava distante, tudo tão... Impossível.

***

Mesmo naquele frio, Elesis continuava a deixar as coisas aquecidas. Suas chamas roxas voavam de um lado para o outro quando batiam contra a barreira de Zidler. Ela avançava e atacava com tudo com sua espada, mas não era suficiente quando uma barreira invisível aparecia em sua frente de repente. Seu corpo deslizava pelo o impacto, os pés já roxos pelo o frio que sentia sob eles.

Toda vez que Zidler disparava as bolas de fogo, Elesis rebatia com as chamas roxas, que anulavam rapidamente a magia dele. Era exatamente como ela havia estudado, as chamas roxas geralmente anulam outras magias ao entrar em contato. Era perfeito para lutar com ele, principalmente por a deixarem com mais vitalidade.

— Por que tanto persistir em tentar pegar meu caro Lass? - Pergunta Zidler, seu corpo flutuando bem baixo. - Sabe que não conseguirá passar por mim e mesmo assim, não conseguirá tirar minha magia sobre ele. Apenas desista, minha cara.

— Calado! - Rosna a ruiva. - Lass não é seu! De ninguém! Então devolva ele, devolva meu amigo!

— Ainda me pergunto como que a magia não pegou totalmente em você? Por acaso, possui algum sentimento especial por ele?

Elesis para de avançar, mas seu olhar continuava sério. De tanto cair no gelo, braços e pernas já estavam roxos por isso. Mas a verdadeira dor que sentia era quando alguns flashs de memórias voltavam, alguns que ela nem sabia que existia.

— E se eu tiver, e daí?! - Olha em desafio, segurando mais firme o cabo da espada. - Seria errado eu ainda continuar a tentar salvá-lo? Não.

Avança outra vez, as chamas roxas crescendo em sua volta. Zidler apenas negou com a cabeça em decepção, então apontou o cetro para a espadachim. Uma rajada de vento bate contra ela, a parando e tendo que segurar os pés firmes no chão para não ser levada. As chamas balançavam a cada vacilada que Elesis dava, as apagando e acendendo.

Não aguentou e seu corpo foi levado pelo o vento, caindo no chão bruscamente e só parando alguns metros depois. Por sorte, continuou a segurar a espada durante a queda, então logo a espadachim se levantava para atacar outra vez. Só não esperava por Zidler à sua frente, o cetro erguido, pronto para descer.

Elesis não conseguiu desviar do ataque, mas a ponta do cetro pegou de raspão em sua testa, uma dor aguda se abrindo no local. A espadachim recuou após isso, ficando o mais afastada de Zidler possível. Quando direcionou seu olhar para ele, seus olhos ficaram pesados pelo o sangue que escorria do corte na testa. Seu rosto rapidamente foi tomado pelo o vermelho do mesmo, a incomodando.

— Você é muito fácil de prever, minha cara. - Falava Zidler. Aproximou o cetro de seus lábios e deu uma lambida no pouco de sangue que tinha ali. Ele sorriu. - Pelo o que eu sei de você, é uma garota que se move pelo o impulso.

Elesis o ignora enquanto tentava parar o sangramento. Tudo que pôde fazer foi sujar suas mãos, as deixando pegajosas quando pegava no cabo da espada.

Olha para Zidler e voltar a avançar, mas outra vez ele com seus truques. O cetro foi virado para ela e seus pés não estavam mais no chão, seu corpo flutuava. Quando se preparava para disparar as chamas contra ele, seu corpo cai diretamente no chão, com força. Outra vez, seu corpo é erguido e jogado contra o chão, assim até Elesis deixar a espada escapar de sua mão com a dor que sentia no braço, e no resto do corpo.

Ficou largada no chão, o sangue da ferida da testa começando a escorrer para o gelo. Elesis olhava exausta para a espada jogada à sua frente, um pouco distante. Estica sua mão e alcança a arma, a segurando com firmeza. Levanta-se com o corpo trêmulo de dor, mas sua resistência continuava alta mesmo depois de tudo.

Zidler não para com os ataques, seu cetro volta a brilhar outra vez para a próxima magia. Pedras finas e pontudas de gelo são criadas, apontadas diretamente para a espadachim. Com um simples aceno, elas voam contra a garota. Elesis olha lentamente, sem preocupação alguma.

O gelo evaporou antes mesmo de tocar nela. As chamas douradas que ficavam em volta dela não permitiu. Seu cabelo mudou para o loiro em segundos, então seus olhos ficaram mais vermelhos quando direcionados para Zidler. Estava na hora de agir pra valer. Avançou, todas as magias do palhaço sendo destruídas pela a barreira que as chamas douradas faziam em sua frente. A maior fonte de defesa em forma de labaredas, pensava a espadachim.

Começa as sequências de cortes contra o escudo de Zidler, querendo que o berserk quebrasse de vez aquilo. A camada começa a ficar frágil com o tempo, Zidler ficando em alerta ao ouvir um trincado. Ele segura firme o cetro, já se movendo para seu próximo ataque.

Elesis para os ataques quando Zidler some, porém deixando uma cortina de fumaça verde contra ela. A espadachim coloca a mão no rosto, sentindo-se mal ao inalar aqui.

— Veneno.

Elesis sente o berserk se desativar com aquilo, mas as chamas douradas continuavam a protegê-la. Seu corpo não se movia, estava se sentindo fraca com aquele veneno correndo por suas veias. A única coisa que fez foi segurar firme o cabo da espada e ficar atenta a qualquer ataque que poderia vim, enquanto isso, tossia.

— É um pouco engraçado como as coisas realmente são. - A voz de Zidler ecoa em sua volta. - Você, uma garota tola, tem o maior poder nas mãos e não faz nada com ele.

— O que quer dizer com isso? - Ela pergunta, um pouco difícil.

— Você não deve saber, mas se você dizer para o Lass ficar, ele fica; se disser para ele sentar no chão, ele faz; se mandar ele rola, ele rola. Lass é como um cachorrinho atrás de você, minha cara. Qualquer coisa que você dizer ele irá fazer.

— Lass não é idiota assim. - Solta uma risada amarga.

— Realmente, você que é a idiota para não perceber as coisas como são. Pelo visto, você não é muito boa em entender os sentimentos dos outros, não é? Nem mesmo entende os seus.

— Não enche!

As chamas douradas dão lugar às vermelhas, que queima toda a fumaça em sua volta em segundos. Elesis ativa seu berserk outra vez, olha furiosa para a direção em que Zidler estava parado. Ela avança em passos largos, de longe mesmo jogando suas chamas contra a barreira do rapaz. Seus ataques ficam mais violentos, seu cabelo mudando de cor quando as chamas mudavam. Ruivo, loiro e preto, assim por diante. Só mesmo a espada excalibur para aguentar tanta força da espadachim.

Zidler recua quando sua barreira se quebra e Elesis continua a avançar. Parecia que as chamas tinham tomado conta de seu corpo e ajudava ela a ataca-lo com tudo. A espadachim pula em sua direção, as chamas roxas se acumulando na lâmina. Quando fez o corte, nem mesmo ela aguentou a ventania que gerou no local, caindo contra o gelo com os cabelos voando para todos os cantos. A arquibancada se partiu em um enorme corte feito pela a mesma. Mas e Zidler?

Tudo que Elesis tinha atacado era uma miragem. Ela rosna irritada, socando o chão e se virando para encarar o verdadeiro. Já sentia seu corpo se cansar com tudo aquilo, precisava derrotar logo Zidler se quisesse sair dali viva. Nessa linha de pensamento, suas chamas se descontrolam, ficando roxas, douradas e vermelhas, sem uma definida. Fica de pé, correndo e preparando mais um ataque contra Zidler.

Bate com o pé no chão para freiar, mesmo que deslizasse um pouco. As chamas misturadas se juntam na lâmina da espada, em seguida sendo arremessadas quando Elesis faz um corte no ar, com toda sua força com o berserk.

A barreira de Zidler já tinha se reconstruído, mas logo se quebra pelas as chamas da espadachim. Ele desvia para o lado quase sendo pego, sentindo a intensidade do poder ao passar por ele. A arquibancada ao fundo explode em milhares de pedaço, assustando Zidler com o resultado do ataque da ruiva.

Volta o olhar para a espadachim, vendo que ela avançava outra vez. Esticou a mão e fitas coloridas foram criadas, todas voando na direção de Elesis. Amarraram-se nos braços e pernas da mesma, a impedindo de avança. Ela se debate furiosa, mas as fitas aumentando com o tempo até que ela caísse ajoelhada no chão.

As chamas tomam conta de seu corpo enquanto se debatia. Elesis fazia de tudo para se soltar daquelas fitas, mas parecia que era impossível. Quando percebeu, estava ajoelhada com Zidler sorrindo vitorioso. Depois de ter dado aquele ataque, Elesis ficou um pouco mais fraca.

— Você não faz o tipo que pensa antes de fazer, né? - Debocha Zidler.

Quando ia soltar um palavrão, uma fita se enrola em sua boca, a calando. O palhaço moveu uma mão, então o gelo em volta dela começou a se mover. Saiu do estado sólido para o líquido, subindo pelo o corpo da ruiva como uma cobra. Lentamente, congelava as pernas dela no gelo e o resto do corpo, a prendendo mais ainda. O braço esticado de Elesis estava a excalibur, ainda na tentativa de acerta-lo com a arma.

— Me solte! Agora! - Gritava ela.

Embora as chamas tivessem descontroladas, não era o bastante para derreter o gelo. Elesis estava presa, tinha perdido.

— Desista, minha cara. Não adianta mais lutar. - Dizia Zidler. - Você é esperta para saber quando perdeu.

Quando Elesis ia debater, uma dor a calou. O gelo que cobria um de seus braços começou a perfurar sua pele como espinhos, fazendo a ruiva arfar pelo o grito abafado. No outro braço, sem aguentar toda dor que sentia, solta sua espada. A excalibur bate contra o gelo, um barulho estridente ecoando pelo o local. As chamas de Elesis logo se apagam com a energia dela se esvaziando.

Tinha lutado por impulso outra vez, acabou usando três chamas sem ter um plano em mente. Agora estava esgotada sem poder usar nenhuma das chamas sem sentir dor. Não se cansava de agir como idiota, aparentemente.

— Que entediante. - Fala Zidler. - Acabe logo com isso.

O gelo preso no corpo de Elesis derrete e as fitas a soltam. A ruiva caiu lentamente no chão, finalmente sentindo seu braço latejar pelas as feridas abertas por causa dos espinhos de gelo. A espadachim ouve passos se aproximarem, a obrigando a se ajoelhar no chão. Faz um esforço e ergue o rosto em seguida.

Lass para na sua frente, seu olhar vazio para a jovem. Elesis olha do mesmo jeito, até reconhecer aquele rosto e arregala os olhos. Agora entendia porque estava ali, porque lutava tanto. Era por causa dele, do seu amigo.

— Lass. - Diz Elesis surpresa.

A ruiva recebe um chute no rosto. Sua cabeça vira para o lado com o golpe, confusa pelo o que acontece. Ergue o rosto com o sangue escorrendo pelo o canto dos lábios. Lass tinha a acertado e não era com intenção de deixa-la vida.

É segurada pelos os cabelos e recebe uma joelhada no rosto em seguida. Elesis cai para trás, seu lábios cortado pelo o impacto. Sem perder tempo, a ruiva olha em direção ao ninja e o ver se aproximar, ameaçador. Recua se arrastando no chão, até levantar toda atrapalhada e levantar as mãos para Lass.

— Lass, sou eu! Não está lembrado? Não sou sua inimiga. - Dizia Elesis preocupada.

O rapaz avança e começa a ataca-la. Elesis se defende e recua, recebendo um soco forte no peito que a faz deslizar no gelo para longe. O ninja continua a avançar com seus ataques violentos, mostrando que ele estava furioso com algo.

— Eu sou sua amiga! Pare de lutar comigo!

A expressão vazia de Lass mostrava que ele não estava ouvindo nada que a espadachim dizia. Olhar para ele era difícil para Elesis, ver o estado que ele estava era de dar pena. Queria ajuda-lo, abraça-lo para dizer que tudo ficaria bem, mas toda vez que chegava perto, um soco ou chute era acertado nela e isso a machucava muito.

— O que você fez com ele?! - Grita furiosa para Zidler. - Seu monstro!

— Apenas alguns ajustes, nada de mais.

A ruiva pretende avançar contra Zidler, mas é impedida quando um forte aperto a pega pela a perna e gira no ar, logo sendo arremessada para o alto. Cai com as costas contra o gelo duro, uma dor por todo seu corpo após isso.

— Lass, não me faça passa por isso de novo. - Pede Elesis ficando de pé com o olhar cansado. - Eu não quero machucar você, então facilite para mim.

Recebe um chute na costela e um soco no rosto. A ruiva recua quase recebendo outro golpe. Encara o ninja, ele fazendo o mesmo. Ficava triste por ter suas memórias de volta, para saber quem é mesmo Lass e ter que vê-lo daquele jeito. Seu amigo precisava de uma ajuda urgente.

Inspirou fundo enquanto ele se aproximava, os punhos cerrados. Elesis ficou assim, mesmo quando o ataque já vinha contra ela. Abriu os olhos e também fecho os punhos.

Como o punho de Lass ficou parado contra sua face, o de Elesis também. Ambos deram o soco ao mesmo tempo e receberam da mesma forma, agora se encarando com a dor preenchendo suas faces; menos Lass, já que a dor era algo que ele não sentia mais.

Aquele sentimento nostálgico encheu o peito de Elesis.


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Notas finais do capítulo

* Review?
* Para quem não entendeu o final, é tipo um paralelo do capítulo onde Lass despertou as chamas e Elesis teve que lutar contra ele de novo. Só que nesse ele não está possuído por nada, pelo contrário, aquele que está lutando com a nossa ruiva é mesmo o Lass, mas por que ele quer matar a Elesis? Só no próximo capítulo :3
* Como eu havia dito, no próximo é o final do arco do circo, que eu não pretendo deixa-lo muito longo senão fica enjoativo. Então preparem os olhos para muitas lágrimas hahah
* Agradeço pelos os novos leitores, e antigos, que estão se manifestando nos comentários. Sério, isso ajuda muito na fic ^-^
* Nova temporada de animes e o anime que eu mais recomendo é Boku no Hero Academia! SÉRIO, VEJAM! Eu leio esse mangá e estou surtando pelo o anime hhahahah E para quem nunca viu e vai ver: O Kacchan é LEGAL, PAREM DE DIZER QUE ELE É CHATO! Ele só não é o melhor personagem porque temos o All Mighty para divar kkkkkk
* Também tem o anime do Final Fantasy 15 que lançou junto com um monte de coisas dele. Sério, eu tô chorando até hoje por causa desse jogo! QUE COISA LINDA, VÈI!